Capítulo 3

Dois meses, durante dois meses eu tive que lutar contra a vontade de comer tudo oque eu via.

Eu queria de descontar a frustração na comida, mas o desejo de não querer ser humilhada por causa do meu peso e minha aparência era enorme.

Esses dois meses com a organização do evento eu mal ia na empresa e poucas pessoas viram como eu estava ficando.

Ainda estou muito magoada com oque aconteceu comigo, mas prefiro esconder isso.

Assim que chego em casa para me arrumar para o evento e olho o vestido em cima da cama me arrependo amargamente de tê-lo comprado.

É a primeira vez que sairei para um evento da empresa depois de conseguir emagrecer 30 quilos.

Foi difícil, achei que ia morrer de fome mais consegui.

Mas esse vestido ainda é demais para essa festa.

Mas agora não tem como voltar atrás.

Tomo um banho bem longo não me preocupando com horário.

Assim que acabo vou para o quarto e pego vestindo tentando não pensar muito em como ele ficará em mim.

Assim que me visto fico surpresa com oque eu vejo no espelho.

Eu estou deslumbrante nele.

Faço minha maquiagem e depois de colocar o salto eu pego minha bolsa e o tablet que usarei essa noite e saio de casa.

Chamei um Uber para me levar e como era noite não havia tanto trânsito, chegamos em menos de 10 minutos.

Pago o motorista e desço do carro. Os flashes das câmeras apontam para mim, e as perguntas vem junto com as luzes

Entro rapidamente e vasculho o local atrás de meu chefe.

Ainda também não o perdoei, mesmo ele não tendo me demitido depois de eu desligar na cara dele.

Enquanto vasculho o lugar sinto mil olhares em mim. Não gosto disso.

Antes eu passava despercebida.

Quando começo a ficar desconfortável meus olhos se encontram com o de Leonardo e tenho que me segurar para não suspirar.

O homem esta um arraso, como sempre foi.

Caminho em sua direção sem desprender meu olhos deles, mas quando estou no meio do salão sou parada por um dos homens que estavam com ele.

- Olá senhorita, me chamo Roberto.- Roberto diz galanteador.

Esse idiota não esta me reconhecendo?

Vivia fazendo piadas sobre mim.

- Eu sei quem é você Roberto, agora eu posso ir ate meu chefe? Tenho que trabalhar.- digo mostrando o tablet para ele.

- trabalhar?- ele pergunta confuso enquanto me analisa.- Luiza?

Respiro fundo e volto a andar.

Ele me segue mas não diz nada, quando estamos perto do sr. Moore ele se apressa para lhe dizer algo

- Do que esta falando? - ele pergunta para Roberto.

Antes que a conversa deles se prolongue decido começar meu trabalho.

- Boa noite sr. Moore, me desculpe pelo atraso.- digo e durante um momento vejo ele ficar confuso.

- Luiza?

- Sim senhor, já se encontrou com o governador? Ele tem mostrado bastante interesse em conversar com o senhor.- digo pegando meu tablet e vendo em que mesa o governador foi colocado.

Não recebo resposta alguma e isso faz com que eu o olho.

Ele ainda parece surpreso.

- Algum problema sr. Moore?- pergunto.

- Não, é que você esta diferente da ultima vez que nos vimos.- ele diz me observando.

- já fazem 9 meses senhor, mudei nesse tempo.- digo e não querendo prolongar essa conversa mudo de assunto.- Quer ir se encontrar com o governador agora?

- claro, podemos ir.- ele diz ajeitando o smoking para ir.

- Espere senhor.- falo e ele para.- Ana?- eu a chamo.

Ela vem ate mim com um sorriso nos lábios olhando o vestido.

Ela com certeza aprovou a escolha.

- Você precisa acompanhar o sr. Moore.- digo.- eu vou na frente para mostrar a mesa do governador.

Começo a caminhar entre as mesas lentamente, sei que as pessoas vão parar para cumprimentar meu chefe e chegar a uma mesa a apenas alguns metros de distância pode levar no mínimo meia hora.

Quando finalmente chegamos ate o governador eu toco em seu ombro e ele me olha abrindo um sorriso.

- Senhorita Luiza, você esta linda.- ele diz me elogiando.

Abro um sorriso, seu elogio é sem maldade alguma. Ele é um senhor de quase 50 anos e esta acompanhado de sua bela esposa.

- obrigada Jorge. Sr. Moore esse é o governador do nosso estado de são Paulo.- apresento ele e ambos engajam em uma conversa sobre política.

- esta arrasando Luiza.- Ana fala ao meu lado.

Ana é uma amiga de faculdade que seguiu a carreira de modelo, e quando perguntei oque eu deveria vestir, ele mandou eu comprar algo lindo e ousado.

E aqui estou eu com esse vestido e com muita gente me olhando.

- ainda acho uma péssima ideia.- digo e ela rí.

Sr. Moore nos olha rapidamente antes de voltar a conversar com o governador.

- Não me disse que seu chefe é um pedaço de mal caminho.- ela comenta.

- Nem precisava, você já sabia disso.

- Sabia mesmo, mas não é nada comparado as fotos.- ela diz e eu sorrio.

Não mesmo.

Leonardo Moore é dono de uma beleza indescritível.

Paramos de conversar para que Ana faça sala para a esposa do governador assim que eles acabam a conversa nos dirigimos até um dos homens que acabou de assinar contrato com a empresa.

Os dois homens engajam em uma conversa sobre negocio que chega a me entediar.

- seria rude de minha parte perguntar qual das duas beldades esta te acompanhando essa noite?- O homem pergunta.

Seu olhar cheio de malícia para cima de mim e de Ana me perturba.

- Essa é Ana, ela é modelo em uma das revista de moda mais conceituada do Brasil.- digo apresentando ela.

Ana o cumprimenta educadamente, e de alguma maneira ele a para de olhar e se encarrega de me encarar.

- Então posso dizer que a senhorita esta desacompanhada.- ele diz para mim.- Adoraria que me fizesse companhia.

Seus olhos gritam sexo.

Sinto nojo, mas não sou mal educada

- Me desculpe, estou trabalhando.- digo e me viro para o sr. Moore que encara o homem.- Podemos ir? Tenho que te levar ate os acionistas.

Essa é a parte que eu estava querendo evitar.

Encarar os acionistas sozinha é uma coisa, aguentar seus comentários ao lado do meu chefe é algo totalmente diferente.

- vamos.- ele diz e começamos a caminhar ate a mesa central.

Muitos olhares dos homens sentados a mesa caem sobre mim e Ana. Indico o lugares de ambos para que possam se sentar e fico em pé ao lado do sr. Moore.

- Sr. Moore é um prazer vê-lo novamente.- fala um dos acionistas.

- O prazer é todo meu em poder estar de volta.- ele diz.

- Finalmente apareceu depois do vexame que eu passei por causa daquela sua secretaria.- um dos acionistas diz.

Saulo Alves, o idiota que eu processei.

- Aquilo foi realmente um absurdo, onde já se viu falar daquele jeito com um acionista.- uma das mulher na mesa diz.

É, com certeza eles não me reconheceram.

- Você devia tê-la feito tirar o processo contra mim. Aquela gorda asquerosa esta dificultando minha vida.- Saulo diz.

Vejo que o sr. Moore ia falar algo.

Mas para mim já deu.

Essa é a gota d'agua do que eu posso suportar.

- Quer saber de uma coisa seu velho caduco? Vai pro inferno, e sobre o processo, farei questão de fazer mais um.- digo e deixo a mesa

Para mim já deu.

Saio do evento e não vejo nenhum taxi disponível.

Começo a caminhar a procura de um ponto de ônibus e quando eu encontro rezo para que os ônibus ainda esteja funcionando.

Carros passam na avenida, e nenhum ônibus a vista.

Um carro branco para no acostamento e eu fico olhando.

Segundos depois meu chefe desce do carro fazendo minha espinha gelar.

Droga, eu ia m****r meu pedido de demissão na segunda.

- Luiza?- ele me chama mas eu viro o rosto e continuo a encarar a rua.- Luiza entra no carro, vou te levar para casa.

- Prefiro esperar um ônibus.- digo.

- já esta tarde, nenhum ônibus vai passar essas horas.

- Então eu peço um Uber.- digo pegando meu celular da bolsa.

- É perigoso Luiza! Apenas entra na droga do carro que eu vou te levar.- Ele diz e vejo que esta nervoso.

Ergo uma sobrancelhas para ele.

- Tudo bem, hoje você ainda é meu chefe.- digo e vou para o lado passageiro do motorista.

Ele entra no carro e começa a dirigir.

Olho a rua pelo vidro.

Pelo visto vou passar meu domingo elaborando meu currículo e mandando por e-mail o máximo que eu posso.

- Não devia ter se exaltado daquele jeito, eu iria resolver.- ele diz depois de algum tempo em silêncio.

Acabo rindo do que ele disse.

- Resolver como? Concordar com ele e tentar me convencer de tirar o processo?- Pergunto para ele.

- Eu não disse isso Luiza.- ele diz.

- Não precisa, você e aquele idiota compartilham do mesmo pensamento.- digo e é tempo de ele acelerar o carro e parar no acostamento.

- Em dois anos, eu nunca a tratei mal.

- ah não?- digo soando sarcástica.

- Eu estava irritado Luiza, com todo mundo e acabei descontando em você.- ele diz me olhando

- isso não importa mais mesmo.- digo dando de ombros e virando o rosto para a janela.

- Que bom, então vamos esquecer isso e na segunda você..- ele começa a dizer e eu o interrompo.

- Na segunda o senhor vai receber meu pedido demissão.

- Oque?

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