FelipeChego à sede da máfia no mesmo ritmo de sempre, passos firmes e olhar atento, mas sem pressa. Aqui, cada detalhe importa, e qualquer deslize pode custar caro. Assim que entro, vejo Gian Carlo encostado na mesa, folheando alguns papéis com aquele jeito despreocupado que só ele tem.— E aí, irmão? Chegou cedo hoje. — digo, jogando minha jaqueta em uma cadeira próxima.Ele levanta os olhos e dá aquele sorriso de canto de boca que é a marca registrada dele.— Alguém tem que garantir que você não estrague tudo, né? — responde, piscando.Rimos juntos. Apesar das provocações, a verdade é que trabalhamos bem em dupla. Ele tem a agilidade e o improviso; eu, o foco e a precisão.Passamos a primeira parte da manhã verificando alguns documentos e discutindo detalhes dos carregamentos que chegaram recentemente. Gian, como sempre, faz piada de tudo, mas mantém o olho nos números. Ele pode até parecer relaxado, mas conhece esse jogo como ninguém.— Ah, preciso te contar — ele começa, deixando
FelipeEle ri, jogando a prancheta em cima da mesa antes de se jogar em uma cadeira.— E aí, depois disso tudo, qual vai ser? Voltar para tua garota misteriosa?Dou de ombros, mas não consigo evitar o sorriso que aparece no meu rosto.— Talvez. Se ela estiver disponível.— Tá com sorte, hein? — Gian comenta, pegando um cigarro. — Essas mulheres acabam com a gente, mas a gente não vive sem elas.— Pois é — respondo, sem discordar.Enquanto ele acende o cigarro, penso no que ele disse. As coisas estão mudando, tanto para mim quanto para ele. E por mais que o trabalho nunca termine, esses momentos de camaradagem entre irmãos fazem tudo valer a pena.— Seu otário, joga essa porcaria fora, ao invés de colocar cigarro na boca, coloca a b0ceta da sua novinha e chupa até ela gritar o seu nome! — falo rindo.Gian recebe uma mensagem no celular e faz aquela cara de quem está prestes a sair para resolver algo urgente. Ele se levanta, ajeita a jaqueta e coloca a prancheta na mesa.— Preciso cuid
FelipeConforme a noite se aproxima, termino minhas atividades e me preparo para sair. Gian está de olho nos últimos carregamentos do dia, então aproveito para me despedir rápido.— Tá indo? — ele pergunta.— Sim, tô morto. Amanhã tô de volta cedo.— Beleza. Não esquece de descansar, hein? — Gian acena, voltando a atenção para a prancheta.Saio da sede com a cabeça a mil. O celular no meu bolso parece pesar uma tonelada. Cada dado que salvei é uma arma poderosa, mas também uma bomba-relógio. Se Cesare ou alguém mais descobrir o que fiz, não haverá lugar seguro para mim.Dirijo até meu apartamento em silêncio, os pensamentos girando. Beatriz e Giulia... lembro do rastro de destruição que Cesare tentou deixar na vida delas. Beatriz, que foi minha em outro tempo, e Giulia, que nem sabe o que está acontecendo. Cesare não tem limites, mas agora eu sei o que ele fez, e ele vai pagar por isso.Assim que chego em casa, encontro um furacão chamado Vívian sorrindo, tranco a porta e me sento à m
RafaelAssim que desligo a chamada com Felipe e Vívian, permaneço por um momento em silêncio na sala de conferências, processando tudo o que acabei de ouvir. Cesare... Seus movimentos não me surpreendem, mas o alcance do que Felipe encontrou vai muito além do esperado. Esse "C. Franco" pode ser a peça que faltava para ligar tudo, os desvios, os pesticidas, e, mais importante, o atentado contra Beatriz e Giulia.Levanto e pego o telefone interno.— Yana, venha até a sala de conferências agora. Traga Liam com você.Em poucos minutos, Yana entra, com seu usual ar de eficiência. Liam a segue, já com o tablet em mãos, pronto para receber instruções. Eles sabem que, se estou chamando dessa forma, é porque algo grande está em jogo.— Sentem-se — digo, acenando para as cadeiras ao redor da mesa.Ambos se acomodam, atentos. Não gosto de rodeios, então vou direto ao ponto.— Temos um nome a mais, C. Franco. É um contato de Brasília, diretamente ligado ao Cesare, provavelmente responsável por in
FelipeEstou no apartamento, sentado na sala com Vívian, e o ar entre nós está carregado de tensão. A conversa sobre as descobertas que fiz hoje é séria, mas sinto que há algo mais ali, algo que não conseguimos colocar em palavras.— É surreal pensar no tamanho dessa operação — ela diz, mordendo o lábio inferior enquanto analisa as informações no tablet. — Cesare foi longe demais dessa vez.— Sempre vai um pouco mais longe do que qualquer um imagina — respondo, esfregando as mãos no rosto. O calor da noite está insuportável, e me sinto sufocado. — Tá quente demais aqui.Levanto, sem pensar muito, e tiro a camisa, jogando-a no encosto do sofá. Volto a me sentar, ainda absorto nos detalhes do esquema, mas noto o olhar dela desviando, apenas por um instante, para o meu peito. O que vejo nos olhos dela é mais do que curiosidade, é desejo.Um sorriso discreto surge nos meus lábios. — Tá tudo bem?Ela pisca rapidamente, como se voltasse à realidade. — Sim... claro. — Mas a voz dela falha
Beatriz Hoje é o dia. Desde cedo, o grupo de mulheres está alvoroçado, e eu mal consigo conter meu entusiasmo. Finalmente vamos ter um dia só nosso, sem interrupções, sem preocupações, apenas diversão, conversa, compras e muita risada. Claro que isso está deixando os homens à beira de um colapso, mas, sinceramente? Eles que lidem com isso.Chamo a Morgana e faço um carinho nela e digo que tome conta do pai ciumento, ofereço um petisco, ela come e logo volta a se esfregar nas minhas pernas.Logo cedo, enquanto termino de me arrumar, ouço Rafael resmungando pela casa.— Beatriz, você realmente acha seguro sair assim? Todas vocês? — Ele me olha com aquele olhar ciumento, mas finjo que não percebo.— Rafael, já discutimos isso, não sei para que essa cara feia. Vai ter escolta, você sabe que não estou nem um pouco disposta a abrir mão desse dia. — Minha voz é firme, mas lanço um sorriso para ele enquanto passo o batom.Ele suspira, cruzando os braços.— E se algo acontecer?— Algo como? —
Beatriz — Bem-vindas, meninas! Hoje vou mostrar não só as nossas peças de lingerie, mas também a seção exclusiva que temos aqui dentro.Ela nos guiou por entre os cabides de rendas e sedas até uma área mais reservada. Lá, ao invés de lingeries, os produtos começaram a ficar inusitados.— Bem-vindas ao nosso espaço mais discreto! — disse a atendente, sorrindo. — Aqui temos alguns produtos que podem apimentar qualquer relação.Nós nos entreolhamos, algumas mais envergonhadas, outras curiosas. Foi Teresa quem quebrou o gelo.— Ah, agora fiquei interessada. Mostra para gente o que tem de bom.A atendente sorriu ainda mais e começou a mostrar os produtos. Primeiro, ela apresentou óleos e cremes com aromas afrodisíacos, explicando como poderiam ser usados para massagens.— Esse aqui — ela disse, segurando um frasco pequeno, esquenta ao contato com a pele e tem um leve sabor de morango.— Uau! — Priscila exclamou, já rindo. — Isso parece uma sobremesa, não um óleo.Lizandra, que parecia tr
FelipeChego à sede da máfia logo cedo, como de costume. O lugar ainda está tranquilo, com poucos homens circulando. Aproveito o silêncio para revisar alguns relatórios e verificar os carregamentos que estão programados para os próximos dias. Não posso baixar a guarda, não agora, com tudo o que descobri recentemente.Passo a manhã ocupado, mergulhado em trabalho, até que ouço passos pesados no corredor. Gian Carlo finalmente aparece, com aquele sorriso que sempre traz um misto de charme e insolência.— Dormiu bem, irmão? — pergunto, sem tirar os olhos dos papéis à minha frente.Ele ri, puxando uma cadeira e se jogando nela como se o peso do mundo tivesse desaparecido. — Dormir? Quem disse que eu dormi? A novinha não me deixou em paz.Olho para ele com um misto de curiosidade e cansaço. — Novinha, hein? Vai me contar quem é ou vai manter o mistério?Gian dá de ombros, mas o sorriso dele entrega tudo. — Júlia. Nome simples, mas ela é fogo puro. Acho que nunca conheci alguém tão entusi