Nesse momento, Ellen aparece em volta de uma toalha, se jogando em uma das cadeiras.— Escuta vovô, sobre esse problema médico que você disse que teve, o que era?— Nada demais. — ele ri — Delírios de um velho médico louco.— Dr. Malcom é um dos poucos médicos em quem eu confio e ele não é louco, então o que foi?Ele bufa e então sorri. — Eu tive um pico de pressão e ele me mandou repousar.— Só isso? — pergunto desconfiado.— Só isso. Escuta eu estou morrendo de sede, tem gim nessa banheira?— O bar é no segundo andar. — digo sorrindo.Na volta pra casa, Ellen reclama da pele que está ardendo graças a exposição prolongada ao sol, mas eu lhe prometo tratamento especial quando voltarmos e ela sossega, rindo e se jogando em um dos sofás para espalhar o creme pelo corpo. Eu passei o resto da tarde pensando em todas as coisas que o meu avô me disse sobre a Ada e o meu pai, e o plano deles de me fazerem de otário. Por isso a Ada me disse que faria de tudo pra me ter de volta. Por isso ela
— Me perdoa meu amor. Me perdoa. — ela diz com sua boca colada no meu ouvido enquanto mordo seu pescoço. Suas mãos arrancam minha camisa e em seguida abrem minha braguilha. Em um segundo nós trocamos de lugar e assim ela está em cima de mim. Mal consigo olhar quando ela escorrega a língua pelo meu peito e me abocanha lá embaixo.Gemidos de prazer e de dor saem da minha garganta quando ela começa a me chupar. Coloco os dois braços sobre os olhos e começo a chorar.Pare com isso, Nick.Porra, eu estou quase.— Só tenha cuidado pra não ir com pressa demais e acabar morrendo no caminho.Mais um pouco.Pare Nick. Pare.Escuto na minha cabeça a voz do meu avô.— Apegue-se com ela Nick. Ame-a. Proteja-a. Viva a sua vida com ela e seja feliz tanto quanto você merece filho.Lembro-me da minha conversa de hoje à tarde com meu avô. Ele falava de uma mulher. Só que não era da Ada. Era da Ellen.— Ellen. — eu a chamo desesperado, com a voz entre soluços — Eu preciso de você Ellen.E com isso eu em
—Você não tem uma imagem muito boa do meu neto não é?— Só estou botando em pratos limpos o que ele mesmo me contou uma vez. — os dois se calam por um momento então a Ellen continua — Eu não quero ser o brinquedinho que o Nick vai usar enquanto espera o modelo novo chegar às lojas.— Mas você já está dormindo com ele.— Sim. Mas como amigos. Nós não rotulamos a nossa relação. Não somos um casal. Somos amigos que transam às vezes. Eu não quero rótulos pra gente. Pelo menos não desse tipo.Mais silêncio. Sei que é horrível o que eu estou fazendo, mas ela nunca falou essas coisas pra mim então vou continuar ouvindo pra saber o que ela pensa. Com vários minutos depois, ela continua.— Olha, Oliver, o Nick é muito importante pra mim. Eu não tenho muitas pessoas com quem contar e o Nick em menos de um mês fez mais por mim do que qualquer um em muito tempo. E a verdade é que eu não quero perdê-lo.— Por que você acha que vai perdê-lo?— Por que eu tenho o histórico de perder tudo que é impor
Nem é o sonho que me acorda. São as lágrimas. Corro para o banheiro e me olho no espelho. Estou branco. Olhos arregalados. Um suor frio desce pelo meu corpo. Mais lágrimas rolam. Acho que chorei hoje o que não chorava em anos. Lembrando-me do que fiz mais cedo, acho que mais lágrimas rolarão.— Eric. — minha voz sai menor que um sussurro. Sinto um nó na garganta que me impede de respirar.Jogo água no rosto, mas logo ponho a cabeça toda embaixo da torneira. Fico uns bons dois minutos com o jato de água na nuca e entre os cabelos.Quando me seco e volto para o quarto, sinto-me indigno de me deitar ao lado do anjo na minha cama. Eu não a mereço. Eu menti pra ela. Eu a traí. Eu sou um canalha. Um grande canalha.Preciso de uma bebida.Vou para a cozinha e direto para a adega.— Olá amigo. Você e eu teremos uma conversinha. — digo para uma garrafa de Bourbon.Volto para a cozinha e pego um copo no armário. Meia hora depois, metade da garrafa já se foi. Minha vista já está um caos. E eu te
— Bom dia raio de sol. — ela diz quando levanto a cabeça.— Bom dia. — bocejo — Você fez café? — eu a vejo com uma grande xícara nas mãos.— Fiz. Do jeito que eu gosto. Forte, mas bem docinho. — ela sorri e não consigo não sentir uma pontada no peito — Quer um pouco?— Não. Acho que vou tomar puro. Melhor, me dá a lata que eu vou comer os grãos. — ela ri amplamente...— Noite difícil? — Ellen senta-se no banquinho ao meu lado e eu confirmo sua pergunta com um aceno positivo de cabeça — Vai me contar porque estava bebendo de madrugada? — ela olha sugestivamente para a garrafa quase vazia de Bourbon e o copo ao lado.— Eu tive um pesadelo. — é tudo que eu consigo dizer.— Oh. — ela faz biquinho e fala com voz dengosa — Com pesadelos e sem sexo com a Ellen, o Nick fica sozinho?Eu sorrio pra ela. Informo que vou pra ONG – porque francamente não posso nem olhar pra ela sem me sentir um merda – e vou tomar banho. Quando saio do banheiro, meu avô está sentado na minha cama com uma xícara de
Quarentena. Nunca tinha visto um estado desses de verdade. Mas é exatamente onde Ellen me coloca. Setembro vem e se vai e eu estou em quarentena. Quinze dias sem nenhuma comunicação com exceção de uma única mensagem "ME DÊ UM TEMPO" no dia em que ela saiu da minha casa com lágrimas nos olhos por causa da minha idiotice. Mais quinze dias sem comunicação pessoal apenas ligações durante o dia ou chamadas de vídeo de dois minutos antes de dormir. É assim que eu passo o último mês. Em resumo, o pior mês que eu já tive em muito tempo.Os dias no calendário parecem ter sido duplicados. Vinte e quatro parecem quarenta e oito horas. Uma semana parece um mês. Um mês parece um ano. Cria-se uma rotina para mim. Ir e vir da Universidade. Ir e vir da clínica. Nada durante a noite além de uns goles de álcool. Apesar de eu ter passado cinco anos sem companhia, minha casa nunca pareceu tão vazia. Talvez porque eu nunca tenha passado tanto tempo em casa. Eu normalmente chegava da clínica e ia para a “c
— Tudo bem. — digo com um sorriso forçado — Pode ser amanhã então? — Diga que sim.— Por que não fazemos assim, eu te ligo quando eu puder e então marcamos, o que acha?Acho que você está me deixando de lado totalmente. É o que eu quero dizer, mas...— Pode ser. Quando quiser. —... É o que eu digo.— Ótimo. Então eu te ligo tá? — eu vou dizer mais alguma coisa, mas ela já está se virando de volta ao cavalo.Antes de sair do estábulo, olho para trás, mas ela não. Ela apenas põe de volta os fones de ouvido e continua seu trabalho. Suspiro com pesar e vou embora.A tarde se passa devagar. Alguns pacientes desmarcaram, mas os que vieram não conseguem me distrair. Estou agindo no piloto automático e completamente ciente de que estou errado. Não posso misturar trabalho e vida pessoal. Não posso deixar que meus sentimentos interfiram nas coisas que faço aqui, mas é impossível me concentrar em algo mais do que a Ellen me dizendo que não tem tempo pra mim.Asher.Esse maldito nome fica indo e
— Eu perguntei o que está fazendo aqui, Nicholas. — ela repete com a voz como cacos de gelo.— Eu...— Eu já estou indo. — o bastardo diz — Você vai ficar bem?Ela relaxa um pouco o rosto ao olhar para ele e concorda.— Tudo bem, Asher. — ela chega até a sorrir — Pode ir.Ele aproxima a boca ao rosto dela e lhe deposita um beijo na bochecha. Eu tenho que me conter para não arrancá-lo a força de cima dela quando o beijo demora mais do que o necessário.— Até amanhã. — ela lhe diz. Bom pelo menos é melhor que “quer subir?”.Ele sorri, sobe em sua moto e vai embora. Espero até que ele se distancie o suficiente para olhar tão feio pra ela quanto ela olha pra mim.— O que veio fazer aqui? — ela pergunta ao mesmo tempo que eu pergunto — Quem é esse cara?Ambos não respondemos à pergunta um do outro. Olhamo-nos como rivais. Mas tudo o que eu quero é beijá-la. Deus, eu a quero tanto. Baixo a cabeça e enfio as mãos nos bolsos.— Me responde Nicholas.Nicholas mais uma vez.— Eu queria te ver.