Clara colocou o garfo de lado, observando Miguel enquanto ele terminava de comer. Apesar do clima intimista que ele criou, o peso das circunstâncias pairava sobre eles. Ela sabia que precisavam falar sobre o que realmente importava, mesmo que a ideia de encarar a verdade fosse assustadora."Isso não pode continuar assim, Miguel," disse ela, quebrando o silêncio.Ele levantou o olhar, limpando a boca com o guardanapo antes de responder. "Eu sei. Mas não podemos nos apressar. Se dermos um passo errado, a organização vai perceber. E não somos apenas nós que estaremos em perigo."Clara cruzou os braços, inclinando-se levemente para frente. "Então o que fazemos? Fingimos que está tudo normal enquanto eles nos controlam?""Por enquanto, sim," respondeu Miguel, o tom grave. "Mas eu tenho algo que pode mudar isso."Ela franziu a testa. "O que é?"Miguel hesitou por um momento antes de continuar. "Eu não contei isso a ninguém, Clara. Mas eu estou em posse de documentos comprometedores da organ
"Eu tenho um plano," disse Miguel, com a voz baixa, mas firme. "Os documentos que escondi, todas as provas das operações da organização... Vou entregá-los ao novo chefe do Quai des Orfèvres."Clara franziu a testa, surpresa. "O mesmo que eles te mandaram matar?"Miguel assentiu. "Sim. Ele ainda nem assumiu, mas já mostrou que não será comprado. É o tipo de pessoa que pode usar essas informações para desmantelar a organização de uma vez por todas."Clara cruzou os braços, pensativa. "E como você pretende fazer isso? Eles vão perceber se você fizer qualquer movimento fora do comum.""Por isso precisamos ser cuidadosos," disse Miguel. "Enquanto eles acharem que estou cumprindo suas ordens, posso me aproximar dele e garantir que os documentos sejam entregues em segurança."Ela balançou a cabeça, preocupada. "Isso é perigoso, Miguel. E se eles descobrirem antes?""Então eu caio," respondeu ele, sem hesitar. "Mas você não. Tudo o que faço agora é para garantir sua segurança, Clara. É a únic
A lancha deslizava suavemente pelas águas, cercada pelo reflexo das luzes da cidade. Clara sentiu o vento suave acariciar seu rosto enquanto observava Miguel ao volante, os olhos fixos no horizonte. Ele parecia mais calmo ali, como se o peso do mundo diminuísse sob o brilho da lua."Para onde estamos indo?" perguntou ela, sorrindo levemente.Miguel olhou para ela, um brilho travesso nos olhos. "Sem destino. Só nós dois, a noite e o rio."Clara riu suavemente, deixando-se levar pelo momento. Por um instante, o caos do mundo parecia distante, e ela podia se concentrar apenas no homem ao seu lado.Miguel parou a lancha em uma área mais tranquila, onde a água parecia se abrir em um espaço de calma absoluta. Ele desligou o motor, deixando a embarcação flutuar suavemente.Clara olhou ao redor, fascinada pelo silêncio e pela sensação de isolamento. Apenas o som da água contra o casco e o canto ocasional de um pássaro distante quebravam o silêncio.Miguel aproximou-se dela, estendendo uma taç
Ele a levantou levemente, posicionando-a sobre uma manta que havia preparado no convés. "Você é tão linda," murmurou ele, a voz rouca de desejo.Clara sorriu, puxando-o para outro beijo enquanto sentia as mãos dele explorarem seu corpo com mais ousadia. Ele deslizou a blusa dela para cima, expondo a pele macia e quente. Os lábios dele lentamente beijavam seus seios enquanto sua mão descia e a tocava em sua vagina. Cada toque parecia acender uma nova chama, deixando Clara completamente entregue ao momento. Ela deslizou sua mão pelo abdômen definido de Miguel até chegar em seu órgão que parecia latejar de tanto desejo enquanto Miguel por sua vez acariciava seus clitóris com movimentos circulares precisos que faziam com que ela soltasse gemidos involuntários. Após sentir o primeiro orgasmo, Miguel á agarrou com seus braços levantando-a de costas para ele, segurando um de seus seios enquanto a outra mão estava em sua cintura. A penetração ocorreu como se um ímã atraísse um para o outro, M
O dia amanheceu lentamente, com o céu tingido de tons de laranja e rosa refletindo na superfície calma da água. Clara e Miguel ainda estavam na lancha, envolvidos em um silêncio confortável. O calor da noite anterior ainda pairava entre eles, mas a realidade já começava a se insinuar."Temos que voltar," disse Miguel finalmente, quebrando o silêncio.Clara concordou, mas não disse nada. Ela sabia que o momento de fuga havia terminado e que, a partir dali, o peso do que enfrentavam voltaria a recair sobre eles.Miguel ligou o motor da lancha e manobrou de volta para o cais. O trajeto foi feito em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos.Enquanto navegavam de volta, Clara olhou para o horizonte e franziu a testa. "Miguel, aquilo é... outro barco?"Miguel seguiu o olhar dela e viu algo que o fez estreitar os olhos. Bem distante, havia um pequeno barco, quase imóvel na água."Deve ser alguém pescando ou algo assim," disse Clara, tentando tranquilizar-se, mas sua voz não con
A conversa foi interrompida pelo som do telefone de Miguel vibrando no bolso. Ele olhou para a tela e viu o número de Hector. Clara observou a expressão dele mudar imediatamente, a tensão substituindo o breve momento de calma que haviam compartilhado.“Preciso atender,” disse ele, saindo para a varanda.Clara ficou na cozinha, tentando não escutar, mas era impossível não ouvir o tom grave de Miguel enquanto ele falava:“Sim, estou pronto. Tudo está sob controle. Claro, vou confirmar quando tiver mais detalhes.”Quando Miguel voltou, Clara o encarou com um olhar inquisitivo.“O que foi?” perguntou ela.“Eles querem que eu comece a monitorar o novo chefe de polícia assim que ele assumir,” respondeu Miguel. “Isso significa que temos menos tempo do que eu imaginava.”Mais tarde, enquanto Miguel fazia algumas ligações e verificava suas mensagens, Clara sentou-se à sua mesa de trabalho e encarou a tela do laptop. As palavras de Miguel ecoavam em sua mente: “Eles vão esperar que você termine
Depois do café, Miguel pediu que Clara o acompanhasse até a varanda. Ele gesticulou discretamente para os prédios ao redor.“Eu os vi ontem à noite,” disse ele, em voz baixa. “Capangas da organização. Estavam estacionados em um carro do outro lado da rua.”Clara sentiu um arrepio. “Você acha que eles sabem de algo?”“Não. Pelo menos não ainda. Mas estão monitorando nossos movimentos. Eles não confiam em mim completamente, e provavelmente acham que você poderia tentar algo. Precisamos agir com mais cuidado do que nunca."“Como você consegue viver assim?” perguntou Clara, a voz cheia de emoção. “Sempre olhando por cima do ombro?”“É a única forma de viver que conheço,” respondeu Miguel, olhando para ela.O telefone de Miguel tocou. Ele viu o nome de Hector na tela e atendeu, o corpo imediatamente em alerta.“Miguel,” começou Hector, com seu tom caracteristicamente calmo, mas ameaçador. “Espero que esteja se preparando. Nosso novo amigo no Quai des Orfèvres assume em uma semana.”“Estou
Miguel estava sentado à mesa do apartamento, as anotações da vigilância espalhadas diante dele. As informações eram detalhadas, mas não traziam nenhum alívio. Cada linha parecia um lembrete do peso que carregava: ele estava se aproximando de uma missão impossível.O novo chefe do Quai des Orfèvres, François Leclerc, não era como os policiais corruptos que a organização manipulava. Ele era incorruptível, e era exatamente por isso que o queriam morto. Mas para Miguel, François era uma oportunidade única – um homem que poderia usar os documentos comprometores para desmantelar a organização de uma vez por todas.Miguel suspirou, passando a mão pelos cabelos. Ele sabia que precisava de ajuda para realizar seu plano. Não podia confiar em muitas pessoas, mas havia alguém que talvez estivesse disposto a arriscar tudo: Gabriel Monteiro.Gabriel era um velho conhecido de Miguel. Os dois haviam entrado na organização por caminhos semelhantes. Assim como Miguel, Gabriel era um jovem humilde que v