Gian CarloA raiva ferve em minhas veias e as palavras de minha mãe ecoam na minha mente como um golpe impiedoso, me atingindo com a força de um soco no estômago. Eu estava pronto para seguir meu próprio caminho, mas ela decidiu que não, que não era o meu destino, mas o que ela escolheu devia ser cumprido. O tal acordo, o casamento arranjado, e tudo por causa das merrdas que o Cesare fez. Agora ele não está mais aqui, e a verdade é que estou preso, como um animal numa jaula que meu próprio sangue construiu. O peso do destino cai sobre mim de forma cruel. Aquele lugar, aquele malldito casamento, tudo por causa de um poder que eu nem escolhi, que nem conheço, mas que sou obrigado a aceitar, como um fardo. Não posso mais negar. Não posso mais fugir.Chego no apartamento que divido com Geisa e a porta se fecha atrás de mim com um estrondo que parece gritar contra tudo o que está acontecendo. O ambiente está silencioso, mas o peso dos meus próprios pensamentos me sufoca. Geisa está na sal
GiuliaO cheiro de álcool no ar me atinge antes mesmo de ver Gian Carlo entrar pela porta. Ele cambaleia, como um homem que perdeu a razão e o controle, o seu corpo exalando a mistura de whisky, desespero e derrota. Olho para ele e não posso deixar de me perguntar como chegamos até aqui. Cada passo que ele dá para dentro da sala é como uma martelada no meu peito, um peso que eu já não sei mais como carregar. Quando ele passa por mim, não digo nada. Não preciso. A loucura, a negação e a vergonha já estão escritos nas entrelinhas dessa nossa história.— Vamos para o escritório, agora. — Minha voz sai fria, cortante, sem espaço para discussão. Pego-o pelo braço com força, quase arrastando-o, e ele me olha surpreso, como se tivesse se esquecido de quem eu sou e de quem ele é para mim. Ele vai, sem contestar, mas sua energia ainda está impregnada na agressividade do álcool que ele consumiu de forma descontrolada. Sento-o na cadeira do escritório e fico de pé diante dele, a raiva queimando
RafaelO som das malas sendo arrastadas pelos corredores da casa, o cheiro do café fresco vindo da cozinha e a sensação de que, mesmo com toda a tensão que paira sobre mim, nada pode interromper esse momento de preparação. Estou indo para o Rio de Janeiro, para o casamento de Vivian e Felipe, mas sei que, como tudo na minha vida, esse evento não será apenas uma celebração. Vai ser mais uma peça no tabuleiro, uma estratégia cuidadosamente planejada. O jato particular que nos espera na pista é um lembrete do poder que temos, da vida que escolhemos, ou talvez, da vida que nos foi imposta. Beatriz, Giulia, Rafinha e até a pequena Giulia se acomodam, criando uma atmosfera de conforto no avião, mas minha mente já está distante, calculando os próximos passos enquanto a aeronave começa a se elevar no céu.O voo é tranquilo. Tobias, o nosso piloto, transmite uma serenidade rara, e suas boas-vindas de bordo dão o tom de leveza que, por algum motivo, tento ignorar. Estou cercado por tantas pess
Giulia Hoje decido passar a manhã com Vivian, minha futura nora. Quero ensiná-la as tradições da máfia italiana, uma herança que precisa ser respeitada e compreendida, especialmente agora que ela está prestes a se tornar oficialmente parte da nossa família. Vivian é esperta, e embora tenha vindo da máfia americana, sei que ela pode absorver e honrar nossas tradições com o devido respeito.No início, percebo um leve nervosismo em seus olhos enquanto nos sentamos no salão principal da casa. O lugar é cheio de história, com retratos antigos dos nossos ancestrais adornando as paredes. É aqui que tantas decisões importantes foram tomadas e onde laços foram fortalecidos ou quebrados.— Vivian, — começo, segurando suas mãos com firmeza, mas com carinho, sei que você já está acostumada com a vida que levamos, mas casar com Felipe significa mais do que apenas ser esposa dele. Significa que você carrega o nome Vassalo e, com isso, todas as tradições e responsabilidades que vêm junto, inclusive
RafaelEstou sentado na sacada do nosso quarto no hotel, observando o horizonte do Rio de Janeiro enquanto o som suave das ondas ecoa ao fundo. A manhã já está avançada, e o calor do sol misturado à brisa fresca do mar cria uma atmosfera quase perfeita. Mas minha mente está inquieta. Não é apenas o trabalho, ou a rotina da máfia, ou as precauções de segurança que sempre nos cercam — é o que está por vir. Hoje, estamos no Rio para celebrar uma união, mas também para preparar outra, e eu não tenho ideia de como Maria e Gian vão reagir ao se conhecerem. O peso dessa incerteza me corrói por dentro, mas é algo que preciso manter sob controle. Afinal, o que está em jogo é mais do que eles dois; é o futuro de alianças delicadas que podem selar a paz ou desatar uma guerra.Pego o celular para verificar as mensagens no grupo da máfia. Há uma tensão implícita na situação; mesmo em um ambiente que deveria ser de celebração, precisamos estar atentos. Não posso permitir que um descuido ponha todos
GiuliaO dia finalmente chegou, e o ar está impregnado de expectativa e celebração, confesso que estou aproveitando esse dia da forma que não aproveitei na minha vez! Estou de pé, ajustando o meu vestido de gala enquanto observo a movimentação no grande salão onde acontecerá a cerimônia, já amo a Vívian, é como se estivesse casando dois filhos, me sinto abençoada. O espaço está decorado com elegância clássica, flores brancas e dourado predominam, simbolizando pureza e prosperidade. Cada detalhe foi meticulosamente planejado, como deve ser em qualquer evento que represente a união de duas famílias da máfia.A cerimônia segue as tradições antigas, um misto de solenidade religiosa e rituais que carregam o peso do compromisso entre famílias poderosas. A entrada de Felipe é marcada pelo som profundo de um violino tocando uma melodia tradicional italiana. Ele caminha ao lado de Rafael, o seu padrinho, com o semblante sério, mas os olhos cheios de emoção.Em seguida, todos se levantam ao s
GiuliaMaria, surpresa, pega o buquê e o segura com as duas mãos, como se estivesse examinando uma obra de arte. Ela o aproxima do rosto, cheira as flores naturais com um sorriso tímido, quase encantado.E é exatamente nesse momento que Gian Carlo, sentado ao lado dela, a olha. Seus olhos fixam no buquê e depois voltam para o rosto de Maria, que percebe o olhar e tenta disfarçar o rubor nas bochechas.O salão explode em brincadeiras.— Ihhh, olha aí, hein! — alguém grita.— Esse buquê já encontrou o destino certo! — brinca outro.— Gian Carlo, é um sinal! — eu digo, provocando com um sorriso travesso.Ele dá uma risada baixa, mas não tira os olhos de Maria. É como se houvesse algo não dito no ar, algo que ninguém mais percebe além deles dois. Maria tenta devolver o buquê, mas alguém mais rápido intervém.— Nada disso, Maria! Você é a escolhida da noite!A situação vira o centro das atenções, e eu observo tudo com curiosidade. Há algo na forma como Gian Carlo a observa, como se o moment
VivianHoje é o meu dia. O dia em que entro em uma nova fase da minha vida, em que deixo para trás a Vivian que fui e me transformo em algo maior, em parte de algo maior. É impossível descrever em palavras tudo o que sinto neste momento. Meu coração está acelerado, minhas mãos um pouco trêmulas, mas, ao mesmo tempo, uma onda de felicidade e certeza toma conta de mim.Os últimos dias foram intensos, como uma montanha russa de emoções. Giulia assumiu a missão de me preparar para este momento. Não foi fácil, confesso. A tradição da máfia italiana tem um peso e uma profundidade que eu ainda estou aprendendo a entender, mas ela me guiou com paciência, determinação e, acima de tudo, amor.Cada ensinamento dela foi como um novo pedaço de um quebra-cabeça que agora faz sentido. As lições sobre lealdade, respeito, força e a importância da família ficaram gravadas em mim. Foram dias de reflexões profundas, mas também de momentos inesquecíveis. Entre risos, conselhos e até lágrimas, aprendi muito