Alguns dias se passaram e as coisas não poderiam estar mais tensas. Cida se mantinha isolada na casa do capataz sendo acompanhada a maior parte do tempo por Sandrinha que uma vez por dia ia até a cidade com Léo, conversar com os pais e pegar mantimentos quando necessário. Quanto a Beto, ele também ia até o casebre, mas as coisas entre os dois estavam tão estranhas desde o dia em que ele saiu com seu cavalo, que eles mal conversaram e não foi por falta de esforço de Beto, ele tentou, mas Cidinha se fechara de um modo que o homem começara a temer ter perdido ela de vez e só essa ideia lhe causava um pânico que não conseguia sequer pôr em palavras, e essa inundação de sentimentos intensos deixava seu humor mil vezes pior do que já era. Sandra lhe aconselhou para que ele desse um tempo a Cida, afinal, ela ainda estava em luto, sem contar o fato de ter passado por uma experiência extremamente traumática. Quando as coisas se acalmassem, eles sentariam e conversariam com calma. Mesmo a cont
Lúcia ofegava sentindo a dúvida corroer seus sentidos. Ela acreditara em Amanda uma vez e as coisas ficaram desse jeito, mas uma parte de seus instintos lhe diziam que a única explicação para Beto lhe tratar do jeito que vinha tratando era por causa da influência de alguma outra mulher, ardilosa e manipuladora como uma serpente. A loira esfregou as têmporas irritada e então apontou a unha para Amanda. — Se você estiver me enganando, eu juro que arranco esse teu coro! — E saiu pisando firme em direção ao casebre. Amanda desceu as escadas em seu encalço, mas parou na porta de entrada da grande casa e decidiu observar de longe. Dessa vez não tinha como Cida fugir. … Cida estava deitada na cama quando ouviu a porta da pequena casa ser aberta de forma brusca, por um momento chegou até a cogitar ser Beto, mas não teve tempo de pensar, pois foi surpreendida pela voz estridente de Lúcia. — Eu sei que você tá aqui sua vagabunda, é melhor você sair logo de onde está escondida! Cida sen
O céu já havia escurecido e Beto já havia bebido o suficiente para se sentir ligeiramente tonto. Leo parecia estar numa situação ligeiramente melhor que a dele, mas seus olhos já estavam menores e seu rosto corado, indicando que o álcool estava começando a fazer efeito. — Porra, Léo! — murmurou Betto irritado — como diabos uma mulher consegue fuder tanto com a tua cabeça? — Sei lá, irmão — resmungou o homem com a fala ligeiramente mais lenta — muié tem essi dom de mexer cum nois. Elas tem um negócio nelas que bagunça nossa cabeça e deixa a gente tudo abestalhado. Léo olhou para Beto por um tempo e então perguntou: —Tu gosta dela? Gosta mermo dela? Beto pensou por um tempo e então disse com a voz baixa. — Gosto. Pior que eu gosto pra caralho. — Ele virou mais uma dose e fez sinal para o garçom lhe servir mais — Tem alguma coisa que faz ela ficar presa na minha cabeça dia e noite. — Intão tu tem que falar issu pra ela — Léo tomou sua dose e pediu mais uma. — Eu falei, mas
A pele macia e quente dela se aquecia diante do toque de Beto e ele podia sentir os pelos arrepiados sob seus dedos. Cida era sua, ela era perfeita para ele e, por um momento, acreditou que jamais a teria nos braços de novo, mas ali estava ela, pronta para se entregar para ele mais uma vez. Não disse mais nada, acatando o pedido dela pelo silêncio, não sabia porque isso agora, mas tinha medo de contrariá-la e ela resolver ir embora, resolver que não vai dar a ele essa chance. Precisava daquela noite para mostrar para Cida que ela só a ela que ele desejava.Beto puxou a calcinha dela com pressa, jogando-a de lado e invertendo as posições, colocando a moça na cama enquanto, com sede e desejo, deslizava a língua pela parte interna da coxa dela, sentindo o calor de sua pele até chegar em sua boceta, onde esqueceu todo e qualquer problema que tivessem tito, sugando com desejo e tesão. No fundo, bem no fundo, ele sentia que algo não estava certo, que as coisas não deveriam ser daquele jei
Quando o dia amanheceu, os raios do sol entraram na pequena casa pelas frestas nas telhas, despertando o casal quando o dia já ia alto. Beto foi o primeiro a acordar, ele esticou o corpo, sentindo a cabeça doer e um gosto amargo na boca. Se lembrava de pouco, lembrava do boteco, do seu irmão e, depois tudo o que sabia era que Cida o havia perdoado e que haviam passado a noite juntos, ao menos era no que acreditava. Ele a apertou em seus braços, a puxando para si e sentindo o toque delicado em seu peito, só então abriu os olhos, esperando ver o rosto delicado de Cida ao acordar, mas o que encontrou o fez quase saltar da cama. — Que porra é essa? — berrou Beto, encarando as madeixas loiras que se esparramam na cama enquanto Lucia se mexia devagar, acordando lentamente. — O que tu tá fazendu aqui, Lucia?— Como assim, amor? — ela perguntou, fingindo-se de inocente. Claro que Lucia sabia bem o que havia feito, e não se arrependeria nunca. Beto sair para beber com Leo foi a melhor cois
Cida não entendia porque estava sendo castigada daquele jeito, será que seu Santo António quem tava judiando assim de seu coração por ela ter colocado ele dentro de um copo de água tantas vezes? Duvidava disso, nenhum santo faria uma pessoa sofrer tanto em tão pouco tempo por causa de um copinho de água, certo?Ela nem se deu ao trabalho de voltar para a casinha para pegar suas coisas, como podia pisar la de novo depois de ser enxotada daquele jeito? Se dependesse dela, não pisava naquela fazenda nunca mais, não importa o perrengue que passasse. Preferia sofrer sozinha do que ser humilhada por aquela mulher de novo, tinha vergonha na cara, por mais que as pessoas achassem o contrário.Enquanto caminhava, os pés doendo sob o chão de terra batida, olhando a longa estrada reta que levava para o vilarejo, percebeu o quão sozinha estava. Não tinha mais seu pai, não queria incomodar Sandra e sua família, principalmente quando poderia prejudicar a amiga por causa da má fama, e Beto… Bem, apar
Cida passou horas e horas arrumando a casa. As coisas anda estavam uma grande bagunça e cada canto a lembrava do horror que havia vivido nas mãos de Zé no dia em que saiu de sua casa. Ela lavou o chão, esfregou, arrancou os lençóis das camas e trocou todos eles, jogando os outros fora sem se importar por não ter muitos, afinal, parecia que o cheiro de Zé estava impregnado neles e aquilo a deixava nauseada. Não sabia quanto tempo levou, mas quando finalmente acabou, os fios castanhos longos grudavam em sua testa e a pele estava suada, quase brilhando ao sol que entrava na casa. Estava pronta para tomar banho, já com o balde na mão para tirar a água da cisterna que havia ao lado da casa, mas antes que saísse, o som de palmas na janela ao lado da porta chamou sua atenção. — Oh de casa! — uma voz masculina encheu a casa inteira e Cida soltou o balde, saindo da cozinha e correndo rápido para a sala, olhando desconfiada para a janela, escondendo-se um pouco na parede que dividia os dois
Quando o São João chega no interior, tudo fica mais colorido e com sabor. Nessa época do ano, até os dias mais tristes se tornam alegres e, volta e meia, alguma surpresa muito bem-vinda vem acalentar a vida dos que não tiveram tanta sorte no começo do ano.E esse foi o caso de Cidinha. Uma menina bonita, com belos cabelos castanhos ondulados que desciam até abaixo da sua bunda, olhos de um tom de mel encantador, rosto de anjo, como todos diziam. Tinha traços muito belos, um nariz pequeno, levemente largo, uma pele bronzeada, como um café com leite recém-passado, lábios grossos e muito tentadores. Mas seu rosto não era a única coisa bonita em si, ela era o conjunto da obra, Cidinha tinha um corpo de dar inveja em qualquer moça da comunidade ribeirinha que ficava próximo ao Velho Chico.Mas sua sorte era, sem dúvida, só essa. Todos ali tinham pouco, mas o pouco que tinham era compartilhado, mas a beleza de Cidinha impactava diretamente em sua vida. As moças comprometidas não gostavam qu