Jackson
Minhas mãos agarram o volante com certa força, apesar de manter a expressão tranquila.
Kobe está ao meu lado, distraído com algo em seu celular.
― O que achou? – Perguntei fazendo-o me olhar.
― Simplesmente incrível. São ótimos planos para a empresa e também para nosso tipo de mercado.
― Estou falando em relação a Florence.
― Ah sim! Bem, ela é uma mulher e tanto, poucas mulheres são tão profissionais como ela. Além de ser bem objetiva, como ela descobriu que você usava? Cara, ela é muito observadora, como uma leoa, sabe, olhando tudo e estudando cada movimento, esperando o momento certo para dar o bote. Fala nas horas certas e se porta muito bem em encontros sociais. Ela gostou de você, pelo o que pareceu.
― Ela sabia sobre a droga porque era ela a mulher de ontem no clube.
― Como assim? – Kobe me olhou perplexo.
― É. Eu me punhetei pensando na minha possível nova socia.
― Caralho, que insano! – Riu – Ela gostou de você, cara! Ela mesma disse isso.
― Eu não devo fazer o tipo dela, Kobe. Esse tipo de mulher gosta de homens brancos com pau rosa e pulseiras de couro.
― Irmão, tu não pode tá falando sério. – Me olhou incrédulo – Não percebeu o jeito que ela te olhou? Ela te observou a cada segundo desde que entramos naquela sala. Ela te comeu com os olhos e você nem percebeu. Aquela mulher tem personalidade e poder, o tipo dela é o que ela falar que quer.
― Tem aquele Mike... Ele parece gostar dela e eles provavelmente já tiveram um affair ou têm.
― Jack, relaxa cara. Deixa acontecer naturalmente. Se for pra rolar alguma coisa entre vocês dois, vai rolar.
― Sei lá, é muito estranho, eu a conheci a dois dias e já estou aqui maluco sem conseguir tira-la da cabeça.
― É negão, já te falei que tem que parar de romantizar tudo. Talvez tudo que você consiga seja uma simples foda, se romantizar isso, vai sentir demais e acabar se apaixonando. – Kobe tem toda razão. Mas eu não sou troglodita que trata uma mulher com desrespeito. Kobe quando está com alguma das mulheres dele, as chama por nomes horríveis como: Vadiazinha, Putinha do papai, Boquinha de veludo, etc..
São nomes como este que me fazem lembrar de como meu pai era com a minha mãe e de como ela sofria com ele. Tudo porque se envolveu com um gangster cretino e se apaixonou, engravidou cedo demais e não concluiu os estudos. Trabalhava meio período numa lanchonete e ainda tinha que ouvir gracinha de meu pai quando chegava em casa. Passei um longo período da minha vida em colégios públicos internos, era melhor para me manter afastado de meu pai, já que minha mãe trabalhava e ainda fazia alguns bicos pra fora.
Depois de me formar na primeira faculdade aos 21 anos, arrumei um bom emprego e consegui juntar dinheiro o suficiente para mudar de cidade com minha mãe, pagava o aluguel e ela me ajudava com o restante das despesas. Alguns anos mais tarde, eu consegui ir para uma outra faculdade no Afeganistão e novamente eu levei minha mãe. Nós vivíamos bem por lá e ela já não se preocupava tanto com o aluguel da casa porque tínhamos eu e Kobe para pagar, ela tinha outras despesas com a casa, como encher a dispensa para a fome de dois negões.
Um ano antes de concluir a faculdade de ambientalismo, eu e Kobe arrumamos um emprego clandestino em uma das plantações de ópio do país. Aprendemos muito sobre o cultivo e tudo mais, o dinheiro era bom e logo conseguimos voltar para a França. Ao chegar lá, recebemos a notícia de que meu pai havia falecido de overdose cinco meses antes. Mamãe chorou muito e quis ir ao túmulo dele. Eu não consegui sentir nada, nem remorso e muito menos tristeza, ele não foi um pai pra mim e por mais que todos tenham me repreendido por isso, eu fiquei muito aliviado. Por que mesmo ele na idade que estava, conseguia perturbar a vida da minha mãe e eu não suportava isso. Levávamos uma vida ótima agora, comprei uma casa para ela no mesmo bairro que o meu em Paris e temos um contato muito grande.
Após chegarmos no hotel, tomei uma ducha rápida e me deitei, não havia mais que fazer. Por um longo tempo eu pensei em Florence, em como ela deve ser como mulher normal, no dia a dia sabe. Pensei tanto que peguei no sono.
Acordei horas depois. Me sentei na cama e olhei pra janela, já era noite. Peguei no celular e marcava sete horas. “Chama perdida – discador desconhecido” não vai ter como retornar, vou esperar até ligarem novamente. Por um breve momento, passou pela minha cabeça que poderia ser Florence, mas eu não dei meu número para ela, então não. Afastei qualquer tipo de pensamento e fui pro banheiro tomar uma ducha. Assim que saí do box, peguei no celular e tinha duas mensagens no WhatsApp.
Florence Russel: Estarei fazendo uma pequena reunião de amigos na minha casa hoje. Espero que compareça! Tentei ligar, mas você não atendeu...
Kobe: Mulherzinha. Florence acabou de me mandar uma mensagem convidando a gente pra uma festa na casa dela. Disse que começaria as 21:00. Nós vamos, certo?
Respondi Florence avisando que estava dormindo e por isso não consegui atender, mas que iria sim. O mesmo eu fiz com Kobe.
Eu só quero conhece-la melhore e se ela me der algum indicio de que está mesmo interessada em algo a mais, aí sim eu vou investir. Kobe tem razão quando diz que eu romantizo demais as coisas...
FlorenceAssim que Jackson e Kobe foram embora eu liguei para Isac mandando ele organizar tudo porque faria uma pequena reunião em casa, com 15 pessoas no máximo, bastante aperitivos, vinho, champanhe, vodca e tudo que ele já sabe que eu gosto nas minhas reuniões. Marquei para nove da noite e mandei mensagem para algumas pessoas, fiz questão de ligar para Jackson, eu estava louca para ouvir a voz dele de novo, mas infelizmente ele não atendeu, então mandei uma mensagem mesmo. Me despedi de todos na empresa e fui pro salão, precisava fazer as unhas e um spa nos pés.Cheguei em casa por volta das quatro da tarde e fui direto colocar uma roupa mais levinha. Gente, eu posso ter o dinheiro que for, mas nada vai tirar de mim o prazer que é andar com roupinha de dormir dentro de casa. Aquele shortinho folgadinho sem calcinha, blusinha sem sutiã, aí, incrível. P
JacksonHoje Fazem exatos um mês que aconteceu a festa na casa de Florence e já de volta a Paris, continuo lembrando da cena ela junto com aquele branquelo de suéter. Sorrisos e risadas e logo depois um cochicho na orelha e mais sorrisos, até que subiram e pro meu azar, quarto de Florence estava com as janelas abertas e somente as cortinas fechadas, estava uma cena digna de filme, para quem não estava com olhos grudados em Florence enquanto ela rodava pela festa, porque pra mim, estava com vontade de vomitar já. Kobe disse que é ciúmes porque estou gostando dela, não acho que seja verdade. A questão é que ela chega hoje a Paris por conta do Fashion Week, mas inocentemente, a convidei para se hospedar em minha casa e ela aceitou numa boa, disse que sempre se estressa com hotéis.Pedi para Yolanda deixar tudo pronto e arrumar o quarto de hospedes bem pertinho do m
FlorenceNão demorei muito para pegar no sono, estava cansada por conta do voo e cansada mentalmente com tudo que vem acontecendo na Russ. Eu vim para Paris para conhecer a empresa de Jackson e Kobe e com o embalo, Angel já foi me alertando sobre o Fashion Week que acontecerá nesta semana em que estarei aqui. Eu nunca faço programas com ela, a gente nunca sai para um shopping da vida ou vai a alguma rua movimentada fazer compras aleatórias, essas coisas que amigas fazem. Nós somos sim melhores amigas, mas somos mulheres com responsabilidades e compromissos inadiáveis. A melhor parte disso tudo é que estarei na casa de Jackson, posso conhecer sua rotina e sua vida mais de perto, quando tenho um sócio novo, gosto de saber tudo sobre ele bem de pertinho.Levantei-me bem cedo e tomei logo um banho perfumado, Trabalhei um pouco pelo computador e peguei minha pequena malinh
FlorenceNunca pensei que seria tão ruim estar à beira da morte. Se eu não morrer, hoje será o início de uma nova vida.As vozes voltaram a se manifestar e eu continuei no breu total, como um golpe de box as luzes invadiram meus olhos quando o capuz preto foi removido em milésimos de segundos da minha cabeça. Estou anestesiada pela exaustão, meus pulsos doem por conta da corda amarrada ali que sustenta todo meu peso quando minhas pernas fraquejam.― Vamos lá, Florence. Eu sei que você vai ser boazinha e me contar. – Falou pegando meu rosto com uma das mãos― Vai se foder! – Vociferei quando ele ousou chegar mais perto.― Bem, acho que não temos muita escolha então.Um golpe na barriga.Então, eu sou a Florence e acabei de levar uma paulada na barriga pelo babaca do Frank.Deixe-me te explicar melh
JacksonAssim que me dei conta da hora que era, comecei a correr e fui rápido tomar um bom banho e me apressei mais ainda para descer. A mesa do café estava posta ainda e Yolanda Rapidamente esquentou um pouco de café.― Assim que Florence levantar, avise que eu já fui para a empresa. – Informei a ela enquanto tomava um gole do café.― A senhorita Florence já acordou e pediu um carro para leva-la até a empresa, senhor. – Yolanda disse me olhando estranho como se nunca me tivesse visto atrasado.― E ela foi já tem bastante tempo? – Perguntei espantado.― Sim, senhor. Faz algumas horas, levantou bem cedo, tomou café e saiu. – Diz dando de ombros.― Certo. – Falo inerte em meus pensamentos.― Senhor... Desculpe-me a intromissão, mas o que houve que deixou o senhor tão cansado a ponto de dormir até a
FlorenceAcordei esta manhã me sentindo um trapo, olhei em volta do quarto e perto da parede estava a camisa de Jackson confirmando tudo que estava passando na minha cabeça. Eu me deixei levar pelo desejo e permiti que ele me beijasse, estava incrível e eu me entreguei de verdade, mas tudo mudou quando senti sua língua tocar um dos meus mamilos, fazendo meu corpo se arrepiar e se curvar, fazendo minha mente lembrar de um acontecimento no qual eu tive a mesma sensação, fazendo a área de defesa do meu cérebro funcionar rapidamente me fazendo empurra-lo para longe. A confusão que se instalava em mim era evidente e Jackson numa tentativa frustrada de se aproximar de novo, percebeu quão séria era a situação e recuou, pedi para que ele fosse embora e assim ele fez, sem discutir ou teimar. Passei o resto da noite em claro, com uma vontade terrível de chorar, de
JacksonEstava no quarto quando ouvi Florence chegando com a amiga Angel, sai em silêncio e pude pegar a conversa das duas. A todo segundo eu queria descobrir se Florence havia falado sobre nossos beijos, mas ela estava somente pedindo a amiga para ficar e dormir com ela.― Amiga, Jackson não vai se importar, eu aposto, fique! – Florence pediu abraçada na amiga.― Lógico que ele se importaria, ele quer você só pra ele. – A amiga brinca. E ela revira os olhos. Então ela contou sobre o beijo.― Não sei se eu conseguiria. Mesmo depois desses anos todos, eu ainda sinto falta do Malik, é uma dor horrível. – Neste momento posso ver os olhos dela se encherem de lagrimas e ela bufar ignorando-as e apertando os olhos, como se não quisesse chorar. Angel apenas a abraça mais forte ainda e olha pra ela.― Af, eu pensei que estava choran
FlorenceAcordei com as pernas doloridas e um cansaço que poderia me deixar dormindo por dois dias seguidos. Respirei fundo antes de abrir os olhos e senti um perfume gostoso, uma superfície rígida e macia ao mesmo tempo, um calor que emanava e uma mão na minha cabeça.Puta Merda! Puta merda! Eu dormi com Jackson. Fiz o que não podia, como eu pude? Que grande merda.Tento de desvencilhar de seus braços, mas eles são fortes e potentes. Jackson se mexe um pouco e me puxa de volta, faz força para abrir os olhos e com a outra mão ele coça os mesmos. Vejo a hora em que seu olho abre e ele sorri se deparando comigo em sua frente. Num movimento rápido e certeiro sinto ele me virar e me deixa de conchinha com ele. Sinto sua breve ereção e me afasto um pouco.― Jackson. – Chamo. – Precisamos conversar. – Falo lembrando do ac