Cega de raiva, olho impaciente para Lucas que me olha com um sorriso sarcástico e me puxa pelo braço para dentro de uma sala, reluto em entrar mas sou arrastada com força.
— O que é isso Lucas, me solta! Eu quero ir para casa. — imploro com lágrimas.
Ele fecha a porta e me empurra num sofá, me olha furioso e aponta o dedo em minha cara falando com muita ira entre os dentes.
— Olha aqui, você vai trabalhar sim… Você não queria tanto fazer alguma coisa fora de casa? Pois bem, tá aí o emprego que você tanto queria.
— Eu não vou fazer isso, não vou! — Falo alto, quase gritando.
— Você vai, e eu não estou perguntando se quer, eu estou dizendo que vai e pronto… Não tem nada de mais, você será uma terapeuta, tá se apegando demais a crenças limitantes. Agora seca o rosto, coloca um sorriso nos lábios, seja uma boa garota… Entra naquela sala pede desculpas e aceita sua vaga, estarei lhe esperando aqui fora, não demora! — Ele fala segurando meu queixo com força e me olhando nos olhos, sua voz tem um timbre ameaçador, nunca o vi assim antes.
Com o coração na mão, coagida por Lucas e sem saber o que fazer, me levantei devagarinho e fiz o que ele me mandou. Ainda estou em choque, nunca imaginei que o homem da minha vida me colocaria em uma situação como essa.
Na sala a mulher me faz assinar um contrato de serviço quase escravocrata, o qual falta cobrar o oxigênio que respiro dentro do espaço e depois pede que a recepcionista me apresente o local.
Entro nos quartos e fico surpresa, são lindos com um aroma sedutor e música relaxante, jogo de luzes harmônico, tudo transmite uma paz que até me esqueço o que de fato acontece aqui.
Após ver o último quarto sou levada para a recepção, onde conheço Jaddy, a minha instrutora de massagem, a mulher é linda e tão tranquila, me perco nos pensamentos observando ela.
— Não precisa ficar assustada, logo você pega o jeito.— Ela diz com um sorriso acolhedor.
— Não tem como não ficar, meu marido quer que eu vire uma prostituta! — Quando percebi já tinha falado, só coloquei a mão na boca e olhei para ver se ele ouviu.
— Terapêuta, você não vai transar com os pacientes! — Jaddy me corrige em tom brando e cuidando para que Lucas não ouça, já gostei dela.
— Mas minha função é fazê-los gozar! — retruco decepcionada.
— Faz assim, chegar em casa você assiste alguns vídeos no YouTube, tenta manter a mente aberta, você vai fazer massagem tântrica e massagem Nuru, não há mal nisso, é saúde, você não é uma prostituta e sim uma terapêuta —Ana explica tentando me acalmar, mas não funciona muito.
— Mas… — Somos interrompidas por Lucas e eu me calo.
— Ainda demora? Preciso resolver umas coisas! — A voz dele está normal de novo, isso tranquiliza meu coração.
— Já terminamos, pode ir Luna, amanhã te espero às 8h para começarmos os treinamentos. — Ana sinaliza, e eu me levanto.
— Até amanhã!
Me levanto e saio tentando alcançar Lucas que está um pouco a frente, quando o portão se abre tem um carro entrando na garagem, encaro para ver quem é, o homem abaixa o vidro e fica me encarando, tento desviar o olhar, mas algo me prende.
Saio do transe quando sou puxada por Lucas que exibe uma expressão irritada além do toque violento.
— Quem é ele? — A primeira coisa que Lucas me pergunta depois que saímos de casa.
— Não sei! — respondo e sinto as bochechas corar.
— Não sabe e olhou daquele jeito? Imagina se soubesse… vai lá nele! — Lucas fala me beliscando enquanto entramos no carro para irmos embora.
Em casa tudo é ainda pior, tento por tudo argumentar que aquele não é o serviço que uma mãe de família deve exercer, para cada vez que eu tento retrucar é uma retaliação violenta.
Passo a noite em claro, graças a Deus Lucas saiu para rua a fim de resolver os corres dele e me deixou em paz com meus pensamentos.
Como não encontrei uma saída para essa situação, assisti a diversos tutoriais, fiz alguns testes em travesseiros e sinceramente espero que dê tudo certo amanhã. O sono toma conta do meu corpo e eu durmo mesmo sabendo que em pouco tempo já terei de levantar.
— Amor, acorda! Já está quase na hora de você trabalhar… trouxe café da manhã!— Lucas me chama e eu vejo que já são seis da manhã, lamentável que as horas tenha voado, pois estou um caco.
— Já vou levantar. — resmungo e me viro.
A necessidade de mais algumas horas na cama é evidente, contudo não quero mais desgaste e confusão, o melhor que faço é aceitar até que eu encontre uma saída.
Tomo um banho caprichado, pego itens do figurino conforme as orientações recebidas e tomo café com Lucas, ele está com um sorriso de orelha a orelha, mas sua áurea anda pesada.
O trajeto é todo feito em silêncio, e isso me deixa louca. Queria entender o porquê dele aceitar isso, na minha cabeça não faz sentido algum.
— Bom trabalho, hoje não vou ficar com você, tenho uns corres para resolver. — Lucas fala me dando um beijo na testa e logo após para na porta da casa.
— Não tem como ser bom, mas obrigada! — respondo séria e saio batendo a porta do carro.
Assim que entro no espaço vejo que o carro de ontem está aqui, sinto um frio percorrer a barriga e um sorriso tímido formar em meus lábios.
Sou recebida por Jaddy, que está em uma camisola preta com transparência, as vestes dela me assustam mas eu tento manter a naturalidade, repito para mim mesmo que está tudo bem e será como tiver de ser, esse é meu mantra diário a partir de agora.
Entro e me visto de acordo com as escolhas de Jaddy, vamos ao treinamento para ser terapeuta.
— Pronta? — Jaddy pergunta com um sorriso tão sincero.
— Com medo, porém pronta! — respondo torcendo as mãos.
— Certo! Primeiro vamos ver a parte teórica de tudo e por fim vamos massagear um cliente antigo da casa para que ele possa assegurar suas habilidades.
Entro em um quarto acompanhada por Jady, estou tomada pelo nervosismo minhas mãos estão suando e minhas pernas bambas, basicamente a mesma sensação de quando era adolescente e ia beijar um garoto atrás da escola.Estou vestida em uma calcinha fio dental, toda trabalhada em pedras de strass e um top em transparência, por cima uma camisola extremamente sexy de cor preta, seguindo o mesmo padrão do conjunto, acredito que nunca usei uma combinação tão ousada antes.Ao lado da cama há duas poltronas, em uma delas o homem do dia anterior está sentado, ao pousar meus olhos sobre ele sinto minha respiração tomar um ritmo mais acelerado e meus pensamentos ficarem bagunçados.— Luna esse é o Pedro, Pedro essa é a Luna! Hoje vou treiná-la e de agora agradeço muito por se dispor a ser nossa cobaia— Jady nos apresenta e sorri apertando a mão dele que agora está de pé em nossa frente.— Não imagina o quanto estou sofrendo! — Ele brinca fazendo mímica com as mãos.Com delicadeza de gestos e suavidad
A massagem e a agressividade de Lucas passaram a fazer parte da minha vida, uma semana acariciando corpos nus, uma semana do meu pior pesadelo e meu marido achando normal, todas as vezes que o confronto ele me agride, me humilha e me diminui como mãe, mulher e profissional.— Eu vou sumir da sua vida, quando você menos esperar eu já não estarei aqui. — eu digo enquanto tomo uma xícara de café antes de ir trabalhar.— Nem disso você é capaz, você me ama e sabe que eu também te amo, nascemos um para o outro, eu nunca permitirei que você saia da minha vida— Lucas fala em um misto de doçura e acidez que me assombra.— Ah meu querido, eu não apostaria nisso! — Respondo revirando os olhos e me levanto para sair de casa.Desde que comecei a trabalhar, meus filhos passam o dia na casa dos avós, Lucas me leva e me busca mesmo eu dizendo que prefiro pedir um Uber ou usar ônibus, hoje ele não disse nada o trajeto todo.Chego no serviço, a Jady está viajando para atender em outra cidade e meu san
Corro os olhos por todo o ambiente, as crianças não estão em casa, dou um passo atrás, mas Lucas se levanta e me puxa pelo braço.— Então agora você quer me humilhar na frente das pessoas? — Ele pergunta segurando meu cabelo e me fazendo olhar para ele.— Isso é o que você está fazendo comigo, não o contrário, me solta Lucas! — Peço me contorcendo de dor.— Eu quero saber exatamente o porquê de você estar em casa hora dessas e da sua patroa me ligar dizendo que você causou constrangimento ao paciente, começa a falar! — Ele fala muito alterado e me joga com força no sofá.Olho amedrontada e começo a falar que não quero mais esse emprego e que não vou mais voltar, Lucas me olha de um jeito assustador.Ele me pega pelos braços, me sacode e soca minha face fazendo sangrar, levo a mão ao rosto e me desperto em choro ao sentir o sangue descendo e sujar minha roupa e o chão. Lucas me olha confuso e me abraça, instantaneamente começa a me pedir perdão e dizer que me ama.— Me solta, Lucas! —
Pedro é um excelente paciente, sempre delicado e carismático, não avança limites e tem uma conversa saudável, porém não posso desabafar com ele, aqui nunca sabemos quando é um cliente de verdade ou um teste para ver nossa conduta e ele é um dos mais antigos da casa.— Não há sombras aqui, me fala de você, do seu dia, do serviço… — Mudo o rumo da conversa pegando em suas mãos, sentando-nos nas poltronas frente a frente no quarto.— Sabemos que há, mas se não se sente segura em conversar sobre isso eu respeito sua decisão, não está mais aqui quem lhe perguntou. — Ele diz levantando as duas mãos em sinal de rendição. — Meus dias são solitários e frios, só ganham sentido quando estou sob seus cuidados, a melhor massagem é só você quem faz— Ele me elogia e me arranca um sorriso sincero.Dentre todos os atendimentos que fiz desde que cheguei, Pedro é o único com quem não me sinto humilhada ou desconfortável, enquanto conversamos começo a tirar sua roupa e lhe entrego uma toalha para que ele
Paro o que estou fazendo e fico refletindo sobre a última vez que fui embora, melhor eu segurar minha emoção e aceitar que essa é a minha vida até que eu tenha um plano conciso para sair dela.Finalmente chegou minha hora de ir para casa, só de pensar que nas próximas semanas começarei a fazer escala noturna meu estômago revira, dizem que é quando vem os piores clientes.Lucas me busca como de costume, e para minha surpresa ele está com o humor agradável, cumprimento-o e ele faz um carinho sutil em meu rosto, gesto que me arranca um sorriso involuntário.— Cansada? — Ele pergunta enquanto dirige, nessas horas eu esqueço todos os problemas do mundo, ter a atenção e o cuidado do Lucas é tudo que mais almejei na vida.— Sim meu amor, mas faz parte do processo né? Vida, ao chegar em casa quero conversar com você… — Digo receosa, contudo não posso deixar de lado.Eu e minha boca, podia ter esperado chegar em casa para tocar nesse assunto, nem falei sobre o que é e ele já está me olhando ir
Boa coisa não posso esperar, Lucas anda cada dia pior e mais agressivo, preciso pisar em ovos com ele para não ser espancada até desmaiar.Me arrumo e faço exatamente o que ele me ordenou, assim que chego do pai dele ele me chama para irmos. A única coisa que consigo sentir é medo, meu corpo repulsa toda e qualquer ideia positiva que tento formar, mas é compreensível dados os últimos acontecimentos.Percorremos várias ruas, e pegamos a estrada para a saída da cidade, quando percebo que estamos nos afastando sinto minha barriga gelar e meu coração errar as batidas.— Onde vamos? — Arrisco perguntar.— Só espera meu amor, você já vai ver! — Lucas responde puxando minha mão e colocando sobre a perna dele.Não insisto, fixo meu olhar na via movimentada e dou espaço aos meus pensamentos, neste momento me vejo imaginando meus atendimentos ao Pedro, repreendo essa insanidade e volto a pensar nas mudanças da minha vida.Depois de alguns quilômetros paramos em um pesque e pague, desço do carro
As marcas em meu corpo estão cada vez mais difíceis de ser escondidas, mas me esforço, por vezes preciso pedir ajuda de Vivi para passar maquiagem nas minhas costas.Por mais que eu tivesse evitado ao máximo contar sobre as agressões que venho sofrendo, chegou em um ponto em que eu não tinha como esconder, ela está revoltada com Lucas e vive me cobrando uma atitude, porém não quero deixar meu marido.— Da vontade de te bater! Cara, tu é linda, jovem, inteligente e tem um futuro pela frente, eu sei que você não está aqui por escolha sua, mete o pé, deixa esse babaca e vai atrás da sua felicidade. — Vivi fala enquanto cobre as marcas nas minhas costas.— Ele vai mudar… ele me prometeu! — Começo a argumentar, mas paro quando ela me olha brava.—Para Luna, tem um mês que você está aqui e todo dia você tem um novo hematoma, os dias que ele não te bateu não enchem os dedos de uma mão.Vivi se tornou uma confidente, sou grata por tê-la aqui para me ajudar e me aconselhar, mesmo que eu não si
Entro no escritório, que é o único cômodo onde existe um mínimo de privacidade, Vivi não está com cara de muitos amigos, um medo cortante atravessa meu coração, será que Lucas disse algo que possa me prejudicar com a louca da Samantha? Não, ele não faria isso, não faria mesmo.— Eu vou conversar com a Thamires, não com a Luna e se eu estou me dando ao trabalho de falar é porque eu me importo, menina você não tem juízo?— Não estou aberta a sermões! — Respondo. — Thamires, presta atenção na sua vida garota, você viu o que você fez hoje? A vida está te dando uma oportunidade de ser feliz e você não está valorizando. Menina o Pedro é milionário, aqueles presentes não fizeram nem cócegas no bolso dele, mas ainda que você não ficasse, que só pegasse e vendesse você teria mais dinheiro do que trabalhar um ano aqui— Ela fala e se senta em minha frente, visivelmente irritada.Eu tento retrucar e falar alguma coisa a mais, contudo sou interrompida e lavada com as verdades mais doloridas que e