A manhã amanheceu cinzenta na mansão Becker, refletindo o estado de espírito de Bianca. Ela observava Alan da janela do quarto, sentado no jardim, parecendo imerso em seus próprios pensamentos. O peso emocional entre eles tornara-se um companheiro constante, e Bianca sabia que não podia mais ignorar o distanciamento que crescia a cada dia.Ela decidiu que era hora de confrontá-lo.— Alan, — chamou ela, sua voz firme ao entrar no escritório onde ele estava.Ele levantou o olhar do laptop, os olhos denunciando o cansaço.— Precisamos conversar, — continuou ela, cruzando os braços.Alan sabia exatamente o que viria, mas não tinha a menor ideia de como lidar com aquilo.— Claro, Bianca. O que houve?— O que houve? — Ela soltou uma risada nervosa. — É exatamente isso que eu queria perguntar. O que está acontecendo conosco? Você está tão... ausente.Alan passou a mão pelo rosto, uma tentativa de ganhar tempo.— Não é nada, Bianca. São só os negócios, os problemas com a família...— Não me v
O ambiente era perfeito para o que Finn havia planejado. Uma tarde ensolarada, um café elegante e Bianca, sempre pronta a escutar alguém que aparentasse ser confiável. Ele havia trabalhado meticulosamente para preparar o momento, escolhendo palavras que plantassem dúvidas, mas sem parecer óbvio.— Bianca, eu realmente admiro o que você faz para manter sua família unida, — começou ele, com um sorriso disfarçado de empatia.Bianca retribuiu com um aceno contido.— Obrigada, Finn. Às vezes sinto que é uma batalha constante.Ele assentiu, inclinando-se levemente para frente. — É por isso que quis falar com você hoje. Sinto que estamos no meio de uma situação... delicada.Bianca franziu o cenho. — Situação? Que situação?Finn suspirou, como se estivesse ponderando revelar algo importante.— Não quero parecer intrometido, mas percebi que Alan anda... distraído. E isso não é só uma impressão minha.A expressão de Bianca endureceu. — Alan tem estado muito ocupado ultimamente. É natural.— Cla
O jantar havia sido cuidadosamente planejado por Bianca. Velas adornavam a longa mesa de madeira polida, e o aroma de pratos finos preenchia o ambiente. Todos estavam reunidos: Alan, Olívia, Bianca, Eloísa e até mesmo Finn, a convite da anfitriã. Para Bianca, era uma oportunidade de reafirmar o papel de sua família como uma unidade indestrutível. Para Finn, uma chance de jogar mais lenha na fogueira de desconfianças e rivalidades que ele mesmo vinha alimentando.Porém, para Alan e Olívia, aquele jantar era uma armadilha emocional. Desde o beijo que os aproximara ainda mais, ambos vinham evitando interações significativas. Mas naquela noite, a proximidade era inevitável.Bianca mantinha um sorriso impecável enquanto observava Alan e Olívia. Algo no comportamento de ambos parecia confirmar suas suspeitas. Não eram apenas os olhares furtivos ou o silêncio desconfortável. Era a maneira como Alan parecia estar sempre ciente da presença de Olívia, mesmo quando fingia não estar.Enquanto os
A noite estava silenciosa, exceto pelo som distante dos carros passando na rua abaixo. No apartamento de Alan, a tensão era palpável. Ele se sentava no sofá, segurando um copo de uísque quase intocado, encarando a janela como se as luzes da cidade pudessem lhe dar as respostas que procurava. Mas nenhuma luz ou pensamento conseguia afastar o turbilhão em sua mente.Aquela não era a primeira vez que ele ensaiava uma conversa com Olívia, mas algo dentro dele dizia que, desta vez, não podia mais fugir. A lembrança do beijo, dos olhares trocados, dos momentos em que ela parecia ser a única pessoa capaz de entender quem ele realmente era, assombrava-o a cada instante.Ele pegou o celular e hesitou. Respirou fundo e, finalmente, enviou uma mensagem.— Alan: Preciso falar com você. Pode vir aqui?A resposta de Olívia veio quase instantaneamente.— Olívia: Isso não é uma boa ideia, Alan.Mas Alan estava decidido.— Alan: Por favor. Só quero conversar.Após alguns minutos de silêncio, a respost
O dia começou como qualquer outro, mas havia algo no ar que anunciava tempestades. Alan sentia o peso de suas escolhas nos ombros, tentando agir como se tudo estivesse normal. Porém, dentro de si, sabia que o equilíbrio frágil entre sua relação com Olívia e seu casamento com Bianca estava prestes a desmoronar.Bianca tinha passado os últimos dias em alerta máximo. As suspeitas que Finn havia plantado cresceram como ervas daninhas em sua mente. Ela começou a observar os movimentos de Alan e Olívia com atenção redobrada, esperando encontrar algo que confirmasse suas inquietações.Naquela tarde, ao voltar mais cedo para casa, Bianca foi surpreendida por uma cena que a fez parar à porta do escritório de Alan. Lá dentro, Alan e Olívia estavam sozinhos. Olívia segurava um tablet com alguns documentos, e Alan estava inclinado sobre ela, seus rostos mais próximos do que deveriam estar.Eles riam de algo, e havia uma leveza entre os dois que Bianca não via no relacionamento com Alan há muito t
Finn Correia não era um homem que deixava oportunidades escaparem. Desde o início, ele percebera a tensão entre Alan e Olívia. Cada olhar furtivo, cada palavra não dita entre os dois, era um pedaço de uma peça que ele poderia manipular para seu próprio benefício. E agora, com Bianca desconfiando de Alan, ele tinha a ferramenta perfeita para intensificar as rachaduras na relação da família Becker.Olívia estava em seu escritório particular, tentando organizar os pensamentos e o coração. Após o confronto com Bianca, sentia-se despedaçada. O peso de suas emoções por Alan era um fardo que ela não conseguia mais ignorar, mas também não podia deixar crescer.Enquanto revisava um relatório relacionado ao Elysium, ouviu uma batida na porta.— Entre, — disse, sem levantar os olhos.Finn entrou, segurando dois copos de café. Ele tinha aquele sorriso casual, amigável, mas que escondia intenções muito mais complexas.— Achei que poderia usar isso, — disse ele, colocando um dos copos à frente dela
Olívia sabia que precisava de um tempo longe. O peso do que vinha acontecendo com Alan, somado às constantes pressões da família e as manipulações de Finn, estava começando a consumir cada parte de quem ela era. Se ficasse mais tempo ali, sabia que tomaria decisões que poderiam quebrar não apenas os laços familiares, mas também o que restava de sua própria paz.Por isso, naquela manhã nublada, enquanto o aroma de café invadia a cozinha da mansão Becker, ela decidiu anunciar sua saída.— Vou viajar por alguns dias, — Olívia disse, sua voz firme, embora suas mãos tremessem.Bianca, que tomava seu café da manhã, ergueu as sobrancelhas.— Viajar? Para onde?— Preciso de um tempo para pensar, — respondeu, evitando os olhares inquisidores.— Pensar no quê? — Bianca insistiu, cruzando os braços. — É sobre o Elysium?— Não, é sobre mim, Bianca. Nem tudo está relacionado aos negócios.Bianca bufou, mas não pressionou mais. Alan, que acabara de entrar na cozinha, ouviu a conversa e franziu o ce
O silêncio da noite foi quebrado pelo som dos passos de Eloísa no chão de mármore do escritório. A luminária de mesa lançava um brilho suave sobre o amontoado de papéis espalhados à sua frente. Eloísa Ventura era muitas coisas: estrategista, matriarca e defensora implacável da família. Mas naquele momento, ela era apenas uma mulher lidando com um segredo capaz de mudar tudo.Há dias, Eloísa sentia que havia algo profundamente errado no modo como Finn se comportava. O envolvimento crescente dele com Bianca era preocupante, mas o que realmente a incomodava era a forma como ele parecia manipular cada situação ao seu favor. Quando começou a revisitar contratos antigos e relatórios financeiros associados ao Elysium, encontrou os primeiros indícios de um esquema elaborado, cuidadosamente escondido entre camadas de transações aparentemente legítimas.A descoberta veio em uma noite anterior, quando cruzou um conjunto de dados financeiros que não se alinhavam. Dinheiro estava sendo desviado de