Jackson
Acordei com minha ex namorada, Denise esparramada sobre mim. Demorei um pouco para assimilar aquilo e logo uma avalanche de memórias transbordou minha cabeça fazendo até latejar. Basicamente eu bebi muito, usei muita porcaria e provavelmente com a ajuda de Denise que não é nenhuma santa, e acabamos... Enfim.
Dei duas sacudidas leve nela e mandei levantar da minha cama. Fui para o banheiro trancando a porta. Tenho uma viagem aos estados unidos daqui dois dias e não posso desmarcar. Preciso me recompor dessa ressaca e acertar algumas pendencias. Uma batida na porta tirou minha atenção.
― Jack, Preciso fazer xixi. – A voz manhosa de Denise surgiu.
― Use qualquer outro banheiro, Denise. – Bradei revirando os olhos.
― Mas quero ficar na banheira com você. – Resmungou.
― Denise! – Gritei.
Sim fui um pouco ríspido, ela me enche o saco com essa voz de hiena que faz quando quer alguma coisa.
Foi um erro, um erro enorme ter dormido com ela novamente. Prometi a mim mesmo que ficaria longe dela porque até então ela só me arranjou problemas, mas quando você está chapado, não tem muito controle do que faz e se eu quero um cargo responsável nos top 10 do mundo, preciso ter controle.
Tomei uma ducha, fiz a barba e coloquei um terno. Preciso ir para a empresa. Quando chego a mesa para o café, encontro Denise sentada apenas com uma calcinha. Sinceramente... ela testa a minha paciência.
― Termine seu café, vou pedir pra te levarem em casa. – Falo sem a mínima vontade de olhar em sua direção
Assim que terminei meu café, fui em direção a sala dos empregados onde minha governanta passava algumas ordens a outros empregados.
― Senhor Hawks, posso ajudar?
― Yolanda, faça uma varredura aqui em casa e certifique-se de que não fique nada de Denise por aqui, arrume tudo numa mala e envie pra casa dela. Não quero nenhum fio de cabelo de Denise nesta casa. – Digo com uma carranca.
― Sim senhor. Mais algum pedido?
― Não, apenas isso mesmo.
― Certo, bom trabalho. – Yolanda é como uma mãe para mim.
Saí dali em direção à frente da casa onde meu carro estava me esperando. Passei por Denise já de roupas e algumas bolsas. Não dei sequer um suspiro perto dela, para não dar ibope e segui o meu caminho. Chegando nos portões de entrada de casa, desci na cabine de segurança para dar algumas ordens.
― Bom dia. – Após ser respondido, continuo. – Como muitos sabem, eu e Denise não estamos mais juntos e por conta de álcool, algumas vezes eu a trago para casa, sem consciência alguma do que estou fazendo. A partir de hoje, vocês têm total autorização e liberdade para não deixarem Denise entrar, nem mesmo se for comigo, muito menos se eu estiver bêbado. A não ser que seja o caso de eu avisar antes ou deixa-la entrar sóbrio, fora isso, nada mais. Se ela aparecer nestes portões enquanto eu não estiver, não a deixem entrar e avise que chamarão a polícia se caso ela tentar forçar. Outra coisa, eu pedi um carro pra ela e já deve estar chegando, também pedi para Yolanda recolher tudo que pertence a ela e mandar entregar na porta dela. Antes dela colocar os pés fora destes portões, analisem todas a bagagem dela e se vocês acharem algo suspeito que não pertença a ela, me mandem uma foto e eu confirmarei imediatamente se é ou não.
― Sim, senhor.
Acertei mais algumas coisas com eles e fui em direção a empresa. O trânsito está complicado hoje.
Parado próximo ao Museu do Louvre, observei os turistas em câmera lenta, alguns casais que tiravam fotos ali e sorriam juntos, fotos beijando um ao outro... Eu fui grosso com Denise pela manhã, mas foi necessário, eu não sou assim, sou carinhoso, cuidadoso e as vezes sou feito de trouxa por me apaixonar rápido demais e achar que vou casar com a pessoa. Quando conheci Denise e ela estava fugida da Espanha, ela se mostrou uma ótima pessoa e não me contou o que realmente estava acontecendo, eu só fui descobrir meses depois de estar com ela, por um descuido dela, acabei vendo uma matéria aberta em seu notebook. Ali eu já estava gostando demais dela e não quis deixa-la desamparada. Paguei advogado e me ofereci de ir com ela pra Espanha para resolver tudo legalmente, ela não quis, disse que logo o assunto iria morrer. Eu acreditei. Três anos se passaram e nesse tempo Denise só se afundava e me levava junto, eu trouxa apaixonado, me deixei levar. Comecei a beber mais do que bebia e usar mais drogas do que usava. Até que um dia, muito drogado e sem querer saber de nada, perdi uma boa quantia em dinheiro, por causa dela, incentivos dela. Quando acordei no dia seguinte com as ações da empresa despencando porque eu havia feito merda, Denise estava lá, quase morta de tão drogada que estava. Deitada no chão do banheiro e com uma poça de vômito do lado. É nojento, eu sei. Depois disso eu terminei com ela e removi meus advogados do caso dela, deixei por conta dela mesma. Duas semanas depois ela apareceu num clube onde eu costumo ir com os caras. Novamente ela me arrastou, eu ainda gostava dela... isso aconteceu três vezes e na terceira vez eu percebi que não sentia mais nada por ela além de tesão quando estava drogado. Afinal, quem não fica assim com cocaína boa no sangue? Hoje de manhã, foi a quarta e última vez e novamente eu senti nojo dela. Eu não sabia que dava pra ter um sentimento tão ruim em relação a uma mulher na qual você já gostou tanto.
Cheguei por fim na empresa e logo me deram um monte de coisas que só eu poderia resolver, papeis que precisariam da minha assinatura e esse tipo de coisa. Apertei o botão e levei o telefone ao ouvido pedi minha secretária para entrar em contato com a assessoria do Grupo Russel, preciso de uma reunião com eles. São um grupo importante, influente e o maior do ramo na américa. Após alguns minutos um alerta na tela do computador indicou um novo e-mail, era a secretária confirmando meu agendamento. Dois dias, é o que eu tenho para me encontrar com seja lá quem for. Não pesquisei muito afundo, só sei que quem fundou a empresa foi uma mulher, pode ser que ela não esteja nem no cargo mais.
Passaram-se algumas horas e eu já tinha um voo pra hoje à noite, já tinha ligado para Yolanda e pedi para ela arrumar minhas coisas. Ela já tinha uma lista de tudo que eu precisava e eu só precisei adicionar algumas coisas pessoais quando cheguei em casa, jantei rapidamente, banhei e fui em direção ao aeroporto.
A viagem foi bem tranquila e assim que cheguei já fui pro quarto do hotel descansar um pouco, os dias a seguir estão sendo cheios de tarefas. Meu CTO e melhor amigo, Kobe veio junto e hoje nós vamos curtir um pouco da noite americana. Fui convidado para ir a uma festa branca num clube de Miami Beach, me surpreendi com a qualidade de tudo, até mesmo o comportamento de todo mundo é diferente do que nos clubes onde eu já estava acostumado a ir em paris. Drink vai e drink vem, percebi uma figura distinta sentada numa mesa com um copo de uísque na mão, Talvez fosse a mulher mais linda e mais elegante daquele clube, os cabelos pretos e longos, o vestido brando longo com uma fenda até mais da metade da coxa, deixando à mostra pernas bem torneadas e naturais, uma cor linda, nem muito pálida e nem muito morena. Talvez ela fosse a mulher mais linda que eu já vi na vida. Ao observar todo o local, ela balançava os olhos por todo o clube, até que ela parou em mim, por um longo minuto ela me encarou e eu senti minhas mãos suarem. As mãos suaram mais ainda e o coração disparou quando ela simplesmente desviou o olhar, terminou sua bebida e olhou as horas no celular. Me apressei em chegar perto dela antes que ela levantasse, o que ela não fez.
― Boa noite! – Estendi minha mão pra ela que olhou e me encarou antes de aceitar.
― Boa noite! – Respondeu sorrindo. Que sorriso era esse?
― Posso me sentar? – Apontei para a cadeira ao lado dela que assentiu.
― Como você se chama? – Me encarou como quem pergunta: quem é você? – Perdão, não me apresentei, me chamo Jackson, e a senhora?
― Florence! De Paris para Miami é um pouco longe, não?
― Bastante, como sabe que sou de Paris?
― O sotaque. – Ela começou a falar francês. Iniciamos uma converso toda em francês.
― Se não for muito abuso meu, posso pedir um drink e acompanha-la?
― Fique à vontade!
Vi ela pegar uma cigarrilha na carteira e colocar um cigarro ali, acendeu e puxou a fumaça, em todo o processo de soltar a fumaça dos pulmões ela me observava, como uma leoa observa uma presa e estuda seus movimentos. Eu estava ficando nervoso e minha bebida não chegava, cutuquei um dos bolsos e achei o que eu queria, sem tirar dali, vi o garçom de longe e assim que ele deixou o uísque na mesa, pedi licença e fui ao banheiro, tirei o pino do bolso do paletó e despejei pouco mais da metade no copo, o resto que ficou eu meti no nariz, me ajeitei e sai dali.
Chegando na mesa apoiei o copo e ela acompanhou minha mão. Depois olhou pra mim.
― Vou indo, Senhor Jackson. Até mais ver.
Eu estava travado e não consegui falar nada. Sabe quando eu vou ver essa mulher de novo? Nunca. Essa merda tá acabando comigo, joguei o uísque fora, paguei minha conta e sai dali. Lá fora eu mandei uma mensagem para Kobe que logo em seguida apareceu e seguimos para o hotel. A quantidade que usei não me manteria acordado por muito tempo, o que é ótimo, amanhã tenho uma reunião às onze horas com o pessoal da Russel Company.
Olhei no relógio e já passavam das três da manhã, eu apaguei assim que sai do banho, nem roupa coloquei. Acordei algumas horas depois, molhado de suor, esqueci de ligar o ar do quarto e pra completar, estava sonhando com aquela mulher. O tipo de sonho tosco que adolescente apaixonado pela professora costuma ter. O pior de tudo isso é o tesão louco que me consome. Fui pro banheiro e me enfiei no chuveiro gelado, não ajudou porque estava sensível demais e o jato forte batia ali e fazia meu tesão aumentar. Comecei a alisar a cabeça e fui descendo em ritmo normal, um pouco mais de pressão e ritmo na mão e lá estava eu gozando no chuveiro por uma mulher que não me deu bola. Um adolescente mesmo...
Sai do banho e a coisa não baixava, eu nunca fiquei assim, nem com o efeito da droga. Coloquei um pornô no celular, deitei na cama e continuei ali, o braço doendo já e eu gozei de novo. Minha madrugada foi péssima com um tesão acumulado que não era normal.
FlorenceMiami Beach me surpreende de várias formas. Quando o repouso terminou, me deu uma vontade de sair um pouco, aproveitei para ir a um clube no qual já estou acostumada, a festa seria tema branco e escolhi um vestido simples porem bonito. Depois de cinco copos de uísque e um cigarro de menta, me aparece um homem simplesmente maravilhoso.Eu nunca tinha o visto por ali e também nunca tinha visto uma beleza igual a dele. Totalmente fora dos padrões de homens que eu me envolvo, sempre brancos e mauricinhos. É o que temos em Miami, mas como eu disse, esse lugar me surpreende.Este homem em questão é negro, cabelo em corte militar, olhos escuros e intensos, educado, mas não muito. Aparentemente rico, pelo Rolex cravejado em seu pulso esquerdo. Sem aliança, um corpo enorme e muita altura, eu molhei na hora em que o vi naquele lugar. A voz dele, grossa, serena, sexy. Me mo
FlorenceMinha última reunião acabou e agora mais uma pessoa vem me ver e logo após uma breve conversa de apresentação nós iremos almoçar a conversar melhor.Fui desperta de meus pensamentos quando Anne, minha secretária, me liga avisando que o Sr. Hawks chegou. O tal CEO.― Sr. Hawks. É um imen... – Eu simplesmente travei quando me virei da janela para a porta e me deparei com o drogado gostoso do clube, era com ele a minha reunião? Quem é esse homem que está com ele?― Sra. Russel? – Anne me acordou de meus pensamentos.― Sim!? Ah, Sr. Hawks. Seja muito bem-vindo à Russel Company. É um prazer imenso recebe-lo. – Estendi minha mão para ele que a beijou delicadamente.― Muito obrigado. O prazer é todo meu! Este é meu melhor amigo e CTO, Kobe Martin.Apertei sua mão e
JacksonMinhas mãos agarram o volante com certa força, apesar de manter a expressão tranquila.Kobe está ao meu lado, distraído com algo em seu celular.― O que achou? – Perguntei fazendo-o me olhar.― Simplesmente incrível. São ótimos planos para a empresa e também para nosso tipo de mercado.― Estou falando em relação a Florence.― Ah sim! Bem, ela é uma mulher e tanto, poucas mulheres são tão profissionais como ela. Além de ser bem objetiva, como ela descobriu que você usava? Cara, ela é muito observadora, como uma leoa, sabe, olhando tudo e estudando cada movimento, esperando o momento certo para dar o bote. Fala nas horas certas e se porta muito bem em encontros sociais. Ela gostou de você, pelo o que pareceu.― Ela sabia sobre a droga porque era ela a mulher de ontem no clube
FlorenceAssim que Jackson e Kobe foram embora eu liguei para Isac mandando ele organizar tudo porque faria uma pequena reunião em casa, com 15 pessoas no máximo, bastante aperitivos, vinho, champanhe, vodca e tudo que ele já sabe que eu gosto nas minhas reuniões. Marquei para nove da noite e mandei mensagem para algumas pessoas, fiz questão de ligar para Jackson, eu estava louca para ouvir a voz dele de novo, mas infelizmente ele não atendeu, então mandei uma mensagem mesmo. Me despedi de todos na empresa e fui pro salão, precisava fazer as unhas e um spa nos pés.Cheguei em casa por volta das quatro da tarde e fui direto colocar uma roupa mais levinha. Gente, eu posso ter o dinheiro que for, mas nada vai tirar de mim o prazer que é andar com roupinha de dormir dentro de casa. Aquele shortinho folgadinho sem calcinha, blusinha sem sutiã, aí, incrível. P
JacksonHoje Fazem exatos um mês que aconteceu a festa na casa de Florence e já de volta a Paris, continuo lembrando da cena ela junto com aquele branquelo de suéter. Sorrisos e risadas e logo depois um cochicho na orelha e mais sorrisos, até que subiram e pro meu azar, quarto de Florence estava com as janelas abertas e somente as cortinas fechadas, estava uma cena digna de filme, para quem não estava com olhos grudados em Florence enquanto ela rodava pela festa, porque pra mim, estava com vontade de vomitar já. Kobe disse que é ciúmes porque estou gostando dela, não acho que seja verdade. A questão é que ela chega hoje a Paris por conta do Fashion Week, mas inocentemente, a convidei para se hospedar em minha casa e ela aceitou numa boa, disse que sempre se estressa com hotéis.Pedi para Yolanda deixar tudo pronto e arrumar o quarto de hospedes bem pertinho do m
FlorenceNão demorei muito para pegar no sono, estava cansada por conta do voo e cansada mentalmente com tudo que vem acontecendo na Russ. Eu vim para Paris para conhecer a empresa de Jackson e Kobe e com o embalo, Angel já foi me alertando sobre o Fashion Week que acontecerá nesta semana em que estarei aqui. Eu nunca faço programas com ela, a gente nunca sai para um shopping da vida ou vai a alguma rua movimentada fazer compras aleatórias, essas coisas que amigas fazem. Nós somos sim melhores amigas, mas somos mulheres com responsabilidades e compromissos inadiáveis. A melhor parte disso tudo é que estarei na casa de Jackson, posso conhecer sua rotina e sua vida mais de perto, quando tenho um sócio novo, gosto de saber tudo sobre ele bem de pertinho.Levantei-me bem cedo e tomei logo um banho perfumado, Trabalhei um pouco pelo computador e peguei minha pequena malinh
FlorenceNunca pensei que seria tão ruim estar à beira da morte. Se eu não morrer, hoje será o início de uma nova vida.As vozes voltaram a se manifestar e eu continuei no breu total, como um golpe de box as luzes invadiram meus olhos quando o capuz preto foi removido em milésimos de segundos da minha cabeça. Estou anestesiada pela exaustão, meus pulsos doem por conta da corda amarrada ali que sustenta todo meu peso quando minhas pernas fraquejam.― Vamos lá, Florence. Eu sei que você vai ser boazinha e me contar. – Falou pegando meu rosto com uma das mãos― Vai se foder! – Vociferei quando ele ousou chegar mais perto.― Bem, acho que não temos muita escolha então.Um golpe na barriga.Então, eu sou a Florence e acabei de levar uma paulada na barriga pelo babaca do Frank.Deixe-me te explicar melh
JacksonAssim que me dei conta da hora que era, comecei a correr e fui rápido tomar um bom banho e me apressei mais ainda para descer. A mesa do café estava posta ainda e Yolanda Rapidamente esquentou um pouco de café.― Assim que Florence levantar, avise que eu já fui para a empresa. – Informei a ela enquanto tomava um gole do café.― A senhorita Florence já acordou e pediu um carro para leva-la até a empresa, senhor. – Yolanda disse me olhando estranho como se nunca me tivesse visto atrasado.― E ela foi já tem bastante tempo? – Perguntei espantado.― Sim, senhor. Faz algumas horas, levantou bem cedo, tomou café e saiu. – Diz dando de ombros.― Certo. – Falo inerte em meus pensamentos.― Senhor... Desculpe-me a intromissão, mas o que houve que deixou o senhor tão cansado a ponto de dormir até a