POV FRANCISEu não me cansava de beijar Virgínia, tampouco de fazer amor com ela. Sabia o quanto ela gostava de rapidinhas em lugares inusitados e sempre tentava agradá-la. Ela era o meu vício e eu não conseguia mais ficar longe dela. Era amor... De uma forma como nunca imaginei sentir na minha vida.O estranho era sentir tudo aquilo por Vi, a garota que cresceu ao meu lado. Acho que sempre a amei, mas preferia afastar aquele sentimento, temendo ficar vulnerável. Então lá estava eu, completamente vulnerável e enlouquecido por ela. E o pior de tudo: completamente feliz.Andréia e Liam a chamaram e eu fiquei de pegar uma bebida para nós. Eu não gostava muito dos bailes de Primavera. Mas sempre vinha por ela, que gostava.Assim que peguei duas águas e fui sair, meu pai parou na minha frente:- Onde está sua mãe?- Ela foi para casa. Parece estar triste. Não sei o que tem acontecido com ela nos últimos dias. Mas espero que você não tenha nada a ver com isso.- Claro que não tenho. Acho qu
- Vocês estão loucos... Sabem que eu não fiz isso. – falei, incrédula, com voz fraca, sentindo meu coração querer deixar o peito.- Irina era cardíaca... Não podia sofrer fortes emoções. Então... Você veio aqui e contou tudo, mesmo eu dizendo que não deveria. Como pôde fazer isso com a mulher que acolheu você como filha a vida inteira? – Maurício fingiu tristeza.- Eu tentei impedir... – Michelle olhou nos meus olhos. – Mas você não me ouviu. Eu tinha certeza de que se ela soubesse a verdade, morreria. Por isso nunca contei.- Vocês são... Sórdidos... Doentes.- Sempre tentamos poupar Irina, sabendo de suas condições de saúde. – minha mãe insistiu.- Então... Você nunca teve nada no coração. O exame que você falsificou era de Irina. – falei, aturdida.- Sim... – ela confirmou, sem pensar duas vezes, sem demonstrar nenhum tipo de ressentimento ou culpa.Michelle Miller era uma pessoa sem coração, sem nenhum tipo de sentimento. Alguém que mentia e tentava destruir a própria filha em nom
Fui de volta para minha ex casa e subi ao quarto no qual nunca mais voltaria. A única coisa boa que eu tinha dali era as vezes que Francis ia me ver, subindo pela escada que um dia Michelle Miller arrancou, sem dó nem piedade, somente por maldade. Peguei mais duas malas e retirei tudo que tinha dali, sem pensar duas vezes.Não sei quanto tempo levou para não deixar vestígios de que um dia eu estive naquele lugar.Quando estava descendo as escadas, carregando as duas malas pesadas, Liam chegou. Parou, com a chave da casa na mão e me encarou:- Meu Deus... De que túmulo você saiu...Continuei até o último degrau. Ele me abraçou:- O que houve com você, Vi? Sumiu... Francis... Está desesperado. – percebi a confusão e dó nos olhos avermelhados dele.Michelle surgiu, no topo da escada. Eu não sabia que a desgraçada estava lá.Liam ainda me abraçava com força quando ela disse:- Liam, meu filho, estamos ricos!Nós dois nos viramos em direção a ela.- Mãe... Você tem noção do que está dizend
Trinta dias foi tempo suficiente para eu me recuperar fisicamente. Meu coração só curaria quando eu tivesse Francis novamente. Ele sempre foi tudo que eu tive, desde criança. Ele estava lá quando eu me machucava. Estava também junto nas minhas travessuras. Ele deixava de comer coisas pra poder estar comigo. Comprava alimentos caros sem proteína do leite porque sabia que eu gostava. Ele sempre tinha um algodão doce para mim... E também um sorriso safado. Ele escalava até o meu quarto e passava a noite na minha cama contado sobre suas aventuras amorosas. Até provarmos de um único beijo... O mais perfeito do mundo. A partir dali, nos apaixonamos. Eu entendi primeiro o que estava acontecendo. Francis demorou a identificar que o amor não era mais simplesmente pela sua amiga. Ele me pediu em namoro e me deu dois cachorros fofos, só porque leu numa lista idiota que eu havia feito. E o principal: ele sempre me alertou com relação a minha mãe. E eu não quis ouvir. Porque na minha cabeça, mãe e
Yan sorriu e me abraçou:- Você é minha filha... Somos parecidos em quase tudo... Eu não tenho dúvidas de que Virgínia Hernandez é minha... Assim como Liam. – recebi um beijo estalado no rosto. – Tire bobagens desta cabecinha. Você não vai ter um pai rico. – riu.- Pai, eu acho que ela fez isso porque Irina morreu e Maurício vai ficar dono de tudo. Então assumir que Liam é filho de Maurício neste momento seria ter parte da herança... Seria isso?- Eu já não sei de mais nada, minha filha. A única coisa que tenho certeza é que a melhor coisa que fiz na vida foi ter saído daquela casa.- Pai, falando em casa...Liam pareceu, mais calmo, com uma xícara de chá fumegante e um biscoito.- Ok, Grécia quer engordar todo mundo, não duvide disto. – brinquei.Ele colocou o braço sobre meus ombros:- De novo dividindo a mesma cama, Vi...- Mas num lugar que eu posso chamar de... Lar. – confessei.- Apesar de tudo, sair daquela casa e de Primavera me fez bem. – ele confessou.- Ninguém que sai das
Recostei-me para trás, quase sem ar. Minha mãe e Maurício ficaram falando sem parar, furiosos. Mas eu não consegui prestar atenção em uma palavra sequer do que diziam. Minha cabeça dava voltas e voltas e eu tentava entender o motivo de ela ter me deixado parte de sua herança.E agora? Será que Michelle e Maurício diriam a Francis que eu era culpada pela morte da mãe dele, a fim de reverterem o testamento? Eu não me importava com o dinheiro, mas temia imensamente Francis acreditar na mentira deles.Meu coração batia tão forte. Olhei Francis e ele estava com o semblante tranquilo.- Você... Sabia disso? – perguntei, enquanto nossos pais seguiam discutindo com o advogado.- Não. – ele disse seriamente.- Senhores, não acabou. – o tabelião disse. – Li só uma parte do testamento.Logo minha mãe e Maurício se calaram, certamente na esperança de que tudo fosse um engano.“Conheço tão bem Virgínia e Francis que sei exatamente que neste momento estão sem palavras. E sei também o tanto que eles
- Claro que vai. Maurício é um dos melhores advogados dos país.Eu gargalhei:- Na sua opinião, não é mesmo? Quem é Maurício Provost na vida? Aqui no centro de Noriah ele não é nada.- Você sabe que ele só atende pessoas conhecidas e grandes empresários, não é mesmo?- Sim... Mas acho que agora que ele perdeu tudo, até mesmo a sede do escritório onde trabalha e não conseguirá recuperar. Talvez sua grande clientela... Vire fumaça.- E você gostaria muito que isso acontecesse, não é mesmo?- Estarei sentada de camarote vendo-o despencar... Junto com você.- Eu preciso da minha casa, Virgínia. Desista logo desta porra de querer a sua parte. Você não precisa. É rica...- Pago aluguel. Não sou rica. Trabalho... Quer dizer: “mãe, finalmente eu trabalho!” – ironizei. – Quer que eu lhe explique o que isso significa?- Eu trabalho, sua “metidinha à esperta”. Esqueceu que eu sou prefeita de uma cidade inteira?- Então use deste dinheiro que recebe mensalmente para pagar a minha parte da casa. E
Parecia meu destino encontrar Marcelus. Ou não. Será que ele estava me perseguindo? Lembrei que ele havia dito que se mudaria para o centro de Noriah e começaria a trabalhar ali. Pelo visto, já havia feito a mudança. Eu preferia pensar que tudo não passava de uma infeliz coincidência.- Está trabalhando aqui? – ele perguntou.- Sim...Ele sorriu:- Que feliz coincidência!- Marcelus... – comecei.- Ei, está tudo bem. – ele me cortou. – Meus pais são os donos deste prédio.Era só o que me faltava! Pelo visto eu teria emprego por bem pouco tempo. Uma pena, pois gostava do lugar, das companhias e do salário.- Puxa... Que bom. – falei.- Recepção? Acho que você merece bem mais que isso. Que tal trabalhar no último andar, diretamente com o senhor Cavalli?- Obrigada, mas não. Estou bem por aqui.- Não consigo entender por que você está assim comigo.- Será que não? Olha tudo que você me disse naquela noite de Natal, Marcelus.- Foi da boca para fora, acredite. Eu sempre gostei de você, Vi