SOL VOLTA A BRILHAR

Ele estava tentando salvar uma vida, era isso que ele dizia pra si mesmo. Não importa que era o homem culpado, que por beber demais havia causado o acidente com mais outros três carros, havia matado uma mãe e seus filhos e deixado outros gravemente feridos. Assim como ele estava fazendo o seu melhor tinha certeza que Saul deveria estar fazendo o seu na sala ao lado.

Depois de cinco horas o homem foi levado pra UTI, estava estável, sua filha esperava envergonhada do lado de fora, ela não tinha culpa nenhuma, e apesar disso, parecia se importar mais do que o próprio culpado antes da cirurgia. Nesses três anos ele já havia salvo algumas pessoas, a maioria como ajudante, mas nos últimos meses havia assumido o posto.

Ele e Saul não moravam mais no apartamento, ele queria ter um lugar estável se a irmã quisesse retornar, então comprou uma casa próxima ao hospital e o fez morar junto, ela mandava notícias todos os dias para o irmão eram sempre fotos e vídeos felizes, mas os dois sabiam que o sorriso não era mais o mesmo, seu olhar era triste, a avó fazia ela se vestir diferente e fazer atividades diferentes das que ela gostava antes de ir para o exterior.

Os dois estavam jantando quando o telefone de Saul tocou e ficou paralisado, aquilo não era uma boa lembrança.

"Alô, Saul tá ouvindo?"

"Ele paralisou"

"Oi garoto, como está? Aquela maluca discutiu com a mãe e fugiu, não levou cartão nem celular então não sabemos onde está"

"Oooooii, coomo queque...ela acabou de fazer dezoito anos não tem como ela se virar sozinha, falaram com amigas..."

Depois de uma hora no telefone, explicando a tia maluca, o que fazer seu celular tocou, era um número desconhecido internacional, seu coração apertou.

"Oi, sou eu, Gael, preciso de ajuda."

"Onde você está?"

"Estou no aeroporto, mas deixei o cartão e o celular na casa de vovó, ela queria que eu ficasse noiva..."

"Me manda os dados que pago sua passagem"

"Não conta pra Saul sobre o quase noivado"

"Ele está morrendo, ele paralisou, você deveria ter nos contado a gente ia aí..."

"Eu não queria atrapalhar, tenho que desligar vou passar seu número pra atendente."

"Ok"

...

Ela nunca quis atrapalhar, ela não veio nenhuma vez nesses anos, mesmo quando Saul ia visitar ela, nunca ficava muito, quando retornava sempre estava cheio de tristeza, mas aliviado porque a avó e a tia eram duas megeras, mas cuidavam bem de Sol.

Ele contou pra Saul sobre Sol, ele falou sobre o noivado forçado e teve que segurar o amigo pra não ligar para a avó, ou pior ir comprar uma.passagem, eles pegaram informações do vôo e se programaram para ir ao aeroporto e ficar uns dias só com ela, o plano era fazer ela tinha que entender que ela não atrapalhava, ela era sua família.

Quando ela chegou usava um conjunto de saia e blusa cinza e um casaco e tênis branco, seu cabelo nas fotos era longo, mas ali estava na altura dos ombros, ele tinha certeza que deveria ter cortado pra afrontar a avó. E quando ela sorriu quem ficou paralisado foi ele, aquele sorriso sempre foi o seu ponto fraco, antes lhe causava uma alegria sem nada que se comparece, e agora fez algo lhe causar um enfurmigamento e uma vontade de correr até ela.

Saul a abraçou, segurou ela como se sua vida dependesse disso, na verdade aqueles anos o fizeram amadurecer e até de certa forma entristecer. Ela o olhou para os dois como se estivesse aliviada, só possuía uma mochila pequena, sem malas.

-Ela não me deixaria sair com mala, eu não podia ficar mais lá.

-Tudo bem, vamos mandar uma empresa pegar seus pertences. Agora me conta que história é essa de noivado.

-Ela queria que eu casasse com um neto de um amigo do vovô, se você procurar na internet tem até a nota do noivado já.

Saul pesquisou, e estava extremamente irritado, o noivo era mais velho que eles, e com certeza não tinha nada em comum a Sol. Depois de comprar algumas peças de roupas para ela foram pra casa.

-Seu quarto é branco sem muita coisa, você poderá decorar, Gael já vai te dar seu celular novo, notebook e não sabíamos se usa mas também tem um tablet.

-Porque tudo isso, não precisa, eu não quero..

-Pirrrraalhaa não repete isso, você é minha irmã e de Gael também, então não existe isso entre família e você não ouse se afastar da gente de novo. Vou fazer o pedido pra janta, pode descansar e depois desce pra jantarmos juntos.

Quando Gael entrou no quarto pra entregar os equipamentos ela estava chorando. E mais uma vez sentimentos novos o atingiram em cheio. Ele a abraçou sem pensar duas vezes.

-Desculpa... Eu...

-não fala o que você está pensando, o que aconteceu?

-Aquele idiota roubou o meu primeiro beijo...

-Foi só o beijo.... Ele não..

-Não eu fugi.. quando cheguei em casa a vovó me xingou, porque a gente ia casar, eu nem sabia...eu precisei... Eu quero o meu primeiro beijo de volta...

-Fica calma, vamos esquecer isso, não vamos contar como o primeiro, você não quis ele, você não concordou, então ele não conta.

Ele viu que Saul olhava tudo tá porta, não quis entrar pois sabia que a irmã estava com vergonha. Ela chorou por uns minutos aninhada aos braços de Gael, depois de ser confortada os dois desceram as escadas juntos e Saul esperava com três pizzas na sala da tv.

Eles riram, conversaram e fizeram planos pra Sol, assim que chegassem suas coisas, eles iriam atrás de um curso pra ela prestar o vestibular, ou veriam se dava pra aproveitar as matérias da faculdade.

Os três pegaram no sono no chão da sala, ela estava tão próxima dele que podia ver cada detalhe único e perfeito dela, cada contorno de seu rosto, e não conseguiu não sorrir. Ele não compreendia ainda o porquê era fácil sorrir pra ela.

-é meu amigo, acho que você tem que terminar o namoro sem graça de meio ano.

-Do que você está falando, Saul...

-Você sabe, tenho certeza, eu posso deixar ela ser da sua família também, mas tem que ser na forma certa...

-Ela já é da minha família, você tá maluco?

-Você só sente amor de irmão por ela mesmo?

-Sim....

Mas ele não tinha certeza dessa afirmação naquele momento. E com certeza seu amigo havia percebido isso também.

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