Nos afastamos mais de três quilômetro da costa, desligamos o motor do iate e ficamos na parte superior deitados em cadeiras reclináveis de praia, bebericando e degustando patas de caranguejo enormes que trouxemos do Joe's.Meu avô e eu estamos apenas em calções de banho com o torso nu enquanto Ellen veste um lindo biquíni preto com franjinhas na parte do busto. Tento evitar, mas é impossível não olhar para o seu corpo perfeito estirado tomando sol. Ela vai ficar com as marquinhas do biquíni e eu adoro marquinhas de biquíni. Vou adorar lamber cada pedaço de pele bronzeada dela. Sinto meu pau acordar com o pensamento. Espera aí amigão, não invente de subir agora, o vovô não pode ver sua barraca armada.Deve ser ridículo meu pensamento querer conversar com o meu pau. Sorrio olhando com o canto do olho para o meu velho, mas o coroa está mais interessado no iate que passa ao lado com algumas mulheres seminuas dançando.— Você vai acabar ficando com torcicolo. — digo sorrindo quando ele qua
— Não, é que... — travo — Sabe vovô, ela ainda não sabe o que eu sinto. Você tem razão, eu agi como um idiota naquele dia e ela não me deixou dizer quando eu quis, mas eu vou contar logo. Só preciso resolver uma coisa antes.— Que coisa? — Não posso esconder do meu avô que Ada está aqui.— Ada. — ele ergue as sobrancelhas, mas não em surpresa e sim como uma pergunta silenciosa — Ela está aqui em Miami. Ela procurou por mim domingo passado, por isso eu bebi e agi como um estúpido.— É eu sei. — ele solta o ar lentamente após uma respiração profunda.— Como assim “eu sei”? — eu estreito os meus olhos — Sabe que a Ada está aqui? Ellen, não é? Ela te contou.— Ellen sabe da Ada? — ele pergunta genuinamente surpreso.— Nada demais. Só que tivemos algo. — me apoio de costas na grade e cruzo os braços sobre o peito — Se não soube da Ada pela Ellen então como soube que ela está aqui?— Esse é o motivo de ter vindo te visitar, Nick. Pra te alertar sobre ela. Sobre ela o seu pai.— Você vai esc
Nesse momento, Ellen aparece em volta de uma toalha, se jogando em uma das cadeiras.— Escuta vovô, sobre esse problema médico que você disse que teve, o que era?— Nada demais. — ele ri — Delírios de um velho médico louco.— Dr. Malcom é um dos poucos médicos em quem eu confio e ele não é louco, então o que foi?Ele bufa e então sorri. — Eu tive um pico de pressão e ele me mandou repousar.— Só isso? — pergunto desconfiado.— Só isso. Escuta eu estou morrendo de sede, tem gim nessa banheira?— O bar é no segundo andar. — digo sorrindo.Na volta pra casa, Ellen reclama da pele que está ardendo graças a exposição prolongada ao sol, mas eu lhe prometo tratamento especial quando voltarmos e ela sossega, rindo e se jogando em um dos sofás para espalhar o creme pelo corpo. Eu passei o resto da tarde pensando em todas as coisas que o meu avô me disse sobre a Ada e o meu pai, e o plano deles de me fazerem de otário. Por isso a Ada me disse que faria de tudo pra me ter de volta. Por isso ela
— Me perdoa meu amor. Me perdoa. — ela diz com sua boca colada no meu ouvido enquanto mordo seu pescoço. Suas mãos arrancam minha camisa e em seguida abrem minha braguilha. Em um segundo nós trocamos de lugar e assim ela está em cima de mim. Mal consigo olhar quando ela escorrega a língua pelo meu peito e me abocanha lá embaixo.Gemidos de prazer e de dor saem da minha garganta quando ela começa a me chupar. Coloco os dois braços sobre os olhos e começo a chorar.Pare com isso, Nick.Porra, eu estou quase.— Só tenha cuidado pra não ir com pressa demais e acabar morrendo no caminho.Mais um pouco.Pare Nick. Pare.Escuto na minha cabeça a voz do meu avô.— Apegue-se com ela Nick. Ame-a. Proteja-a. Viva a sua vida com ela e seja feliz tanto quanto você merece filho.Lembro-me da minha conversa de hoje à tarde com meu avô. Ele falava de uma mulher. Só que não era da Ada. Era da Ellen.— Ellen. — eu a chamo desesperado, com a voz entre soluços — Eu preciso de você Ellen.E com isso eu em
—Você não tem uma imagem muito boa do meu neto não é?— Só estou botando em pratos limpos o que ele mesmo me contou uma vez. — os dois se calam por um momento então a Ellen continua — Eu não quero ser o brinquedinho que o Nick vai usar enquanto espera o modelo novo chegar às lojas.— Mas você já está dormindo com ele.— Sim. Mas como amigos. Nós não rotulamos a nossa relação. Não somos um casal. Somos amigos que transam às vezes. Eu não quero rótulos pra gente. Pelo menos não desse tipo.Mais silêncio. Sei que é horrível o que eu estou fazendo, mas ela nunca falou essas coisas pra mim então vou continuar ouvindo pra saber o que ela pensa. Com vários minutos depois, ela continua.— Olha, Oliver, o Nick é muito importante pra mim. Eu não tenho muitas pessoas com quem contar e o Nick em menos de um mês fez mais por mim do que qualquer um em muito tempo. E a verdade é que eu não quero perdê-lo.— Por que você acha que vai perdê-lo?— Por que eu tenho o histórico de perder tudo que é impor
Nem é o sonho que me acorda. São as lágrimas. Corro para o banheiro e me olho no espelho. Estou branco. Olhos arregalados. Um suor frio desce pelo meu corpo. Mais lágrimas rolam. Acho que chorei hoje o que não chorava em anos. Lembrando-me do que fiz mais cedo, acho que mais lágrimas rolarão.— Eric. — minha voz sai menor que um sussurro. Sinto um nó na garganta que me impede de respirar.Jogo água no rosto, mas logo ponho a cabeça toda embaixo da torneira. Fico uns bons dois minutos com o jato de água na nuca e entre os cabelos.Quando me seco e volto para o quarto, sinto-me indigno de me deitar ao lado do anjo na minha cama. Eu não a mereço. Eu menti pra ela. Eu a traí. Eu sou um canalha. Um grande canalha.Preciso de uma bebida.Vou para a cozinha e direto para a adega.— Olá amigo. Você e eu teremos uma conversinha. — digo para uma garrafa de Bourbon.Volto para a cozinha e pego um copo no armário. Meia hora depois, metade da garrafa já se foi. Minha vista já está um caos. E eu te
— Bom dia raio de sol. — ela diz quando levanto a cabeça.— Bom dia. — bocejo — Você fez café? — eu a vejo com uma grande xícara nas mãos.— Fiz. Do jeito que eu gosto. Forte, mas bem docinho. — ela sorri e não consigo não sentir uma pontada no peito — Quer um pouco?— Não. Acho que vou tomar puro. Melhor, me dá a lata que eu vou comer os grãos. — ela ri amplamente...— Noite difícil? — Ellen senta-se no banquinho ao meu lado e eu confirmo sua pergunta com um aceno positivo de cabeça — Vai me contar porque estava bebendo de madrugada? — ela olha sugestivamente para a garrafa quase vazia de Bourbon e o copo ao lado.— Eu tive um pesadelo. — é tudo que eu consigo dizer.— Oh. — ela faz biquinho e fala com voz dengosa — Com pesadelos e sem sexo com a Ellen, o Nick fica sozinho?Eu sorrio pra ela. Informo que vou pra ONG – porque francamente não posso nem olhar pra ela sem me sentir um merda – e vou tomar banho. Quando saio do banheiro, meu avô está sentado na minha cama com uma xícara de
Quarentena. Nunca tinha visto um estado desses de verdade. Mas é exatamente onde Ellen me coloca. Setembro vem e se vai e eu estou em quarentena. Quinze dias sem nenhuma comunicação com exceção de uma única mensagem "ME DÊ UM TEMPO" no dia em que ela saiu da minha casa com lágrimas nos olhos por causa da minha idiotice. Mais quinze dias sem comunicação pessoal apenas ligações durante o dia ou chamadas de vídeo de dois minutos antes de dormir. É assim que eu passo o último mês. Em resumo, o pior mês que eu já tive em muito tempo.Os dias no calendário parecem ter sido duplicados. Vinte e quatro parecem quarenta e oito horas. Uma semana parece um mês. Um mês parece um ano. Cria-se uma rotina para mim. Ir e vir da Universidade. Ir e vir da clínica. Nada durante a noite além de uns goles de álcool. Apesar de eu ter passado cinco anos sem companhia, minha casa nunca pareceu tão vazia. Talvez porque eu nunca tenha passado tanto tempo em casa. Eu normalmente chegava da clínica e ia para a “c