FelipeConforme a noite se aproxima, termino minhas atividades e me preparo para sair. Gian está de olho nos últimos carregamentos do dia, então aproveito para me despedir rápido.— Tá indo? — ele pergunta.— Sim, tô morto. Amanhã tô de volta cedo.— Beleza. Não esquece de descansar, hein? — Gian acena, voltando a atenção para a prancheta.Saio da sede com a cabeça a mil. O celular no meu bolso parece pesar uma tonelada. Cada dado que salvei é uma arma poderosa, mas também uma bomba-relógio. Se Cesare ou alguém mais descobrir o que fiz, não haverá lugar seguro para mim.Dirijo até meu apartamento em silêncio, os pensamentos girando. Beatriz e Giulia... lembro do rastro de destruição que Cesare tentou deixar na vida delas. Beatriz, que foi minha em outro tempo, e Giulia, que nem sabe o que está acontecendo. Cesare não tem limites, mas agora eu sei o que ele fez, e ele vai pagar por isso.Assim que chego em casa, encontro um furacão chamado Vívian sorrindo, tranco a porta e me sento à m
RafaelAssim que desligo a chamada com Felipe e Vívian, permaneço por um momento em silêncio na sala de conferências, processando tudo o que acabei de ouvir. Cesare... Seus movimentos não me surpreendem, mas o alcance do que Felipe encontrou vai muito além do esperado. Esse "C. Franco" pode ser a peça que faltava para ligar tudo, os desvios, os pesticidas, e, mais importante, o atentado contra Beatriz e Giulia.Levanto e pego o telefone interno.— Yana, venha até a sala de conferências agora. Traga Liam com você.Em poucos minutos, Yana entra, com seu usual ar de eficiência. Liam a segue, já com o tablet em mãos, pronto para receber instruções. Eles sabem que, se estou chamando dessa forma, é porque algo grande está em jogo.— Sentem-se — digo, acenando para as cadeiras ao redor da mesa.Ambos se acomodam, atentos. Não gosto de rodeios, então vou direto ao ponto.— Temos um nome a mais, C. Franco. É um contato de Brasília, diretamente ligado ao Cesare, provavelmente responsável por in
FelipeEstou no apartamento, sentado na sala com Vívian, e o ar entre nós está carregado de tensão. A conversa sobre as descobertas que fiz hoje é séria, mas sinto que há algo mais ali, algo que não conseguimos colocar em palavras.— É surreal pensar no tamanho dessa operação — ela diz, mordendo o lábio inferior enquanto analisa as informações no tablet. — Cesare foi longe demais dessa vez.— Sempre vai um pouco mais longe do que qualquer um imagina — respondo, esfregando as mãos no rosto. O calor da noite está insuportável, e me sinto sufocado. — Tá quente demais aqui.Levanto, sem pensar muito, e tiro a camisa, jogando-a no encosto do sofá. Volto a me sentar, ainda absorto nos detalhes do esquema, mas noto o olhar dela desviando, apenas por um instante, para o meu peito. O que vejo nos olhos dela é mais do que curiosidade, é desejo.Um sorriso discreto surge nos meus lábios. — Tá tudo bem?Ela pisca rapidamente, como se voltasse à realidade. — Sim... claro. — Mas a voz dela falha
Beatriz Hoje é o dia. Desde cedo, o grupo de mulheres está alvoroçado, e eu mal consigo conter meu entusiasmo. Finalmente vamos ter um dia só nosso, sem interrupções, sem preocupações, apenas diversão, conversa, compras e muita risada. Claro que isso está deixando os homens à beira de um colapso, mas, sinceramente? Eles que lidem com isso.Chamo a Morgana e faço um carinho nela e digo que tome conta do pai ciumento, ofereço um petisco, ela come e logo volta a se esfregar nas minhas pernas.Logo cedo, enquanto termino de me arrumar, ouço Rafael resmungando pela casa.— Beatriz, você realmente acha seguro sair assim? Todas vocês? — Ele me olha com aquele olhar ciumento, mas finjo que não percebo.— Rafael, já discutimos isso, não sei para que essa cara feia. Vai ter escolta, você sabe que não estou nem um pouco disposta a abrir mão desse dia. — Minha voz é firme, mas lanço um sorriso para ele enquanto passo o batom.Ele suspira, cruzando os braços.— E se algo acontecer?— Algo como? —
Beatriz — Bem-vindas, meninas! Hoje vou mostrar não só as nossas peças de lingerie, mas também a seção exclusiva que temos aqui dentro.Ela nos guiou por entre os cabides de rendas e sedas até uma área mais reservada. Lá, ao invés de lingeries, os produtos começaram a ficar inusitados.— Bem-vindas ao nosso espaço mais discreto! — disse a atendente, sorrindo. — Aqui temos alguns produtos que podem apimentar qualquer relação.Nós nos entreolhamos, algumas mais envergonhadas, outras curiosas. Foi Teresa quem quebrou o gelo.— Ah, agora fiquei interessada. Mostra para gente o que tem de bom.A atendente sorriu ainda mais e começou a mostrar os produtos. Primeiro, ela apresentou óleos e cremes com aromas afrodisíacos, explicando como poderiam ser usados para massagens.— Esse aqui — ela disse, segurando um frasco pequeno, esquenta ao contato com a pele e tem um leve sabor de morango.— Uau! — Priscila exclamou, já rindo. — Isso parece uma sobremesa, não um óleo.Lizandra, que parecia tr
FelipeChego à sede da máfia logo cedo, como de costume. O lugar ainda está tranquilo, com poucos homens circulando. Aproveito o silêncio para revisar alguns relatórios e verificar os carregamentos que estão programados para os próximos dias. Não posso baixar a guarda, não agora, com tudo o que descobri recentemente.Passo a manhã ocupado, mergulhado em trabalho, até que ouço passos pesados no corredor. Gian Carlo finalmente aparece, com aquele sorriso que sempre traz um misto de charme e insolência.— Dormiu bem, irmão? — pergunto, sem tirar os olhos dos papéis à minha frente.Ele ri, puxando uma cadeira e se jogando nela como se o peso do mundo tivesse desaparecido. — Dormir? Quem disse que eu dormi? A novinha não me deixou em paz.Olho para ele com um misto de curiosidade e cansaço. — Novinha, hein? Vai me contar quem é ou vai manter o mistério?Gian dá de ombros, mas o sorriso dele entrega tudo. — Júlia. Nome simples, mas ela é fogo puro. Acho que nunca conheci alguém tão entusi
DavidEstou sentado ao lado de Lizandra, segurando sua mão enquanto conversamos calmamente. Ela sabe que estou prestes a dizer algo importante, e seus olhos me encaram com uma mistura de curiosidade e ansiedade. Respiro fundo antes de começar.— Lizandra, precisamos partir para a Argentina. Já está tudo pronto. Vamos continuar com tudo de lá, e, mesmo à distância, as reuniões e operações vão prosseguir por video conferência.Ela suspira, assentindo com um pequeno sorriso.— Eu sabia que esse momento chegaria, precisamos recuperar a nossa vida e proteger de perto as nossas crianças.— MInha linda. fizemos aqui conexões importantes e já existe um acordo de cavalheiros, de lá, continuarei a prestar todo o apoio possível!— Quero que saiba que esses dias aqui foram... diferentes. — Olho em seus olhos, tentando expressar o que sinto. — Fazia muito tempo que não me sentia tão bem e tão segura no reduto de outra máfia. Rafael e sua equipe foram excepcionais.Ela sorri, apertando minha mão.
Felipe Chego no apartamento depois de um dia intenso. A porta se fecha atrás de mim, e o silêncio do lugar é quase esmagador. Meus pensamentos estão todos nela: Vívian. Ainda sinto o gosto da tensão que ficou no ar mais cedo, aquele olhar dela, cheio de dor e mágoa, não sai da minha cabeça.Eu largo as chaves no balcão e respiro fundo. Preciso resolver isso agora. Não posso deixar que as coisas fiquem assim entre nós.Quando chego à sala, a vejo sentada no sofá, os joelhos abraçados, os olhos fixos em algum ponto distante. Ela percebe minha presença e levanta o olhar, mas não diz nada. Não há raiva nos olhos dela, mas a mágoa ainda está lá, e isso me corta por dentro.— Vívian... — começo, a voz mais baixa do que esperava. — Precisamos conversar.Ela respira fundo, como se estivesse se preparando para uma discussão, mas não responde. Dou alguns passos até me sentar ao lado dela, respeitando o espaço, mas perto o suficiente para que ela saiba que não estou ali para brigar.— Sobre hoj