A tensão no ar era palpável desde o instante em que Alan e Olívia se separaram após o beijo na biblioteca. As palavras não ditas e os sentimentos mal resolvidos pendiam como uma corda bamba entre os dois, tornando cada momento compartilhado no mesmo espaço uma prova de resistência. Nenhum deles queria ser o primeiro a ceder, mas ambos sentiam o peso de um segredo que parecia gritar, mesmo em meio ao silêncio. Nos dias seguintes, Alan e Olívia se esforçaram para evitar qualquer interação direta. No entanto, vivendo sob o mesmo teto por causa da proximidade de suas famílias, não demorava para que cruzassem caminhos: um encontro casual no corredor, um olhar rápido ao passarem pela sala de estar. Os momentos eram breves, mas intensos. Certa manhã, Olívia desceu para a cozinha antes de todos, buscando um momento de paz. Ela estava distraída, preparando uma xícara de café, quando ouviu passos atrás de si. Virando-se, viu Alan parado à porta, a expressão indecifrável. Ele hesitou, como s
A noite envolvia a cidade com um manto de silêncio, enquanto Finn Correia acomodava-se em sua poltrona de couro. Sobre a mesa à sua frente, uma pilha de documentos confidenciais iluminava-se pela luz pálida de um abajur. Ele sorriu, satisfeito, ao deslizar os dedos pelas páginas amareladas de arquivos antigos. Cada palavra revelava mais sobre os segredos da família Becker, e ele tinha certeza de que, em breve, poderia usar essas informações a seu favor. Seu olhar caiu em um nome repetido diversas vezes ao longo dos relatórios: Leonardo Becker, o patriarca da família. A história de sucesso do clã tinha contornos sombrios que nem Alan parecia conhecer completamente. Mas Finn sabia o poder de uma narrativa bem contada, ou distorcida. Entre as páginas, encontrou menções a Roberto Ventura, o bisavô de Bianca e Olívia. O documento insinuava que sua morte, há décadas, não fora um simples acidente, mas um movimento calculado por Leonardo para consolidar o domínio sobre os negócios locais.
O som do gelo batendo contra o copo era a única coisa que ecoava na sala silenciosa. Alan Becker encarava o líquido âmbar de seu uísque como se nele estivesse a solução para os dilemas que o atormentavam. Sentado na ampla sala de estar de seu apartamento, ele aguardava Luís Montovany, seu melhor amigo, que prometera aparecer para uma conversa.Luís chegou minutos depois, trazendo consigo a energia que sempre parecia carregar. Com seu jeito descontraído e falas espirituosas, ele ocupava qualquer ambiente em que entrasse.— Cara, pelo tom da sua mensagem, achei que fosse me pedir dinheiro ou algo assim, — brincou Luís, jogando-se no sofá. — O que está acontecendo?Alan soltou um suspiro pesado, passou a mão pelos cabelos e encarou o amigo.— Eu não sei mais o que fazer, Luís.— Ok, isso é vago. Especifica aí.Alan hesitou antes de continuar. — É sobre a Olívia.Luís arqueou as sobrancelhas e depois riu, como se esperasse que fosse uma piada. Quando percebeu que Alan estava sério, sua exp
A manhã amanheceu cinzenta na mansão Becker, refletindo o estado de espírito de Bianca. Ela observava Alan da janela do quarto, sentado no jardim, parecendo imerso em seus próprios pensamentos. O peso emocional entre eles tornara-se um companheiro constante, e Bianca sabia que não podia mais ignorar o distanciamento que crescia a cada dia.Ela decidiu que era hora de confrontá-lo.— Alan, — chamou ela, sua voz firme ao entrar no escritório onde ele estava.Ele levantou o olhar do laptop, os olhos denunciando o cansaço.— Precisamos conversar, — continuou ela, cruzando os braços.Alan sabia exatamente o que viria, mas não tinha a menor ideia de como lidar com aquilo.— Claro, Bianca. O que houve?— O que houve? — Ela soltou uma risada nervosa. — É exatamente isso que eu queria perguntar. O que está acontecendo conosco? Você está tão... ausente.Alan passou a mão pelo rosto, uma tentativa de ganhar tempo.— Não é nada, Bianca. São só os negócios, os problemas com a família...— Não me v
O ambiente era perfeito para o que Finn havia planejado. Uma tarde ensolarada, um café elegante e Bianca, sempre pronta a escutar alguém que aparentasse ser confiável. Ele havia trabalhado meticulosamente para preparar o momento, escolhendo palavras que plantassem dúvidas, mas sem parecer óbvio.— Bianca, eu realmente admiro o que você faz para manter sua família unida, — começou ele, com um sorriso disfarçado de empatia.Bianca retribuiu com um aceno contido.— Obrigada, Finn. Às vezes sinto que é uma batalha constante.Ele assentiu, inclinando-se levemente para frente. — É por isso que quis falar com você hoje. Sinto que estamos no meio de uma situação... delicada.Bianca franziu o cenho. — Situação? Que situação?Finn suspirou, como se estivesse ponderando revelar algo importante.— Não quero parecer intrometido, mas percebi que Alan anda... distraído. E isso não é só uma impressão minha.A expressão de Bianca endureceu. — Alan tem estado muito ocupado ultimamente. É natural.— Cla
O jantar havia sido cuidadosamente planejado por Bianca. Velas adornavam a longa mesa de madeira polida, e o aroma de pratos finos preenchia o ambiente. Todos estavam reunidos: Alan, Olívia, Bianca, Eloísa e até mesmo Finn, a convite da anfitriã. Para Bianca, era uma oportunidade de reafirmar o papel de sua família como uma unidade indestrutível. Para Finn, uma chance de jogar mais lenha na fogueira de desconfianças e rivalidades que ele mesmo vinha alimentando.Porém, para Alan e Olívia, aquele jantar era uma armadilha emocional. Desde o beijo que os aproximara ainda mais, ambos vinham evitando interações significativas. Mas naquela noite, a proximidade era inevitável.Bianca mantinha um sorriso impecável enquanto observava Alan e Olívia. Algo no comportamento de ambos parecia confirmar suas suspeitas. Não eram apenas os olhares furtivos ou o silêncio desconfortável. Era a maneira como Alan parecia estar sempre ciente da presença de Olívia, mesmo quando fingia não estar.Enquanto os
A noite estava silenciosa, exceto pelo som distante dos carros passando na rua abaixo. No apartamento de Alan, a tensão era palpável. Ele se sentava no sofá, segurando um copo de uísque quase intocado, encarando a janela como se as luzes da cidade pudessem lhe dar as respostas que procurava. Mas nenhuma luz ou pensamento conseguia afastar o turbilhão em sua mente.Aquela não era a primeira vez que ele ensaiava uma conversa com Olívia, mas algo dentro dele dizia que, desta vez, não podia mais fugir. A lembrança do beijo, dos olhares trocados, dos momentos em que ela parecia ser a única pessoa capaz de entender quem ele realmente era, assombrava-o a cada instante.Ele pegou o celular e hesitou. Respirou fundo e, finalmente, enviou uma mensagem.— Alan: Preciso falar com você. Pode vir aqui?A resposta de Olívia veio quase instantaneamente.— Olívia: Isso não é uma boa ideia, Alan.Mas Alan estava decidido.— Alan: Por favor. Só quero conversar.Após alguns minutos de silêncio, a respost
O dia começou como qualquer outro, mas havia algo no ar que anunciava tempestades. Alan sentia o peso de suas escolhas nos ombros, tentando agir como se tudo estivesse normal. Porém, dentro de si, sabia que o equilíbrio frágil entre sua relação com Olívia e seu casamento com Bianca estava prestes a desmoronar.Bianca tinha passado os últimos dias em alerta máximo. As suspeitas que Finn havia plantado cresceram como ervas daninhas em sua mente. Ela começou a observar os movimentos de Alan e Olívia com atenção redobrada, esperando encontrar algo que confirmasse suas inquietações.Naquela tarde, ao voltar mais cedo para casa, Bianca foi surpreendida por uma cena que a fez parar à porta do escritório de Alan. Lá dentro, Alan e Olívia estavam sozinhos. Olívia segurava um tablet com alguns documentos, e Alan estava inclinado sobre ela, seus rostos mais próximos do que deveriam estar.Eles riam de algo, e havia uma leveza entre os dois que Bianca não via no relacionamento com Alan há muito t