Scott girou os calcanhares e caminhou calmamente para sair do quarto, mas se pensou por um segundo que eu ia deixá-lo se safar sem pagar um preço por ter destruído minha foda, estava bem enganado. Eu também era uma Legard, não é o que diziam por aí de boca cheia?! Então podia agir como uma, uma muito boa no que faz. — Seu jeito mandão é excitante, sabia? É bem coisa de um alfa. Seu lado lobinho aflorado — falei mais para atrair a atenção dele, provocando ao me referir no diminutivo. Quando ouvi seus passos pararem, eu já havia pulado da cômoda e estava de costas para ele. Sem pensar muito, me abaixei deixando a bunda bem empinada, e peguei minha calça e o blazer que acabaram parando no chão. Enrolei o quanto pude naquela posição, sabendo que se Scott quisesse olhar, ele veria bem através da renda fina, e então duas pessoas com tesão ficariam de cara feia na festa que rolava no andar de baixo. Porque era muito injusto que só eu sentisse aquilo e não suprisse. Eu era mulher, uma
A base do meu closet eram peças íntimas bonitas e confortáveis, principalmente rendas, e o restante se baseava em ternos casuais e jeans com camisas mais reservadas. Desde o momento em que sofri nas mãos de Joe, algo dentro de mim mudou. Passei a me perguntar se eu havia sido culpada, se as roupas que eu usava tinham sido algum tipo de estopim, ou se fiz algo errado que o levou a tentar me machucar. Sim, eu me culpei por um tempo, e nesse tempo foi que refiz todo o meu armário e passei a usar roupas que escondiam minha pele. Não gostava de pensar que as pessoas, principalmente os homens, me olhavam de formas mais profundas, não aqueles que eu não queria que olhassem. Tinha exceção, claro. Scott Legard foi uma delas. Para ele eu conseguia desfilar nua, e ainda assim sentia total segurança, pois sabia que suas mãos jamais me tocariam com a intenção de machucar, muito pelo contrário, se alguém me tocou com amor e com um carinho inimaginável, esse alguém foi ele.Observei Marisa e M
— Meu Deus, como eu criei filhos atenciosos! Fico tão orgulhosa de vê-los cuidando um do outro. Cuidando um do outro e falando sacanagens um para o outro também, mas isso ela não precisava saber, certo? Seria desnecessário ficar a par das nossas depravações. Sem dar tempo para que algum de nós respondesse qualquer coisa sobre sua observação, Mia surgiu na sala, sorrindo para Corey. Por mais que os anos se passassem, os olhinhos dela ainda brilhavam quando encarava o homem. Ela podia jurar que não sentia mais nada, só que bem no fundo eu sabia que seria extremamente difícil superar. Era um Legard. Eu havia me envolvido com um e sabia como podia ficar grudado na alma. Por mais que o tempo passasse, os sentimentos não iam junto. — Oi, Mia! — cumprimentou sem muita empolgação. — Oi — respondeu seca, porém, eu a conhecia e percebia o resquício de dor. — Vamos então? Tenho que estar em casa antes das oito. Meu pai chega essa noite. Sua empolgação logo voltou quando se referiu ao
Efeito dominó. Você faz uma coisa errada e espera que todo o restante vá caindo em um ciclo interminável de merdas. Toda ação gera uma reação, não é isso? Você faz uma coisa simples e depois ela se torna uma bola de neve gigantesca. Erramos, sim, com toda a certeza do mundo. Na verdade, só por fazer parte de uma Organização de assassinos, nós já estávamos em constante erro. Pelo menos era assim que eu pensava. Mas daí eu e Corey erramos ainda mais, e as consequências estavam vindo em minha direção. Lily foi super bem recepcionada, e sem a mãe, já estava interagindo muito mais com o restante das pessoas. Jason, por incrível que pareça, estava bem vestido e com os cabelos alinhados, e ainda não tinha tentado tirar minha paciência como de costume. Scott ainda não havia aparecido na sala para se juntar a nós.Mamãe disse que ele estava resolvendo assuntos importantes e isso significava que alguma missão havia sido lhe passada. E Corey, bom, ele estava sendo a minha consequência
Revisei pela segunda vez as trinta páginas de um documento que papai me pediu para checar. Coisas sobre a Hayans, coisas que não deveriam estar me atormentando em pleno sábado, contudo, esse era um fardo a ser carregado. Trabalhar, seja para a Família, ou para a Hayans, não tinha horário dentro de normas, era período integral, sem pausa e tendo que estar sempre à disposição. Recostei na poltrona macia do escritório de Paul e permiti que minha mente viajasse para longe dali. Minha maior vontade era chegar em casa, tirar minhas roupas, jogar uma água bem quente no corpo e sentar para meditar nua, ainda molhada, sentindo as gotas de água escorrendo pela minha pele e me deixando ser dominada por aquela paz interior que eu só conseguia alcançar com um período de puro silêncio. Desde que as coisas viraram uma bagunça com a notícia do casamento de Corey, eu não conseguia me sentar nem para comer em paz. Na verdade, em nada me parecia haver paz. Meditar por dez minutos todas as manhãs
Certo, todas as pessoas ao nosso redor, fora os que nos conheciam de verdade, olhavam para mim e para Corey e imaginavam uma coisa ou outra, mas Scott me perguntando algo assim era ridículo. Ele deveria saber que se eu fosse insistir nesse erro, faria isso apenas com ele, contudo, talvez o meu modo de afastá-lo fez com que ele não compreendesse o meu lado, nem seguisse as mesmas linhas de raciocínio. Na cabeça dele, podia pensar que eu via nossa situação como uma distração, uma diversão momentânea e uma forma de apenas quebrar mais regras. Era isso o que eu acabei transmitindo com o passar dos anos. — Nós nunca ficamos, se é o que quer saber, Scott. Nunca fizemos nada parecido com o que fiz com você. Se o seu irmão está com raiva, isso é um problema só dele. Sei que não é nada fácil conciliar um casamento com novas informações assim, mas para mim, foi melhor dizer tudo de uma só vez. Ele balançou a cabeça em concordância, ainda me olhando daquele jeito intenso demais para resisti
— Quero que um dia eu possa te abraçar, te beijar, te tomar pra mim sem pensar que isso é um erro terrível. Minha maior vontade é viver uma coisa real, que seja aceita. Porra! Eu já disse que Scott tinha o poder de me atingir apenas com palavras? Pois é. Ele tinha. — Isso nunca vai acontecer, e você sabe. Eu ainda sou uma Legard, filha dos seus pais, sua irmã — murmurei o termo usado, com nojo na voz —, e o seu erro é pensar que isso não é real, quando pra mim, é a coisa mais certa que já vivi. Você é a coisa mais real que eu pude alcançar. Sua expressão suavizou, seu sorriso pequeno me alcançou. Meu coração se aqueceu de imediato. Scott levou seus dedos até minha bochecha e a acariciou. Fechei os olhos e me deixei levar pelo pouco que eu poderia ter. Se tivesse que me contentar apenas com isso, então que assim fosse. — Deixei de ser o seu maior pecado? — provocou, visto que eu repetia para ele diversas vezes afirmações com esse teor.— Ainda é, mas é o pecado que eu amo co
Saco! Se tinha uma coisa que me causava raiva, essa coisa era ter que esperar. Quando as pessoas marcavam compromisso, qual a dificuldade em chegar no horário marcado? Bom, ao meu ver, Corey ainda não havia chego na bendita confeitaria por pura birra. Ele sabia que minha impaciência me levava ao extremo da raiva, e como andou tentando me atingir nos últimos dias, ia continuar com isso o quanto pudesse. Soltei o ar pelas minhas narinas, como se fosse um touro raivoso fungando. Havia dois casais, além de mim, sentados em mesas mais distantes, provando os sabores de bolo para o casamento. A confeitaria era mais focada em cerimônias assim, além de ter uma diversidade enorme, tinha a fama de ser uma das melhores do país, e graças a Deus faziam bolo vegano. Todos os docinhos e demais comidas açucaradas iam ser encomendadas em um lugar só. — A senhorita tem certeza de que não quer marcar um outro horário? — perguntou o atendente atencioso que me recepcionou.Corey estava quarenta mi