Emma
Meu coração acelerou assim que avistei a casa. Rapidamente meus olhos começaram a varrer o local em busca de Francisco, mas só havia Alice, saindo pela porta da frente para nos recepcionar.
- Fizeram boa viagem? – ela sorriu.
- Fizemos. – mamãe respondeu.
Eu continuava agitada, batendo o pé repetidas vezes contra o chão.
- Parece que a noiva está nervosa. – minha futura sogra comentou, observando meu comportamento repetitivo.
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Emma O dia anterior ao casamento foi completamente caótico. Nossas mães corriam de um lado para o outro com empregados contratados especialmente para a decoração entre outras pequenas coisas, outros empregados cozinhavam as comidas que seriam consumidas na pequena festa que faríamos depois da cerimônia e nossos pais deixaram a casa com Heitor para voltar apenas no dia seguinte, para que ele não me visse de noiva antes da hora. Para completar, Francisco estava pairando por todos os lados. Ninguém o percebia, mas eu sentia cada vez que ele estava por perto. Nossos olhos se cruzavam, cheios de significado, e fugi várias vezes para cantos isolados para poder chorar.&n
Emma Quando acordei ainda estava escuro, mas havia uma luminosidade diferente refletindo no chão do quarto. Demorei alguns minutos para perceber que a janela havia sido aberta. Me sentei rapidamente, ainda sem a camisola, e vi Francisco parado na frente da janela. Ele estava somente com a calça, olhando para o lado de fora. - Francisco? – chamei baixo. Ele se virou no mesmo momento e veio até mim. Agora eu conseguia ver seu rosto, e a expressão era mortalmente confusa de se interpretar. Ele parecia feliz, mas ao mesmo tempo tomado por uma agonia. 
Emma Francisco seguiu dirigindo por um longo tempo, e eu cochilei um pouco, embalada belo balanço do carro e o som do motor. Parecia o melhor descanso do mundo desde quando o conheci. - Já vamos parar. – a voz dele me despertou por completo, então me acertei no banco. - Onde? – observei ao redor. Estávamos entrando no que parecia um pequeno povoado. Havia algumas casas, pessoas andando de um lado para o outro com cavalos e crianças correndo pela terra. Todos viravam a cabeça para olhar o veículo, levemente interessados. 
Emma O casamento aconteceu assim que chegamos de volta à casa, cerca de seis horas da manhã. Minha mãe me enfiou o vestido amassado e sujo com rispidez, enquanto eu chorava e implorava para que me tirasse daquele lugar. Ela nem mesmo me dirigiu a palavra, parecendo nauseada. Não havia todos os convidados, a maioria tinha voltado para casa depois do vexame, não teve entrada de braço dado com meu pai e nenhum sorriso. Ninguém se preocupou em disfarçar a raiva e decepção comigo, principalmente Heitor. Assim que a cerimônia acabou, meus pais der
Emma Como, depois de três meses, Heitor não voltou até o quarto onde eu dormia, estava me sentindo mais tranquila em relação a isso. Já não ficava acordando a cada som que escutava, imaginando que seria a porta abrindo. Meu marido pouco me olhava e não costumava falar comigo. Isso não me incomodava, quase me deixava feliz naquelas circunstâncias, mesmo tendo a certeza de que seria temporário. Meus pais também não haviam vindo visitar, então eu não tive minha mãe para perguntar sobre as coisas estranhas que andava sentindo, e não me sentia à vontade para conversar com Alice, já que se
Emma Não senti nenhuma grande expectativa ou alegria durante a gestação, posso até dizer que me senti um pouco apática. Não que eu não sentisse amor pelo bebê, ficava realmente animada quando ele chutava, mas no restante do tempo pensava no quanto minha vida ficaria ainda mais presa à Heitor. A situação se agravou quando a gestação começou a se aproximar do final e eu já não tinha mais tanta disposição para andar pela propriedade. Ficar quase o tempo todo em companhia dos outros membros da casa me deixava ainda mais para baixo. Ainda havia a preocupação com Francisco. Se ele
Emma A ideia de Francisco me deixava bem pouco à vontade, mas precisei concordar que parecia ser a que nos daria mais chance de êxito. Eu não poderia correr, nem pular, nem escalar árvores, então esconder deveria ser mais fácil. O esconderijo dele era um local minúsculo, no chão, bem abaixo de sua cama. Feito por falhas no chão de madeira, mas que agora poderia ter alguma serventia. Claro que ele não poderia ficar lá embaixo comigo. Primeiro porque, com a minha barriga, não haveria lugar para dois e, segundo, porque ele precisava empurrar a cama para o lugar novamente.&
Emma Fui colocada em uma cama dura que ficava em um outro cômodo sem portas, e adormeci quase de imediato, cansada demais para tentar entender as palavras que Francisco e Antónia trocavam aos sussurros. Cedo demais, fui acordada pela mão grande, mas muito delicada, de Francisco tocando meu ombro. Ainda parecia um sonho que ele estivesse mesmo comigo. - Precisamos ir, meu amor. – sussurrou depois de me dar um beijo na testa. Levantei, cansada demais, e percebi que ainda estava escuro. - Quanto tempo eu dormi? - Apenas umas duas horas.<