Queridas leitoras
Esse capítulo vai ser bem sombrio e tenebroso. Também vai ter muitos gatilhos. Se você é sensível, por favor não leia. Eu sei que muitas de vocês vão dizer que não era necessário, mas sim, será! Começamos aqui o desfecho da obra. Aproveitem a leitura e desde já, me perdoemxxxxxx?xxxxxxQuando acordou, Maya se percebeu deitada no chão da sala dos Toronto e tinha silver tape na boca. Sabia que não poderia gritar e não conseguia imaginar o que Hanna faria, ou porque ela teria uma seringa de tranquilizante a disposição. Tentou se mexer, e notou que tinha alguns travesseiros, deixando a cabeça dela em uma posição mais alta. Olhou para o lado, Hanna cantarolando e mexendo em alguns instrumentos cirúrgicos. Quando viu que ela notou seu movimento, fechou os olhos apressada, mas Hanna viu:— Olha só, acordou a margarida! Você deve estar pensando o que está acontecendo, né? Vou te contar, Maya. Tudinho, tá bom?Hanna colocou uma meMaya sentiu a fita ser tirada de sua boca e controlou a vontade da gritar. Olhou pra irmã, e viu ali todas as decisões erradas que tomou na vida por causa dela. Desde o momento que decidiu se casar com Denny, anos atrás, para as finanças do pai não a deixar pobre, sem os luxos. Até em ir até a casa dela para ser torturada! Se tivesse pensado só um pouco, se lembraria que Jenny e ela tinham acesso a drogas de todos os tipos. Sabia que o que Hanna aplicou nela era um paralisante, já tinha percebido porque seu corpo não reagia aos comandos. Olhou Hanna mexendo nos instrumentos e resolveu ganhar tempo. A partir do momento que deixasse ela colocar um daqueles bisturis em sua pele, não poderia mais controlar:— Quanto tempo eu fiquei apagada? — Nem 5 minutos, Maya. O foco dessa droga que lhe apliquei é paralisar seus membros. Eu só misturei um pouco de um narcótico que te apagou pra você não ficar gritando enquanto eu te ajeitava pra trabalhar em você. Não queremos que
Quando Maya acordou, Samantha estava no quarto com ela. Sentia dores por todo o corpo. Levou a mão barriga, o que chamou atenção de Samantha, e ela constatou que não estava sonhando. Sua bebê tinha mesmo sido arrancada de si. Mas porque estava viva? A presença de Samantha ali demonstrava que Danilo não a perdoou por ter perdido sua filha, e nem queria vê-la! — Como está se sentindo, minha filha? — Atropelada por um caminhão! Já encontraram Tiphany?— Então você se lembra! — Samantha encarou Maya com pena. E Maya a fuzilou com o olhar. Sabia que deveria ser mais maleável. Não sabia nada! Nem quanto tempo estava ali, o que aconteceu, como a encontraram, o que aconteceu na visita com Jenny. Precisava de respostas e saber como Justin estava, como a vovó Sophia tinha lidado com aquilo. Maltratar Samantha não iria resolver nada. — Desculpe, Sam. Danilo foi embora, deve estar me odiando e você ficou. Eu preciso saber. Quanto tempo estou aqui? — Danilo foi embora? Pr
Maya estava no toalete da Saborosa, em São Francisco, quando ouviu duas moças jovens conversando. Reconheceu pela voz que eram as filhas de um cliente que ela tinha atendido mais cedo. Eram de longe, mas ela não conseguia se lembrar de onde. Estava aérea naquele dia. E cansada! Nossa, atendeu o dia inteiro e não fazia isso desde que abriu a Saborosa, sete anos atrás. Alana perguntou se poderia aceitar todos os agendamentos para aquele dia e ela disse para tratar como um dia normal. E naquela hora, entendeu porque sua agenda ficou tão cheia, ouvindo as duas moças conversando: — Achei ela bem calma! — Mas também, Ivy, o que você esperava? — Não sei, pra uma mãe que perdeu a filha bebê e nunca encontrou, mais desesperada. — Você se lembra que nós acompanhamos todo o sofrimento dela na época? — Sim, não dá nem pra acreditar que já faz um ano, né? Maya abriu a porta da cabine e as duas ficaram olhando pra ela assustadas, pelo espelho. Ela se encaminhou para a pia, lavou as mãos, reto
Maya fez questão de rir o tempo todo naquela visita. Danilo disse que ela estava parecendo uma menininha de 16 anos, e quando o cabeleireiro terminou com ela, nuca batida em um curtinho liso que caia em franja em seus olhos, jogando tudo para o lado direito e fazendo uma escova virada pra dentro atrás, dando mais volume, Maya achou que estava parecendo a atriz canadense Elisha Cuthber: mulher madura com o rosto altamente beneficiado pelo curtinho, rejuvenescendo bem uns dez anos. Era essa imagem que ela precisava passar pra madrasta: rejuvenescida, bem, viva! Por mais que Jenny lhe pediu desculpas, chorou, mostrou arrependimento, Maya percebeu o quanto amadureceu naqueles meses: — Jenny, você fez o que tinha que fazer! Você roubou meu pai, armou contra mim, protegeu Hanna e a criou pra ser um monstro, que já tinha dado sinais até mesmo com você de que era uma psicopata. E mesmo assim, você financiou as loucuras dela e mais uma vez contra mim. Não tinha te feito nada pra vocês duas t
Quando acordou no dia seguinte, Maya era outra pessoa! Durante todo aquele ano, fez amor com Danilo de forma mecânica, e ele nem a procurava mais. Não tinha mais o mesmo prazer. Naquela manhã, se sentiu uma idiota! Deveria parar de pensar que a filha estava morta! Viu Danilo deitado de costas ao seu lado, apenas com uma samba canção. Olhou a mancha no peito dele e pensou que nem chegou a saber se sua bebê também teria uma. Resolveu parar de pensar naquilo. Precisava de força, motivação! Mais do que isso, precisava dar motivação para Danilo! Ela olhava para trás, as vezes que fingia dormir para ouvir ele conversando com sua barriga. Sabia que ele ameaçava chamar ela de Florisbela se ela não se comportasse. Parecia que ela entendia o que ele estava falando! Tinham uma ligação! Os olhos de Maya encheram d'água. Danilo sempre disse que queria ter três filhos. Tiveram dois e ela não tinha mais útero para ter o terceiro. E perdeu a segunda. E mesmo que ela tenha tirado tudo do marido, e
Quando estavam na banheira, Maya soltou a bomba sem cerimônia:— Hora de soltar as gravações de Jenny. — Maya, você sabe que eu sempre deixei você blefar com essa história, porque nunca achei que você fosse capaz de fazer isso. — Como não? Esse é meu trunfo! — Seu trunfo vai ser enterrar sua mãe, vamos ter que fechar a saborosa por luto e ir pra Napa! — Essa é outra coisa. Vamos voltar. — O que? — Minha vida não é mais aqui em São Francisco. Eu precisei desse tempo, desse cuidado, mas você parou tudo e ficamos os dois longe do nosso filho, vamos acabar perdendo os dois filhos que tivemos. Vamos voltar pra casa, retomar nossa vida, nossa família, e vamos lançar a bomba. E Danilo, Jenny não é minha mãe! É apenas uma cobra peçonhenta que gerou outra cobra pra me picar! E Hanna, não é nada minha! Não é minha irmãzinha, que eu sempre passei a mão na cabeça e encobri os erros. Quando fui procurar Hanna, pra tentar não a destruir, foi com o pensamento de uma dívida que nós tínhamos com
Depois de instalados em Napa novamente, só com a necessidade de viajar uma vez por mês, os dois tentaram retomar a vida, mas Justin não quis ir morar com eles. — Mamãe, não é maldade e nem rejeição. Você acredita em mim? — Acredito, sim, Justin. Eu sei que você reconhece tudo o que fiz e o que aconteceu! — Você é a melhor mãe do mundo, Maya Bukaiter! Você lutou por mim quando qualquer outra teria feito um aborto, você dançou com velho safado te olhando pra não deixar me faltar o pão, me ensinou valores, sempre foi minha amiga além de minha mãe! Fez uma grande besteira indo se encontrar com a Hanna, achando que minha irmãzinha estava segura ainda dentro da sua barriga, mas em sua defesa, mamãe, eu te digo que eu faria o mesmo, porque a senhora confiou que a Hanna estava mudada, traumatizada com tudo o que estava acontecendo e teria chances de ser outra pessoa sem a influência da Jenny. Eu também acreditava. Das vezes que fui pra casa dela, eu sempre achei que ela estava diferente me
— Você quer saber a partir de quando? — Quem é você e como acabou metida nisso? — Meu nome é Stephanie Stiller Kennedy. Eu engravidei e fiquei sem apoio de ninguém. Minha mãe falou que não iria sustentar mais uma boca e me mandou embora da casa dela. O pai do bebê não quis me assumir e meu patrão me cedeu um cômodo nos fundos da lanchonete, a esposa dele me ajudava. Me instruíram a fazer uma doação gestacional e eu achei que deveria sim fazer isso, eu não teria condições de criar uma criança. Me registrei e comecei procurar uma família que daria mais do que eu podia dar ao bebê, mas nenhuma me agradava. Conforme os meses passavam, eu entendi que eu não queria abrir mão dele. Quando aceitei que deveria me esforçar por cria-lo, mesmo sem apoio ou ajuda de ninguém, apareceu uma família muito boa, que eu sabia que se recusasse, seria meu fim e o dele. Então aceitei e começamos a fazer os trâmites para a adoção. Na ultrassonografia morfológica, descobrimos que o bebê tinha HCD. Hérnia de