- Como assim acabou a força?- pergunto.- vou tentar ligar para alguém.- digo pegando o meu celular do bolso.
Quando tento ligar nada acontece e a tela continua preta.
- Esta sem bateria.- digo tentando enxergar Luiza no escuro.- por que as luzes do gerador não ligaram?
- Não sei, meu celular ainda tem bateria, vou ver se consigo entrar em contato com o pessoal da manutenção.- ela diz e pega seu celular na bolsa.- merda.
Ouço ela xingar com o celular na mão.
- Esta sem área, deve ser por que estamos no elevador.- ela diz e eu respiro fundo.
- Estamos no meio da tarde, em pouco tempo sairemos daqui.- digo para ela e para mim.
- certo, mas e o ar senhor?- ela me pergunta.
- acho que não vai ser problema, e por favor quando estivermos sozinhos me chame de Leonardo é estranho só eu te chamar pelo nome.- digo para ela que agora eu consigo ver.
- Pode me chamar pelo sobrenome também sr. Moore.- ela diz e eu rio.
- Esta me dando um toque srta. Pontes?- pergunto sabendo que ela esta sorrindo.
- Jamais faria isso sr. Moore.- ela diz.
Sorriso para ela e no segundo seguinte um silêncio sepulcral recai sobre nós, incomodado com isso eu quebro o silêncio.
- Luiza?
- Leonardo?- ela diz e de algum modo sei que tem suas sobrancelhas erguidas.
Ouvir meu nome saindo da sua boca pela primeira vez foi estranhamente satisfatório para mim.
- Acho que devo preparar tudo para a sua chegada na sede, avisou sua família?- pergunto e quando vejo ambos estamos sentados no chão encostados na parede de metal um do lado do outro.
- avisei.- ela diz suspirando e sinto sua frustração.
- O que foi? Eles não reagiram bem?- pergunto para ela.
Em questão de segundos me pego pensando que eu poderia convence-los e deixa-los tranquilos em relação a sua ida.
- Eles são uns dos motivos de eu ter aceitado ir.- ela fala.
- Você não se da bem com sua família?- pergunto.
Por um momento ela pensa no que eu perguntei e depois me olha nos olhos.
- E o senhor? Se da bem com sua família? Suas informações são sempre sobre a empresa, nunca sobre família.- ela diz ao rebater minha pergunta.
- não gosto de expor minha vida pessoal, meus pais morreram quando eu era muito jovem e meus tios me criaram ate a maioridade.- digo
- Sinto muito.- ela diz e eu a sinto pegando em minha mão, isso me traz conforto, oque poucas pessoas poderiam me dar.
- Esta tudo bem, já fazem anos.- eu digo.
- Mas isso não quer dizer que possa ter deixado de doer.- ela diz e eu olho para sua mão na minha.
Com delicadeza eu aproximo minha outra mão e coloco em cima da sua deixando a dela entre as minhas.
- Obrigada.- digo e faço um movimento circular em seu dorso.
Não sei por que faço isso, mas sinto seu olhar em minha direção e a encaro, mesmo no escuro ainda posso ver sua sombra e os contornos de seu rosto.
E eu posso dizer que eu poderia admira-la.
Mas antes que eu possa dizer algo, as luzes do elevador se acendem e o elevador começa a subir, mas assim como veio a energia cai e o elevador despenca alguns andares antes que os freios de emergência o parem.
Ouvi os gritos de Luiza enquanto o elevador caia, mas sentir seus braços ao redor do meu me apertando enquanto esconde seu rosto que com certeza demonstra medo só me faz querer acalma-la a todo custo.
- Calma, esta tudo bem.- digo ao acariciar o topo da sua cabeça.
- Eu nunca mais vou andar de elevador.- ela diz tremendo.
- a sede tem o dobro de andares que esse prédio, não acho que teria coragem de subir aquelas escadas.- digo rindo de seu comentário
- Então talvez eu deva negar sua proposta.- ela diz e eu paro de rir.
- Não pode voltar atrás na sua resposta srta. Pontes.- digo serio para ela.
- Por que quer que eu vá? -Ela pergunta depois de um tempo em silêncio.
- Por que eu quero e preciso de você comigo, ao meu lado Luiza.
- Precisa de mim?- pergunto o encarando.Ele me olha por um momento e em seguida dá uma tosse seca.- Sim, quem mais poderia trabalhar comigo e ter a sua eficiência?- ele diz me fazendo outra pergunta.Por um momento, eu achei que ele diria outra coisa.Quando penso em me afastar um pouco percebo que meus braços estão ao redor do dele.- Me desculpa.- digo ao retirar o braço.- Tudo bem, se precisar meus braços vão estar aqui.- ele diz e eu rio.Leonardo começa a passar as mãos no cabelo e ficar inquieto com os minutos que se passa.- Esta tudo bem?- pergunto para ele que para e me olha por um momento.- Odeio ficar preso em elevadores.- ele diz e se senta novamente no chão.- Quantas vezes já ficou preso em um?- pergunto me sentando ao seu lado.- Essa é a primeira vez.- ele diz e ambos rimos.- uma péssima experiência para sua primeira vez.- digo para ele.- bota péssima nisso. Quanto tempo acha que vamo
- como?- ela pergunta me olhando.- Deixe que eu te carrego.- digo novamente.Ela me olha e sorri. Um sorriso encantador eu diria.- Não é necessário sr. Moore.- ela fala ao tirar os saltos e se levantar.- É Leonardo.- digo para ela.- vem, vou te levar para casa.Começo a descer as escadas e ela me segue.- Não é necessário sr. Moo... Leonardo.- ela diz e se corrige.- eu posso pegar um ônibus.- Não com os pés machucados e descalços.- digo e descemos mais alguns degraus.Vejo que ela para de me seguir e abre a boca para dizer algo. Sabendo que iria tentar negar a carona eu a interrompo antes mesmo que possa falar.- E se tentar dizer não novamente, eu mesmo irei te carregar ate o carro.- digo voltando poucos degraus e ficando na mesma altura que ela que esta alguns degraus acima.Seus olhos me olham chocados.- Não pode fazer isso.- ela diz fracamente.- se tiver curiosa pode tentar descobrir.- digo a encarando
Assim que entro em meu apartamento resolvo que já esta na hora de começar a arrumar minhas coisas.Pego uma pequena caixa para por algumas fotos e coisas pessoais que levarei comigo. Coisas pequenas, que podem caber na mala.Algumas fotos dos tempos da faculdade vão comigo, assim como o pequeno troféu ao lado da televisão. Uma das poucas coisas boas que eu vou levar.Quando chego nos porta retratos da família, uma vontade de jogar todas essas fotos no lixo me sobe, assim como todas a vezes que eu as olho. Mas como todas as vezes, penso que eles são minha família. Só que dessa vez eu os deixarei para trás.Pego somente uma foto minha com meu pai e termino de arrumar os pertences quando a campainha toca.Quem será? Talvez sr. Moore, ele pode ter esquecido de me falar algo.Vou ate a porta e não olho no olho magico.- Leonardo.- digo Escancarando a porta me lembrando de como ele pediu pra chama-lo. Sorrio com a lembrança.- precisa de algo...
Duas semanas se passaram e em três dias Luiza e eu iremos para sede.Tento não parecer um idiota perto dela e a tratar com respeito. Mas para Luiza isso não faz diferença, ela esta quase sempre sorridente. Em outras vezes quando ela acha que ninguém está olhando, vejo frustração passar por seus olhos e da para perceber que ela esta cansada.Não quero me meter em sua vida, mas as vezes me pego pensando que ela pode ter brigado com o namorado por minha causa.E aqui estamos nos, discutindo o tópico da reunião, quando eu a pego pensativa de novo.- Luiza?- eu a chamo.- Está tudo bem?Ela me olha por um momento e sorri antes de responder- Esta tudo bem, é que com a mudança eu preciso resolver algumas coisas.- ela diz.- O seu namorado...- começo a dizer e ela me olha novamente.- ele gostou da ideia de você ir embora?- pergunto mesmo sabendo que não.- Namorado?- ela pergunta.- Do que o senhor está falando?Eu a olho, tentando entend
Apertada. É isso que eu estou desde que saímos do escritório e estou mais ainda agora esperando o sr. Moore tomar banho.Preciso ir ao banheiro. O quarto dele é o último do corredor, sei disso por que venho aqui quando ele não esta.Mas não sei se ele esta tomando banho no banheiro do corredor ou no do quarto, então para não arriscar vou ate a primeira porta onde fica um dos quartos de hospedes e a abro.Segura, segura, segura.Minha mente pensa enquanto meu corpo só pensa em xixi, xixi, xixi.Não penso duas vezes ai empurrar a porta do quarto e perceber que ela é de correr, então apenas a abro e vou correndo para o banheiro que tem a porta aberta.Vou rápido e volto antes que o sr. Moore termine de se trocar.Mas não me preparo para ver ele se enrolando na toalha no banheiro e me olhando surpreso.Viro as costas rapidamente morrendo de vergonha e corro para a porta para sair do quarto.Assim que chego nela começo a puxar mas a p
Dentro do carro o silencio é reconfortante. Luiza olha pela janela a todo momento com a intenção de evitar me olhar e eu sorrio pois sei que estou mexendo com ela.Não demora muito para que cheguemos a boate e logo vejo os caras esperando na frente da boate. Dirijo para o estacionamento e pago a taxa.Luiza sai do carro e eu faço o mesmo rapidamente para alcança-la.- Luiza, espere.- digo pegando em seu braço e a trazendo para perto de mim.- Eu te levo para casa mais tarde.- digo.Como sei que ela vai tentar recusar, apenas sorrio e saio andando.Sei que ela me acompanhou pois assim que vejo Ana parada na porta da boate ouço Luiza chamar seu nome.Ela passa por mim sem nem mesmo me olhar e vejo o olhar que Ana dá em minha direção antes de puxar Luiza para dentro sem nem mesmo entrar na enorme fila.- ora, ora. Olha só se não é o grande sr
Caminhamos juntos até o carro com ele apoiado em mim.Ele não diz nada quando abro a porta para que ele entre e se sente no passageiro.Caminho para o lado do motorista e assim que entro já LIGO o carro para começar a dirigir.- sabe, eu não estou tão bêbado para que você dirija para mim.- ele diz e percebo sua voz fraca.Como paro no sinal vermelho eu o olho, ele parece sonolento.- Mas o senhor bebeu, não é certo dirigir.- digo.- Você também bebeu.- ele diz.- Quem te disse isso sr. Moore? Eu trabalho amanhã, não sou uma irresponsável.- digo sorrindo.- Parece que eu sou.- ele diz rindo.Avanço com o carro assim que o sinal fica verde. Mas apos algumas quadras uma luz no painel começa a piscar ate que o carro pare de funcionar.- Oque aconteceu?- pergunta Leonardo que antes estava com os olhos fec
"Essa noite você ira ficar comigo"Ouvir essa frase me acalmou imediatamente, então me permiti relaxar nos braços do sr. Moore.Esse medo, medo que eu sempre tive independente do numero que eu vestia, me acompanha.Um olhar diferente do normal de qualquer homem é o suficiente para assustar qualquer mulher.Mas agora, mesmo com esse homem dirigindo o carro me sinto segura perto de Leonardo.- obrigada.- sussurro enterrando minha cabeça em seus ombros.- estamos chegando.- ele diz.Pouco minutos depois o carro para e Leonardo paga a corrida.- Levo a moça para casa?- o homem pergunta ao volante.- Não.- Leonardo responde grosso ao me puxar do carro.- Como quiser.- o homem responde com um sorriso torto.O carro se afasta e com isso sinto meus ombros relaxar.- venha.- Leonardo diz me puxando para seu prédio.- para onde? Preciso voltar para