→ Três anos depois.Senti minhas pernas serem agarradas por braços pequeninos e com muito cuidado, depositei a bandeja com xícaras vazias no balcão da cafeteria.Olhei para baixo para me certificar de quem era aquele corpo minúsculo mesmo que já soubesse quem é que estava me agarrando. Sophie elevou os olhinhos escuros e sorriu, me soltando para estender os bracinhos a fim de que eu a capturasse.— Tovinho — sibilou o apelido, me fazendo rir toda derretida.A pequena mocinha de dois anos e meio não podia ouvir nada que já queria repetir. Desde a primeira vez que Jason me chamou de "Corvinho" em sua frente, ela já abriu a boca para tentar repetir.Eu a corrigia, ao mesmo tempo que tentava fazer ela parar de me chamar assim, mas não tinha jeito, Sophie só sabia se referir a mim daquela forma.— O que está fazendo aqui a essa hora da manhã, senhorita Gray?Me Inclinei, pegando a pequena no colo e afagando os cachos volumosos que emolduravam seu rosto. Era linda, e me lembrava muito Gr
Os dois falsos sorriram no mesmo instante, como se não estivessem prestes a denegrir o homem segundos antes. Sophie deixou de querer o aparelho telefônico para esticar os bracinhos para Joseph, que não demorou nada para se aproximar e roubar a pequena do colo da mãe.— Como está a garotinha mais fofa desse mundo, hum?Sophie abraçou ele como conseguiu, deitando a cabeça em seu ombro. E mais uma vez, lá estava eu derretida por Joseph.— Está querendo donuts logo pela manhã, mas isso não é surpresa.— Onuts — repetiu, levantando a cabeça e me procurando com os olhinhos atentos.Claro, eu é que tinha de fornecer isso a ela. Comida saudável que era bom? Bem difícil de fazer ela comer.— Que tal uma salada de frutas? Uma uva, uma banana, e um kiwi bem docinho? — Joseph perguntou, e a pequena balançou a cabeça de um lado para o outro sem parar.Ri daquela negociação. Quando queria, entendia muito bem as coisas ditas a ela.Mais clientes entraram, e me vi não prestando atenção nos três.
Puxei o tecido do vestido para baixo pela décima vez só naquele período de uma hora que estávamos no bar. Eu estava sentada em uma banqueta, porém, o vestido ia subindo conforme eu me movia minimamente enquanto conversava com Diana.E ela? Só sabia rir.— Como você não é acostumada com vestidos? O que usou a sua vida inteira? Moletom?— Quase isso — desdenhei, bebericando o drink que ela pediu e que eu não fazia a mínima ideia do que era.— Você não fala muito sobre o seu passado.Olhei para Diana com certa estranheza.Nunca tínhamos tocado muito no assunto. Vez ou outra ela perguntou sobre família e eu menti dizendo que tinha uma bem tranquila.Quando conheceu Jason eu só apresentei como meu irmão e mais nada, e quando perguntou se eu já havia namorado com alguém alguma vez na vida quando soube de mim e de Joseph, eu disse que nunca havia sido pedida em namoro.Ela riu e alegou que talvez fosse porque minha cara de garota durona assustava quase todos os homens.— Foi uma infância n
Quando o relógio marcava seis da tarde, a cafeteria já não ficava mais tão cheia como em qualquer outro horário. Era hora de ajeitar as coisas, fechar o caixa, e dar tchau para o estabelecimento.Emily, a dona, passava por lá de duas a três vezes na semana. Era uma mulher de cinquenta anos super tranquila, que confiava cegamente em Joseph para gerenciar tudo. E não era necessário muito, visto que o café era pequeno e tinha poucos funcionários, que revesavam durante a semana.Nunca pensei que seria capaz de me contentar com isso. Ser uma garçonete com certeza não era o que eu tinha em mente no início, mas foi a primeira coisa que apareceu, então não recusei.Como disse, não precisava do dinheiro, durante anos guardei muita coisa, o salário da Hayans era bem alto, e eu não era uma pessoa que gostava de sair comprando coisas caríssimas.Claro, aprendi a economizar ainda mais, mesmo que não precisasse cem por cento.Eu ainda tinha uma conta onde Marisa depositava certas quantias mensal
Respirei fundo parando meus dedos no ar e só desejei estar delirando. Infelizmente, ou felizmente, os delírios tinham ido embora há muito tempo.Deixei meu braço cair ao lado do corpo sem tomar coragem para me virar. Não conseguia me mover por causa daquela maldita voz.— Sim, a Chloe trabalha aqui… E o senhor, quem é?Rindo, balancei a cabeça de um lado para o outro no intuito de me segurar para não gritar e não sair correndo dali.Jason até tinha sido leal por um tempo, mas sabia que isso não ia durar por muito. Ele ia acabar fazendo merda, porque era essa a essência dele.Assim como eu, Jason Legard gostava de fazer merda.— Eu — pigarreou — sou um amigo dela.Porra!Meus olhos, mesmo fechados, se encheram de lágrimas e minha vontade foi de, literalmente, socar a cafeteira que ainda apitava em meu ouvido, não atendendo aos comandos, e depois de surtar com a bendita, eu ia fugir dali, do estabelecimento e talvez até da cidade.— Ah sim — Joseph falou não muito convencido. — Amorz
Não tive coragem de olhar para trás porque eu sabia que não haveria nada ali.Tive muita vontade de ver Scott aparecer na cidade nos primeiros dias. Quis que ele mudasse de ideia e surgisse à minha frente dizendo que também queria uma vida diferente. Só que isso não aconteceu.Se passaram três anos e eu nunca recebi um sinal dele, claro, Jason não tinha permissão alguma para revelar meu paradeiro, no entanto, se Scott quisesse mesmo, ele teria me encontrado, afinal, foi um Lobo por anos.Quando cansei de correr e passei a ofegar, já quase chegando na esquina de casa, pousei as mãos nos joelhos e tentei recuperar o fôlego.Eu não estava no meu melhor estado. Fazia um bom tempo que não me exercitava corretamente, e minha saúde não estava tão grande coisa visto que nem sexo eu estava fazendo, e sim, isso tinha um efeito ruim sobre meu corpo.Quando tomei coragem para olhar para trás, sabendo que agora não haveria nada e nem ninguém porque minha cabeça já havia voltado ao normal, vi a s
Eu me lembro como se fosse hoje. Me lembro com muita clareza do dia em que olhei para ele e senti que meu coração tinha o escolhido para amar.Lembro de descer as escadas correndo como uma maluca, me recordo de chegar no jardim e ver uma multidão de pessoas espalhadas por lá, e me lembro muitíssimo bem que por mais que meus olhos foram levados ao corpo de Corey quase nu, minha atenção maior foi em Scott.Ele estava usando uma bermuda azul, quase da cor de seus olhos e muito próximo ao tom da água da piscina. Seu sorriso enorme era direcionado a algum amigo deles que eu não me recordo visto que toda a atenção foi depositada nele.Não soube o que aconteceu.Não conseguia entender porque a imagem dele sorrindo, com o abdômen de fora e com um copo de cerveja na mão me atraiu tanto. Não fazia o menor sentido. Não naquele momento.Estava confusa, ainda sentia medo de muitas coisas e meus traumas ainda me cercavam.Usava uma regata e um short justo, diferente de todas as pessoas que andava
— É câncer, Chloe. Câncer de mama.De um segundo para o outro senti minhas pernas amolecerem e um frio na espinha me deixou amedrontada.Porra! Ela estava doente.— Quando descobriram?— Faz dois meses que tivemos a confirmação. Ela está bem, apesar de tudo. Não te contei porque… bom, você sabe porquê.Claro, eu não queria informação alguma sobre a vida deles. Eu me recusei a saber.— Eu vou providenciar minha passagem e chego aí o quanto antes — decretei muito certa de minhas palavras.— Não faça isso, de jeito nenhum! — protestou bravo. — Não venha para ter que partir outra vez e deixar ela em um poço escuro novamente. Eu te amo muito, Chloe, mas sério, você não sabe como foi difícil fazer ela reagir quando você foi embora. Então não venha se vai deixar ela mais uma vez quando achar que para você é o momento certo, porque nunca será para ela.Senti uma dor imensa ao ouvir Jason Legard me falando isso. Jason. Ele estava abrindo a boca para me implorar que ficasse longe porque… porqu