— E o que você disse? — Júlia perguntou empolgada.Ela tinha estado assim desde que chegou em casa e eu corri até lá para contar a novidade, Jack e eu estávamos juntos oficialmente, como um casal.— Eu aceitei é claro! Quando cheguei aqui eu já estava desacreditada do amor, nunca imaginaria que seria seu vizinho ordinário que me faria abrir o coração novamente.Ela me abraçou de qualquer jeito, estávamos sentadas na sua cama, como duas adolescentes conversando sobre amor.— Então finalmente conversaram sobre a falecida? — ela perguntou quando se afastou e eu franzi os lábios, sabendo que era resposta suficiente. — Você contou a ele que sabe dela? Que viu o quarto escondido?— Não Júlia, eu vou dizer, sim quero ficar na sua vida para sempre, ah a propósito invadi sua casa no outro dia e descobri sobre sua mulher, sinto muito. — forcei a voz mostrando o sarcasmo. — Eu preciso deixar que ele fale, na hora certa eu sei que ele vai se abrir comigo completamente.— Tem certeza disso amiga?
Estava trabalhando nos berços dia e noite, enquanto Alicia estava ocupada com suas redes sociais eu me mantinha focado ali. A curiosidade dela me consumia é verdade, eu adorava ver que ela estava cada dia mais desesperada para descobrir o que eu estava aprontando na garagem. Eu poderia ter ido trabalhar na oficina, mas eu não conseguia passar o dia fora e longe dela, sabendo que ela estaria bem aqui na minha casa me esperando.A cada dia que passava eu tinha ainda mais certeza dos meus sentimentos por ela. Alicia tinha chegado como quem não quer nada, buscando um lugar onde fazer de lar para ela e para seus filhos, um abrigo no meio da tempestade que havia se tornado sua vida.Mas ela nem tinha ideia que mesmo sem abrigo pra si e sua família ela me deu um lugar de paz, luz e calor, onde eu podia me sentir novamente aconchegado e seguro. Em paz longe dos meus fantasmas, longe de toda a dor que senti, um lugar onde eu podia ter novamente uma vida. Porém era nesses momentos que eu me qu
Eu tinha dito as palavras, ontem finalmente falei eu te amo para Jack e ele não disse nada de volta.Para ser justa eu tinha saído correndo e aproveitei o momento em que meu coração transbordava de alegria com todo o apoio dele e a ideia de estar ganhando aos poucos reconhecimento, que deixei que as palavras saíssem, ganhando vida fora de mim pela primeira vez.Jack ficou paralisado lá fora por um tempo, antes de se esconder novamente naquela garagem. Depois que ele entrou dando por encerrado o dia de trabalho também preferiu fingir que nada havia acontecido, simplesmente seguiu com sua rotina indo para o chuveiro e depois jantando juntos.Ele não disse nenhuma palavra, absolutamente nada sobre eu ter dito eu te amo.— O que eu estou fazendo com a minha vida? — me perguntei em voz alta encarando a porta do quarto esquecido.Eu nunca tinha perguntado a ele o que escondia ali, e Jack parecia confiante da tranca na porta, ou que eu não fosse entrar nunca em um lugar fechado. Bem coitado
Porra, eu era um tremendo filha da puta covarde. Não consegui colocar pra fora tudo o que estava guardado dentro de mim, não pude dizer a todos que Alicia era minha, que estávamos juntos e que eu seria o pai daquelas crianças.Ela jogou na minha cara as palavras que tinha dito no outro dia e eu pude ver toda mágoa e arrependimento se formando em seus olhos. Meu coração batia desesperado ao saber que era eu causando aquela dor, eu era o responsável por trazer lágrimas aqueles olhos.O restante do almoço passou como uma lenta tortura, Alicia nem se dignou a me olhar mais, continuou sendo cordial com Hugo, amigável com Diana e um doce com John.O que só aumentou minha culpa, eles eram minha família e quando me perguntaram pela segunda vez se estávamos juntos eu a neguei na frente deles.— Você é um filho da puta. — Sean falou entre dentes quando passou por mim e eu nem ao menos neguei.Ele estava certo e eu merecia isso.— Não esqueça de voltar mais vezes Jack, nós ainda somos sua famíli
As palavras de Júlia ligaram um botão de pânico dentro de mim, minha mãe era a pessoa mais irritante, presunçosa, adora se meter na vida de todo mundo e é claro que na vida da filha seria bem pior.— Calma gente, ela não pode ser tão ruim assim. — Sean falou tentando ser otimista.Estávamos todos na sala de Jack, eu e Júlia estávamos de pé andando de um lado ao outro, até Levi que havia chegado para sair com Júlia tinha ficado por ali. Me senti culpada por atrapalhar a noite deles, mas ela insistiu em ficar e me ajudar a planejar tudo.Tudo tinha que estar perfeito para quando dona Verônica chegasse, do contrário ela faria questão de me infernizar jogando na minha cara aquilo para o resto da vida, como vem fazendo há anos.— Não, ela só é a cobra peçonhenta que fez a Alicia desenvolver transtorno alimentar quando era criança.— Como é que é? — Jack gritou antes mesmo que eu conseguisse parar a boca da minha amiga.— Júlia! — gritei censurando ela. — Isso é passado.— Pode ser passado
Conseguia ver minha mulher sofrendo com antecipação, Alicia deveria estar curtindo o reconhecimento do seu trabalho, aproveitando a gravidez e fazendo planos para nós quatro. Mas ao invés disso estava se corroendo, pensando em todos os possíveis defeitos que sua mãe iria encontrar. Eu nem conhecia a mulher e já detestava, como um ser poderia ser tão cruel com uma criança? Colocando todo o tipo de merda na cabeça da filha, para que ela não se sentisse merecedora de amor, e porque? Porque a filha não tinha o corpo que ela queria.Levei Alicia para fora do box e envolvi seu corpo com a toalha. Minha mulher merecia ser venerada e era isso o que eu ia fazer essa noite, ia adorar o seu corpo.Alicia não tinha vergonha do seu corpo, eu via isso na forma que se vestia, não se importando em usar decotes ou roupas curtas e na forma que transava, toda desinibida, sem querer se esconder. Não queria que começasse a ter pensamentos errados graças a megera da mãe.Segurei ela em meu colo e caminhei
Eu estava esparramada na cama, sem nenhuma vontade de me levantar e começar o dia. Depois da noite de ontem eu me sentia sem forças pra se quer levantar o braço. Jack tinha acabado comigo, de um jeito delicioso tinha que confessar.Era impossível não me apaixonar ainda mais por ele quando ele me tratava como uma princesa, todo carinho e cuidado, preocupação em me fazer sentir bem, e ontem foi mais uma prova disso.Me estiquei na cama, espreguiçando e sentindo meu corpo reclamar com preguiça.— Bom dia dorminhoca. — ouvi a voz grossa do homem e abri apenas um olho, para encontrá-lo parado na porta, usando apenas uma samba canção e segurando algo nas costas.— Bom dia lindo. — ergui meu tronco, me apoiando nos cotovelos. — O que está escondendo aí?Jack sorriu andando até a cama e se sentou ao meu lado antes de tirar as mãos das costas e me estender uma venda.Meu olhar confuso deve ter me entregado.— Confia em mim? — ele não precisava perguntar aquilo, a resposta era óbvia.— É claro
Um rosnado reverberou por meu corpo sem que eu pudesse me conter, a raiva se espalhando a cada nova palavra que aquela víbora soltava contra Alicia.O que Júlia disse ontem a noite era pura verdade, Verônica não queria perder e por isso jogava todas as suas frustrações, mágoas e medos sobre Alicia, a usando como saco de pancadas.Eu sabia que minha mulher era forte o suficiente, tinha aguentado todos esses anos com aquele ser demoníaco, mas isso acabava aqui.— Vou chamar a polícia...— Você nunca me deu nada, além de traumas. — Alicia falou retomando a voz e me cortando — Cansei de ser seu bode expiatório, se quiser ficar e tentar ser agradável é bem-vinda, mas se for continuar destilando seu veneno é melhor ir embora.Ela encarava a filha com espanto, eu teria gargalhado se não estivesse fervendo de ódio.Antes mesmo que aquela mulher pudesse dizer mais alguma coisa, Júlia gritou o nome de Verônica enquanto pisava duro atravessando o quintal.— Escuta aqui sua megera, eu aturei suas