Corro os olhos por todo o ambiente, as crianças não estão em casa, dou um passo atrás, mas Lucas se levanta e me puxa pelo braço.
— Então agora você quer me humilhar na frente das pessoas? — Ele pergunta segurando meu cabelo e me fazendo olhar para ele.
— Isso é o que você está fazendo comigo, não o contrário, me solta Lucas! — Peço me contorcendo de dor.
— Eu quero saber exatamente o porquê de você estar em casa hora dessas e da sua patroa me ligar dizendo que você causou constrangimento ao paciente, começa a falar! — Ele fala muito alterado e me j**a com força no sofá.
Olho amedrontada e começo a falar que não quero mais esse emprego e que não vou mais voltar, Lucas me olha de um jeito assustador.
Ele me pega pelos braços, me sacode e soca minha face fazendo sangrar, levo a mão ao rosto e me desperto em choro ao sentir o sangue descendo e sujar minha roupa e o chão. Lucas me olha confuso e me abraça, instantaneamente começa a me pedir perdão e dizer que me ama.
— Me solta, Lucas! — Eu peço entre dentes tentando me levantar.
— Me perdoa, eu nunca mais farei novamente. — Ele diz e me solta.
Corro no banheiro, tranco a porta e tomo um banho demorado, deixo que as lágrimas de dor e desespero lavem minha alma. Saio enrolada na toalha e abro a gaveta procurando por um band-aid, coloco no corte que é relativamente profundo e então mando mensagem para que minha mãe pedindo que ela durma com as crianças hoje.
— Amor, deita aqui comigo? — Lucas pergunta e eu ignoro.
Visto minha roupa e ele vem até mim, começa a beijar meus pés subindo por minhas coxas, corpo e parando na boca, ele sabe como me deixar vulnerável. A cada toque de carinho meu humor vai mudando e em pouco tempo estou bem na dele, esquecendo completamente toda raiva que estava sentido.
Eu o amo e não quero perder meu marido, sei que ele não tem sido um exemplo de homem e por mais que eu tente acreditar que eu mereça mais, parece que é eu quem sou a errada em cogitar desistir.
Lucas me puxa para junto dele na cama, corre sua mão em meu corpo tirando peça por peça, num piscar de olhos me recordo da agressão e então o afasto de mim, mas ele insiste, me levanto rapidamente e começo a pegar minhas roupas que ele já havia tirado. Inconformado com minha atitude meu marido se levantanatrás de mim e me puxa de volta para a cama, ele se deita sobre mim, mesmo eu tentando relutar.
— Não quer se deitar comigo? Está transando com seus pacientes? — Lucas pergunta com um timbre agressivo.
— Claro que não! Me respeita!— Respondo enquanto empurro seu corpo de cima de mim.
— Não adianta me empurrar, eu sou seu marido, eu tenho direito de satisfazer minhas vontades quando precisar e eu quero agora. — Lucas diz forçando uma relação.
Ele coloca a mão em minha boca e consuma o ato em meio a estocadas e palavras de amor e carinho, como eu gostaria de ouvir essas palavras em outras circunstancias. Lucas não tinha o direito de fazer isso comigo, não o homem que eu amo, não a pessoa que deveria me proteger.
Uma lagrima desce em meu rosto e eu permaneço parada rezando para que isso acabe logo, finalmente ele sai de cima de mim, quamdo penso que ele me deixaria quieta ele simplesmente me abraça com ternura e beija meu pescoço.
— Te amo, Tamires! Eu te escolhi para ser minha mulher e a mãe dos meus filhos, nunca quis te fazer mal algum. — Ele diz baixinho me aconchegando em seu peito.
Comovida com o carinho qu eestou recebndo me abraço a ele e pouso minha cabeça sobre ele aceitando o afeto que tem me dedicado, é tão raro que não quero deixar pasar. Adormeço e quando acordo Lucas já não está na cama, não vi a que horas saiu, meu rosto está doendo e eu ainda preciso esconder isso para ir ao meu inferno pessoal.
Entro no banheiro, tomo um banho e faço uma maquiagem quase profissional para tampar esse corte e e as marcas roxas espalhadas em minha face, lagrimas insistem em rolar quando me recordo, seco-as e decidi não pensar mais nisso, pois me indigna que eu não tome uma atitude mais drastica.
Talvez Lucas tenha razão, eu sou uma covarde que sequer tenho coragem de ir embora para sempre, será que estou acomodada ao que estou recebendo? Ou será que eu não esteja me dando oo valor necessário?
Tomo um café rapidamente, pois perdi muito tempo me arrumando e começo a pedir um acrro por aplicativo, mas não foi preciso, Lucas chega para me levar, entro no carro em silêncio, ele me puxa com carinho e dá um beijo na bochecha, como se nada tivesse acontecido, como se ele não tivesse saido sabe se lá que horas ou que não está com perfume de outra em seu corpo.
— Você está linda meu amor! — Lucas diz colocando a mão em minha coxa enquanto dirige.
— Hum! — É tudo que consigo dizer sem colocar para fora toda mágoa que estou sentindo.
Faço todo o trajeto ignorando Lucas, espero que hoje seja um dia tranquilo com poucos pacientes, não estou com clima para atendimento, antes de descer do carro meu marido me beija e diz coisas deicadas em meu ouvido e faz outro pedido de desculpas sobre a noite passada.
Entro e Vivi me olha assustada, vem a passos largos e me puxa pelo braço até o quarto, a acompanho sem entender, ela seque respondeu meu cumprimento.
— Aí, o que está acontecendo? — Pergunto assustada e a soltando do meu braço.
— O que houve? Não vai me dizer que essa maquiagem toda é para esconder machucados? — Ela pergunta com a expressão preocupada.
— Não! — Minto, não me sinto confortavel em dizer isso as pessoas.
— Assim eu espero, se não é nada se arruma seu primeiro do dia é o Pedro, ele começou a vir com mais frequência e só quer ser atendido por você, acho que está interessado.— Ela fala com um riso quebrando o climão.
Me arrumo e vou recebê-lo, ele me olha com a mesma expressão de assutado da Vivi, porém sorri e me cumprimenta com carinho, entramos para o quarto e antes de começar o atendimento ele me surpreende com um abraço.
— Vamos conversar sobre essa sombra no seu coração? — Ele me pergunta segurando minhas mãos.
Pedro é um excelente paciente, sempre delicado e carismático, não avança limites e tem uma conversa saudável, porém não posso desabafar com ele, aqui nunca sabemos quando é um cliente de verdade ou um teste para ver nossa conduta e ele é um dos mais antigos da casa.— Não há sombras aqui, me fala de você, do seu dia, do serviço… — Mudo o rumo da conversa pegando em suas mãos, sentando-nos nas poltronas frente a frente no quarto.— Sabemos que há, mas se não se sente segura em conversar sobre isso eu respeito sua decisão, não está mais aqui quem lhe perguntou. — Ele diz levantando as duas mãos em sinal de rendição. — Meus dias são solitários e frios, só ganham sentido quando estou sob seus cuidados, a melhor massagem é só você quem faz— Ele me elogia e me arranca um sorriso sincero.Dentre todos os atendimentos que fiz desde que cheguei, Pedro é o único com quem não me sinto humilhada ou desconfortável, enquanto conversamos começo a tirar sua roupa e lhe entrego uma toalha para que ele
Paro o que estou fazendo e fico refletindo sobre a última vez que fui embora, melhor eu segurar minha emoção e aceitar que essa é a minha vida até que eu tenha um plano conciso para sair dela.Finalmente chegou minha hora de ir para casa, só de pensar que nas próximas semanas começarei a fazer escala noturna meu estômago revira, dizem que é quando vem os piores clientes.Lucas me busca como de costume, e para minha surpresa ele está com o humor agradável, cumprimento-o e ele faz um carinho sutil em meu rosto, gesto que me arranca um sorriso involuntário.— Cansada? — Ele pergunta enquanto dirige, nessas horas eu esqueço todos os problemas do mundo, ter a atenção e o cuidado do Lucas é tudo que mais almejei na vida.— Sim meu amor, mas faz parte do processo né? Vida, ao chegar em casa quero conversar com você… — Digo receosa, contudo não posso deixar de lado.Eu e minha boca, podia ter esperado chegar em casa para tocar nesse assunto, nem falei sobre o que é e ele já está me olhando ir
Boa coisa não posso esperar, Lucas anda cada dia pior e mais agressivo, preciso pisar em ovos com ele para não ser espancada até desmaiar.Me arrumo e faço exatamente o que ele me ordenou, assim que chego do pai dele ele me chama para irmos. A única coisa que consigo sentir é medo, meu corpo repulsa toda e qualquer ideia positiva que tento formar, mas é compreensível dados os últimos acontecimentos.Percorremos várias ruas, e pegamos a estrada para a saída da cidade, quando percebo que estamos nos afastando sinto minha barriga gelar e meu coração errar as batidas.— Onde vamos? — Arrisco perguntar.— Só espera meu amor, você já vai ver! — Lucas responde puxando minha mão e colocando sobre a perna dele.Não insisto, fixo meu olhar na via movimentada e dou espaço aos meus pensamentos, neste momento me vejo imaginando meus atendimentos ao Pedro, repreendo essa insanidade e volto a pensar nas mudanças da minha vida.Depois de alguns quilômetros paramos em um pesque e pague, desço do carro
As marcas em meu corpo estão cada vez mais difíceis de ser escondidas, mas me esforço, por vezes preciso pedir ajuda de Vivi para passar maquiagem nas minhas costas.Por mais que eu tivesse evitado ao máximo contar sobre as agressões que venho sofrendo, chegou em um ponto em que eu não tinha como esconder, ela está revoltada com Lucas e vive me cobrando uma atitude, porém não quero deixar meu marido.— Da vontade de te bater! Cara, tu é linda, jovem, inteligente e tem um futuro pela frente, eu sei que você não está aqui por escolha sua, mete o pé, deixa esse babaca e vai atrás da sua felicidade. — Vivi fala enquanto cobre as marcas nas minhas costas.— Ele vai mudar… ele me prometeu! — Começo a argumentar, mas paro quando ela me olha brava.—Para Luna, tem um mês que você está aqui e todo dia você tem um novo hematoma, os dias que ele não te bateu não enchem os dedos de uma mão.Vivi se tornou uma confidente, sou grata por tê-la aqui para me ajudar e me aconselhar, mesmo que eu não si
Entro no escritório, que é o único cômodo onde existe um mínimo de privacidade, Vivi não está com cara de muitos amigos, um medo cortante atravessa meu coração, será que Lucas disse algo que possa me prejudicar com a louca da Samantha? Não, ele não faria isso, não faria mesmo.— Eu vou conversar com a Thamires, não com a Luna e se eu estou me dando ao trabalho de falar é porque eu me importo, menina você não tem juízo?— Não estou aberta a sermões! — Respondo. — Thamires, presta atenção na sua vida garota, você viu o que você fez hoje? A vida está te dando uma oportunidade de ser feliz e você não está valorizando. Menina o Pedro é milionário, aqueles presentes não fizeram nem cócegas no bolso dele, mas ainda que você não ficasse, que só pegasse e vendesse você teria mais dinheiro do que trabalhar um ano aqui— Ela fala e se senta em minha frente, visivelmente irritada.Eu tento retrucar e falar alguma coisa a mais, contudo sou interrompida e lavada com as verdades mais doloridas que e
Estou sentada conversando com Vivi, Jaddy está viajando para atender em outra filial, quem está no lugar dela é Ana, não tenho nada contra, mas ela não me transpira confiança.— Seu paciente está a caminho, Ana! — Vivi avisa, assim que ela passa para a copa, já pronta para o atendimento.— Certo, vou apenas beber uma água! — Ela responde.Não demorou até que o paciente parasse na porta, Ana correu para atendê-lo, olhei de relance para ver se conhecia, mas foi muito pior do que pude imaginar.— Pedro! — A surpresa saiu quase inaudível.Ele cumprimentou Vivi e acompanha a terapeuta, ele ignorou completamente a minha presença, fico incrédula, Ana me lança um olhar de deboche e nesse momento eu consigo odiá-la.— Luna, ele não quis ser atendido por você, eu tentei, mas entenda que você está se desfazendo dele. — Vivi fala me olhando com carinho.— Tudo bem! — Respondo visivelmente chateada. Saio da recepção e me deito no quarto, tento me convencer de que está tudo bem e que ele é apenas
Chego no espaço com o corpo ainda dolorido, Lucas me deu uns sacode sabe Deus por qual razão, felizmente mais leve que os últimos, me alegro ao ver que Jaddy está de volta, se eu pudesse escolher ela nunca iria para outras cidades.— Voltei, agora senta aqui e me conta todos os babados, sei que rolou muita água aqui — Jaddy fala puxando uma cadeira e olhando para o relógio na parede da copa— ainda temos um tempinho até começar os atendimentos.Como sei que não conseguirei fugir dessa fofoca atualizo-a sobre tudo que aconteceu e deixo claro a falta que ela faz quando está longe, só não falo sobre as violências do Lucas que se tornaram frequentes e mais intensas, não quero ouvir julgamentos, não hoje e não agora.— Mas conta para gente, rolou ou não? — Vivi pergunta animada querendo saber se transei com Pedro.— Não, eu não transei com ele, se é isso que as minhas fofoqueiras favoritas estão querendo saber! — Corto a esperança delas.— Se toca Luna, vai deixar o boy cansar do seu joguin
Eu só posso ter jogado pedra na Cruz, não aguento mais tanta pancadaria, meu Deus! — Para Lucas, pelo amor de tudo que é mais sagrado, para! — Eu imploro enquanto ele me joga de um lado para o outro sem sequer ouvir o que estou falando.— Vagabunda! Você é uma vergonha na minha vida, um desgosto atrás do outro. — Ele fala e eu fico sem entender.— O que eu fiz? Para… por favor, para! — Peço com a voz embargada pelo choro.— Agora não sabe o que fez? Tadinha dela, tão pura e tão inocente! Quem não te conhece que te compre, você é a mais pilantra de todas que já conheci, aquelas que fazem e posam de boa moça. — Ele fala e me joga contra a parede, minhas vistas ficam escuras e eu desmaio.Não sei quanto tempo fico jogada no chão,as acordo com a voz do Lucas no telefone, ele está tão fofo e calmo, sinto inveja da pessoa do outro lado da linha, ainda que não faça ideia de quem seja.— Esse adjeto ruim está aqui, dei uma sova bem dada para aprender a me respeitar, agora tá ali fingindo est