— Sigura direito, moça. Sigura que eu vou dar linha — Léo falava enquanto via Sandra se soltando da cintura dele. Não sabia o porquê, gostou bastante do abraço e do toque da moça em seu corpo.Os quatro jovens seguiam em direção a grande fazenda Santana. Cida reconheceu o caminho que antes tinha feito para vir embora no dia de São João, quando a moça a guiou logo cedo. Ela segurava em Beto com toda a força que podia, mas seu pensamento ia e voltava no momento em que passou a poucos minutos. Não conseguia esquecer o modo como foi jogada na cama, como se fosse apenas um objeto. O jeito como Zé a tocava, como a chupou, tudo nele lhe gerava apenas nojo e repulsa. A vontade de chorar ainda estava em sua garganta e o nó parecia aumentar cada vez mais. Beto não estava muito diferente dela, ver a moça em que tanto pensara nesses últimos dias indefesa e frágil, enquanto um qualquer a tocava, o deixou em fúria. Se não fosse por Leo, ele teria o matado ali na frente de todos sem nem ao menos se
Sandra e Léo seguiram caminho até a vila para buscar as coisas de Cida e da moça, o primeiro local foi justamente a casa da amiga. A porta ainda estava aberta e as pessoas que passavam pelo local observavam, tentando descobrir o que aconteceu.Sandra, sem esperar por Léo, entrou na casa e foi direto ao quarto de Cida. O local estava revirado, a camisa de Zé ainda estava ali, jogada no chão e, mais acima, a camisola de Cidinha estava ainda entre as madeiras da cabeceira da cama. Sandra sentiu o estômago revirar ao reviver a cena em sua mente.Léo entrou em seguida, dando pressa a moça. — Vamo, moça, adianta que nois num tempo o tempo todo do mundo não e Beto com a menina tão tudo precisando da gente — enquanto falava, ele analisava a situação do quarto.— Meu nomi é Sandra, viu? Mais respeito pufavô. E era pra ocê esperar la fora, que eu sou moça e o povo pode achar coisa errada dum homi entrar assim atrás de eu. — Pelo amor de nossa sinhora, muié, a última coisa que esse povo vai le
Lucia tremia de ódio! Enquanto descia as escadas, atrás de Amanda, só conseguia imaginar quem seria a vagabunda que estaria se envolvendo com seu noivo. “Estou há dias esperando por Beto. Como ele pode ser tão vagabundo, tão escroto? Não posso acreditar ainda, então, preciso ver com meus próprios olhos se isso é realmente verdade.”Amanda, que descia as escadas com pressa, sentindo o ódio de Lucia crescendo a cada segundo, estava orgulhosa de si mesma. Em seus pensamentos, descobrir os segredos de Beto e contar para Lucia a faziam a melhor amiga da garota e poderia se beneficiar muito com isso. Ela atravessou a sala onde a mãe de Beto estava sentada tomando algo que parecia ser uma xícara de café, ao se aproximarem, a senhora levantou.— Pra onde cêis vão tão apressada assim, meninas? Alguma coisa de especial? — Dona Norma então coloca a xícara de café na mesa da sala e levanta para cumprimentar Lucia, que está vermelha.— Ainda não, dona Norma, ainda não tem nada de especial! Mas p
— Não temos tempo. Beto, esconde a Cida, agora, que a Lucia tá vindo pra cá e ela num tá cum uma cara das mio não, vai por mim. — Léo então tomou a frente e avisou o amigo, tentando ser o mais rápido possível. Beto não disse uma palavra, mas entendeu o recado, segurou na mão de Cida e saiu correndo até o fundo da casa, passando por uma portinha e chegando até a área, a colocando atrás da cisterna que havia ali para bombear água. — Cida, não sai daqui, tudo bem? Daqui a pouco eu venho te buscar.Cida então assentiu e se encolheu. Assim que Beto voltou pra sala, Lucia empurrou a porta.— Cadê ela, cadê essa vagabunda por quem você vive me trocando? — a moça estava descontrolada, como se a vida dependesse de saber quem era a moça com quem Beto estava transandoAmanda não se atreveu a aparecer, se Beto a visse, poderia ser demitida imediatamente, então, ficou do lado de fora, afastada, apenas ouvindo os gritos.— Lucia, o que você tem? O que aconteceu? Por que está aqui? — mesmo preoc
Quando Beto chegou a casa da fazenda juntos a Lucia, suas têmporas doíam diante do estresse. Havia sido passivo a fim de evitar mais confusão, mas não significava que estava feliz com o escândalo de Lucia, nem que ela conseguiria algo dele assim. Quando finalmente entraram na casa, Beto arrancou o chapéu da cabeça e o colocou na mesa, olhando para Lucia por um momento com os braços cruzados sobre o peito, tentando conter a raiva que o fazia respirar profundamente e ficar com os músculos tensos. — Tá me olhando assim por que? — ela perguntou, erguendo as sobrancelhas. Sentia-se vitoriosa como se tivesse ganhado o melhor dos prêmios, afinal, Beto a respeitaria depois disso, certo? Sabendo como ela era, ele jamais levaria uma mulher para a fazenda. Havia feito exatamente como sua sogra disse, tomado as rédeas de seu casamento. Beto bufou, com um sorriso sem humor estampado em seu rosto, suas sobrancelhas grossas se uniram instantes depois e ele passou a mãos nos cabelos, desacreditad
Quando Beto deixou a pequena casa, Sandrinha correu para os fundos, encontrando Cidinha escondida onde Beto a havia deixado. A garota estava com os olhos arregalados e o rosto corado havia ouvido dali toda a gritaria e a conversa, bem como a mentira contada por Beto, que a atingiu direto no coração. Já havia sofrido tanto naquele dia, naquela semana, sua vida nunca foi fácil, mas ultimamente pareciam que os santos a haviam abandonado. Cicinha fungou baixinho e, quando Sandrinha estendeu a mão para ela, a garota limpou o rosto, negando a mão da amiga e olhando para ela com uma expressão de pura tristeza. Então, passando por Sandra como um furacão, Cidinha foi para dentro da casa, pegando a bolsa que sua amiga havia trazido e trocando de roupa, prendendo os cabelos num coque e colocando a bolsa sobre o ombro, voltando para a sala decidida a sair dali. — Vambora, Sandrinha, que aqui num tem luga pra eu não — Cida falou, com uma expressão seria que a amiga nunca havia visto. — Mas,
Cida batia em Beto, tentando tirar do próprio peito a frustração. Já não aguentava mais tanta decepção. Desde quando conhecera o rapaz, ela sonhou com o dia em que ele a salvaria, e de fato aconteceu. Cida sentia que Beto realmente gostava dela, mas, será que tudo era só ilusão? Não acreditava até aquele momento em tudo que tinha escutado.— Como ocê pode fazer isso com eu, Beto? Como? Cê faz tudo isso pra depois eu descobrir que cê tá enrabichado com outra? E num é nem homi suficiente pra admitir pra moça. Homi é tudo igual, você, o Jonas. Onde eu fui amarrar meu jegue, meu painho? Léo e Sandra se afastaram ao mesmo tempo da dupla. O rapaz fez um sinal com a cabeça para que entrassem antes que a situação se complicasse e sobrasse para os dois também. — Cida, se acalma, muié! Ocê ta me deixando nervoso junto com tu — Beto tentava segurar as mãos de Cida, que eram rápidas e o acertava em seu peitoral com uma força que, para ele, era insignificante. Ele entendia a frustração dela, mas
Seus corpos eram como brasa viva e Cida derreteu em seus braços momentaneamente, entregando-se aos lábios de Beto, que tomavam os dela com desejo na verdade, com necessidade, ele precisava dela. As pernas de Cida se entrelaçaram a cintura de Beto e ela o puxou para si, independentemente do que acontecesse, ela jamais esqueceria aquele beijo fosse ele mais um de muitos, ou o ultimo.Beto não estava disposto a soltá-la, queria apenas arrastá-la para dentro da casinha e mostrar o quanto a desejava, beijá-la desde seus pés até sua boca, queria derramar todo o desejo insaciável que ela lhe causava, mas seus planos foram interrompidos pelo toque irritante de seu celular, que ecoou no local, estourando a bolha em que o casal estava. A morena pareceu voltar a si naquele exato momento, empurrando Beto e descendo da mureta, seus lábios estavam vermelhos e seu corpo estava quente, mas ela ainda trazia uma expressão emburrada que apenas se intensificou com o toque do celular. — Num vai atendê n