Entro em um quarto acompanhada por Jady, estou tomada pelo nervosismo minhas mãos estão suando e minhas pernas bambas, basicamente a mesma sensação de quando era adolescente e ia beijar um garoto atrás da escola.
Estou vestida em uma calcinha fio dental, toda trabalhada em pedras de strass e um top em transparência, por cima uma camisola extremamente sexy de cor preta, seguindo o mesmo padrão do conjunto, acredito que nunca usei uma combinação tão ousada antes.
Ao lado da cama há duas poltronas, em uma delas o homem do dia anterior está sentado, ao pousar meus olhos sobre ele sinto minha respiração tomar um ritmo mais acelerado e meus pensamentos ficarem bagunçados.
— Luna esse é o Pedro, Pedro essa é a Luna! Hoje vou treiná-la e de agora agradeço muito por se dispor a ser nossa cobaia— Jady nos apresenta e sorri apertando a mão dele que agora está de pé em nossa frente.
— Não imagina o quanto estou sofrendo! — Ele brinca fazendo mímica com as mãos.
Com delicadeza de gestos e suavidade nas palavras, Jade me orienta sobre expressão corporal, postura e a importância de cada gesto, principalmente o sorriso. Posteriormente ela ensaia com Pedro, frisando cada frase da entrevista que devo fazer a cada um dos clientes.
— Depois de entrevistado e encaminhado o cliente para o banho, você monta a cama como eu expliquei e então aguarda. — Ela vai detalhando o passo a passo.
— Estou pronto! — Pedro diz e se deita de bruços na cama, colocando a toalha sobre suas nádegas.
— Vamos lá querida! — Jady me convida com um sorriso travesso nos lábios.
O toque das minhas mãos na pele desse homem foi capaz de sacudir todo meu emocional, não sei o que ele tem, mas sei que ele me deixa estranha l.
Vou massageando suas pernas e pés conforme as orientações que ela me passa e a cada gesto minha respiração está mais acelerada.
— Fica tranquila, você precisa estar alinhada, essa é uma troca emocional então precisa saber o que está fazendo, você vai criar uma conexão única com cada cliente através do seu corpo. — Jady vai me explicando e mostrando quais pontos devo massagear em cada parte dos pés, pernas e coxas.
— Entendi… o que pega é ficar pelada assim pra todo mundo! — Falo reprimida.
— Fica tranquila, estou aqui com você… tenta agora! — Jady diz me entregando um pé do cliente para que eu repita seu procedimento.
— A massagem Nuru é uma experiência única, inebriante, agradável e relaxante, proporciona benefícios em diversas áreas, principalmente as sexuais. — Jady explica
Apenas sorrio em respostas, tento esquecer todo preconceito que atormenta minha cabeça e foco nos movimentos seguindo Jaddy, pouco a pouco sinto meu nervosismos passar e o ambiente começa a ficar mais leve.
Pedro dá algumas dicas sobre meu toque e elogia meu rápido aprendizado, eu agradeço constrangida, é muito estranho três adultos nus conversando normalmente. Depois de finalizado, ele vai até o banheiro tirar todo o gel de massagem enquanto Jaddy me ensina como organizar o espaço novamente.
Nos despedimos dele, que sorri intimamente para mim me arrancando um fisgado no estômago, por padrão de atendimento o acompanho até o carro, Jaddy não vem junto o que me deixa nervosa outra vez.
— Foi um prazer estar com você! — Pedro diz e me dá um beijo no rosto.
Sinto minhas bochechas queimarem, respiro fundo e me despeço sendo o mais gentil possível, ele sai e eu entro novamente. Na recepção, Jady está ansiosa para saber o que senti da minha experiência,dispenso riqueza de detalhes e ela sorri de mim com alegria, ela me parece uma boa pessoa.
— Você leva jeito, só tem que deixar a timidez em casa quando estiver aqui!— Vivi, a secretária, me fala .
—Estou tentando!— Digo confusa.
— Se arruma, daqui a pouco vamos ver se já sabe fazer, vou apenas observar!— Jady diz e eu sinto meu corpo se arrepiar, rio nervosa.
— Acreditamos em você!— Vivi diz com um sorriso largo.
Entro no banheiro, tomo um banho quente, visto a lingerie do dia, respiro fundo e me olho no espelho e então a imagem de Lucas vem em minha mente, ele me colocou nessa situação humilhante.
— Vamos lá! — Digo de frente às meninas.
— O cliente está chegando, esse você irá receber e atender sozinha, estarei junto apenas para observar e sanar eventuais dúvidas.
Um pavor sobe em meu corpo e uma lágrima brota em meus olhos, viro disfarçadamente para limpá-la, Jady me entrega a chave do portão e dá um passo atrás para começarmos, o cliente chegou.
— Boa Tarde, eu sou a Luna e irei lhe atender hoje, seja muito bem vindo! — digo abrindo a porta e o guiando até o quarto.
Ele se apresenta, cumprimenta as meninas com um pouco mais de intimidade e segue para o quarto, Jady nos acompanha em silêncio. Inicio o processo com muito receio e ódio, só de pensar que estou expondo meu corpo para vários estranhos perco meu equilíbrio mental.
Faço tudo conforme fui orientada, seguindo o passo a passo e forçando minha mente a esquecer todos os meus problemas pessoais, já basta a energia pesada que recebo desses homens, estou ansiosa pelo fim desse dia, chegar em casa vou tentar conversar com Lucas, não me conformo com tudo isso.
Vez e outra olho para Jady para receber algum tipo de crítica sobre meu desenvolvimento, mas pelo sorriso de aprovação acredito que estou indo no caminha certo, embora não seja o emprego dos meus sonhos fico satisfeita em saber que estou conseguindo superar minha expectativa e aprendendo algo novo, mesmo que seja uma coisa que não pretendo levar para a vida.
— Eu o acompanho até lá fora, pode terminar aqui! — Jady diz ao fim do atendimento.
Sei que ela vai fazer uma avaliação sobre o meu trabalho e eu já estou nervosa só de pensar, cada segundo parece uma eternidade. Jady retorna depois de alguns minutos, abre a porta e me chama, eu a acompanho até a recepção então junto da Vivi ela faz observações relevantes.
—No geral, você foi muito bem, melhor que a maioria das pessoas que passaram por aqui, tô impressionada, você só precisa se consertar um pouco mais com o cliente, senti você distante. — Ela fala e eu apenas rio pequeno.
Foi um bom dia apesar do meu inferno pessoal, mas ele ainda está apenas começando,em casa ainda tenho que encarar Lucas.
A massagem e a agressividade de Lucas passaram a fazer parte da minha vida, uma semana acariciando corpos nus, uma semana do meu pior pesadelo e meu marido achando normal, todas as vezes que o confronto ele me agride, me humilha e me diminui como mãe, mulher e profissional.— Eu vou sumir da sua vida, quando você menos esperar eu já não estarei aqui. — eu digo enquanto tomo uma xícara de café antes de ir trabalhar.— Nem disso você é capaz, você me ama e sabe que eu também te amo, nascemos um para o outro, eu nunca permitirei que você saia da minha vida— Lucas fala em um misto de doçura e acidez que me assombra.— Ah meu querido, eu não apostaria nisso! — Respondo revirando os olhos e me levanto para sair de casa.Desde que comecei a trabalhar, meus filhos passam o dia na casa dos avós, Lucas me leva e me busca mesmo eu dizendo que prefiro pedir um Uber ou usar ônibus, hoje ele não disse nada o trajeto todo.Chego no serviço, a Jady está viajando para atender em outra cidade e meu san
Corro os olhos por todo o ambiente, as crianças não estão em casa, dou um passo atrás, mas Lucas se levanta e me puxa pelo braço.— Então agora você quer me humilhar na frente das pessoas? — Ele pergunta segurando meu cabelo e me fazendo olhar para ele.— Isso é o que você está fazendo comigo, não o contrário, me solta Lucas! — Peço me contorcendo de dor.— Eu quero saber exatamente o porquê de você estar em casa hora dessas e da sua patroa me ligar dizendo que você causou constrangimento ao paciente, começa a falar! — Ele fala muito alterado e me joga com força no sofá.Olho amedrontada e começo a falar que não quero mais esse emprego e que não vou mais voltar, Lucas me olha de um jeito assustador.Ele me pega pelos braços, me sacode e soca minha face fazendo sangrar, levo a mão ao rosto e me desperto em choro ao sentir o sangue descendo e sujar minha roupa e o chão. Lucas me olha confuso e me abraça, instantaneamente começa a me pedir perdão e dizer que me ama.— Me solta, Lucas! —
Pedro é um excelente paciente, sempre delicado e carismático, não avança limites e tem uma conversa saudável, porém não posso desabafar com ele, aqui nunca sabemos quando é um cliente de verdade ou um teste para ver nossa conduta e ele é um dos mais antigos da casa.— Não há sombras aqui, me fala de você, do seu dia, do serviço… — Mudo o rumo da conversa pegando em suas mãos, sentando-nos nas poltronas frente a frente no quarto.— Sabemos que há, mas se não se sente segura em conversar sobre isso eu respeito sua decisão, não está mais aqui quem lhe perguntou. — Ele diz levantando as duas mãos em sinal de rendição. — Meus dias são solitários e frios, só ganham sentido quando estou sob seus cuidados, a melhor massagem é só você quem faz— Ele me elogia e me arranca um sorriso sincero.Dentre todos os atendimentos que fiz desde que cheguei, Pedro é o único com quem não me sinto humilhada ou desconfortável, enquanto conversamos começo a tirar sua roupa e lhe entrego uma toalha para que ele
Paro o que estou fazendo e fico refletindo sobre a última vez que fui embora, melhor eu segurar minha emoção e aceitar que essa é a minha vida até que eu tenha um plano conciso para sair dela.Finalmente chegou minha hora de ir para casa, só de pensar que nas próximas semanas começarei a fazer escala noturna meu estômago revira, dizem que é quando vem os piores clientes.Lucas me busca como de costume, e para minha surpresa ele está com o humor agradável, cumprimento-o e ele faz um carinho sutil em meu rosto, gesto que me arranca um sorriso involuntário.— Cansada? — Ele pergunta enquanto dirige, nessas horas eu esqueço todos os problemas do mundo, ter a atenção e o cuidado do Lucas é tudo que mais almejei na vida.— Sim meu amor, mas faz parte do processo né? Vida, ao chegar em casa quero conversar com você… — Digo receosa, contudo não posso deixar de lado.Eu e minha boca, podia ter esperado chegar em casa para tocar nesse assunto, nem falei sobre o que é e ele já está me olhando ir
Boa coisa não posso esperar, Lucas anda cada dia pior e mais agressivo, preciso pisar em ovos com ele para não ser espancada até desmaiar.Me arrumo e faço exatamente o que ele me ordenou, assim que chego do pai dele ele me chama para irmos. A única coisa que consigo sentir é medo, meu corpo repulsa toda e qualquer ideia positiva que tento formar, mas é compreensível dados os últimos acontecimentos.Percorremos várias ruas, e pegamos a estrada para a saída da cidade, quando percebo que estamos nos afastando sinto minha barriga gelar e meu coração errar as batidas.— Onde vamos? — Arrisco perguntar.— Só espera meu amor, você já vai ver! — Lucas responde puxando minha mão e colocando sobre a perna dele.Não insisto, fixo meu olhar na via movimentada e dou espaço aos meus pensamentos, neste momento me vejo imaginando meus atendimentos ao Pedro, repreendo essa insanidade e volto a pensar nas mudanças da minha vida.Depois de alguns quilômetros paramos em um pesque e pague, desço do carro
As marcas em meu corpo estão cada vez mais difíceis de ser escondidas, mas me esforço, por vezes preciso pedir ajuda de Vivi para passar maquiagem nas minhas costas.Por mais que eu tivesse evitado ao máximo contar sobre as agressões que venho sofrendo, chegou em um ponto em que eu não tinha como esconder, ela está revoltada com Lucas e vive me cobrando uma atitude, porém não quero deixar meu marido.— Da vontade de te bater! Cara, tu é linda, jovem, inteligente e tem um futuro pela frente, eu sei que você não está aqui por escolha sua, mete o pé, deixa esse babaca e vai atrás da sua felicidade. — Vivi fala enquanto cobre as marcas nas minhas costas.— Ele vai mudar… ele me prometeu! — Começo a argumentar, mas paro quando ela me olha brava.—Para Luna, tem um mês que você está aqui e todo dia você tem um novo hematoma, os dias que ele não te bateu não enchem os dedos de uma mão.Vivi se tornou uma confidente, sou grata por tê-la aqui para me ajudar e me aconselhar, mesmo que eu não si
Entro no escritório, que é o único cômodo onde existe um mínimo de privacidade, Vivi não está com cara de muitos amigos, um medo cortante atravessa meu coração, será que Lucas disse algo que possa me prejudicar com a louca da Samantha? Não, ele não faria isso, não faria mesmo.— Eu vou conversar com a Thamires, não com a Luna e se eu estou me dando ao trabalho de falar é porque eu me importo, menina você não tem juízo?— Não estou aberta a sermões! — Respondo. — Thamires, presta atenção na sua vida garota, você viu o que você fez hoje? A vida está te dando uma oportunidade de ser feliz e você não está valorizando. Menina o Pedro é milionário, aqueles presentes não fizeram nem cócegas no bolso dele, mas ainda que você não ficasse, que só pegasse e vendesse você teria mais dinheiro do que trabalhar um ano aqui— Ela fala e se senta em minha frente, visivelmente irritada.Eu tento retrucar e falar alguma coisa a mais, contudo sou interrompida e lavada com as verdades mais doloridas que e
Estou sentada conversando com Vivi, Jaddy está viajando para atender em outra filial, quem está no lugar dela é Ana, não tenho nada contra, mas ela não me transpira confiança.— Seu paciente está a caminho, Ana! — Vivi avisa, assim que ela passa para a copa, já pronta para o atendimento.— Certo, vou apenas beber uma água! — Ela responde.Não demorou até que o paciente parasse na porta, Ana correu para atendê-lo, olhei de relance para ver se conhecia, mas foi muito pior do que pude imaginar.— Pedro! — A surpresa saiu quase inaudível.Ele cumprimentou Vivi e acompanha a terapeuta, ele ignorou completamente a minha presença, fico incrédula, Ana me lança um olhar de deboche e nesse momento eu consigo odiá-la.— Luna, ele não quis ser atendido por você, eu tentei, mas entenda que você está se desfazendo dele. — Vivi fala me olhando com carinho.— Tudo bem! — Respondo visivelmente chateada. Saio da recepção e me deito no quarto, tento me convencer de que está tudo bem e que ele é apenas