Há tempos que eu não sei o que é entrar numa loja, em uma galeria que minha avó e minha mãe sempre íamos quando as coisas eram de primeira linha, primeira classe... Eu tinha duas babás, Selma e Bruna, a minha casa havia muitos empregados, só para cuidar do jardim, eram necessários dez pessoas ao todo. Meus irmãos eram disputados, havia uma legião de meninas atrás deles e Marjorie, a caçula da família era considerada a garota mais encantadora por todos que a conheciam. Hoje ando por essas lojas para chegar na joalheria em que eu trabalho. Eu precisei ser forte, precisei encarar a realidade e salvar o que restou da minha família, onde muitos perderam a sanidade e viraram as costas para não ver a decadência de perto. — Bom dia Fernanda, como está Lorenzo?— Gordo e feliz. Minha mãe mima ele o dia inteiro, daqui a pouco ele não estará me reconhecendo como mãe.— Pare com isso! Ele está bem, você está trabalhando, está colocando comida na sua mesa.— Verdade. O pai dele quer voltar, mas c
Acordei às seis horas da manhã, pois pego as nove no shopping. Acordei Marjorie, depois fui ver quem Bernard trouxe para casa na noite passada. Fui entrando devagar para não constranger ninguém e era Grigor do seu lado dormindo de conchinha com ele — há muito tempo que eu não sei o que é isso, dormir com alguém que ame — eles estavam com aquele ar condicionado ligado sem necessidade e já fui desligando, cheguei perto da cama dos pombinho e cutuquei o cabelo crespo de Grigor, ele era ruivo e cultivava um Black, eles dois eram até bonitinhos dormindo juntos, mas sei que brigam demais por vários motivos. Enfim, jovens.— Bom dia gata!— Bom dia Grigor!— Vim dar uma força para seu irmão. Arrumei um emprego para ele a noite, três vezes na semana. Um bar.— E a faculdade dele? Como fica?— Dá para ele trabalhar e estudar tranquilo e lá os clientes dão bastante gorjeta. — Depois eu quero o endereço e o telefone do local. — Você parece a mãe dele!— É, eu sou também responsável por ele.
Salete até me chamou para tomar um chope com ela, mas não entendi porque recusei; na verdade, eu sou aquela pessoa que se sente insegura sem carro, mesmo sabendo que a talvez não conseguiria voltar dirigindo, eu odiava ficar sem carro e recebo uma foto de Marjorie e a prima de Letícia, Rebecca com algumas jovens que nem elas. Eu fico feliz que ela tenha algum divertimento, que eu não tenha de colocar a mão no bolso, mas era absurdo eu todo tempo, pensar em dinheiro, de como manterei as coisas sendo que minha mãe ganhar cinco vezes mais do que eu ganho e mesmo assim, ela é incapaz de enxergar que eu gostaria também de ter uma vida que não fosse baseada no que é importante para os outros. — Sabe de uma coisa, eu vou sair. Tenho tantas vestidos bons e mal os uso e antes de vende-los como já fiz algumas vezes. — Eu conversava com o espelho, após levantar de uma poltrona localizada perto da janela do meu quarto e ver o movimento da avenida e ruas próximas. Eu não era de fumar muito, mas e
Duas horas depois de conhecer os funcionários do bar inteiro praticamente com Draco, ele se identificou como o gerente do estabelecimento e me contou sobre as viagens que fez pelo mundo; passou oito anos nos Estados Unidos e resolveu recomeçar aqui, perto dos negócios de sua família.— E você, fala cinco idiomas, mas não saiu daqui do Brasil. O que te impede?— Que pergunta difícil. Eu sempre fui muito bem protegida. Eu nunca andei sozinha na rua até os meus dezoito anos, eu tinha tios que queriam me casar com primos distantes e coisa desse tipo. Como se fosse propriedade de alguém, sabe. Tive que aprender do zero a me virar.— Mas, você poderia se dar bem, talvez, seus tios a descrimina pó querer ser independente? Você gosta de trabalhar?— Eu não vou mentir para você, eu faço parte de uma família falida. Aprendi a trabalhar, aprendi a dar a deus as minhas joias, algumas coisas que faziam parte da minha vida ... Os meus sonhos de infância eram sempre viagens a Disney, parques temátic
Foi um encontro. Não sei se o destino reservou aquele momento para mim, mostrando- me que ainda estava viva e mesmo evitando Ter ambições além da conta, referente a pretendentes ricos, não era difícil não se encantar por ele, Draco Testa. Se mostrou despretensioso comigo, não exigiu e nem deu a entender que estavam fazendo aquelas coisas por mim por algum tipo de interesse.—Quer mais alguma coisa? —Disse assim que sair do banheiro. —Não, estou muito satisfeita! Chegou a hora de ir para casa. — Certo. Jean te levará para a casa!Entrei dentro daquele carro um tanto frustrado, sei que as minhas intenções ali era aproveitar a boate conhecer qualquer pessoa e trocar olhares e beijo descomprometido. mas encontrei um ser que me tratou muito bem não como uma qualquer. Não trocamos números de celulares aquilo acabaria naquela mesma noite estou melhor madrugada. Silenciosa, seguir viagem um carro conversível blindado como uma pessoa importante, mas ainda sim descontente com o desenrolar
Os conselhos de Leona faz sentido. Eu mergulhei tão fundo na rotina, nos problemas e trabalho que não consegui cuidar de mim. As roupas eram medíocres, era sempre cabelos que eu mesmo fazia e não mal conseguia fazer as luzes que gosto nos meus cabelos, a não ser no final do ano. Precisei da ajuda dela para me transformar em algo com mais valor. Ela foi extrema em muitas situações tentando me expor e me vender para os caras que ela achava certo. Mas dessa vez eu me vi desprezada. Uma vez, ouvi de meu avô essa frase: “ quem muito escolhe acaba ficando sem nada.” Chegou a hora de correr atrás do que eu quero, mesmo sem saber de fato o quê. Por enquanto, quero que os homens certos me olhem e os que gostar, me desejem.— Mãe, esse negócio está pinicando, já não passou o tempo dele? — Esta com uma máscara na cara que bem quis perguntar foi isso. Era suíço. E o que os suíços tem a ver com beleza? Irei descobri daqui a pouco.— Mais tinta minutos. É caro demais para você tirara agora, eu pass
— Eu não quero saber, apenas faça! — Draco em um de seus telefonemas com muito de seus colaboradores.As pessoas sempre dizem que quando um só lado conta sua versão da história, deixa lacunas, mas essa, eu saberei como contar, essa eu sei exatamente como chega o final. Eu vi as fotos de jornais e revistas mais quais os Testas saiam em muitas de suas festas. As redes sociais da maioria eram privadas e não era fácil entrar na vida deles, ainda mais quando se depara com a realidade e os negócios da família. Uma boa parte da família, apesar de parecer italiana é na verdade turca, outra romena e mais outra croata. Era realmente um bando, mafiosos. Apesar de não termos dinheiro para nada, nos resta conhecimento e conhecidos. As informações pipocavam no celular da minha mãe. Meu cabelo está a mal pintado e acreditava que dava para disfarçar, mas Lavínia me encarou às oito da manhã me convencendo a passar por uma transformação. Eu comecei a me arrepender em ter dito para Leona o que aconteceu
Tive que brigar com Lavínia para colocar uma roupa mais despojada. Ela queria que eu colocasse um vestido de festa, na minha opinião. Ele é florido, lindo, mas não cairia bem para aquela ocasião — dava a ideia de que eu tinha marido, ou estava a procura de um — eu cismei com isso. Nada me agradou nele, era um vestido de veraneio, com decote fundo e saia rodada, estava rigorosa comigo mesmo e achei mais interessante apostar numa blusa que adoro da minha mãe, uma blusa de botões branca e uma bermuda social creme, acabei por ficar com a rosa também creme. Coloquei uma sandália e brincos mais chamativos até para quebrar a simplicidade da produção.— Minha mãe e sua já chegaram lá, estão aguardando a mesa. — Ela sorri para o celular e eu jogando meu cabelo de um lado para o outro na frente do espelho. Isso poderia ser apenas uma brincadeira, uma desculpa para gastar dinheiro, mas estava afim de fazer isso. Pelo menos ver como as pessoas me olhariam dessa forma, nem eu me olhava mais assim,