O oxigênio não entrava com facilidade, contudo, não cessei meus passos rápidos nem parei para recuperar fôlego.Por sorte, encontrei duas duplas pelo caminho, Sullivan e Gael, que tentaram me atacar mas que ouviram o que eu tinha para dizer, e Brooke com Michael, mais primos presentes.Minha explicação foi uma só. Havia algo de errado e Leah tinha se ferido muito. Os Jogos não podiam continuar e todos deveriam retornar. Ordenei que ligassem seus rádios comunicadores e conversassem entre si, a fim de todos manterem-se salvos.Scott me informou que achou Green e Thalía, e disse que conseguiu conter Jason por um momento, após os dois saírem na mão, claro. Agora só faltava Buck e Klaus, e lógico, Corey e Lily.Precisava encontrá-los o quanto antes. A essa altura, sem impedimentos, deviam ter alcançado bons metros à frente dos outros. Sullivan insistiu em ir comigo, mas não permiti, apenas pedi que me dissesse para onde achava que Corey havia ido, e então fui atrás.Por uma razão desco
Balancei a cabeça de um lado para o outro, negando aquilo para mim mesma e para ele.Não, ele não matou Joe. Infelizmente ele não matou aquele desgraçado. Seria bem mais fácil se tivesse mesmo feito isso, mas não fez.— Se você não sair daqui…Minha frase morreu quando vi uma silhueta ao longe, atrás de Corey e Lily, saindo das árvores altas e caminhando em direção a eles.Corey acompanhou meu olhar e quando percebeu o mesmo que eu, empurrou Lily para a água, fazendo com que a mulher se assustasse mas começasse a bater os braços a fim de chegar até o lado onde eu estava, sem se afogar.— Vá com a Chloe! Saia daqui! — gritou para ela, se virando para encarar o homem que se aproximava.Corey entrou em posição de defesa, e naquele momento com certeza entendeu que a realidade era uma merda.Meu coração disparou assim que Joe foi se aproximando devagar. Seu jeito de andar tão tranquilo, e seus dentes brancos bem destacados no meio da escuridão noturna. Aquele maldito sorriso que me foi
Corey enrijeceu os músculos, pronto para avançar no outro e eu apenas intensifiquei o meu aperto, não permitindo que fizesse o que eu queria e deveria fazer.Se fosse para Joe morrer, morreria pelas minhas mãos, e nenhum deles ali fazia ideia de como eu estava sedenta por ter o sangue dele envolvendo meus dedos. Nenhum dos dois tinha ideia de como uma coisa queimava dentro de mim, desejando que todo o sangue de Joe fosse arrancado do corpo dele, pelas minhas mãos.— Do que está falando?Meu irmão me olhou como se fosse uma afronta fazer essa pergunta, só confirmando a minha teoria de que Joe não estava mentindo.— Você não sabe? — Levou as mãos ao peito fazendo drama. — O Corey recebeu uma ordem, ele precisava matar uma pessoa que gostava para poder entrar para as Serpentes, e então, ele me escolheu. Por uma grande coincidência, ele escolheu aquele exata noite para me matar... Nunca foi por você, Chloe. Sempre foi porque era o batismo dele, e seu pai sabia disso. Digo… nosso pai.O q
Existem algumas dores que te pegam de jeito e te deixam sem chão. Na maioria das vezes, essas dores são as internas, as da alma, e não as físicas.Quando abri meus olhos e senti a perna latejando mesmo com um curativo bem feito ali, ainda podia sentir a dor de ter fracassado.Ergui a cabeça me certificando de que estava dentro da cabana, no meio da pequena sala mais especificamente, sentada e amarrada em uma cadeira de madeira, assim como Corey que se encontrava em minha frente, ainda desacordado.Alonguei o pescoço, gemendo de dor. Minhas costelas agora latejavam de um jeito bem incômodo e até minha cabeça parecia ter levado uma pancada. Tentei puxar meus braços, mas o nós feitos por cordas grossas estavam muito bem feitos. Nisso ele tinha aprendido a ser bom.O silêncio me fez ter quase certeza de que estávamos sozinhos ali, e essa foi a minha maior preocupação. Preferia ter Joe ali do que ter ele atrás dos outros, por mais que agora eu sabia, ele teria que bater de frente com to
— Não escute ele, Chloe. Está tentando encher sua cabeça com merdas para te colocar ao lado deles. Não dê ouvidos.Buck balançou a cabeça em negação, andando até a janela para olhar o lado de fora.— A mamãe mentiu para ela uma vida inteira a fim de fazê-la amar a gente como sua família. A mamãe foi tão lunática pelo amor da Chloe que fez ela sofrer dia após dia e não deu a mínima para isso. O papai só ia apoiando essas merdas, sempre omitindo a verdade, sempre dizendo que a Chloe era amada e que era a garotinha deles, mas falar uma coisa super simples para ela? Não, isso não. Nunca quiseram dizer a verdade. Sempre guardando segredos e mais segredos. Essa é a família unida e amorosa que nós temos? Que escondem e machucam os membros dela. E não falo da Organização, eu falo de nós, Legards, que devíamos amar uns aos outros e respeitar de verdade.Dor. Física, mental, espiritual, dor em tudo. Meu corpo doía, assim como meu coração, e o pior de tudo é que as palavras de Buck entravam em
— Não faça isso. Ele é só um garoto, pai. Não é culpa dele. Nós só queríamos ser livres, não há maldade em querer ter uma vida normal.O homem se deu por vencido, suspirando.— Infelizmente vocês não são normais, precisam entender isso. Querem viver com as pessoas que amam? Resolvemos isso, mas não precisa matar sua própria família para simplesmente amar alguém.— Não mesmo, pai? Eu posso amar o Scott então? Posso fazer isso? — Peitei o homem, brava e pronta para defender todos os atos de Buck, por mais errados que fossem.— Se tiverem a porra da responsabilidade necessária, podem! Ninguém veio falar comigo sobre se amarem, muito pelo contrário, quando questionados, vocês me disseram que era só uma coisa carnal e que vocês se entregaram a desejos, a tesão, e não a sentimentos. Quer que eu interprete o que, Chloe? Quer que eu leia seus pensamentos e veja que na verdade vocês se amam como nunca amaram outras pessoas na vida?Recuei dois passos, recebendo aquelas palavras como um tapa.E
Nas primeiras vezes em que pisei os pés na floresta para começar os treinamentos, eu morria de medo de absolutamente tudo.Paul gostava de ir sempre que anoitecia, ele dizia que eram os melhores momentos para nos acostumarmos porque se eu começasse do ponto que me desafiava mais, depois nada seria intimidador o suficiente.Então íamos, assim que o sol ia embora, partíamos para a floresta e ele me fazia prestar atenção a cada mínimo detalhe.De uma simples árvore com um risco diferente, ou um terreno mais elevado, até mesmo às raízes no chão coberto de folhas. Ele sempre me fazia decorar cada coisa, para caso me perdesse, soubesse voltar.Demorou talvez um ano inteiro para que eu conseguisse me acostumar e saber ir e voltar sozinha.Muitas vezes precisei entrar na mata, e depois tive que pedir para ele ir me tirar porque me perdia, mas isso passou, comecei a me familiarizar com o ambiente e até mesmo marquei algumas árvores com símbolos que fizessem eu me situar.Os anos seguintes fora
Ao proferir cada palavra, sua voz se embargou e ele começou a chorar. Chorou de soluçar enquanto seu sangue saía e se perdia na terra, no chão e entre as folhas.Eu deveria sentir pena? Deveria levar em consideração o seu sofrimento e não o meu?Marisa me disse uma vez que às vezes vilões não nascem com o mal neles, que eles vão desenvolvendo com o tempo e com as circunstâncias.Talvez não fosse uma grande mentira, mas isso não podia anular o que ele fez comigo certo?Isso jamais ia anular o mal que me causou, e se eu deixasse minha mente me iludir, não ia ter paz nem pelas próximas horas. Eu nunca teria paz. Nunca. — Você me machucou também, Joe. Não é porque seus pais abusaram de você ao modo deles que você precisava fazer isso comigo! Você me transformou em um lixo ambulante, e vai ter que pagar por isso, sendo justo ou não.Fiquei de cócoras para olhar mais de perto para seu rosto, e o vi limpando as lágrimas com as mãos sujas de sangue. Seu rosto se tornou ainda pior. Todas aq