"Me posicionei na sacada de um prédio abandonado bem na frente do estabelecimento. Beirava as duas da madrugada, não tinha uma alma viva pairando por ali, e quando o papai sussurrou pelo rádio que eu deveria ficar em alerta, eu fiquei. Estava com a besta, preparado para atingir o alvo, e sem muita visão do que acontecia lá dentro, assim que ele disse "agora" eu disparei a flecha e ela acertou o corpo que tinha um capuz na cabeça.A flecha entrou no peito, sem erro acertou o coração. Só pude ver o rosto da pessoa quando ela caiu de joelhos e tombou para o lado. Era ela. Era a minha garota.O papai passou por ela com uma calma impressionante, e quando olhou para cima para me encarar, ele bateu uma continência, uma maldita continência, como se tivesse acabado de prestar um ótimo serviço, e então saiu.Acho que eu nunca fiquei tão apavorado em toda a minha vida. Desci de lá em uma velocidade absurda, e quando eu a peguei em meus braços, ela já não tinha mais vida. Ela já não era mais a
Jason mal conseguiu digerir minhas palavras e eu não consegui conciliar as dele quando Green surgiu do nada com Thalía a acompanhando.Com certeza falamos alto demais, e eu estava surtando com a possibilidade de elas terem escutado o que dissemos, mas não dei importância alguma para isso quando ambas avançaram em nossa direção.Jason se colocou na minha frente na mesma hora em que Thalía, nossa outra prima, sacou a pistola e se preparou para disparar em meu peito. Achei que ele ia ser acertado, mas estávamos falando de Jason Legard, homem alto e ágil.Uma rasteira rápida e inesperada levou a garota ao chão, fazendo com que ela caísse de lado nas folhas e gravetos secos, soltando a pistola que capturei rapidamente.— Batendo em mulher, Jason? Achei que você tinha deixado essa fase de lado.Com um olhar predatório e sua língua afiada, Green ajudou a outra a ficar de pé, não fazendo menção alguma de sacar sua arma com balas de borracha para acertar um de nós.— É a minha vida que está e
Só me recompus porque Jason se aproximou e colocou suas mãos grandes na minha cintura, me puxando para longe delas.A morena permaneceu assustada, quase se escondendo atrás de uma árvore. Green pegou a pistola no chão e com toda a força possível, jogou ela para longe, dentro da mata. Se virou para Thalía com a cara fechada e fez um gesto com os braços e com o pescoço como se perguntasse "que porra você pensa que estava fazendo?"— Vou tirar as vidas dela, Green. É o mais aceitável a se fazer — exprimi irritada.Mesmo não contente com os atos de sua parceira, ela tentou a proteger.— Tire as minhas, tá bom? Você me venceu. Pode tirar.Minha prima se dando por vencida não era a coisa mais legal de se ver. Voltei a me acalmar e me soltando de Jason, recolhi minha mochila e meus pequenos pertences.Olhei para Green com visível irritação, tanto por ter sido interrompida enquanto falava com Jason, como por ter sua parceira jogando sujo e tirando uma vida de Jason de modo que não deveria
Avaliei o corpo da jovem de vinte e dois anos e constatei que realmente havia algo muito errado ali. Ela me encarou com lágrimas nos olhos, e sim, aquilo devia estar doendo muito. Em seu pé esquerdo, uma armadilha para urso estava agarrada.Puta que pariu. Que porra era aquela? Não tínhamos ursos em Kodar.— Não sei o que fazer. Eu tento tirar? Deixo aí e aciono a Família? O que fazemos? Como isso foi parar bem no meio do nosso percurso? Eles se tornaram sádicos agora?Ignorando todas as perguntas sem resposta, Jason gesticulou com a cabeça indicando uma árvore. Colocaram a jovem sentada ali, com todo o cuidado do mundo para não machucá-la ainda mais.— Eu estava tão atenta ao meu redor, que não olhei para o chão. Não vi isso, eu não vi — choramingou, levando as mãos ao rosto para esconder as lágrimas.Scott tirou de seu bolso uma pequena lanterna e iluminou o pé dela para avaliarmos a situação. Nós três nos abaixamos, e nos deparamos com um ferimento muito feio. Os dentes feitos
O oxigênio não entrava com facilidade, contudo, não cessei meus passos rápidos nem parei para recuperar fôlego.Por sorte, encontrei duas duplas pelo caminho, Sullivan e Gael, que tentaram me atacar mas que ouviram o que eu tinha para dizer, e Brooke com Michael, mais primos presentes.Minha explicação foi uma só. Havia algo de errado e Leah tinha se ferido muito. Os Jogos não podiam continuar e todos deveriam retornar. Ordenei que ligassem seus rádios comunicadores e conversassem entre si, a fim de todos manterem-se salvos.Scott me informou que achou Green e Thalía, e disse que conseguiu conter Jason por um momento, após os dois saírem na mão, claro. Agora só faltava Buck e Klaus, e lógico, Corey e Lily.Precisava encontrá-los o quanto antes. A essa altura, sem impedimentos, deviam ter alcançado bons metros à frente dos outros. Sullivan insistiu em ir comigo, mas não permiti, apenas pedi que me dissesse para onde achava que Corey havia ido, e então fui atrás.Por uma razão desco
Balancei a cabeça de um lado para o outro, negando aquilo para mim mesma e para ele.Não, ele não matou Joe. Infelizmente ele não matou aquele desgraçado. Seria bem mais fácil se tivesse mesmo feito isso, mas não fez.— Se você não sair daqui…Minha frase morreu quando vi uma silhueta ao longe, atrás de Corey e Lily, saindo das árvores altas e caminhando em direção a eles.Corey acompanhou meu olhar e quando percebeu o mesmo que eu, empurrou Lily para a água, fazendo com que a mulher se assustasse mas começasse a bater os braços a fim de chegar até o lado onde eu estava, sem se afogar.— Vá com a Chloe! Saia daqui! — gritou para ela, se virando para encarar o homem que se aproximava.Corey entrou em posição de defesa, e naquele momento com certeza entendeu que a realidade era uma merda.Meu coração disparou assim que Joe foi se aproximando devagar. Seu jeito de andar tão tranquilo, e seus dentes brancos bem destacados no meio da escuridão noturna. Aquele maldito sorriso que me foi
Corey enrijeceu os músculos, pronto para avançar no outro e eu apenas intensifiquei o meu aperto, não permitindo que fizesse o que eu queria e deveria fazer.Se fosse para Joe morrer, morreria pelas minhas mãos, e nenhum deles ali fazia ideia de como eu estava sedenta por ter o sangue dele envolvendo meus dedos. Nenhum dos dois tinha ideia de como uma coisa queimava dentro de mim, desejando que todo o sangue de Joe fosse arrancado do corpo dele, pelas minhas mãos.— Do que está falando?Meu irmão me olhou como se fosse uma afronta fazer essa pergunta, só confirmando a minha teoria de que Joe não estava mentindo.— Você não sabe? — Levou as mãos ao peito fazendo drama. — O Corey recebeu uma ordem, ele precisava matar uma pessoa que gostava para poder entrar para as Serpentes, e então, ele me escolheu. Por uma grande coincidência, ele escolheu aquele exata noite para me matar... Nunca foi por você, Chloe. Sempre foi porque era o batismo dele, e seu pai sabia disso. Digo… nosso pai.O q
Existem algumas dores que te pegam de jeito e te deixam sem chão. Na maioria das vezes, essas dores são as internas, as da alma, e não as físicas.Quando abri meus olhos e senti a perna latejando mesmo com um curativo bem feito ali, ainda podia sentir a dor de ter fracassado.Ergui a cabeça me certificando de que estava dentro da cabana, no meio da pequena sala mais especificamente, sentada e amarrada em uma cadeira de madeira, assim como Corey que se encontrava em minha frente, ainda desacordado.Alonguei o pescoço, gemendo de dor. Minhas costelas agora latejavam de um jeito bem incômodo e até minha cabeça parecia ter levado uma pancada. Tentei puxar meus braços, mas o nós feitos por cordas grossas estavam muito bem feitos. Nisso ele tinha aprendido a ser bom.O silêncio me fez ter quase certeza de que estávamos sozinhos ali, e essa foi a minha maior preocupação. Preferia ter Joe ali do que ter ele atrás dos outros, por mais que agora eu sabia, ele teria que bater de frente com to