HELENA Que cena mais ridícula aquela do vaso, eu estava tentando, em vão, não passar mal nessa manhã, e ainda mais : não passar mal na frente de ninguém. Mas aquele cara tinha que estar lá, ele tinha que estar nos lugares mais improváveis sempre, com aqueles olhos azuis gélidos. Cheguei no quarto e me concentrei em respirar fundo enquanto uma nova onda de náusea me atingia, e eu não podia vomitar o que não tinha na minha barriga. Deitei na cama de barriga para cima e olhei pra o teto e comecei a pensar como eu poderia ter sido tão burra. Que ninguém era virgem nessa droga de máfia, todo mundo sabia, porém ninguém falava. Eu também era uma sonsa virgem, até ter caído no conto do vigário. Ele era lindo, especial, e me prometia que se algo desse errado ele estaria ao meu lado. Ao meu lado para me mandar para casa de prostituição, junto com todos os outros filhos bastardos que nasciam por aí. O problema é que o meu não era, ele era filho do meio irmão de Anna. Sim, Anna tinha u
PETROV Eu já tinha feito a porra da sopa, ido até o quarto dela como um perfeito guardião, ela ainda parecia um pouco verde, não pude deixar de olha lá de cima a baixo. Agora estava me dirigindo até o quarto de Anna para entregar a versão dela da sopa, e conversar sobre quais seriam nossos próximos passos com relação a relação dela com o Lorenzo. Desta vez eu estava me sentindo cansado, toda essa história de não encontrar o desertor estava tirando a minha paciência. Cheguei em frente ao quarto da Anna, juntamente com o mordomo a tempo de ver o Lorenzo na porta. Puta merda, eu não queria dar porrada em ninguém essas horas, eles estavam conversando casualmente e pararam assim que me viram. Anna abriu seu sorriso de sempre e como a menina que era já foi abrindo o conteúdo do sousplat, mesmo que no corredor. - Petrov, você vez minha sopa favorita - ao menos eu sabia que aquela parte não era enganação - não acredito ! Você já almoçou? Fiz que não com a cabeça. - O
LORENZOO restaurante exclusivo no coração de Milão era o tipo de lugar reservado para encontros discretos entre figuras poderosas. O ambiente era luxuoso, mas aconchegante: velas projetavam uma luz suave sobre as mesas de mármore, enquanto uma melodia de piano preenchia o ar com uma calma ilusória. Lorenzo estava sentado à mesa reservada no canto mais afastado, esperando ansiosamente por Anna.Ele havia passado horas pensando em como conduzir aquela noite. Não era apenas um jantar. Era a oportunidade de aproximar-se dela, esclarecer o que sentia, talvez até convencê-la a desistir de brincar com seus nervos. Nos últimos dias, Lorenzo sentira seu controle escapando por entre os dedos. Anna era uma mulher diferente de todas que ele já conhecera: perspicaz, feroz, com uma chama nos olhos que o fazia querer protegê-la e desafiá-la ao mesmo tempo.Quando ela chegou, Lorenzo sentiu o ar ao redor mudar. Anna vestia um vestido preto elegante, simples, mas que ressaltava cada detalhe de sua pr
LORENZO O dia seguinte amanheceu com o sol encoberto por nuvens pesadas, como se refletisse o turbilhão de pensamentos na mente de Lorenzo. Ele estava sentado na biblioteca da mansão de sua família, rodeado por móveis luxuosos e livros antigos que haviam pertencido a gerações de mafiosos antes dele. Mas o peso que carregava não era o dos livros ou das expectativas históricas — era o ultimato de sua família. Naquela manhã, seu pai, sr. Marino convocara uma reunião familiar para discutir a competição. A mensagem era clara: Lorenzo tinha uma semana para escolher sua noiva. Quando entrou na sala, acompanhado pela matriarca, Isabel, o silêncio foi imediato. A presença deles era imponente, quase sufocante. — Lorenzo, já se passou tempo suficiente — disse Enrico, com a voz grave e autoritária. — A decisão precisa ser tomada. — Eu sei — respondeu Lorenzo, contendo a irritação que ameaçava transparecer. — Estou considerando todas as opções. Sra. Moreno o encarou com um olhar crítico
HELENA Helena passava a mão pelo rosto, tentando controlar a onda de náusea que parecia surgir a cada minuto. O ambiente luxuoso da mansão italiana, com suas paredes douradas e móveis que exalavam riqueza, não oferecia qualquer conforto. Sua situação estava se tornando insustentável: grávida, envolvida com Bruno, ameaçada de morte e, para piorar, ainda participando de uma competição absurda para se tornar a esposa de Lorenzo. Depois da conversa evasiva com Lorenzo, ela não conseguiu dormir. Cada segundo na mansão parecia uma dança delicada em um campo minado. As herdeiras da máfia deviam casar virgens — uma regra inviolável. Se alguém descobrisse sua gravidez, a vergonha seria apenas o começo. Sua família a consideraria uma traidora, e os mafiosos gregos não hesitariam em descartá-la. E então havia Bruno. Ele sabia. Sempre soube. Desde a primeira vez que ela notou os sinais da gravidez, ele já estava um passo à frente. Bruno não era só um
ANNA Lorenzo estava sentado na sala de reuniões da mansão, revisando relatórios quando Anna entrou sem aviso. Ele levantou os olhos, surpreso, mas imediatamente percebeu algo diferente nela. — Está ocupadíssimo, vejo — disse Anna, jogando-se em uma cadeira com um ar de desdém. — Sempre. Alguma coisa aconteceu? Anna o encarou por um momento antes de responder. — Quero saber o que decidiu. — Decidi o quê? — Lorenzo perguntou, embora soubesse exatamente do que ela estava falando. — Não se faça de desentendido. Tem uma semana para escolher. E, pelo que sei, sua família não quer atrasos. Lorenzo suspirou, fechando os relatórios. — E você quer saber se eu já escolhi você? Anna deu de ombros, mas ele percebeu a tensão em sua postura. — Talvez. Ou talvez eu só queira saber se está perdendo tempo comigo. Loren
HELENA Helena acordou na manhã seguinte com o coração pesado e a mente repleta de preocupações. Bruno não desistiria tão facilmente, e a cada ameaça, o cerco parecia se fechar ainda mais. Não havia saída clara, e confiar em alguém naquele ambiente perigoso era impensável. Apesar disso, ela sabia que não poderia continuar enfrentando tudo sozinha.Após o jantar da noite anterior, Lorenzo começou a parecer mais atento a ela. Os olhares que ele lançava carregavam uma curiosidade desconfortável, como se ele estivesse tentando decifrá-la. Já Petrov, com sua presença constante e preocupada, agora parecia outra ameaça: se ele descobrisse alguma coisa, mesmo com boas intenções, poderia causar problemas ainda maiores.Helena saiu do quarto e se dirigiu ao jardim, esperando encontrar um pouco de paz. Os raios de sol que atravessavam as árvores criavam um jogo de sombras no chão, e o som suave da água da fonte era um alívio para seus nervos em frangalhos. Mas a tranquilidade durou pouco.Anna s
O sol despontava lentamente no horizonte, banhando a imponente mansão com tons dourados. O ambiente estava inquieto naquela manhã, mas poucos sabiam a razão. Lorenzo, já acostumado ao ritmo agitado da casa, descia as escadas enquanto ajustava os punhos da camisa. Anna e Helena ainda estavam em seus quartos, mas Petrov já se encontrava posicionado no salão principal, analisando os arredores com sua habitual vigilância.Uma fila de carros pretos parou no extenso pátio da mansão. Do veículo principal, saiu Bruno, imponente, com sua postura fria e olhar calculista. Vestia um terno preto perfeitamente alinhado e carregava um sorriso que não alcançava os olhos. Era sua primeira visita oficial à mansão desde que a competição havia começado, e todos sabiam que sua presença significava mais do que uma simples formalidade.Lorenzo se dirigiu à entrada para recebê-lo, mantendo a postura cordial que o protocolo exigia.— Bruno, seja bem-vindo. — Lorenzo estendeu a mão, que Bruno apertou com firme