AngelinaNão havia como fugir. Nada que pudesse mudar o destino de continuar na mesma posição sendo vítima de Roman e esperar o pior. Eu não tinha escolha que permanecer em cativeiro.Gostaria que o fato de já ter estado com ele antes, tê-lo amado, e desgraçadamente ainda nutrir esse sentimento; não me deixassem fraca após descobrir sua monstruosidade. Roman foi o primeiro homem que amei. O primeiro que entreguei o meu coração e minha virgindade. Isso devia ser uma lembrança feliz e eu devia seguir em frente. Mas ele sempre esteve preso ao meu coração, vivo nas minhas memórias e eu queria matá-lo dentro de mim.Fiquei no mesmo lugar trancada até o meio da tarde. Meu estômago roncava fervorosamente e a cabeça doía de tanto pensar.Sentada no chão com os joelhos dobrados e sonolenta, ouvi um barulho na porta. Rapidamente me ergui. Ao abri-la lá estava ele. Pensei no seu pedido anterior. Ele queria que me banhasse para dormir com ele e o fato de medir meu corpo com o olhar dava-me a cer
—Na verdade não sabemos. —disse Joe com olhos de mim a Tracey—Ele não aparece a dias, tentamos falar com ele, mas seu celular apenas dá caixa de mensagem.—Tem certeza...ele não deixou, um bilhete ou...—questionei incrédula. Meu corpo inflamando de nervosismo.—Não. Eu sinto muito. —lamentou Joe com pesar e minhas pálpebras bateram diversas vezes na tentativa frustrada de segurar as lágrimas.—Talvez, ele tenha tido algum problema no celular. —Tracey tentou contemporizar, vendo meu silêncio. Engasguei sentindo o pulso acelerar a milhão.—Isso é impossível. —afirmei triste—Se ele sumiu deviam chamar a polícia.—Na verdade...—explicou Joe—Bom, ele é estrangeiro e seu visto está com problemas. Se buscarmos as autoridades não será muito viável.—Merda. —falei baixo.—Tudo bem. —Tracey ensaiou um sorriso gentil para ele arrumando a bolsa no ombro. —Nós vamos achar uma forma de encontrá-lo. Obrigada.Completamente em choque, como se o desespero engolisse meu coração, ela conduziu para voltar
MickailLiguei diversas vezes para o número de Roman e nenhum retorno obtive dele. Se for um aviso, lamento, mas nada funciona sem ser do meu jeito.Eu sei que as coisas parecem não estar muito favoráveis para o meu monstro. Sei que o luto na vida de alguém é difícil. Já tive muitas perdas que foram lastimáveis, outras que agradeci e sorri no final. ´O luto é apenas um estado. A morte -um ciclo comum da natureza de qualquer ser humano que atingirá todos nós algum dia. Mas para mim, ela é muito mais que isso.E foi assim que eu encontrei Roman atrás das longas grades que separavam ele de sua liberdade, seu mundinho pequeno e debilitado —Morto.Morto nas esperanças, nas atitudes, na capacidade de tomar decisões, lamentando seus passos, sentindo- se vulnerável, triste e acreditando que Deus poderia salvá-lo.Quanta idiotice!Tantos sentimentos, tantos anseios tolos que de nada serviam, a não ser separá-lo de um vislumbre de estar livre e ter sua dignidade de volta.E do que mesmo ia ser
LOS ANGELESCaminhei com a bolsa a tiracolo suspirando com as pernas cansadas. Há mais de semanas busco trabalho nas movimentadas ruas de Los Angeles. Estou formada em enfermagem e depois de terminar o estágio e viver boa parte voltada a minha mãe que faleceu há um ano, sinto agora mais do que nunca que devo seguir a profissão.Venho de uma família simples criada no interior do Texas e sou a filha mais nova de quatro irmãos. Três homens que seguiram seu destino. Dois casaram e um, chamado Donald preferiu colocar uma mochila nas costas e viajar o mundo.Eu gostaria de ser como eles ás vezes. Não ter medo de nada, não se apegar e viver uma vida longe da civilização, em lugares distintos, ás vezes perigosos com o único propósito de encontrar heranças perdidas, fósseis e o que mais ele puder contribuir a arqueologia.No entanto, sobrou para mim a difícil missão de ficar ao lado de mamãe, e com essa tarefa me senti impulsionada a seguir o caminho da enfermagem. Posso dizer, que dei esse or
Mas o que mesmo acabou de acontecer? Me pergunto sentindo o choque de seu apertão forte no braço. O mesmo lateja dando-me a certeza que ficará a marca e que não devia sequer pensado em ter vindo a este lugar, como cometer a asneira de espioná-lo.Me comovi com a dor de Roman, e poderia ficar com ódio pela atitude grosseira dele e ao contrário, lágrimas querem pular de meus olhos.Girei os calcanhares, tomando o corredor, sem esperar que alguém me guiasse. Avistei a porta aberta e um último olhar para a obra do anjo caído me fez engasgar. Desci as escadas de dois em dois e a passos rápidos, ganhei a calçada. Caminhei uns minutos até ouvir:—Senhorita, senhorita Angelina!!Continuei a andar rápido e a voz insistiu. Quando virei o rosto, me deparei com Joanne.—Perdoe-me, a senhorita precisa voltar. —suplica. —Senhor Roman, quer que volte.—Só se eu estiver louca! —Declaro incomodada seguindo caminho.—Não, senhorita. Ele precisa de seu trabalho, por favor volte e fale com ele.—Sinto mu
Roman me analisa de cima a baixo. Droga! Eu estou com um pijama cor de rosa com estampa de coelho, sem nada nos pés e os cabelos bagunçados. Mas que merda! Digo a mim mesma.Reparo como seu olhar desliza sobre meus ombros, que estão expostos pela vestimenta grande. Vejo levemente seus lábios entre abrirem-se, assim como os meus que se movem sem sair o som.O cheiro de sua colônia, algo como couro e madeira inunda o ar e fico paralisada sem saber quem de nós está mais surpreso. Não, eu não posso me deixar ludibriar. Esse Roman que está na minha frente, é longe de ser o que eu conheci. Eu deveria dizer alguma coisa, uma palavra qualquer e nesses segundos que transitam entre nós, não consigo sair de seus olhos brilhantes, frios, hipnotizados e firmes em minha direção.— Oh, senhor Mikhailovitch Bom dia. —ouço meu pai atrás de mim. —Como vai? Está é minha filha.Na tentativa de entender de onde meu pai conhece Roman, não consigo sorrir e dizer nada.—Como vai? —ele pergunta, com o canto d
—Ah, não .... —arregalei os olhos em choque— O senhor não fez...—Qual o problema? Você está sem trabalho. Ele tem uma boa vida, pode pagar o salário que merece.—Eu não acredito que estou ouvindo isso...— Mas o que há de errado? —questionou sem entender—Vocês se conhecem?—É claro que não! -minto alterada vendo ele me olhar confuso. —Droga, pai você não podia ter feito isso sem me consultar! —e de tão nervosa queimei o dedo ao mexer na forma.—Mas...—Isso não pode estar acontecendo...— abro a torneira inconformada e deixo a água cair sobre a queimadura.—Angelina, —sua voz muda o tom—se ele ligar, ouça o que tem a dizer. Não se atreva a me fazer passar pela vergonha de um mentiroso. Eu recém iniciei esse
A porta fechou com um estrondo tão violento, que jurei os vidros da janela tremerem. Roman está mais forte da última vez que o vi, parece um sniper cheio de músculos por anabolizante; em compensação seu cérebro deve ter diminuído. E a dor de cabeça pela pancada se juntou as lágrimas que comecei derramar sem controle. Depois de uns segundos tentei me concentrar em alguma ideia, plano, qualquer coisa que fizesse eu me livrar de Roman, porém estaria sendo burra em ousar contrariá-lo. Eu conhecia uma parte dele, e poderia usá-la a meu favor, no entanto a fúria como fui tratada nublam as possibilidades, tornando qualquer atitude imprecisa e perigosa, tirando de mim todas as esperanças. Levantei da cama com cuidado e pude ver a vista pela janela aberta com grades. Haviam residências longínquas cercadas por vegetação, no mesmo padrão moderno a que me encontro. Há cheiro de móveis recentes no quarto com cama de casal, banheiro e um armário. Creio que estou em Mulholand Drive, e se estiver c