— Certo, talvez eu só não quero que você vá porque eu nem vou poder te cuidar, mas ainda assim, acho que pode ir no final de semana. Por que não encaixota suas coisas? Separe seus pertences, leve o que mais gosta, e então vá tranquila.— Não. A Mia vai dar um jeito nas minhas roupas e em todo o restante. Ela faz o que quiser com esse lugar, e você também, é de vocês, cuidem e usem como bem quiserem. Minha decisão está tomada, estou há horas falando a mesma coisa. Vou embora de Nova Iorque!Jason suspirou, olhou para o teto, olhou para o chão, olhou para todo o canto e então voltou a me encarar.— Corvinho teimoso! — resmungou fazendo bico.Era uma situação complicada e sabia que ele seria o último a dar o braço a torcer, mas deu.Quando achei que teria que arrumar o restante das minhas coisas sozinha, ele me ajudou com as malas, separou minhas roupas preferidas, dobrou casacos quentinhos e me instruiu a usar cachecol caso a cidade escolhida fosse gelada.Tudo isso com uma cara de bund
Sabe aqueles momentos nos filmes de romance quando um dos protagonistas está prestes a pegar o voo que o levará para outro país e aí seu par romântico aparece correndo no meio da multidão e impede a partida, ou vai junto?Então, isso não aconteceu comigo.Eu até cheguei a olhar para vários lados, vez ou outra. Busquei por uma silhueta conhecida e desejei que esse clichê se repetisse comigo, mas não aconteceu mesmo.Jason insistiu para ficar comigo no aeroporto, contudo, se eu permitisse algo assim, corria o sério risco de desistir de tudo. Por mais que eu quisesse partir, meu peito doía, afinal, não tinha como ignorar os fatos. Estava deixando toda a minha família para trás.É claro que ficaria chateada com Marisa após ela me mostrar a gravação que Coral fez. Lógico que fiquei magoada por terem mentido para mim, e isso não tinha previsão de mudar tão cedo, a mágoa ia permanecer por mais um tempo. Sendo assim, seria melhor me afastar para raciocinar também, e após colocar a cabeça
→ Alguns anos antes.Todos estavam reunidos na maldita mesa enorme, na maior sala de jantar da mansão, sorrindo e falando alto demais para o meu gosto. Era só um simples jantar, bom, era para ser só um simples jantar, mas Kiara apareceu e então deixou de ser só uma coisa simples.Marisa falava com ela sobre alguma premiação que não me interessava nem um pouco enquanto Paul conversava com Corey e com Buck sobre futebol americano.Ambos os grupinhos pareciam disputar para ver quem falava mais alto e dominava o assunto, enquanto eu e Scott permanecemos sentados frente a frente, apenas olhando um para a cara do outro, tentando esconder que a saudade estava acabando com nós dois.Foram malditos oito dias longe. Ele precisou viajar para resolver coisas da Hayans com o papai e só voltaram naquela manhã. Eu faltei me descabelar sem ele em casa.Era idiota e até mesmo estranho, mas eu meio que estava viciada no homem, e ficar sem ele era terrível.Scott me ligou umas três vezes, e nessas tr
Scott sorriu atrevido e não demorou, agarrou minha nuca e me girou com rapidez, fazendo minhas mãos baterem na madeira fria da escrivaninha enquanto ele se colocava atrás de mim.De um instante para o outro minha calça foi abaixada junto à calcinha. Arfei ao sentir o ar quente tocando minha pele bem no meio das minhas pernas. Scott passou a língua desde a boceta até o outro orifício e sugou com vontade, enfiando a cara no meio das bandas grandes.Joguei a cabeça para trás e assim que ele se levantou e abriu o zíper da calça, me segurou pela garganta levando os lábios até meu ouvido enquanto posicionou seu pau na entrada.— Não faz ideia de como meu pau sentiu falta de te foder nesses dias longe. Só de ouvir sua voz pelo telefone ele já deu sinal.Ri, fechando os olhos na espera de que ele não enrolasse mais, e quando mordiscou o lóbulo da orelha, senti a outra mão me segurando firme pela cintura para que meu corpo não se afastasse.O homem me invadiu de uma só vez e eu não contive u
→ Três anos depois.Senti minhas pernas serem agarradas por braços pequeninos e com muito cuidado, depositei a bandeja com xícaras vazias no balcão da cafeteria.Olhei para baixo para me certificar de quem era aquele corpo minúsculo mesmo que já soubesse quem é que estava me agarrando. Sophie elevou os olhinhos escuros e sorriu, me soltando para estender os bracinhos a fim de que eu a capturasse.— Tovinho — sibilou o apelido, me fazendo rir toda derretida.A pequena mocinha de dois anos e meio não podia ouvir nada que já queria repetir. Desde a primeira vez que Jason me chamou de "Corvinho" em sua frente, ela já abriu a boca para tentar repetir.Eu a corrigia, ao mesmo tempo que tentava fazer ela parar de me chamar assim, mas não tinha jeito, Sophie só sabia se referir a mim daquela forma.— O que está fazendo aqui a essa hora da manhã, senhorita Gray?Me Inclinei, pegando a pequena no colo e afagando os cachos volumosos que emolduravam seu rosto. Era linda, e me lembrava muito Gr
Os dois falsos sorriram no mesmo instante, como se não estivessem prestes a denegrir o homem segundos antes. Sophie deixou de querer o aparelho telefônico para esticar os bracinhos para Joseph, que não demorou nada para se aproximar e roubar a pequena do colo da mãe.— Como está a garotinha mais fofa desse mundo, hum?Sophie abraçou ele como conseguiu, deitando a cabeça em seu ombro. E mais uma vez, lá estava eu derretida por Joseph.— Está querendo donuts logo pela manhã, mas isso não é surpresa.— Onuts — repetiu, levantando a cabeça e me procurando com os olhinhos atentos.Claro, eu é que tinha de fornecer isso a ela. Comida saudável que era bom? Bem difícil de fazer ela comer.— Que tal uma salada de frutas? Uma uva, uma banana, e um kiwi bem docinho? — Joseph perguntou, e a pequena balançou a cabeça de um lado para o outro sem parar.Ri daquela negociação. Quando queria, entendia muito bem as coisas ditas a ela.Mais clientes entraram, e me vi não prestando atenção nos três.
Puxei o tecido do vestido para baixo pela décima vez só naquele período de uma hora que estávamos no bar. Eu estava sentada em uma banqueta, porém, o vestido ia subindo conforme eu me movia minimamente enquanto conversava com Diana.E ela? Só sabia rir.— Como você não é acostumada com vestidos? O que usou a sua vida inteira? Moletom?— Quase isso — desdenhei, bebericando o drink que ela pediu e que eu não fazia a mínima ideia do que era.— Você não fala muito sobre o seu passado.Olhei para Diana com certa estranheza.Nunca tínhamos tocado muito no assunto. Vez ou outra ela perguntou sobre família e eu menti dizendo que tinha uma bem tranquila.Quando conheceu Jason eu só apresentei como meu irmão e mais nada, e quando perguntou se eu já havia namorado com alguém alguma vez na vida quando soube de mim e de Joseph, eu disse que nunca havia sido pedida em namoro.Ela riu e alegou que talvez fosse porque minha cara de garota durona assustava quase todos os homens.— Foi uma infância n
Quando o relógio marcava seis da tarde, a cafeteria já não ficava mais tão cheia como em qualquer outro horário. Era hora de ajeitar as coisas, fechar o caixa, e dar tchau para o estabelecimento.Emily, a dona, passava por lá de duas a três vezes na semana. Era uma mulher de cinquenta anos super tranquila, que confiava cegamente em Joseph para gerenciar tudo. E não era necessário muito, visto que o café era pequeno e tinha poucos funcionários, que revesavam durante a semana.Nunca pensei que seria capaz de me contentar com isso. Ser uma garçonete com certeza não era o que eu tinha em mente no início, mas foi a primeira coisa que apareceu, então não recusei.Como disse, não precisava do dinheiro, durante anos guardei muita coisa, o salário da Hayans era bem alto, e eu não era uma pessoa que gostava de sair comprando coisas caríssimas.Claro, aprendi a economizar ainda mais, mesmo que não precisasse cem por cento.Eu ainda tinha uma conta onde Marisa depositava certas quantias mensal