Puxei o tecido do vestido para baixo pela décima vez só naquele período de uma hora que estávamos no bar. Eu estava sentada em uma banqueta, porém, o vestido ia subindo conforme eu me movia minimamente enquanto conversava com Diana.E ela? Só sabia rir.— Como você não é acostumada com vestidos? O que usou a sua vida inteira? Moletom?— Quase isso — desdenhei, bebericando o drink que ela pediu e que eu não fazia a mínima ideia do que era.— Você não fala muito sobre o seu passado.Olhei para Diana com certa estranheza.Nunca tínhamos tocado muito no assunto. Vez ou outra ela perguntou sobre família e eu menti dizendo que tinha uma bem tranquila.Quando conheceu Jason eu só apresentei como meu irmão e mais nada, e quando perguntou se eu já havia namorado com alguém alguma vez na vida quando soube de mim e de Joseph, eu disse que nunca havia sido pedida em namoro.Ela riu e alegou que talvez fosse porque minha cara de garota durona assustava quase todos os homens.— Foi uma infância n
Quando o relógio marcava seis da tarde, a cafeteria já não ficava mais tão cheia como em qualquer outro horário. Era hora de ajeitar as coisas, fechar o caixa, e dar tchau para o estabelecimento.Emily, a dona, passava por lá de duas a três vezes na semana. Era uma mulher de cinquenta anos super tranquila, que confiava cegamente em Joseph para gerenciar tudo. E não era necessário muito, visto que o café era pequeno e tinha poucos funcionários, que revesavam durante a semana.Nunca pensei que seria capaz de me contentar com isso. Ser uma garçonete com certeza não era o que eu tinha em mente no início, mas foi a primeira coisa que apareceu, então não recusei.Como disse, não precisava do dinheiro, durante anos guardei muita coisa, o salário da Hayans era bem alto, e eu não era uma pessoa que gostava de sair comprando coisas caríssimas.Claro, aprendi a economizar ainda mais, mesmo que não precisasse cem por cento.Eu ainda tinha uma conta onde Marisa depositava certas quantias mensal
Respirei fundo parando meus dedos no ar e só desejei estar delirando. Infelizmente, ou felizmente, os delírios tinham ido embora há muito tempo.Deixei meu braço cair ao lado do corpo sem tomar coragem para me virar. Não conseguia me mover por causa daquela maldita voz.— Sim, a Chloe trabalha aqui… E o senhor, quem é?Rindo, balancei a cabeça de um lado para o outro no intuito de me segurar para não gritar e não sair correndo dali.Jason até tinha sido leal por um tempo, mas sabia que isso não ia durar por muito. Ele ia acabar fazendo merda, porque era essa a essência dele.Assim como eu, Jason Legard gostava de fazer merda.— Eu — pigarreou — sou um amigo dela.Porra!Meus olhos, mesmo fechados, se encheram de lágrimas e minha vontade foi de, literalmente, socar a cafeteira que ainda apitava em meu ouvido, não atendendo aos comandos, e depois de surtar com a bendita, eu ia fugir dali, do estabelecimento e talvez até da cidade.— Ah sim — Joseph falou não muito convencido. — Amorz
Não tive coragem de olhar para trás porque eu sabia que não haveria nada ali.Tive muita vontade de ver Scott aparecer na cidade nos primeiros dias. Quis que ele mudasse de ideia e surgisse à minha frente dizendo que também queria uma vida diferente. Só que isso não aconteceu.Se passaram três anos e eu nunca recebi um sinal dele, claro, Jason não tinha permissão alguma para revelar meu paradeiro, no entanto, se Scott quisesse mesmo, ele teria me encontrado, afinal, foi um Lobo por anos.Quando cansei de correr e passei a ofegar, já quase chegando na esquina de casa, pousei as mãos nos joelhos e tentei recuperar o fôlego.Eu não estava no meu melhor estado. Fazia um bom tempo que não me exercitava corretamente, e minha saúde não estava tão grande coisa visto que nem sexo eu estava fazendo, e sim, isso tinha um efeito ruim sobre meu corpo.Quando tomei coragem para olhar para trás, sabendo que agora não haveria nada e nem ninguém porque minha cabeça já havia voltado ao normal, vi a s
Eu me lembro como se fosse hoje. Me lembro com muita clareza do dia em que olhei para ele e senti que meu coração tinha o escolhido para amar.Lembro de descer as escadas correndo como uma maluca, me recordo de chegar no jardim e ver uma multidão de pessoas espalhadas por lá, e me lembro muitíssimo bem que por mais que meus olhos foram levados ao corpo de Corey quase nu, minha atenção maior foi em Scott.Ele estava usando uma bermuda azul, quase da cor de seus olhos e muito próximo ao tom da água da piscina. Seu sorriso enorme era direcionado a algum amigo deles que eu não me recordo visto que toda a atenção foi depositada nele.Não soube o que aconteceu.Não conseguia entender porque a imagem dele sorrindo, com o abdômen de fora e com um copo de cerveja na mão me atraiu tanto. Não fazia o menor sentido. Não naquele momento.Estava confusa, ainda sentia medo de muitas coisas e meus traumas ainda me cercavam.Usava uma regata e um short justo, diferente de todas as pessoas que andava
— É câncer, Chloe. Câncer de mama.De um segundo para o outro senti minhas pernas amolecerem e um frio na espinha me deixou amedrontada.Porra! Ela estava doente.— Quando descobriram?— Faz dois meses que tivemos a confirmação. Ela está bem, apesar de tudo. Não te contei porque… bom, você sabe porquê.Claro, eu não queria informação alguma sobre a vida deles. Eu me recusei a saber.— Eu vou providenciar minha passagem e chego aí o quanto antes — decretei muito certa de minhas palavras.— Não faça isso, de jeito nenhum! — protestou bravo. — Não venha para ter que partir outra vez e deixar ela em um poço escuro novamente. Eu te amo muito, Chloe, mas sério, você não sabe como foi difícil fazer ela reagir quando você foi embora. Então não venha se vai deixar ela mais uma vez quando achar que para você é o momento certo, porque nunca será para ela.Senti uma dor imensa ao ouvir Jason Legard me falando isso. Jason. Ele estava abrindo a boca para me implorar que ficasse longe porque… porqu
— Sei que você nunca soube respirar sem trabalhar, e sei que você amava isso. Entendi muito bem que o seu fôlego de vida se encontrava mais na Hayans e no seu lado profissional, do que em mim. E não te julgo, Scott. Eu não julgo as suas escolhas, só não quero ter que falar sobre elas porque a verdade é que ainda me dói.Por que eu esconderia dele o óbvio? Não faria sentido.— Eu amo muito você, e sofri demais com sua ausência, mas acho que você precisava desse tempo para se encontrar, e se eu viesse junto você nunca saberia quem é Chloe Jessey de verdade. Não saberia encontrar quem é você quando está sozinha.— Agora eu sei, obrigada pela ajuda — exprimi bem sarcástica.Poderia não saber quem era Chloe Jessey sozinha, mas sabia que a Chloe com o Scott era muito, muito feliz e completa, entretanto, isso não deveria estar em discussão.— Não seja má comigo quando eu só tive o intuito de ajudar da forma que consegui.Ri balançando a cabeça de um lado para o outro.— Não pensando em falar
Muitas vezes achei que estava sendo injusta com as pessoas.Às vezes olhava para uma situação que eu mesma criei e pensava em como era ridículo o meu modo de agir perante aquilo.Muitas vezes cheguei à conclusão de que errei e que não fui o melhor que poderia ser, e ao ouvir Scott falando tudo, me coloquei na posição de ingrata.Lily estava morta. Não pelas mãos da Família, não por deixar Corey, não por sofrer algum tipo de acidente suspeito. Ela estava morta porque perdeu sangue demais no parto, morreu quando deu à luz a um bebê que Scott disse ser a coisa mais linda do mundo.Aceitei ver uma foto. O garotinho era loiro como a mãe, e tinha os olhos e muitos outros traços de Corey. Era lindo, assim como os filhos de Buck, que tinham quase a mesma idade, apenas alguns meses de diferença.Gêmeos. Buck teve gêmeos e Corey teve um só bebê, totalizando três novos membros para a família Legard.Marisa devia estar se sentindo a mulher mais feliz do mundo, claro, antes de descobrir o tumor.