Capítulo 4

—Ah, não .... —arregalei os olhos em choque— O senhor não fez...

—Qual o problema? Você está sem trabalho. Ele tem uma boa vida, pode pagar o salário que merece.

—Eu não acredito que estou ouvindo isso...

— Mas o que há de errado? —questionou sem entender—Vocês se conhecem?

—É claro que não! -minto alterada vendo ele me olhar confuso.  —Droga, pai você não podia ter feito isso sem me consultar! —e de tão nervosa queimei o dedo ao mexer na forma.

—Mas...

—Isso não pode estar acontecendo...— abro a torneira inconformada e deixo a água cair sobre a queimadura.

—Angelina, —sua voz muda o tom—se ele ligar, ouça o que tem a dizer. Não se atreva a me fazer passar pela vergonha de um mentiroso. Eu recém iniciei esse emprego.

Meu pai deixou a cozinha contrariado sem ao menos ouvir. Mas o que eu poderia explicar pra ele? Nada. Nada que eu pudesse dizer seria viável. Deve ser uma brincadeira de muito mau gosto de Roman. Eu realmente estou ferrada.

A semana passou velozmente. A cada anúncio que encontrei, fui às entrevistas e vi até mesmo outros lugares, fora de minha profissão. Cogitei ser atendente de lanchonete, porém deixei essa possibilidade em segundo plano. Meu pai não questionou nada, não tornamos a falar sobre Roman e senti alívio por ele não ter ligado.

Naquele dia, fiquei feliz por ser chamada numa clínica geriátrica. A vaga seria para meio turno e pagavam bem. Logo que saí da entrevista decidi passar no Walmart.

Caminhei indo pelo estacionamento, abri a bolsa para pegar o celular; queria saber se meu pai precisava de alguma coisa e nem bem dei um passo, um aperto forte em meu cotovelo quase me fez tropeçar. Surpreendida, deparei-me com a expressão fria de um homem estranho, óculos escuros que arrastou-me discretamente para o lado oposto.

Pela força e agilidade que empregava, qualquer reação minha seria o estopim para ser agredida e simplesmente não tive como fazer nenhum gesto de ajuda.

—Fique calada, senão quiser morta. — Disse baixo, olhando para os lados.

Seu aviso, me fez tremer de medo e chegamos de frente a um carro preto. Ele abriu a porta de trás e empurrou- me para dentro, onde caí em cima de dois homens com caras sinistras. Engoli em seco quando um deles sacou a arma. A adrenalina subiu, junto do suor que brotou minha testa.

Um assalto? Ou um estupro? Minha garganta apertou ao ver sua carranca de desprezo.

—Por favor...- pedi engasgada.

Ele mirou a arma em direção ao meu rosto e empalideci quando disse:

—Não ouse abrir a boca. Isso não é uma advertência, é uma ordem!

O outro com aparência mais jovem dos dois, puxou-me o para o meio deles fazendo derrubar a bolsa e senti o corpo todo amolecer. Eu ia ser morta, violentada, tudo de ruim aconteceria. Não vi seguranças, não tive como gritar pelo medo e sem saber como agir, engoli o pânico misturado as lágrimas que passaram a cair.

Com o pouco de raciocínio que restava, articulei que não queriam dinheiro. A bolsa caiu, e nenhum deles pegou ou falou em assalto. Sequestro para pedir resgate? Impossível. Meu pai um motorista de limousines, eu uma desempregada.

Quando o carro deu partida, não consegui conter o nervosismo e passei a chorar incontrolavelmente.

—Por favor...me deixe ir....

—Calada! —Um deles puxou meu cabelo e encostou o cano da arma no meu ouvido. Solucei com desespero.

—Faça essa mulher calar a boca! —O motorista se alterou.

—Porque você não usou o clorofórmio? —Rosnou ele pressionando a arma com força.

—Porque não foi isso que ele combinou.

Ele? Então, eles estavam me levando para alguém? Baixei os olhos deixando as lágrimas cair sentindo o punho forte do homem em meus cabelos, me fazendo tremer como vara verde.

—Merda! —Retrucou o outro e simplesmente, senti uma tremenda pancada na cabeça, tudo apagou e não vi mais nada.

A claridade que refletiu em meus olhos, fez arder e com dor nas têmporas, uma imagem se formou à minha frente e as pálpebras alargaram quando consegui reter o foco. Braços, cruzados, postura intimidante e olhar maldoso, um homem encarou-me. Pisquei repetidas vezes tentando processar o que via e então, senti algo apertar meu pulso. A corrente dura e gelada na parede me mantinham presa. Sentei-me, buscando unir as pernas, pois usava uma m*****a saia lápis até os joelhos e uma nova onda de horror inundou meu peito, fazendo elevar a respiração.

Roman estava sentado em uma cadeira de frente para mim. Não havia outros móveis no lugar, exceto uma estante vazia com um terno pendurado e um vazo escuro que dava para o canto da porta.

A janela à direita com vidro puxado, podia-se ouvir o ruído dos passarinhos e o Sol entrava; brilhando poucos raios sobre ele, e seu olhar sombrio que analisava-me sem qualquer resquício de piedade. Outro tremor percorreu meu corpo, misturado a tensão, surpresa, expectativa e pavor. Não podia ser. Não era possível que meu raptor se tratava de Roman.

Ele soltou uma risada nasal, queixo entre os dedos sem se preocupar com minha aflição.

—Senhorita Angelina Mitchell, achou que por um segundo, ia me passar para trás?

Olhei em volta, como se quisesse tomar realidade da situação. Minha incredulidade não me permitia formular resposta ou, dizer qualquer coisa. Eu simplesmente não tinha palavras pelo choque ao qual vivia.

—Bem vamos ao que interessa. -começou ele, que colocou a perna dobrada sobre o joelho e soltou os braços. —Você vai trabalhar pra mim. Quero que cuide minha mãe. E os meus termos são simples. Ficará aqui como sua enfermeira dia e noite. Vai ter alguns descansos conforme eu achar conveniente. E se você ousar se rebelar, seu pai será morto. Lógico, primeiro que você. Ele foi liberado, não preciso mais de seus serviços.

O ar faltou dos pulmões e mordi as bochechas. Matar meu pai? Maldito seja!

Com um solavanco puxei o braço na tentativa inútil de me soltar da corrente.

—Não...!

Ele riu.

—Calma, está com pressa? Eu ainda quero te analisar uns minutos. O seu rosto é tão bonito. Que idade tem?

Então, era isso? Ele não se lembrava? Certamente mentia. O que eu ia dizer? Senti-me humilhada e com raiva. Que tipo de psicopata fui me envolver?

—Vai responder, ou terei que quebrar seu nariz?

—Vinte e quatro.

Ele pensou uns segundos, esmiuçando meu corpo com o olhar.

—É... – ponderou—Talvez, eu possa usá-la algumas noites.

Levantou-se da cadeira e vindo em minha direção abriu a fechadura da corrente. Tentei erguer as pernas para ganhar impulso, porém não consegui caindo sentada.

—Parece que você está bem fraquinha. —Ele puxou-me pelo braço e fiz força para suster-me em minhas pernas. Do pavor, fui a raiva em segundos ao ver seu rosto petulante com ar de deboche.

—Muito bem. Você tem que trocar essa roupa. Eu vou te levar as suas novas dependências—não falei nada, engolindo o ódio—Que foi? O cachorro comeu sua língua? Melhore essa cara eu não quero que te vejam assim.

Ele tomou meu braço, passando a abrir a porta, então nessa hora cerrei o punho livre em direção ao seu rosto. Roman se esquivou e com raiva, soltei um grunhido desferindo chutes e socos com toda a força que pude sobre ele. A raiva como um estimulante, serviu a usar braços e pernas, e o esmurrei repetidas vezes desajeitada. O que me arrependi amargamente. Por um minuto ele não reagiu, e fui surpreendida por um golpe certeiro numa das pernas, onde tombei meu corpo todo, quase caindo de cara no chão.

Levantei a cabeça. Por sorte não atingi o nariz e grossas lágrimas desceram meu rosto. Ele se abaixou, olhando-me por uns segundos.

— Você não tem força—acenou com um sorriso cínico. Um grunhido resaltou de meus lábios quando puxou minha cabeça para trás pelos cabelos —Isso é um aviso, da próxima vez, eu quebro suas pernas.

Com brusquidão, seu braço forte me levantou e fui arrastada porta fora por um corredor. Aos gritos, implorei para me soltar, mas ele ignorou-me por completo. Paramos de frente a uma porta ele a abriu, onde jogou-me com estupidez sobre a cama.

—O q-que vai fazer? —Perguntei nervosa ao extremo chorando aos prantos.

—Eu não vou te foder, não ainda. Isso se for boazinha e fizer tudo conforme eu mandar. Então, é bom seguir as minhas regras. Agora se vista. As roupas estão no armário, eu volto daqui a pouco pra te apresentar a minha "mamuska."

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