“Eu hoje joguei tanta coisa fora
E vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias, gente que foi embora.
A casa fica bem melhor assim
O céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu
E lendo teus bilhetes, eu penso no que eu fiz
Querendo ver o mais distante sem saber voar
Desprezando as asas que você me deu
Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares,
Mas de bailarinos
E de você e eu.
Hoje joguei tanta coisa fora
E lendo teus bilhetes, eu penso no que eu fiz
Cartas e fotografias gente que foi embora.
A casa fica bem melhor assim”
(Paralamas do Sucesso – Tendo a lua)
Novembro - 2017
Heitor
Já ha
“Nosso encontro aconteceu como eu imaginavaVocê não me reconheceu, mas fingiu que não era nadaEu sei que alguma coisa minha, em você ficou guardadaComo num filme mudo antes da invenção das palavrasAfinei os meus ouvidos pra escutar suas chamadasSinais do corpo eu sei ler nas nossas conversas demoradasMas há dias em que nada faz sentidoE os sinais que me ligam ao mundo se desligamEu sei que uma rede invisível irá me salvarO impossível me espera do lado de láEu salto pro alto eu vou em frenteDe volta pro presente”(Frejat – Túnel do Tempo)Maio – 2018Heitor— Irmão, será que você pod
“De você sei quase nadaPra onde vai ou porque veioNem mesmo seiQual é a parte da tua estradaNo meu caminho?Será um atalho?Ou um desvio?Um rio raso?Um passo em falso?Um prato fundo?Pra toda fome que há no mundoNoite alta que reveleUm passeio pela peleDia claro madrugadaDe nós dois não sei mais nada...”(Zeca Baleiro – Quase nada)HeitorEu sabia que Letícia havia me passado o endereço do tal apartamento onde ficaria em um dos últimos e-mails que trocamos. E, de fato, não demorei mais do que alguns minutos para encontra-lo pelo celular. Digitei no waze e segui para lá. Por ser um sábado, o trânsito estava ót
“O desertoque atravesseiNinguém me viu passarEstranha e sóNem pude verque o céu é maiorTentei dizer, mas vi vocêTão longe de chegarMas perto de algum lugarÉ desertoonde eu te encontreiVocê me viu passarCorrendo sóNem pude ver que o tempo é maiorOlhei pra mim, me vi assimTão perto de chegarOnde você não estáNo silêncio uma catedralUm templo em mimOnde eu possa ser imortalMas vai existir, eu seiVai ter que existirVai resistir nosso lugar...Solidão, quem pode evitar?Te encontro enfimMeu coração é secularSonha e deságua dentro de mimAmanh&at
“A vida tem sons que pra gente ouvirPrecisa entender que um amor de verdadeÉ feito canção, qualquer coisa assimQue tem seu começo, seu meio e seu fimA vida tem sons que pra gente ouvirPrecisa aprender a começar de novoÉ como tocar o mesmo violãoE nele compor uma nova cançãoQue fale de amor,Que faça chorar,Que toque mais forte esse meu coraçãoAh! Coração...Se apronta pra recomeçarAh! Coração...Esquece esse medo de amar de novo...”(Roupa Nova – Começo, meio e fim)LaísEra bem raro eu admitir algo deste tipo, mas talvez Manu estivesse com a razão e eu j&a
“Jogue tudo que se tem pra jogarPela janela do mais alto prédioSe desfaça das antigas cartasE das caixas velhasEsqueça o velho amor.Solte seu cabeloPinte as unhas de vermelhoSe enfeite no espelhoTroque o tom do batomAmanhã é primaveraO seu inverno já passouSaia e veja o jardimOnde nunca pisou”(Anavitória - Cores)Heitor— Tio Heitor!Eu não esperava por uma recepção como aquela. Logo que me viu entrando pela porta, Isabel levantou-se do sofá em um pulo e correu até mim, entrelaçando os braços ao redor das minhas pernas. Então me soltou e olhou para o alto, com duas covinhas se formando em suas bochechas com o enorme sorriso
“...Os nossos passos finalmente se encontraramOs seus olhos ainda tentam se enganarOs nossos elos estão presos amarradosE a gente insiste em tentar não entenderNão será que é amorNão será que é amorQue a gente sente?”(Capital inicial – Será que é amor?)LaísQuando eu enfim consegui tirar um breve cochilo, logo acordei no susto com o som das chaves abrindo a porta. Havia esfriado um pouco durante a noite e eu estava enrolada em uma manta, mas me descobri e sentei-me no sofá, olhando para a pessoa que chegava. Logo que fechou a porta, Manu acendeu o interruptor e se virou, assustando-se ao me avistar no sofá.— Meu Deus, Laís! São quatro da manhã, o que você está fazendo aí a
“Era uma vez,O dia em que todo dia era bomDelicioso gosto e o bom gostoDas nuvens serem feitas de algodãoDava pra ser heróiNo mesmo dia em que escolhia ser vilãoE acabava tudo em lanche, um banho quenteE talvez um arranhãoDava pra verA ingenuidade e a inocência cantando no tomMilhões de mundos e universos tão reaisQuanto à nossa imaginaçãoBastava um colo, um carinhoE o remédio era beijo e proteçãoTudo voltava a ser novo no outro diaSem muita preocupaçãoÉ que a gente quer crescerE quando cresce, quer voltar do inícioPorque um joelho raladoDói bem menos que um coração partido”(Era uma vez – Kell Smith)
“Vou te caçar na cama sem segredoE saciar a sede do desejoDeixar o teu cabelo em desalinhoE me afogar de vez no teu carinhoQuero ficar assim por toda a noiteA copiar teus traços lentamenteDeixar pousar meu beijo no teu corpoDeixar que o amor se faça mansamente”(Isabella Taviani - Momentos)Laís— Vou sentir saudades dele, tia Laís...Diante da cena, meu coração ficou tão apertadinho, que sequer fiz questão de corrigir Isabel para que me chamasse de “mãe”. Mesmo quando estávamos só nós duas, eu pedia para que ela me chamasse assim, para que se acostumasse e não acabasse deixando escapar um “tia” na presença de Heitor.Abaixei-me ao lado dela, que estava ajoelhada diante