O vestido rosa claro a fazia sentir-se como um algodão doce. As outras mulheres em frente do altar pareciam tão felizes, embora não fosse igual para a noiva tradicionalmente atrasada. Giulia Rossi encarou os rostos das pessoas cinicamente sentadas nos bancos da igreja como as mais inocentes almas que já pisaram em solo sagrado. A verdade é que não havia um único inocente naquele lugar. Ela observou a impaciência do noivo que provavelmente a puniria por aquela maldita demora, e então, encarou o relógio grande preso acima de uma elaborada coroa de flores rosas e amarelas. Giulia Rossi sabia bem o que a Alessandra Stone havia feito para ela, e considerava o casamento a pior das punições. Ela não tinha motivos para destrui-la além do que o próprio marido se encarregaria de fazer quando estivesse a sós na primeira noite de pesadelo. Giulia andou em direção aos camarins, torcendo para que a mulher não tenha fugindo tão perto do altar. Alessandra Stone de certo era uma cretina, mas defin
Giulia seguiu firme até que a cerimônia acabasse. Logo, todos os convidados foram direcionados aos carros que os levariam ao salão de festas. Não estava nos planos do don Leoni Messina que aquela festa fosse parte da sua noite, no entanto, ele sentia que não ficaria em paz sem que pudesse explicar-se sobre as atividades daquela tarde.Giulia Rossi o viu aproximando do carro e então avançou com mais rapidez, esperando que pudesse fugir o quanto antes daquele homem. – Para o carro! – Ele ordenou. Nada se moveria sem que ele ordenasse para que fosse feito, e aquilo a deixou ainda mais enfurecida. Giulia Rossi direcionou-lhe um olhar enviesado, mas ele ainda a adorava assim. – O que você quer comigo! – Você tem que saber por mim, e não por outra pessoa. Quem quer que fale com você essa noite, pode te dizer algo que eu tentei esconder de você por muito tempo, Giulia Rossi. Ela ergueu uma sobrancelha questionadora. – Não tenho que saber nada sobre você, Sr. Messina. Nada que ve
Os olhos mareados de tristeza não conseguiam apagar o desejo por vingança que a jovem Rossi sentia com intensidade, dentro do peito que só batia apaixonado para Leoni Messina. Ela estava tão cansada de ser sempre enganada por aquele homem. O que mais ele guardava? Quais segredos ela ainda tinha que descobrir sobre aquele maldito mafioso? Giulia Rossi andou até o salão de festas decorado com flores em demasiado. Ela passou direto por homens que ofereceram-lhe a mão em uma das clássicas danças lentas. Os pés calçados com sapatos dourados pararam diante da mesa de bebidas, enquanto ela tentava se afogar numa taça de vinho seco fino.Alessandra Stone ainda exibia o mesmo olhar de nojo que fizera quando conheceu o marido pela primeira vez. O vestido decotado exibia mais que a metade dos seios fartos, e o velho mal podia esperar estar a sós com ela, para consumar o casamento. Para a jovem mulher, no entanto, não poderia haver o ritual dos lençóis brancos manchados de sangue, simbolizan
As pessoas sentaram-se as mesas dispostas pelo salão. Tudo parecia conspirar perfeitamente bem, mas Leoni Messina não estava com paciência para espetáculos. A única coisa que o fizera continuar na festa não estava sob seus olhos vigilantes. Ele estava habitualmente irritado, mas naquela noite, parecia louco e agitado, ansiando pelo instante em que ela reapareceria pelo salão.A boca seca o deixava irritado, então, ele agarrou um copo de qualquer bebida que passou em uma bandeja, cujo garçom meramente ignorado estava levando para outras mesas. A luz se apagou, e ele ainda manteve o olhar gélido sobre o espetáculo tão próximo de começar. Estar na mesa da frente nada queria dizer para ele. A donzela da máfia que fosse se apresentar naquela noite, em busca de um casamento vantajoso, seria tão entediante quanto todas as outras que passaram pela mesma pista de apresentações. A silhueta do corpo perfeito fez com que ele se ajeitasse na cadeira. Ele previamente podia reconhece-lo, embo
Ele abriu a porta espalmando a mão grande. No instante em que Giulia Rossi gritou alto, ele a acertou com um tapa forte no meio da nadega esquerda. – Não me toque! – Ela ordenou. Ele a jogou no chão. – Não te tocar aonde exatamente? – Em qualquer parte! Ele esfregou o rosto transtornado. – O que você pensa que esta fazendo? Se isso for para chamar a minha atenção... Giulia, eu vou acabar com você! – Não quero chamar a sua atenção. Eu não preciso! Ela se levantou, passando a andar com um certo requinte de sensualidade oculto apenas pela forma odiosa com que ela o olhava. – O que você quer dizer com não precisa? – Bom, você não viu? Acho que eu consigo um homem essa noite! Ele avançou sobre ela, com toda a fúria que por diversas vezes tentou guardar para si mesmo. – Você não vai se casar com ninguém! Ela sorriu quando sentiu a parede contra as costas expostas. – E quem falou em casamento? Ele pareceu momentaneamente confuso. Leoni Messina era perspicaz o bastante p
A garota apontou uma arma como a verdadeira agente de uma guerra suicida. O soldado parado na porta nunca deixaria qualquer outra pessoa passar, mas Giulia Rossi nunca deveria ser machucada, e ele não teve outra escolha além de abrir a porta. Ninguém no mundo desejava o fim do último soldado que ousou atirar nela. Era a segunda vez que a mulher fugia em menos de um mês em sua prisão. A brisa da rua chegou como uma lufada de ar puro, que ela já não sentia a muito tempo. Ele nunca ousou tocar nela sem que permitisse, e o problema fora justamente esse. Giulia Rossi não podia negar-lhe fazer amor, e a cada vez que o sentia dentro dela, também provocava dor ao coração, como se este sangrasse violentamente. Ela não podia mais perdoa-lo. Ela não podia mais submeter-se a maldita humilhação, mas tão logo se viu livre e já estava cercada por todos os lados outra vez. Ela sabia que nunca teria paz desde que decidiu entregar-se a ele, mas nunca imaginou que viveria o próprio inferno. A mulh
Eles dançaram juntos durante a festa o tempo todo. Leoni Messina sentiu-se toca-la cautelosamente nas costas nuas. Giulia Rossi ainda tinha a mesma postura de dama da sociedade perfeita, mas os olhos da garota estavam longe de transmitir qualquer sentimento de calma ou paz. Ela não parou um único instante de olhar para os lados. Parecia apavorada, como se pretendesse impedir que qualquer mal se abatesse sobre o mafioso que amava. Ele a segurou pelo queixo, roubando-a a atenção desejada quando notou como a mulher ainda mantinha a tensão ao encarar a porta de entrada. – Não se preocupe com nada. Vai ficar tudo bem com você. Ela ainda manteve os olhos lateralizados, como se não pudesse se descuidar. Uma das mãos ainda estava caída ao lado do corpo, cuidadosamente colocada em cima da arma presa a cinta liga. – Eu não estou preocupada comigo. Ele analisou cada detalhe daquela cena. O homem mal podia tirar os olhos dela, enquanto via a forma com a qual ela parecia querer protege-lo
Ele lhe disse algo obsceno no ouvido, quando Giulia Rossi arqueou a cabeça para trás, num riso intenso. Leoni Messina praticamente colou os olhos no pescoço fino e liso da futura esposa, com o desejo de o prender com as mãos e torce-lo até ver os doces olhos se revirarem sem o ar, e só então ele a soltaria para não correr o risco de perde-la. Era tão possessivo quanto apaixonado por ela, embora não quisesse admitir. Para um mafioso, estar apaixonado representava tudo de ruim. Sequestros, descuido, vulnerabilidade, e por isso, ele jamais poderia aceitar, ainda que o peito gritasse internamente para que ele falasse o mais alto que podia. Giulia Rossi o encarou com o semblante feliz que logo a deixou, abandonando o que parecia ter se tornado a noite mais mágica para ela. – O que foi? – Giulia Rossi o viu encher-se de tensão. A forma como o pomo de Adão se moveu a deixou ainda mais aflita. Giulia Rossi esperou pela resposta, nas Leoni Messina ainda insistia em continuar parado ali,