— Vai me contar o que está te incomodando ou vai ficar com essa cara?Olhei de relance para Jason, cerrando os olhos como se pudesse o repreender por falar tão alto.Estávamos andando já fazia mais de uma hora e era muito estranho não ter ouvido nenhum som diferente, nem mesmo um som que acusasse que estávamos sendo cercados ou seguidos, contudo, se falasse alto demais, poderiam nos encontrar antes do tempo, e se eu pudesse escolher entre ter de lidar com Green, por exemplo, ou seguir caminho sem ter ela na minha frente, eu escolheria seguir só com Jason.— No que ajuda se eu contar?— Depende. É uma informação muito importante? Causa muito impacto?Parei abruptamente assim que pisei em um galho e ele se partiu soltando um barulho chamativo demais. Jason também ficou estático, aguçando a audição para tentar identificar a presença de alguém, ou um sussurro, ou qualquer coisa que pudesse nos dar uma pista.Silêncio foi a única coisa que ouvimos. "Silêncio" bem entre aspas, claro, porq
— Eles são malucos — sussurrou, olhando ao redor para se certificar de que não havia mais ninguém ali.— E eu acho que precisamos mesmo parar e esperar. Se eles ficarem na nossa frente, temos mais chances do que ser pegos pelas costas. Vamos deixá-los seguir alguns metros, e depois podemos dar um jeito de encurralar quem aparecer em nossa frente.Concordando em silêncio, seguimos floresta adentro, cautelosos e atentos a qualquer barulho estranho. Após acharmos uma árvore grande onde poderíamos subir e nos esconder caso fosse necessário, nos sentamos sobre os troncos no chão, cada um de nós colocando as mochilas na parte frontal do corpo para evitar que um tiro de surpresa nos acertasse. Green e os outros podiam ser bem inteligentes quanto a caçar.— Quer me contar o que está me escondendo?A pergunta saiu sussurrada e minha resposta foi silenciosa. Balancei a cabeça, ondulando o pescoço para lá e para cá em um "talvez".Jason capturou um graveto que havia pelo chão entre tantos out
"Me posicionei na sacada de um prédio abandonado bem na frente do estabelecimento. Beirava as duas da madrugada, não tinha uma alma viva pairando por ali, e quando o papai sussurrou pelo rádio que eu deveria ficar em alerta, eu fiquei. Estava com a besta, preparado para atingir o alvo, e sem muita visão do que acontecia lá dentro, assim que ele disse "agora" eu disparei a flecha e ela acertou o corpo que tinha um capuz na cabeça.A flecha entrou no peito, sem erro acertou o coração. Só pude ver o rosto da pessoa quando ela caiu de joelhos e tombou para o lado. Era ela. Era a minha garota.O papai passou por ela com uma calma impressionante, e quando olhou para cima para me encarar, ele bateu uma continência, uma maldita continência, como se tivesse acabado de prestar um ótimo serviço, e então saiu.Acho que eu nunca fiquei tão apavorado em toda a minha vida. Desci de lá em uma velocidade absurda, e quando eu a peguei em meus braços, ela já não tinha mais vida. Ela já não era mais a
Jason mal conseguiu digerir minhas palavras e eu não consegui conciliar as dele quando Green surgiu do nada com Thalía a acompanhando.Com certeza falamos alto demais, e eu estava surtando com a possibilidade de elas terem escutado o que dissemos, mas não dei importância alguma para isso quando ambas avançaram em nossa direção.Jason se colocou na minha frente na mesma hora em que Thalía, nossa outra prima, sacou a pistola e se preparou para disparar em meu peito. Achei que ele ia ser acertado, mas estávamos falando de Jason Legard, homem alto e ágil.Uma rasteira rápida e inesperada levou a garota ao chão, fazendo com que ela caísse de lado nas folhas e gravetos secos, soltando a pistola que capturei rapidamente.— Batendo em mulher, Jason? Achei que você tinha deixado essa fase de lado.Com um olhar predatório e sua língua afiada, Green ajudou a outra a ficar de pé, não fazendo menção alguma de sacar sua arma com balas de borracha para acertar um de nós.— É a minha vida que está e
Só me recompus porque Jason se aproximou e colocou suas mãos grandes na minha cintura, me puxando para longe delas.A morena permaneceu assustada, quase se escondendo atrás de uma árvore. Green pegou a pistola no chão e com toda a força possível, jogou ela para longe, dentro da mata. Se virou para Thalía com a cara fechada e fez um gesto com os braços e com o pescoço como se perguntasse "que porra você pensa que estava fazendo?"— Vou tirar as vidas dela, Green. É o mais aceitável a se fazer — exprimi irritada.Mesmo não contente com os atos de sua parceira, ela tentou a proteger.— Tire as minhas, tá bom? Você me venceu. Pode tirar.Minha prima se dando por vencida não era a coisa mais legal de se ver. Voltei a me acalmar e me soltando de Jason, recolhi minha mochila e meus pequenos pertences.Olhei para Green com visível irritação, tanto por ter sido interrompida enquanto falava com Jason, como por ter sua parceira jogando sujo e tirando uma vida de Jason de modo que não deveria
Avaliei o corpo da jovem de vinte e dois anos e constatei que realmente havia algo muito errado ali. Ela me encarou com lágrimas nos olhos, e sim, aquilo devia estar doendo muito. Em seu pé esquerdo, uma armadilha para urso estava agarrada.Puta que pariu. Que porra era aquela? Não tínhamos ursos em Kodar.— Não sei o que fazer. Eu tento tirar? Deixo aí e aciono a Família? O que fazemos? Como isso foi parar bem no meio do nosso percurso? Eles se tornaram sádicos agora?Ignorando todas as perguntas sem resposta, Jason gesticulou com a cabeça indicando uma árvore. Colocaram a jovem sentada ali, com todo o cuidado do mundo para não machucá-la ainda mais.— Eu estava tão atenta ao meu redor, que não olhei para o chão. Não vi isso, eu não vi — choramingou, levando as mãos ao rosto para esconder as lágrimas.Scott tirou de seu bolso uma pequena lanterna e iluminou o pé dela para avaliarmos a situação. Nós três nos abaixamos, e nos deparamos com um ferimento muito feio. Os dentes feitos
O oxigênio não entrava com facilidade, contudo, não cessei meus passos rápidos nem parei para recuperar fôlego.Por sorte, encontrei duas duplas pelo caminho, Sullivan e Gael, que tentaram me atacar mas que ouviram o que eu tinha para dizer, e Brooke com Michael, mais primos presentes.Minha explicação foi uma só. Havia algo de errado e Leah tinha se ferido muito. Os Jogos não podiam continuar e todos deveriam retornar. Ordenei que ligassem seus rádios comunicadores e conversassem entre si, a fim de todos manterem-se salvos.Scott me informou que achou Green e Thalía, e disse que conseguiu conter Jason por um momento, após os dois saírem na mão, claro. Agora só faltava Buck e Klaus, e lógico, Corey e Lily.Precisava encontrá-los o quanto antes. A essa altura, sem impedimentos, deviam ter alcançado bons metros à frente dos outros. Sullivan insistiu em ir comigo, mas não permiti, apenas pedi que me dissesse para onde achava que Corey havia ido, e então fui atrás.Por uma razão desco
Balancei a cabeça de um lado para o outro, negando aquilo para mim mesma e para ele.Não, ele não matou Joe. Infelizmente ele não matou aquele desgraçado. Seria bem mais fácil se tivesse mesmo feito isso, mas não fez.— Se você não sair daqui…Minha frase morreu quando vi uma silhueta ao longe, atrás de Corey e Lily, saindo das árvores altas e caminhando em direção a eles.Corey acompanhou meu olhar e quando percebeu o mesmo que eu, empurrou Lily para a água, fazendo com que a mulher se assustasse mas começasse a bater os braços a fim de chegar até o lado onde eu estava, sem se afogar.— Vá com a Chloe! Saia daqui! — gritou para ela, se virando para encarar o homem que se aproximava.Corey entrou em posição de defesa, e naquele momento com certeza entendeu que a realidade era uma merda.Meu coração disparou assim que Joe foi se aproximando devagar. Seu jeito de andar tão tranquilo, e seus dentes brancos bem destacados no meio da escuridão noturna. Aquele maldito sorriso que me foi