Maya fez questão de rir o tempo todo naquela visita. Danilo disse que ela estava parecendo uma menininha de 16 anos, e quando o cabeleireiro terminou com ela, nuca batida em um curtinho liso que caia em franja em seus olhos, jogando tudo para o lado direito e fazendo uma escova virada pra dentro atrás, dando mais volume, Maya achou que estava parecendo a atriz canadense Elisha Cuthber: mulher madura com o rosto altamente beneficiado pelo curtinho, rejuvenescendo bem uns dez anos. Era essa imagem que ela precisava passar pra madrasta: rejuvenescida, bem, viva! Por mais que Jenny lhe pediu desculpas, chorou, mostrou arrependimento, Maya percebeu o quanto amadureceu naqueles meses: — Jenny, você fez o que tinha que fazer! Você roubou meu pai, armou contra mim, protegeu Hanna e a criou pra ser um monstro, que já tinha dado sinais até mesmo com você de que era uma psicopata. E mesmo assim, você financiou as loucuras dela e mais uma vez contra mim. Não tinha te feito nada pra vocês duas t
Quando acordou no dia seguinte, Maya era outra pessoa! Durante todo aquele ano, fez amor com Danilo de forma mecânica, e ele nem a procurava mais. Não tinha mais o mesmo prazer. Naquela manhã, se sentiu uma idiota! Deveria parar de pensar que a filha estava morta! Viu Danilo deitado de costas ao seu lado, apenas com uma samba canção. Olhou a mancha no peito dele e pensou que nem chegou a saber se sua bebê também teria uma. Resolveu parar de pensar naquilo. Precisava de força, motivação! Mais do que isso, precisava dar motivação para Danilo! Ela olhava para trás, as vezes que fingia dormir para ouvir ele conversando com sua barriga. Sabia que ele ameaçava chamar ela de Florisbela se ela não se comportasse. Parecia que ela entendia o que ele estava falando! Tinham uma ligação! Os olhos de Maya encheram d'água. Danilo sempre disse que queria ter três filhos. Tiveram dois e ela não tinha mais útero para ter o terceiro. E perdeu a segunda. E mesmo que ela tenha tirado tudo do marido, e
Quando estavam na banheira, Maya soltou a bomba sem cerimônia:— Hora de soltar as gravações de Jenny. — Maya, você sabe que eu sempre deixei você blefar com essa história, porque nunca achei que você fosse capaz de fazer isso. — Como não? Esse é meu trunfo! — Seu trunfo vai ser enterrar sua mãe, vamos ter que fechar a saborosa por luto e ir pra Napa! — Essa é outra coisa. Vamos voltar. — O que? — Minha vida não é mais aqui em São Francisco. Eu precisei desse tempo, desse cuidado, mas você parou tudo e ficamos os dois longe do nosso filho, vamos acabar perdendo os dois filhos que tivemos. Vamos voltar pra casa, retomar nossa vida, nossa família, e vamos lançar a bomba. E Danilo, Jenny não é minha mãe! É apenas uma cobra peçonhenta que gerou outra cobra pra me picar! E Hanna, não é nada minha! Não é minha irmãzinha, que eu sempre passei a mão na cabeça e encobri os erros. Quando fui procurar Hanna, pra tentar não a destruir, foi com o pensamento de uma dívida que nós tínhamos com
Depois de instalados em Napa novamente, só com a necessidade de viajar uma vez por mês, os dois tentaram retomar a vida, mas Justin não quis ir morar com eles. — Mamãe, não é maldade e nem rejeição. Você acredita em mim? — Acredito, sim, Justin. Eu sei que você reconhece tudo o que fiz e o que aconteceu! — Você é a melhor mãe do mundo, Maya Bukaiter! Você lutou por mim quando qualquer outra teria feito um aborto, você dançou com velho safado te olhando pra não deixar me faltar o pão, me ensinou valores, sempre foi minha amiga além de minha mãe! Fez uma grande besteira indo se encontrar com a Hanna, achando que minha irmãzinha estava segura ainda dentro da sua barriga, mas em sua defesa, mamãe, eu te digo que eu faria o mesmo, porque a senhora confiou que a Hanna estava mudada, traumatizada com tudo o que estava acontecendo e teria chances de ser outra pessoa sem a influência da Jenny. Eu também acreditava. Das vezes que fui pra casa dela, eu sempre achei que ela estava diferente me
— Você quer saber a partir de quando? — Quem é você e como acabou metida nisso? — Meu nome é Stephanie Stiller Kennedy. Eu engravidei e fiquei sem apoio de ninguém. Minha mãe falou que não iria sustentar mais uma boca e me mandou embora da casa dela. O pai do bebê não quis me assumir e meu patrão me cedeu um cômodo nos fundos da lanchonete, a esposa dele me ajudava. Me instruíram a fazer uma doação gestacional e eu achei que deveria sim fazer isso, eu não teria condições de criar uma criança. Me registrei e comecei procurar uma família que daria mais do que eu podia dar ao bebê, mas nenhuma me agradava. Conforme os meses passavam, eu entendi que eu não queria abrir mão dele. Quando aceitei que deveria me esforçar por cria-lo, mesmo sem apoio ou ajuda de ninguém, apareceu uma família muito boa, que eu sabia que se recusasse, seria meu fim e o dele. Então aceitei e começamos a fazer os trâmites para a adoção. Na ultrassonografia morfológica, descobrimos que o bebê tinha HCD. Hérnia de
Maya, Danilo, Jhon Lee e Samanta viajaram para a cidade em que Danilo nasceu. Deixaram vovó Sophia e Justin aos cuidados de Denny e Alícia. Durante todo o tempo, depois que descobriu o paradeiro de Hanna, Maya pensava na cara de pau dela e em como ninguém pensou nisso. Claro que ninguém imaginária que Hanna iria sim para uma cidade em que Samantha foi muito humilhada ao tomar um golpe por anos. Julius e a esposa ainda estavam presos, os filhos venderam a casa e foram embora da cidade de vergonha pelo o que os pais fizeram. Imagina se Samantha teria a ousadia de voltar pra lá! Danilo já não voltava antes do casamento, visitava a mãe pouquíssimas vezes , então não teria nenhum motivo para ir até lá! Ainda mais que a cidade já tinha perdido todo o encanto desde que seu pai morreu! Era claro que a cobra, que tem na cabeça uma fábrica de idéias monstruosas, iria para um lugar onde não poderia ser encontrada ou reconhecida! Quando chegaram na cidade, Danilo e Samantha começaram a procura
Depois que Maya contou a proposta que Hanna fez, Danilo disse que faria e se encaminhou a doar a medula. — Espere, Dan! Pare de loucura! — Como assim, Maya? É minha Florisbela que vou ter de volta! Se é uma coleta dolorida de sangue que me separa dela, então quanto mais rápido eu fizer, mais rápido eu consigo! — Não é assim tão simples, Danilo! Estamos lidando com Hanna, uma mulher louca acostumada a ter tudo o que quer e traiçoeira a ponto de esconder nossa filha! Você já imaginou se a gente não a encontrasse e ela tivesse morrido? Você sabe a que nossa filha está sujeita e com quem? Você não pode simplesmente salvar a vida dela sem garantias de que ela vai nos devolver a nossa filha, Danilo! Danilo pensou muito no que Maya disse. Preferiu conversar com a mãe antes de fazer besteira. Maya estava certa, Hanna não era de confiança! Se ele tivesse certeza que seria apenas a troca, faria sem problemas. Jamais se negaria salvar uma vida, mesmo que fosse a da irmã traiçoeira e ordinári
Danilo entrou naquele quarto para dar a notícia pra Hanna, completamente emocionado. Ele estava esgotado. Sua cabeça era pura emoção de tudo. Todos os acontecimentos marcantes da sua vida se misturavam na sua cabeça. Teve pesadelos naquela noite, assustadores! Começou sonhando com uma bebezinha correndo pra ele, quando ela chegava perto, era Hanna em miniatura. Depois que passava a surpresa, ele a abraçava e ela tinha uma faca escondida que enfiava nas costas dele. Com muita dor, ele olhava em volta e estavam em uma praia. Seu pai Joseph chegava e arrancava a faca das costas dele, sem falar nada. Ele se sentava na beira da praia e Hanna miniatura ficava rindo de frente pra ele, enquanto ele ensanguentado, via seu pai entrando no mar. A menininha gritava: Justin, vai buscar o vovô! E logo Justin aparecia, entrando no mar atrás de Joseph. Danilo ficava sentado, olhando e depois de muito tempo, Hanninha falava: — Menos um. Nossa família está fadada a ser pequena, papai. Quando um chega