Passamos o domingo mais perfeito de todos. Não lembro de quando eu fui tão feliz na vida... A não ser em dias que estive ao lado dele.Perto das 16 horas meu pai foi até meu quarto. Quando entrou, não ficou impressionado em ver Francis deitado na minha cama, de roupa, é obvio.- Imaginei que quando encontrasse um de vocês, encontraria o outro também. – ele disse.- Oi, pai. – falei temerosa.Nos últimos tempos, meu pai estava muito ciumento. E o tempo que passei com Dom o senhor Yan me deu muita dor de cabeça.- Querida, nosso voo sai às 18 horas. Precisamos ir logo ou vamos nos atrasar.- Pai, esqueci completamente. – falei, preocupada, não sabendo por onde começar a organizar minhas coisas em tão pouco tempo.- Yan, eu posso levar Vi embora. Vim de carro. Seria... Um prazer.- Não duvido que seria um prazer, Francis. – ele balançou a cabeça.- Não vai perguntar as reais intenções dele comigo, papai? – ironizei.- Claro que não... Eu já sei quais são. As piores possíveis, não é mesmo
Ária tinha razão. E eu não podia deixar meu sono tirar a sanidade que ainda existia em mim. Furiosa, deixei meu apartamento e fui dormir na casa do meu pai. Por sorte ele e Grécia tinham saído.Acordei já era sete horas da noite. Dothy ainda estava sonolenta quando a peguei e fomos até o carro, dispostas a voltar para nossa casa.Assim que desci em frente ao meu prédio, perguntei:- Que acha de jantarmos pizza, Dothy?Ela lambeu minha mão e eu entendi como um “sim”.Subimos pelo elevador e quando chegamos em casa tudo parecia estar em paz. Nenhum som vindo do apartamento de cima.- De que adianta, não é mesmo Dothy? Agora não estamos mais com sono... Posso apostar que vou passar a noite acordada.Liguei pedindo uma pizza e fui tomar banho antes da entrega. Coloquei só um roupão por cima do corpo e não sequei nem penteei meus cabelos, deixando-os úmidos.A campainha tocou. A pizza chegou exatamente na hora, o que era raro de acontecer. Cheguei na sala e Dothy estava se esfregando enlou
- E o que a gente faz, Francis? – perguntei, incerta.- Não acho que eles mereçam que a gente vá... Mas... A criança não tem culpa. Se precisam de dinheiro... Ou qualquer coisa que possamos fazer para salvar a vida do nosso irmão, devemos fazer. Eu odeio Michelle, tanto quanto odeio meu próprio pai. Mas... Eu nunca quis a morte dela.- Eu também não... É minha mãe, por mais mal que tenha me feito. Não há perdão para tudo que ela fez... Mas concordo que o bebê não é culpado de nada. É uma vida inocente... Gerada por pessoas cruéis.- Vamos para Primavera, Vi.Troquei de roupa rapidamente e o encontrei no carro dele. Partimos imediatamente para o Hospital de Primavera.Discutimos no caminho as possibilidades do que poderia acontecer e como agiríamos. Mas por mais que conversássemos a respeito, era uma situação delicada. Minha mãe e o pai dele teriam um filho juntos... Na verdade, outro, porque já tinham Liam. Eu não sei se teria apego a criança como tinha com Liam, mas igual era meu irm
Era uma peça com algumas estantes envidraçadas, contendo medicamentos. Rezei para que logo alguém entrasse ali. Certamente era a farmácia do hospital.Ele permaneceu segurando minha boca. As lágrimas caíam pelo meu rosto. Não acredito que aquilo ainda não havia acabado. Colocou-me contra a parede, me obrigando a encará-lo:- Você não só me fez perder meu melhor amigo. Também o fez me socar... Até eu não aguentar mais. Levei alguns pontos para fechar os cortes. Tudo por sua culpa... Uma vagabunda que me custou caro.Eu não tinha como falar para me defender, pois permanecia com a boca tapada pela mão dele. Marcelus certamente estava de plantão, pois vestia o jaleco branco. Tentei soltar meu corpo, fazendo força e empurrando a perna em direção a ele, mas foi inútil. Ele era muito forte.- Eu paguei caro por você, Virgínia. Muito caro... E no fim, só tive problemas. Sua mãe me enganou.Eu continuava tentando me desvencilhar inutilmente. Comecei a bater minhas costas na parede, tentando fa
- Francis, o que passou, passou. Não vamos voltar ao passado. Que tal lembrarmos do tempo que ficamos juntos... Desde sempre? – propus. – Afinal, se formos contar, o tempo que ficamos separados um do outro simplesmente é nada frente ao que estivemos lado a lado.- Eu aceito sua proposta. Até porque, não podemos negar que isso nos fez bem... De alguma forma. Não sei você, mas eu sempre soube que no final, ficaríamos juntos.- Houve momentos que não tive certeza se isso aconteceria. Mas nunca desisti de lutar por você.- Como quando jogou a garota na piscina? – ele riu. – Ou quando colocou algodão doce na cara de Joice?- Eu sempre fui ciumenta com você... Mesmo quando éramos só amigos. Depois que decidi que seria meu... A coisa só piorou.Ele começou a rir:- Com assim “você” decidiu que eu seria seu?- Sim... Eu decidi isso. Quando fomos para o Motel com Tereza.- Sabe quando “eu” decidi que você seria minha?- Quando?- Quando larguei Dothy num quarto de Motel e fui atrás de você...
Ninguém ficou muito impressionado de ver eu e Francis entrando juntos. Acho que nem percebiam muito quando chegávamos separados, porque eles só nos viam juntos lá dentro. E como não sabiam de nada, mesmo quando acompanhados, viram Francis e Virgínia dançando Your Love e deixando seus pares. Os mais velhos seguiam lá, firmes e fortes, talvez com mais de trinta ou quarenta bailes de Primavera nas suas histórias.Tenho lembranças de todos eles... E em cada uma delas, aquela mão que segurava a minha, firmemente, estava lá, ao meu lado. Mesmo quando Your Love não significava nada e era só uma música, como outra qualquer, que nos divertia enquanto nossos pais, juntos, aproveitavam a festa.Fiquei me perguntando quem venceu as apostas sobre mim e Francis. Quem perdeu... No fim, saímos de Primavera, mas Primavera não saiu de nós. Porque todos os anos estávamos ali... E não era só por obrigação. Já era por vontade própria, como se aquilo não funcionasse se não estivéssemos ali, a cada ano, ven
- Eu quero... Mil vezes eu quero... Ser sua mulher, sua melhor amiga... O amor da sua vida... E estar todas as noites na sua cama.- Depois que tive você na minha cama, nunca mais quis saber de outra mulher, senhorita Virgínia Hernandez. – ele sorriu.Francis colocou o anel e a aliança no meu dedo. Fiquei observando a pedra enorme e brilhante no meu dedo.Nossos olhos se encontraram, naquela madrugada de sábado para domingo. Só havia nós dois ali, no nosso pergolado, nossa eterna casinha da infância, onde levávamos nossos brinquedos e simulávamos sermos casados desde sempre. E agora estava a um passo de se tornar realidade.Acho que amei Francis a minha vida inteira. Não só como amigo... Mas como homem, como minha alma gêmea. Tentaram nos separar de todas as formas. E conseguiram. Mas ninguém contava que a morte de Irina, que nos afastou de vez, seria também capaz de nos unir para sempre. Porque ela sempre acreditou em nós. E esteve presente ao longo da nossa vida, certamente perceben
- Estou indo, Vi.“- Quem é?” – ouvi a voz feminina do outro lado da linha antes de ele desligar.- Francis, você fez eu empatar a foda do homem... Que porra!Ele gargalhou:- Isso é melhor que jogar na piscina, algodão doce na cara ou colocar o nome dele num cachorro. Fazer o homem deixar a mulher na cama, quase meia noite, por causa da ex. Quero ver ele se explicar para ela depois... Estou vingado do meu ciúme. – ele me olhou de relance.- E eu estou bem. Já passou e não sinto mais nada.- Exatamente por isso é preocupante. Não adianta argumentar. Você vai ao médico.- Eu... Estou sem calcinha, porra! De novo.- Meu amor, desta vez eu entro com você... E nada nem ninguém vai me impedir, ou eu mando fechar o hospital, acredite.Olhei para ele e fiquei temerosa. Não por ele ameaçar fechar o hospital se não entrasse comigo. Mas o motivo pelo qual eu me senti mal novamente, como no dia do baile. Enjoo, tontura... Sim, sintomas de gravidez. Mas foi a segunda vez que tive aquilo, num inte