Boa coisa não posso esperar, Lucas anda cada dia pior e mais agressivo, preciso pisar em ovos com ele para não ser espancada até desmaiar.Me arrumo e faço exatamente o que ele me ordenou, assim que chego do pai dele ele me chama para irmos. A única coisa que consigo sentir é medo, meu corpo repulsa toda e qualquer ideia positiva que tento formar, mas é compreensível dados os últimos acontecimentos.Percorremos várias ruas, e pegamos a estrada para a saída da cidade, quando percebo que estamos nos afastando sinto minha barriga gelar e meu coração errar as batidas.— Onde vamos? — Arrisco perguntar.— Só espera meu amor, você já vai ver! — Lucas responde puxando minha mão e colocando sobre a perna dele.Não insisto, fixo meu olhar na via movimentada e dou espaço aos meus pensamentos, neste momento me vejo imaginando meus atendimentos ao Pedro, repreendo essa insanidade e volto a pensar nas mudanças da minha vida.Depois de alguns quilômetros paramos em um pesque e pague, desço do carro
As marcas em meu corpo estão cada vez mais difíceis de ser escondidas, mas me esforço, por vezes preciso pedir ajuda de Vivi para passar maquiagem nas minhas costas.Por mais que eu tivesse evitado ao máximo contar sobre as agressões que venho sofrendo, chegou em um ponto em que eu não tinha como esconder, ela está revoltada com Lucas e vive me cobrando uma atitude, porém não quero deixar meu marido.— Da vontade de te bater! Cara, tu é linda, jovem, inteligente e tem um futuro pela frente, eu sei que você não está aqui por escolha sua, mete o pé, deixa esse babaca e vai atrás da sua felicidade. — Vivi fala enquanto cobre as marcas nas minhas costas.— Ele vai mudar… ele me prometeu! — Começo a argumentar, mas paro quando ela me olha brava.—Para Luna, tem um mês que você está aqui e todo dia você tem um novo hematoma, os dias que ele não te bateu não enchem os dedos de uma mão.Vivi se tornou uma confidente, sou grata por tê-la aqui para me ajudar e me aconselhar, mesmo que eu não si
Entro no escritório, que é o único cômodo onde existe um mínimo de privacidade, Vivi não está com cara de muitos amigos, um medo cortante atravessa meu coração, será que Lucas disse algo que possa me prejudicar com a louca da Samantha? Não, ele não faria isso, não faria mesmo.— Eu vou conversar com a Thamires, não com a Luna e se eu estou me dando ao trabalho de falar é porque eu me importo, menina você não tem juízo?— Não estou aberta a sermões! — Respondo. — Thamires, presta atenção na sua vida garota, você viu o que você fez hoje? A vida está te dando uma oportunidade de ser feliz e você não está valorizando. Menina o Pedro é milionário, aqueles presentes não fizeram nem cócegas no bolso dele, mas ainda que você não ficasse, que só pegasse e vendesse você teria mais dinheiro do que trabalhar um ano aqui— Ela fala e se senta em minha frente, visivelmente irritada.Eu tento retrucar e falar alguma coisa a mais, contudo sou interrompida e lavada com as verdades mais doloridas que e
Estou sentada conversando com Vivi, Jaddy está viajando para atender em outra filial, quem está no lugar dela é Ana, não tenho nada contra, mas ela não me transpira confiança.— Seu paciente está a caminho, Ana! — Vivi avisa, assim que ela passa para a copa, já pronta para o atendimento.— Certo, vou apenas beber uma água! — Ela responde.Não demorou até que o paciente parasse na porta, Ana correu para atendê-lo, olhei de relance para ver se conhecia, mas foi muito pior do que pude imaginar.— Pedro! — A surpresa saiu quase inaudível.Ele cumprimentou Vivi e acompanha a terapeuta, ele ignorou completamente a minha presença, fico incrédula, Ana me lança um olhar de deboche e nesse momento eu consigo odiá-la.— Luna, ele não quis ser atendido por você, eu tentei, mas entenda que você está se desfazendo dele. — Vivi fala me olhando com carinho.— Tudo bem! — Respondo visivelmente chateada. Saio da recepção e me deito no quarto, tento me convencer de que está tudo bem e que ele é apenas
Chego no espaço com o corpo ainda dolorido, Lucas me deu uns sacode sabe Deus por qual razão, felizmente mais leve que os últimos, me alegro ao ver que Jaddy está de volta, se eu pudesse escolher ela nunca iria para outras cidades.— Voltei, agora senta aqui e me conta todos os babados, sei que rolou muita água aqui — Jaddy fala puxando uma cadeira e olhando para o relógio na parede da copa— ainda temos um tempinho até começar os atendimentos.Como sei que não conseguirei fugir dessa fofoca atualizo-a sobre tudo que aconteceu e deixo claro a falta que ela faz quando está longe, só não falo sobre as violências do Lucas que se tornaram frequentes e mais intensas, não quero ouvir julgamentos, não hoje e não agora.— Mas conta para gente, rolou ou não? — Vivi pergunta animada querendo saber se transei com Pedro.— Não, eu não transei com ele, se é isso que as minhas fofoqueiras favoritas estão querendo saber! — Corto a esperança delas.— Se toca Luna, vai deixar o boy cansar do seu joguin
Eu só posso ter jogado pedra na Cruz, não aguento mais tanta pancadaria, meu Deus! — Para Lucas, pelo amor de tudo que é mais sagrado, para! — Eu imploro enquanto ele me joga de um lado para o outro sem sequer ouvir o que estou falando.— Vagabunda! Você é uma vergonha na minha vida, um desgosto atrás do outro. — Ele fala e eu fico sem entender.— O que eu fiz? Para… por favor, para! — Peço com a voz embargada pelo choro.— Agora não sabe o que fez? Tadinha dela, tão pura e tão inocente! Quem não te conhece que te compre, você é a mais pilantra de todas que já conheci, aquelas que fazem e posam de boa moça. — Ele fala e me joga contra a parede, minhas vistas ficam escuras e eu desmaio.Não sei quanto tempo fico jogada no chão,as acordo com a voz do Lucas no telefone, ele está tão fofo e calmo, sinto inveja da pessoa do outro lado da linha, ainda que não faça ideia de quem seja.— Esse adjeto ruim está aqui, dei uma sova bem dada para aprender a me respeitar, agora tá ali fingindo est
Eu estou quase ficando louca, já não tenho onde procurar pistas de com quem Lucas está se relacionando, quem é essa mulher que conseguiu se por entre nós dois. Já faz mais de uma semana que o meu marido não dorme em casa, só o vejo nos horários de ir trabalhar ou voltar para casa, ele não me permite sequer ir ver nossos filhos na casa da minha mãe.Preciso dar um jeito nisso, resgatar o homem que ele era e reconstituir a minha casa, o meu lar. As pessoas não entendem o porquê de eu estar suportando tudo isso, mas a questão é que eu o amo e acredito em Deus, fui uma tola e destruí a minha casa, agora estou tentando reconstruir.O trabalho é um caos, me destrói por dentro e por fora, eu cedi às tentações e trai o meu marido, ainda não acredito que beijei outro homem, contudo aceito para que Lucas veja meu empenho em ajudar e possa me ver com outros olhos, não como a inútil e covarde que ele sempre disse que sou. Essa semana eu recebo, se ele pegar o dinheiro eu não vou reclamar, ele é
Será que agora eu tenho um fio para seguir? Prefiro não comentar com Vivi sobre as minhas suspeitas, pois se for mesmo a Samantha, mesmo que ela saiba não irá me dizer.O senhor Tavares não apareceu no espaço, já tem quase uma semana dele aqui na cidade e coincidentemente o mesmo número de dias que Lucas está dormindo em casa.Estou observando cada detalhe, embora um pouco irritado ao menos ele não anda me batendo, o que é ótimo. Com essa nova perspectiva percebo que se eu o reconquistar ele não vai me agredir, eu sabia que ele só tá fazendo isso por influência externa, no caso a Samantha, se minha intuição tiver certa, mas espero de verdade que não seja.— Quando seu Tavares vai embora? — Pergunto para Vivi, que me olha assustada.— Não faço ideia! Por que?— Ela me responde com um ar de preocupação.— Nada não! — Dou de ombros e saio, deixando-a sozinha.Vivi da alguns passos para me alcançar, mas volta para atender o telefone que começa a tocar, agradeço ao universo por isso. Não p