— Fala baixo. - sibilei pra ele olhando ansiosamente para a porta e esperando em silencio para ver se alguém tinha nos escutado.
— Ninguém vai nos escutar. A essa altura todos já devem estar no quarto se preparando para dormir. Inclusive a garota que tentou te matar...
— Ela não tentou me matar...
— Então quer dizer que ela não estava com uma faca nas mãos? Sua amiga estava mentindo então? - era tanta gente falando junto que eu não consegui notar Brenda ter falado que Linda estava com uma faca. — Me dê um bom motivo para não matá-la agora mesmo por ter encostado em você.
— O que? - encarei seus olhos vermelhos que brilhavam em fúria e senti meu corpo congelar. — Não, espera! Não faz isso, por favor. - me aproximei segurando em sua
Ponto de Vista Narrador. Nathaniel abraçou o corpo de Rose na cama. Depois de lhe contar tudo que sabia a menina tinha caído no sono. Ela estava extremamente cansada e ele estava feliz por ainda poder velar o sono dela depois de te lhe revelado tudo, ou quase tudo. Deixaria para lhe contar amanhã que precisariam deixar o convento o quanto antes, agora que Lúcifer sabia dos dois. A maçaneta virando lentamente chamou sua atenção. Ele rapidamente sumiu da cama e apareceu do lado de fora do quarto dando de cara com uma garota alta e com os cabelos loiros. Ela ainda girou a maçaneta mais uma vez antes de se dar por vencida e sair resmungando. Nathaniel a seguiu pelo corredor, alguma coisa lhe dizia que aquela era a menina que tinha tentado fazer mau para Rose. Ele seguiu a garota em silencio até o banheiro e observou-a ir
— Nathaniel... - murmurei baixinho dando um passo em sua direção. Seu assobio parou e os olhos vermelhos apareceram como duas chamas na escuridão, me fitando atentamente. Parei para observa-lo, até que o vi estreitar os olhos e bufar. — Rose, aquela garota mereceu! Eu estava aqui, quieto no meu canto como sempre... - rolei os olhos ao escutar sua voz soar inocentemente. — Ela procurou. Ela veio aqui, nesse quarto, e tentou entrar. Ela iria tentar fazer alguma coisa com você! Não pode me culpar por dar o troco. - ele concluiu voltando a fechar os olhos e murmurar a canção que ele assobiava. — Por favor, não estraga esse meu momento satisfatório. - rolei os olhos ao ouvir aquilo e me aproximei da cama. — Chega para lá, vai. - resmunguei me sentando ao seu lado e sua risada ecoou baixinha. Nathaniel moveu o corpo um pouco pro lado e pass
Assim que Izobel nos dispensou do refeitório tratei de puxar Brenda pela mão. Teríamos que partir a qualquer momento e eu não queria simplesmente sumir sem dar uma explicação para minha amiga. Procurei chamar a atenção de Izobel e quando ela nos encarou olhei sugestivamente para ela. O pequeno aceno de cabeça dela me confirmou que ela tinha entendido, mesmo sem que eu dissesse uma única palavra. Continuei puxando Brenda pela mão até o quarto de Izobel. Eu tinha esquecido de lhe entregar as chaves e isso era uma tremenda sorte naquele momento. Empurrei Brenda para dentro do quarto e passei o trinco na porta, virando-me para ela com o coração aos pulos. Era agora. Brenda me encarava com os braços cruzados, e seus olhos azuis me avaliavam curiosamente. Senti o toque quente de Nathaniel na ponta de meus dedos e mordi o lábio inferior. Eu não sabia exatamente o que falar e principalmente eu
— Você roubou essas roupas? - pergunto assim que nossos olhos se encontram. A noite estava fria, o vento bagunçava meus cabelos e fazia com que a barra da minha camisola se movesse com brusquidão. — As suas sim. - deu de ombros se aproximando de mim e me estendendo uma calça jeans escura e um casaco grosso e preto. — Por mais que seja tarde, não quero correr o risco de sermos vistos. Então vamos tentar nos camuflar na escuridão. - sorriu colocando as mãos na barra da minha camisola. Levantei os braços e ele puxou-a pela minha cabeça. Seu olhar se direcionou por um momento para meus seios desnudos e depois se fixou entre minhas pernas, corei ao vê-lo sorrir de lado. Eu tinha certeza de que ele estava lembrando do episódio da calcinha. — Só checando. - murmurou piscando e eu tratei de vestir a calça e a blusa apressadamente, enquanto ele ria.
O som da campainha ecoou nos interrompendo os nossos planos de continuar a brincadeira no quarto. Nathaniel se secou rapidamente e vestiu a roupa que estava jogada na sala. Ele entregou minhas roupas e eu as vesti depois de me secar. Nathaniel esperou que eu estivesse devidamente vestida antes de abrir a porta. — O que faz aqui? - a voz dele ecoou da porta. Eu me encontrava parada próxima ao corredor do banheiro, não conseguia ver quem estava ali com Nathaniel. — Olá para você também. - a voz grave ecoou. Era uma voz masculina e o dono dela logo apareceu em meu campo de visão, pois adentrou a casa sem esperar por um convite. — Ora, ora... agora consigo entender o motivo de você ter desencadeado uma guerra. - seus olhos negros se detiveram em mim por um momento. — Atrapalho algo? - sua cabeça se inclinou para o lado e um sorriso um tan
— Mas... — E vocês vão partir daqui agora mesmo! Nathaniel, você entende a gravidade disso tudo, não entende?! Não podemos proteger mais a casa, como fizemos com a sua mãe, então vocês vão ter que se esconder e... — E a Brenda?! - interrompi ele com meu coração aos pulos. Eu estava completamente apavorada com o que poderia acontecer conosco, mas eu tinha metido minha amiga nisso. Ela tinha que ser prioridade. — Ela não faz parte disso, ela não escolheu isso. — Eu já disse que irei busca-la. Eu vou tomar conta dela. - prometeu me olhando e eu assenti depois de um tempo. Tentei explicar o mais detalhadamente como era minha amiga e onde ela dormia. — Nicholas... — Nathaniel, não te
Receber a notícia de que minha melhor amiga iria embora do convento me deixou arrasada, mas eu não demonstrei. Como sempre. Embora eu tivesse somente dez anos na época em que meus pais morreram, eu ainda conseguia me lembrar deles e definitivamente me lembrava de como eles me criavam para ser uma criança forte e independente. Aprendi e engolir minha dor. O primeiro baque veio com a notícia da morte deles, me desesperei, gritei, chorei até que não houvesse mais lágrimas. Então eu me fechei no mundo, não falava, não brincava, não respondia ninguém. Minha família, ou melhor, meus parentes conviveram com isso durante alguns meses, mas logo depois me jogaram nesse fim de mundo que chamamos de convento. Eu era somente a garota estranha, a que não falava ou brincava com ninguém, até que a Rose chegou. Não sei se ela se lembra do primeiro dia em que nos conhecemos de verdade, mas eu sim. Estava
— Acho que ficará mais fácil se eu te começar desde o início, desde antes de eu nascer. - sua voz ecoou melodiosa e eu vi seus olhos vermelhos se focarem para frente. Nathaniel estava virado para a televisão, mas seus olhos não a miravam, eles estavam longe, perdidos em seus mais profundos pensamentos. Observei-o encostar seus cotovelos em sua coxa e entrelaçar seus dedos embaixo de seu queixo. — Segundo Nicholas, minha mãe apareceu aqui no bar dele em busca de emprego. O bar do Nicholas não está escondido aos olhos dos humanos, mas mesmo assim só entra quem sabe da existência, pois por conta da clientela Nicholas lançou um feitiço no bar para manter humanos desavisados longe. Mas com a minha mãe isso não funcionou. Ele acha que o desespero dela em arrumar algum trabalho era tanto, que ela passou por cima dos avisos de perigo que o corpo automaticamente manda quando estamos por perto. Algo do tipo que aconteceu com você. - ele sorriu mini