A noite envolvia a cidade com um manto de silêncio, enquanto Finn Correia acomodava-se em sua poltrona de couro. Sobre a mesa à sua frente, uma pilha de documentos confidenciais iluminava-se pela luz pálida de um abajur. Ele sorriu, satisfeito, ao deslizar os dedos pelas páginas amareladas de arquivos antigos. Cada palavra revelava mais sobre os segredos da família Becker, e ele tinha certeza de que, em breve, poderia usar essas informações a seu favor. Seu olhar caiu em um nome repetido diversas vezes ao longo dos relatórios: Leonardo Becker, o patriarca da família. A história de sucesso do clã tinha contornos sombrios que nem Alan parecia conhecer completamente. Mas Finn sabia o poder de uma narrativa bem contada, ou distorcida. Entre as páginas, encontrou menções a Roberto Ventura, o bisavô de Bianca e Olívia. O documento insinuava que sua morte, há décadas, não fora um simples acidente, mas um movimento calculado por Leonardo para consolidar o domínio sobre os negócios locais.
O som do gelo batendo contra o copo era a única coisa que ecoava na sala silenciosa. Alan Becker encarava o líquido âmbar de seu uísque como se nele estivesse a solução para os dilemas que o atormentavam. Sentado na ampla sala de estar de seu apartamento, ele aguardava Luís Montovany, seu melhor amigo, que prometera aparecer para uma conversa.Luís chegou minutos depois, trazendo consigo a energia que sempre parecia carregar. Com seu jeito descontraído e falas espirituosas, ele ocupava qualquer ambiente em que entrasse.— Cara, pelo tom da sua mensagem, achei que fosse me pedir dinheiro ou algo assim, — brincou Luís, jogando-se no sofá. — O que está acontecendo?Alan soltou um suspiro pesado, passou a mão pelos cabelos e encarou o amigo.— Eu não sei mais o que fazer, Luís.— Ok, isso é vago. Especifica aí.Alan hesitou antes de continuar. — É sobre a Olívia.Luís arqueou as sobrancelhas e depois riu, como se esperasse que fosse uma piada. Quando percebeu que Alan estava sério, sua exp
A manhã amanheceu cinzenta na mansão Becker, refletindo o estado de espírito de Bianca. Ela observava Alan da janela do quarto, sentado no jardim, parecendo imerso em seus próprios pensamentos. O peso emocional entre eles tornara-se um companheiro constante, e Bianca sabia que não podia mais ignorar o distanciamento que crescia a cada dia.Ela decidiu que era hora de confrontá-lo.— Alan, — chamou ela, sua voz firme ao entrar no escritório onde ele estava.Ele levantou o olhar do laptop, os olhos denunciando o cansaço.— Precisamos conversar, — continuou ela, cruzando os braços.Alan sabia exatamente o que viria, mas não tinha a menor ideia de como lidar com aquilo.— Claro, Bianca. O que houve?— O que houve? — Ela soltou uma risada nervosa. — É exatamente isso que eu queria perguntar. O que está acontecendo conosco? Você está tão... ausente.Alan passou a mão pelo rosto, uma tentativa de ganhar tempo.— Não é nada, Bianca. São só os negócios, os problemas com a família...— Não me v
O ambiente era perfeito para o que Finn havia planejado. Uma tarde ensolarada, um café elegante e Bianca, sempre pronta a escutar alguém que aparentasse ser confiável. Ele havia trabalhado meticulosamente para preparar o momento, escolhendo palavras que plantassem dúvidas, mas sem parecer óbvio.— Bianca, eu realmente admiro o que você faz para manter sua família unida, — começou ele, com um sorriso disfarçado de empatia.Bianca retribuiu com um aceno contido.— Obrigada, Finn. Às vezes sinto que é uma batalha constante.Ele assentiu, inclinando-se levemente para frente. — É por isso que quis falar com você hoje. Sinto que estamos no meio de uma situação... delicada.Bianca franziu o cenho. — Situação? Que situação?Finn suspirou, como se estivesse ponderando revelar algo importante.— Não quero parecer intrometido, mas percebi que Alan anda... distraído. E isso não é só uma impressão minha.A expressão de Bianca endureceu. — Alan tem estado muito ocupado ultimamente. É natural.— Cla
O jantar havia sido cuidadosamente planejado por Bianca. Velas adornavam a longa mesa de madeira polida, e o aroma de pratos finos preenchia o ambiente. Todos estavam reunidos: Alan, Olívia, Bianca, Eloísa e até mesmo Finn, a convite da anfitriã. Para Bianca, era uma oportunidade de reafirmar o papel de sua família como uma unidade indestrutível. Para Finn, uma chance de jogar mais lenha na fogueira de desconfianças e rivalidades que ele mesmo vinha alimentando.Porém, para Alan e Olívia, aquele jantar era uma armadilha emocional. Desde o beijo que os aproximara ainda mais, ambos vinham evitando interações significativas. Mas naquela noite, a proximidade era inevitável.Bianca mantinha um sorriso impecável enquanto observava Alan e Olívia. Algo no comportamento de ambos parecia confirmar suas suspeitas. Não eram apenas os olhares furtivos ou o silêncio desconfortável. Era a maneira como Alan parecia estar sempre ciente da presença de Olívia, mesmo quando fingia não estar.Enquanto os
A noite estava silenciosa, exceto pelo som distante dos carros passando na rua abaixo. No apartamento de Alan, a tensão era palpável. Ele se sentava no sofá, segurando um copo de uísque quase intocado, encarando a janela como se as luzes da cidade pudessem lhe dar as respostas que procurava. Mas nenhuma luz ou pensamento conseguia afastar o turbilhão em sua mente.Aquela não era a primeira vez que ele ensaiava uma conversa com Olívia, mas algo dentro dele dizia que, desta vez, não podia mais fugir. A lembrança do beijo, dos olhares trocados, dos momentos em que ela parecia ser a única pessoa capaz de entender quem ele realmente era, assombrava-o a cada instante.Ele pegou o celular e hesitou. Respirou fundo e, finalmente, enviou uma mensagem.— Alan: Preciso falar com você. Pode vir aqui?A resposta de Olívia veio quase instantaneamente.— Olívia: Isso não é uma boa ideia, Alan.Mas Alan estava decidido.— Alan: Por favor. Só quero conversar.Após alguns minutos de silêncio, a respost
O dia começou como qualquer outro, mas havia algo no ar que anunciava tempestades. Alan sentia o peso de suas escolhas nos ombros, tentando agir como se tudo estivesse normal. Porém, dentro de si, sabia que o equilíbrio frágil entre sua relação com Olívia e seu casamento com Bianca estava prestes a desmoronar.Bianca tinha passado os últimos dias em alerta máximo. As suspeitas que Finn havia plantado cresceram como ervas daninhas em sua mente. Ela começou a observar os movimentos de Alan e Olívia com atenção redobrada, esperando encontrar algo que confirmasse suas inquietações.Naquela tarde, ao voltar mais cedo para casa, Bianca foi surpreendida por uma cena que a fez parar à porta do escritório de Alan. Lá dentro, Alan e Olívia estavam sozinhos. Olívia segurava um tablet com alguns documentos, e Alan estava inclinado sobre ela, seus rostos mais próximos do que deveriam estar.Eles riam de algo, e havia uma leveza entre os dois que Bianca não via no relacionamento com Alan há muito t
Finn Correia não era um homem que deixava oportunidades escaparem. Desde o início, ele percebera a tensão entre Alan e Olívia. Cada olhar furtivo, cada palavra não dita entre os dois, era um pedaço de uma peça que ele poderia manipular para seu próprio benefício. E agora, com Bianca desconfiando de Alan, ele tinha a ferramenta perfeita para intensificar as rachaduras na relação da família Becker.Olívia estava em seu escritório particular, tentando organizar os pensamentos e o coração. Após o confronto com Bianca, sentia-se despedaçada. O peso de suas emoções por Alan era um fardo que ela não conseguia mais ignorar, mas também não podia deixar crescer.Enquanto revisava um relatório relacionado ao Elysium, ouviu uma batida na porta.— Entre, — disse, sem levantar os olhos.Finn entrou, segurando dois copos de café. Ele tinha aquele sorriso casual, amigável, mas que escondia intenções muito mais complexas.— Achei que poderia usar isso, — disse ele, colocando um dos copos à frente dela