A garota apontou uma arma como a verdadeira agente de uma guerra suicida. O soldado parado na porta nunca deixaria qualquer outra pessoa passar, mas Giulia Rossi nunca deveria ser machucada, e ele não teve outra escolha além de abrir a porta. Ninguém no mundo desejava o fim do último soldado que ousou atirar nela. Era a segunda vez que a mulher fugia em menos de um mês em sua prisão. A brisa da rua chegou como uma lufada de ar puro, que ela já não sentia a muito tempo. Ele nunca ousou tocar nela sem que permitisse, e o problema fora justamente esse. Giulia Rossi não podia negar-lhe fazer amor, e a cada vez que o sentia dentro dela, também provocava dor ao coração, como se este sangrasse violentamente. Ela não podia mais perdoa-lo. Ela não podia mais submeter-se a maldita humilhação, mas tão logo se viu livre e já estava cercada por todos os lados outra vez. Ela sabia que nunca teria paz desde que decidiu entregar-se a ele, mas nunca imaginou que viveria o próprio inferno. A mulh
Eles dançaram juntos durante a festa o tempo todo. Leoni Messina sentiu-se toca-la cautelosamente nas costas nuas. Giulia Rossi ainda tinha a mesma postura de dama da sociedade perfeita, mas os olhos da garota estavam longe de transmitir qualquer sentimento de calma ou paz. Ela não parou um único instante de olhar para os lados. Parecia apavorada, como se pretendesse impedir que qualquer mal se abatesse sobre o mafioso que amava. Ele a segurou pelo queixo, roubando-a a atenção desejada quando notou como a mulher ainda mantinha a tensão ao encarar a porta de entrada. – Não se preocupe com nada. Vai ficar tudo bem com você. Ela ainda manteve os olhos lateralizados, como se não pudesse se descuidar. Uma das mãos ainda estava caída ao lado do corpo, cuidadosamente colocada em cima da arma presa a cinta liga. – Eu não estou preocupada comigo. Ele analisou cada detalhe daquela cena. O homem mal podia tirar os olhos dela, enquanto via a forma com a qual ela parecia querer protege-lo
Ele lhe disse algo obsceno no ouvido, quando Giulia Rossi arqueou a cabeça para trás, num riso intenso. Leoni Messina praticamente colou os olhos no pescoço fino e liso da futura esposa, com o desejo de o prender com as mãos e torce-lo até ver os doces olhos se revirarem sem o ar, e só então ele a soltaria para não correr o risco de perde-la. Era tão possessivo quanto apaixonado por ela, embora não quisesse admitir. Para um mafioso, estar apaixonado representava tudo de ruim. Sequestros, descuido, vulnerabilidade, e por isso, ele jamais poderia aceitar, ainda que o peito gritasse internamente para que ele falasse o mais alto que podia. Giulia Rossi o encarou com o semblante feliz que logo a deixou, abandonando o que parecia ter se tornado a noite mais mágica para ela. – O que foi? – Giulia Rossi o viu encher-se de tensão. A forma como o pomo de Adão se moveu a deixou ainda mais aflita. Giulia Rossi esperou pela resposta, nas Leoni Messina ainda insistia em continuar parado ali,
– Senhor, Leoni Messina, nós já estamos aqui a noite toda. Ainda quer insistir nisso? – O investigador bateu contra a mesa, encenando o policial ruim que o agrediria se pudesse. Leoni Messina o encarou, ainda usando o terno caro levemente sujo. De alguma maneira, ele estampava o mais cordial riso nos lábios perfeitos. O homem enfiou as mãos no terno e tirou um charuto do bolso interno. – Você quer? – Ele ousou oferecer. – Isto não é uma reunião com os seus amigos mafiosos. Leoni Messina riu baixinho, ironizando as péssimas tentativas de arrancar-lhe algo. – Mafiosos? Não, eu não conheço nenhum mafioso... – A voz jocosa era tão sensual que o fez parecer ter prazer no interrogatório. – Não conhece? – O homem arrancou fotos de dentro de um envelope e os jogou sobre a mesa. – O que é isso? Leoni Messina inclinou-se levemente para a frente, visualizando as imagens espalhadas próximas a uma das mãos que repousava sobre a mesa. Ele voltou a dar mais uma tragada do charuto, e a reco
A cama parecia tão vazia dentro do apartamento. Giulia Rossi cheirou o pequeno urso de pelúcia de coelho que Leoni Messina cuidadosamente havia deixado em cima da cama, preso a uma berinjela. Ela sorriu, embora os olhos estivessem inundados de lágrimas. A jovem nem mesmo sabia o que estava fazendo ali ou o motivo para perdoa-lo tão fácilmente, mas caíra nos braços dele outra vez, apenas para voltar a ficar longe. Havia tanto cansaço da noite não dormida, dos prantos que serviram-lhe como desabafo. A mulher se levantou da cama e jogou o robe cor de rosa claro sobre os ombros, o vestindo lentamente. O banheiro parecia sempre o melhor amigo depois que o amado havia sido preso. Dois dias sem ele pareciam uma eternidade. – Giulia? – Lucca Messina praticamente invadiu o quarto, sem pedir permissão. – Aonde você está? Giulia Rossi estava debruçada sobre o vaso sanitário quando subitamente escancarou a porta. – Eu estou aqui. – Você está vestida, não esta? Eu não quero que o meu irmão
Giulia Rossi ainda não tinha uma única protuberância na barriga quando fechou o zíper do vestido vermelho que o Leoni Messina mais gostava. Ela colocou sapatos nudes de bico fino e enfiou o envelope dentro da bolsa. O coração batia tão forte, que ela podia jurar que qualquer um no mesmo ambiente poderia ouvi-lo claramente. Ela entrou no carro e seguiu em direção ao presídio, ao lado do homem que havia se encarregado de que ela não fugiria ao final daquele encontro difícil. Giulia Rossi parecia ter esquecido de como se respirava adequadamente, enquanto tentava criar formas para contar ao noivo sobre o bebê que estava por vir. Quando o carro parou, ela suspirou longamente, e então viu a porta se abrir. Ainda tinha muita hesitação nas pernas que se recusavam a ir ao encontro do mafioso. Giulia Rossi, no entanto, tomou coragem e se levantou devagar, cuidando para que não acabasse tropeçando e caindo. Se estar grávida de um mafioso parecia-lhe difícil, perder o bebê seria um grande pes
Giulia Rossi recostou a cabeça na porta grosso e cinza da sala do presídio, enquanto Leoni Messina conversava com o irmão. – Leve ela no hospital. Cuide dessa merda ainda hoje! – O don ordenou. Ela tocou na barriga completamente reta e sentiu a dor da perda a atingir. Giulia Rossi tinha certeza de que não teria salvação. O don provavelmente havia ordenado que o bebe fosse tirado, e com uma suspeita como aquela, nunca se casaria com a doce Giulia Rossi. Ela mandou uma mensagem para o irmão, avisando exatamente aonde estava. “ Eu preciso de ajuda. Por favor. Se me resgatar, farei o que quiser!”. Ela não sabia o erro que havia cometido ao enviar aquela mensagem para um homem procurado pela cosa nostra. Felipo Rossi havia sido condenado a morte, e estava, agora, sendo caçado. Giulia Rossi se afastou da porta e apagou a mensagem assim que o Lucca Messina saiu da sala, agarrando-a pelo braço. O homem nem mesmo a olhava nos olhos enquanto a levava de volta para o hospital. Sem qua
Os portões se abriram subitamente. As correntes tilintavam nas mãos e nos pés. Os passos pelo corredor seguiram num ritmo perfeito, onde a liberdade cerceada fora representada pelos portões que se destrancavam apenas para a passagem até a sala de encontros. Leoni Messina encarou o irmão sentado na cadeira de ferro presa ao chão e sorriu. Lucca Messina nunca seria uma má companhia, não importava o quanto fosse o culpado pela prisão. – E então. O resultado já saiu? – O silêncio preocupou o homem que encarava o irmão enquanto sentia as algemas serem arrancadas do pulso. – Lucca... – Ele rosnou. – Eu perguntei se o teste de paternidade já saiu. Eu tenho que saber dessa merda antes que eu fique louco. – Irmão... – A forma como ele disse pareceu ter perdido alguém. Leoni Messina inclinou o corpo, tentando ver o irmão sentado de costas para ele. – Que merda de tom é esse? Você garantiu que o exame era seguro. Não me diz que... – Não... Não. O moleque está bem. – Ele respirou fundo,