O som da campainha ecoou nos interrompendo os nossos planos de continuar a brincadeira no quarto. Nathaniel se secou rapidamente e vestiu a roupa que estava jogada na sala. Ele entregou minhas roupas e eu as vesti depois de me secar. Nathaniel esperou que eu estivesse devidamente vestida antes de abrir a porta.
— O que faz aqui? - a voz dele ecoou da porta. Eu me encontrava parada próxima ao corredor do banheiro, não conseguia ver quem estava ali com Nathaniel.
— Olá para você também. - a voz grave ecoou. Era uma voz masculina e o dono dela logo apareceu em meu campo de visão, pois adentrou a casa sem esperar por um convite. — Ora, ora... agora consigo entender o motivo de você ter desencadeado uma guerra. - seus olhos negros se detiveram em mim por um momento. — Atrapalho algo? - sua cabeça se inclinou para o lado e um sorriso um tan
— Mas... — E vocês vão partir daqui agora mesmo! Nathaniel, você entende a gravidade disso tudo, não entende?! Não podemos proteger mais a casa, como fizemos com a sua mãe, então vocês vão ter que se esconder e... — E a Brenda?! - interrompi ele com meu coração aos pulos. Eu estava completamente apavorada com o que poderia acontecer conosco, mas eu tinha metido minha amiga nisso. Ela tinha que ser prioridade. — Ela não faz parte disso, ela não escolheu isso. — Eu já disse que irei busca-la. Eu vou tomar conta dela. - prometeu me olhando e eu assenti depois de um tempo. Tentei explicar o mais detalhadamente como era minha amiga e onde ela dormia. — Nicholas... — Nathaniel, não te
Receber a notícia de que minha melhor amiga iria embora do convento me deixou arrasada, mas eu não demonstrei. Como sempre. Embora eu tivesse somente dez anos na época em que meus pais morreram, eu ainda conseguia me lembrar deles e definitivamente me lembrava de como eles me criavam para ser uma criança forte e independente. Aprendi e engolir minha dor. O primeiro baque veio com a notícia da morte deles, me desesperei, gritei, chorei até que não houvesse mais lágrimas. Então eu me fechei no mundo, não falava, não brincava, não respondia ninguém. Minha família, ou melhor, meus parentes conviveram com isso durante alguns meses, mas logo depois me jogaram nesse fim de mundo que chamamos de convento. Eu era somente a garota estranha, a que não falava ou brincava com ninguém, até que a Rose chegou. Não sei se ela se lembra do primeiro dia em que nos conhecemos de verdade, mas eu sim. Estava
— Acho que ficará mais fácil se eu te começar desde o início, desde antes de eu nascer. - sua voz ecoou melodiosa e eu vi seus olhos vermelhos se focarem para frente. Nathaniel estava virado para a televisão, mas seus olhos não a miravam, eles estavam longe, perdidos em seus mais profundos pensamentos. Observei-o encostar seus cotovelos em sua coxa e entrelaçar seus dedos embaixo de seu queixo. — Segundo Nicholas, minha mãe apareceu aqui no bar dele em busca de emprego. O bar do Nicholas não está escondido aos olhos dos humanos, mas mesmo assim só entra quem sabe da existência, pois por conta da clientela Nicholas lançou um feitiço no bar para manter humanos desavisados longe. Mas com a minha mãe isso não funcionou. Ele acha que o desespero dela em arrumar algum trabalho era tanto, que ela passou por cima dos avisos de perigo que o corpo automaticamente manda quando estamos por perto. Algo do tipo que aconteceu com você. - ele sorriu mini
— Por favor... - sua voz saiu baixinha e ela se inclinou no sofá, imitando a pose de Nicholas e encarando-o atentamente. Olhei para Nathaniel e o mesmo deu de ombros. — E eu não estava apaixonado pela Louise. - ele rolou os olhos encarando-a. — Ela era uma pessoa incrível e não foi difícil de encantar até o mais terrível dos monstros. E nesse caso eu estou falando de Lúcifer. - ele riu e dessa vez foi Nathaniel quem rolou os olhos. Observei meu demônio favorito fechar os olhos e encostar sua cabeça no encosto do sofá, como se não se importasse com a história, pois já tinha escutando-a muitas vezes. Eu, por outro lado, estava atenta a cada palavra que saia da boca de Nicholas. — Ela já sabia do nosso mundo e ele já sabia dela e ajudou nessa parte, permitindo que ela vivesse e continuasse com a sua vida, mesmo sabendo da gente. Demorei para perceber que ele estava interessado nela, pois L
— O que quer saber, Brenda? - seus olhos me avaliavam curiosamente e eu senti meu rosto ir esquentando a medida em que um sorriso malicioso se abria em seu rosto. — Pode esquecer! Não... - gritei por cima de suas gargalhadas histéricas e não me aguentei, quando vi eu estava gargalhando junto. — Por Deus! Como pode ser tão safada assim? — Você que me aparece com um demônio, bem gostoso por sinal, e eu que sou a safada? - me perguntou entre os risos e eu lhe taquei um travesseiro na cara. — Ai, doeu cretina! E seu chifrudo é gostoso, está bem servida amiga. - tive que rir da sua cara maliciosa. — E o Nick? Cara, a Frozen não fica atras não, hein... — Olha, dona Brenda você está me saindo uma bela de uma safada. E você que tem que me contar algo, pois eu estou vendo a senhorita com uma blusa masculina. E eu posso jurar que é do Nicholas.
— Alo? - minha voz estava ofegante ao atender.— Por que está ofegante? Aconteceu algo? - a inconfundível voz de Nicholas soou do outro lado da linha e eu rolei os olhos.— Não aconteceu nada! Eu só corri para atender ao telefone.— Já podemos voltar? Nathaniel está enchendo meu saco. - sorri sozinha ao escutar aquilo e ouvi ele xingar Nathaniel do outro lado. — Ok, ok ele não está enchendo o saco. - ri ao ouvir a voz dele. — Dá para parar de fogo?! Boiola...— Alo, Rose? - sorri como uma boba ao ouvir a voz de Nathaniel do outro lado da linha. — Conversou com a sua amiga? Estamos perto e... eu não queria deixar voc&ec
—Baixinha, vamos embora! Preciso te levar antes que o sol nasça. - Nicholas levantou-se de repente do sofá e olhou para minha amiga. Estávamos concentradas em um jogo muito bom de tiros, mas Brenda o pausou para olhar para ele.— Já?! Por que não posso fi... - minha amiga se calou com a intensa olhadela que ele lhe deu. Vi a sobrancelha do vampiro se arquear, do mesmo jeito que eu já vi muitas vezes Nathaniel fazer e um sorrisinho sacana nascer no canto de seus lábios. Minha amiga disfarçou um riso com uma tosse e deu um alto e demorado bocejo. —É mesmo, estou com sono. - rolei os olhos com aquilo e Nathaniel e Nicholas não seguraram a risada. — É bom que você tenha uma cama, Frozen. De preferência, uma grande e não um caixão. - ela lançou um olhar enviesa
— Lembre-se disso quando estiver lá e lute. - minhas mãos seguraram seu rosto, suas bochechas quentes esquentavam minhas palmas e percebi que seu rosto estava húmido. — Não desista, Nathaniel. Volte para mim, vivo! Porque eu te amo e preciso de você. Entendeu? - esperei que ele assentisse e puxei seu rosto de encontro ao meu. Seus dedos soltaram meus seios e eu o senti passar o polegar em minha bochecha, em um carinho gostoso. — Não se esqueça disso. Eu preciso... - solucei sob seus lábios agarrando seus braços.— Você é a minha vida, Rose. Eu amo você e te prometo que irei voltar. - sua voz estava embargada, mas ele se segurou bravamente. Assenti deixando as lagrimas salgadas deslizarem sem controle e mordi meu lábio inferior para evitar que o choro compulsivo saísse da