Sandra e Léo seguiram caminho até a vila para buscar as coisas de Cida e da moça, o primeiro local foi justamente a casa da amiga. A porta ainda estava aberta e as pessoas que passavam pelo local observavam, tentando descobrir o que aconteceu.Sandra, sem esperar por Léo, entrou na casa e foi direto ao quarto de Cida. O local estava revirado, a camisa de Zé ainda estava ali, jogada no chão e, mais acima, a camisola de Cidinha estava ainda entre as madeiras da cabeceira da cama. Sandra sentiu o estômago revirar ao reviver a cena em sua mente.Léo entrou em seguida, dando pressa a moça. — Vamo, moça, adianta que nois num tempo o tempo todo do mundo não e Beto com a menina tão tudo precisando da gente — enquanto falava, ele analisava a situação do quarto.— Meu nomi é Sandra, viu? Mais respeito pufavô. E era pra ocê esperar la fora, que eu sou moça e o povo pode achar coisa errada dum homi entrar assim atrás de eu. — Pelo amor de nossa sinhora, muié, a última coisa que esse povo vai le
Lucia tremia de ódio! Enquanto descia as escadas, atrás de Amanda, só conseguia imaginar quem seria a vagabunda que estaria se envolvendo com seu noivo. “Estou há dias esperando por Beto. Como ele pode ser tão vagabundo, tão escroto? Não posso acreditar ainda, então, preciso ver com meus próprios olhos se isso é realmente verdade.”Amanda, que descia as escadas com pressa, sentindo o ódio de Lucia crescendo a cada segundo, estava orgulhosa de si mesma. Em seus pensamentos, descobrir os segredos de Beto e contar para Lucia a faziam a melhor amiga da garota e poderia se beneficiar muito com isso. Ela atravessou a sala onde a mãe de Beto estava sentada tomando algo que parecia ser uma xícara de café, ao se aproximarem, a senhora levantou.— Pra onde cêis vão tão apressada assim, meninas? Alguma coisa de especial? — Dona Norma então coloca a xícara de café na mesa da sala e levanta para cumprimentar Lucia, que está vermelha.— Ainda não, dona Norma, ainda não tem nada de especial! Mas p
— Não temos tempo. Beto, esconde a Cida, agora, que a Lucia tá vindo pra cá e ela num tá cum uma cara das mio não, vai por mim. — Léo então tomou a frente e avisou o amigo, tentando ser o mais rápido possível. Beto não disse uma palavra, mas entendeu o recado, segurou na mão de Cida e saiu correndo até o fundo da casa, passando por uma portinha e chegando até a área, a colocando atrás da cisterna que havia ali para bombear água. — Cida, não sai daqui, tudo bem? Daqui a pouco eu venho te buscar.Cida então assentiu e se encolheu. Assim que Beto voltou pra sala, Lucia empurrou a porta.— Cadê ela, cadê essa vagabunda por quem você vive me trocando? — a moça estava descontrolada, como se a vida dependesse de saber quem era a moça com quem Beto estava transandoAmanda não se atreveu a aparecer, se Beto a visse, poderia ser demitida imediatamente, então, ficou do lado de fora, afastada, apenas ouvindo os gritos.— Lucia, o que você tem? O que aconteceu? Por que está aqui? — mesmo preoc
Quando Beto chegou a casa da fazenda juntos a Lucia, suas têmporas doíam diante do estresse. Havia sido passivo a fim de evitar mais confusão, mas não significava que estava feliz com o escândalo de Lucia, nem que ela conseguiria algo dele assim. Quando finalmente entraram na casa, Beto arrancou o chapéu da cabeça e o colocou na mesa, olhando para Lucia por um momento com os braços cruzados sobre o peito, tentando conter a raiva que o fazia respirar profundamente e ficar com os músculos tensos. — Tá me olhando assim por que? — ela perguntou, erguendo as sobrancelhas. Sentia-se vitoriosa como se tivesse ganhado o melhor dos prêmios, afinal, Beto a respeitaria depois disso, certo? Sabendo como ela era, ele jamais levaria uma mulher para a fazenda. Havia feito exatamente como sua sogra disse, tomado as rédeas de seu casamento. Beto bufou, com um sorriso sem humor estampado em seu rosto, suas sobrancelhas grossas se uniram instantes depois e ele passou a mãos nos cabelos, desacreditad
Quando Beto deixou a pequena casa, Sandrinha correu para os fundos, encontrando Cidinha escondida onde Beto a havia deixado. A garota estava com os olhos arregalados e o rosto corado havia ouvido dali toda a gritaria e a conversa, bem como a mentira contada por Beto, que a atingiu direto no coração. Já havia sofrido tanto naquele dia, naquela semana, sua vida nunca foi fácil, mas ultimamente pareciam que os santos a haviam abandonado. Cicinha fungou baixinho e, quando Sandrinha estendeu a mão para ela, a garota limpou o rosto, negando a mão da amiga e olhando para ela com uma expressão de pura tristeza. Então, passando por Sandra como um furacão, Cidinha foi para dentro da casa, pegando a bolsa que sua amiga havia trazido e trocando de roupa, prendendo os cabelos num coque e colocando a bolsa sobre o ombro, voltando para a sala decidida a sair dali. — Vambora, Sandrinha, que aqui num tem luga pra eu não — Cida falou, com uma expressão seria que a amiga nunca havia visto. — Mas,
Quando o São João chega no interior, tudo fica mais colorido e com sabor. Nessa época do ano, até os dias mais tristes se tornam alegres e, volta e meia, alguma surpresa muito bem-vinda vem acalentar a vida dos que não tiveram tanta sorte no começo do ano.E esse foi o caso de Cidinha. Uma menina bonita, com belos cabelos castanhos ondulados que desciam até abaixo da sua bunda, olhos de um tom de mel encantador, rosto de anjo, como todos diziam. Tinha traços muito belos, um nariz pequeno, levemente largo, uma pele bronzeada, como um café com leite recém-passado, lábios grossos e muito tentadores. Mas seu rosto não era a única coisa bonita em si, ela era o conjunto da obra, Cidinha tinha um corpo de dar inveja em qualquer moça da comunidade ribeirinha que ficava próximo ao Velho Chico.Mas sua sorte era, sem dúvida, só essa. Todos ali tinham pouco, mas o pouco que tinham era compartilhado, mas a beleza de Cidinha impactava diretamente em sua vida. As moças comprometidas não gostavam qu
— Mas tão cedo e tu já tá aí nessa vida — falou a amiga, aparecendo na cozinha após entrar na casa sem se importar com a ausência de um convite. — Vim te chamar para ir ali na feira comigo. Sandra era também uma moça de chamar muita atenção, tinha uma pele negra brilhante e bela, olhos escuros e um cabelo volumoso e enorme, que chamava atenção onde quer que ela fosse. Era bem alta e muito esbelta, facilmente poderia ser uma modelo, mas deixou esse sonho de lado, já que sua mãe não achava uma boa ideia por acreditar que todas aquelas moças acabavam como moças da vida, o que, certamente, não passava de uma ideia sem sentido algum que a mãe dela ouviu de alguma outra mulher. — Eu tenho que trabalhar, né — Cidinha revirou os olhos, terminando de enxaguar o último copo. — Vai fazer o que lá?— To precisando comprar umas coisas e, além disso, a arrumação para a festa já começou, podemos ver como as coisas vão ser esse ano! — a animação de Sandra ela clara, certamente ela queria muito que
— Como é que é? — Sandra disse, assustada com a notícia dada de última hora.— Eu já não sei nem mais o que fazer, Sandra. Eu não quero me casar e já falei com painho, mas ele insiste que tem que ser com aquele homem nojento — enquanto falava, Cida fazia expressões de nojo, como se estivesse chupando um limão bem azedo. Os braços cruzados e o bico deixavam bem claro sua insatisfação com essa ideia.— Amiga, quando, como? Me conte do começo, porque eu não tô entendendo mais nada. De onde que seu Antônio tirou essa ideia da cabeça? E logo com o Zé? Tanto homem mais bem-apresentado nesse lugar — quanto mais ouvia, mais confusa Sandra ficava com a situação que sua amiga estava. Ela desejava tudo de bom a Cida e não a imaginava nunca indo se casar logo com um homem tão asqueroso como o primo.— Olha, sabe de uma, vamo terminar de comprar as coisas logo que seu pai chega e eu to batendo perna com ocê, ele num vai gostar. Bom que cê vai lá pra casa mais eu e assim explico logo do início. Pod