Emma
- Emma, levante. – minha mãe chamou com duas batidas suaves na porta do meu quarto.
Me espreguicei, rolando para ficar de barriga para o alto, e em seguida me sentei na cama. Tinha sido uma das minhas melhores noites de sono, acredito que nem tenha trocado de posição.
Levantei para afastar as cortinas e abrir a janela, deixando o sol invadir meu quarto suavemente e revelar um céu tremendamente azul e sem nuvens. Lá embaixo algumas pessoas andavam pela rua e duas idosas varriam o chão na frente de suas casas.
Coloquei apenas um roupão por cima da camisola e
Emma O pai de Heitor era muito parecido com ele. Magro e distinto, com olhos verdes e um cabelo quase no mesmo tom, que já estava rareando. Ele pareceu tão animado quanto meus pais com nossa inevitável união. Sorria abertamente, o tempo todo, elogiando as flores de mamãe, a comida de Sally e até mesmo as nossas cortinas velhas. A mãe era mais comedida, embora fosse extremamente gentil. Mostrava uma alegria educada, suave. Seus cabelos loiros estavam presos num coque grosso e firme, e as mãos sempre ficavam cruzadas na frente do corpo. Heitor era quase tão quieto quanto eu, mas também parecia feliz. Como a união comigo, uma completa estra
Emma A capela era simples, sem adornos além dos bancos de madeira, mas meus pais estavam dispostos a colocar flores e algum outro tipo de decoração para o dia do casamento. Os pais de Heitor estavam animados, agora que percebiam que a cerimônia realmente aconteceria ali e seu filho teria o capricho realizado. Eles seguiam meus pais pelo lugar, apontando e discutindo sobre coisas que não me interessavam. Meu futuro marido estava sentado num banco, observando os mais velhos com interesse, e todos me ignoravam completamente. Era como se eu não fosse uma parte realmente importante de tudo aquilo.&
Emma Quando acordei na manhã seguinte, era muito cedo. O sol mal subia no horizonte e a casa ainda permanecia no mais absoluto silêncio, resolvi novamente descer as escadas suavemente. Não foi difícil encontrar a cozinha e um copo de água. Nem mesmo a empregada estava presente naquele horário, então pude me encostar na pia e olhar através da janela de vidro, em direção as árvores. Minha mente estava repleta das memórias da noite anterior. Francisco e eu, juntos do lado de fora da casa, mais próximos do que deveríamos e conversando com uma intimidade completamente descabida.
Emma Meu coração acelerou assim que avistei a casa. Rapidamente meus olhos começaram a varrer o local em busca de Francisco, mas só havia Alice, saindo pela porta da frente para nos recepcionar. - Fizeram boa viagem? – ela sorriu. - Fizemos. – mamãe respondeu. Eu continuava agitada, batendo o pé repetidas vezes contra o chão. - Parece que a noiva está nervosa. – minha futura sogra comentou, observando meu comportamento repetitivo.&nb
Emma O dia anterior ao casamento foi completamente caótico. Nossas mães corriam de um lado para o outro com empregados contratados especialmente para a decoração entre outras pequenas coisas, outros empregados cozinhavam as comidas que seriam consumidas na pequena festa que faríamos depois da cerimônia e nossos pais deixaram a casa com Heitor para voltar apenas no dia seguinte, para que ele não me visse de noiva antes da hora. Para completar, Francisco estava pairando por todos os lados. Ninguém o percebia, mas eu sentia cada vez que ele estava por perto. Nossos olhos se cruzavam, cheios de significado, e fugi várias vezes para cantos isolados para poder chorar.&n
Emma Quando acordei ainda estava escuro, mas havia uma luminosidade diferente refletindo no chão do quarto. Demorei alguns minutos para perceber que a janela havia sido aberta. Me sentei rapidamente, ainda sem a camisola, e vi Francisco parado na frente da janela. Ele estava somente com a calça, olhando para o lado de fora. - Francisco? – chamei baixo. Ele se virou no mesmo momento e veio até mim. Agora eu conseguia ver seu rosto, e a expressão era mortalmente confusa de se interpretar. Ele parecia feliz, mas ao mesmo tempo tomado por uma agonia. 
Emma Francisco seguiu dirigindo por um longo tempo, e eu cochilei um pouco, embalada belo balanço do carro e o som do motor. Parecia o melhor descanso do mundo desde quando o conheci. - Já vamos parar. – a voz dele me despertou por completo, então me acertei no banco. - Onde? – observei ao redor. Estávamos entrando no que parecia um pequeno povoado. Havia algumas casas, pessoas andando de um lado para o outro com cavalos e crianças correndo pela terra. Todos viravam a cabeça para olhar o veículo, levemente interessados. 
Emma O casamento aconteceu assim que chegamos de volta à casa, cerca de seis horas da manhã. Minha mãe me enfiou o vestido amassado e sujo com rispidez, enquanto eu chorava e implorava para que me tirasse daquele lugar. Ela nem mesmo me dirigiu a palavra, parecendo nauseada. Não havia todos os convidados, a maioria tinha voltado para casa depois do vexame, não teve entrada de braço dado com meu pai e nenhum sorriso. Ninguém se preocupou em disfarçar a raiva e decepção comigo, principalmente Heitor. Assim que a cerimônia acabou, meus pais der