(Patricia)
Sentei-me no sofá, as lágrimas ainda escorrendo pelo meu rosto. Como Miguel pôde confiar em Bruna e não em mim? Isso não fazia sentido. Eu estava prestes a me casar com um homem que se sentia mais à vontade para abrir seu coração para a prima do que para a mulher que ele dizia amar. Isso me atormentava de uma forma que eu não conseguia colocar em palavras.
A raiva e a dor misturavam-se dentro de mim, e, para tentar esfriar a cabeça, decidi tomar um banho. Enquanto a água morna escorria sobre mim, procurei organizar meus pensamentos. Precisei de um pouco de ar fresco, então me vesti rapidamente e fui visitar Elen e Cássio. Eles haviam se mudado recentemente e estavam morando sozinhos.
(Miguel)Entrei no apartamento sentindo o cansaço do dia inteiro pesar sobre meus ombros. “Vai ser rápido,” pensei comigo mesmo. Patricia tinha mandado uma mensagem dizendo que estava com Perla no mercado, então eu sabia que tinha algum tempo antes delas voltarem. Fui direto para o banheiro, como se a água quente pudesse lavar não só o suor, mas também os pensamentos que vinham me atormentando.Fechei os olhos sob o chuveiro, sentindo a água escorrer pelo rosto. As palavras de Patricia ainda ecoavam na minha cabeça, principalmente o tom sério quando ela falou sobre Bruna. Ela estava certa. Droga, ela estava mais do que certa. Um suspiro escapou de mim. Como eu podia ser tão cego?Depois de me vestir, olhei em volta, mas o apartamento vazio só fazia com que os pensamentos voltassem com mais força. Precisava sair, espairecer. Uma volta vai ajudar.Sem rumo, me vi caminhando até o bar que costumava frequentar. Fazia tempo que não aparecia por lá, mas o ambiente me era familiar. O che
(Patricia)Eu voltei para o apartamento com a cabeça cheia de pensamentos. O caminho até o bar, o encontro com Roger, as palavras entrecortadas de Miguel no chuveiro... tudo isso formava uma teia confusa que não saía da minha mente. Algo estava profundamente errado. O Miguel que eu conhecia não agia assim, não bebia daquele jeito e, definitivamente, não carregava essa culpa silenciosa nos olhos. Ao entrar no apartamento, fui direto à cozinha e preparei uma sopa para ele, tentando manter a calma e controlar a ansiedade que já apertava meu peito. Tomei um banho rápido, ainda tentando afastar os pensamentos sobre o que ele havia murmurado, mas nada fazia sentido.Quando saí, Miguel começava a acordar. Ele colocou a mão na cabeça e fez uma careta de dor. Eu me aproximei, tentando manter uma expressão neutra, e entreguei o remédio com um copo de água.— Aqui, toma isso — falei, enquanto ele se ajeitava na cama.Miguel pegou o remédio sem me olhar diretamente, o que me fez suspirar profun
(Patricia)As semanas passaram num piscar de olhos, e tudo parecia ter voltado ao normal. Miguel e eu estávamos bem de novo, e ele havia finalmente mandado Bruna embora de nossas vidas. Cassio tinha alugado o apartamento dele para morar com Elen, e Perla, por sua vez, se mudara de vez para a casa de Fabricio. Miguel estava, oficialmente, morando comigo. Era um alívio ter as coisas nos trilhos, com menos peso nas costas.Estávamos todos na sala, aproveitando mais uma tarde de jogos entre amigos, quando, de repente, o gemido de Elen preencheu o ambiente. No início, achei que ela estivesse reclamando de dor por causa da barriga, mas logo percebi que era algo bem mais sério. Me levantei rapidamente da poltrona.— Elen? O que foi? Tá tudo bem? — perguntei, sentindo o coração acelerar.Elen, com a mão na barriga, gemia de dor, os olhos apertados.— A Sophia... tá vindo! — ela murmurou, respirando com dificuldade.Perla arregalou os olhos, quase pulando do sofá.— Ai meu Deus, é agora! — Per
*********************************Minha história terá como foco principal os personagens Patricia e Miguel, mas também haverá a narração dos outros personagens quando for necessário, para que a história tenha uma continuidade e seja compreensível. No entanto, isso ocorrerá apenas quando for indispensável para o desenvolvimento da trama.Gostaria de alertar que a história contém cenas que podem ser gatilhos para algumas pessoas, que já sofreram ou sofrem com ansiedade e traumas. Se mesmo assim desejarem continuar, espero que tenham uma boa leitura e, por favor, comentem o quanto puderem sobre os capítulos. Adoro ler e responder aos comentários de vocês!*********************************(Patricia)Eu segurava minha barriga, sentindo o sangue quente escorrer entre meus dedos trêmulos. A dor era insuportável, cada respiração era um gemido de agonia, e minha visão estava turva, como se estivesse olhando através de um vidro embaçado. Meus ouvidos zumbiam, abafando os sons ao meu redor. A
(Miguel)Eu estava passando pelo corredor quando vi uma mulher cambaleando. Corri para segurá-la antes que ela caísse no chão. Ela parecia tão frágil, assustada e à beira do desmaio.一 Gabriela! - chamei, olhando em direção à recepcionista. Ela veio correndo e juntos conseguimos levar a mulher para a minha sala. Colocamos-na na maca com cuidado. Eu me senti sem saber o que fazer, tentando entender o que estava acontecendo.一 Ela é paciente da Dra. Beatriz. - Gabriela explicou, com a voz calma, mas cheia de urgência. 一 Vou chamá-la agora.Assenti, observando Gabriela sair rapidamente. A mulher na maca gemeu baixinho, a mão pressionada contra a cabeça. Sua respiração estava pesada e irregular. Lentamente, seus olhos começaram a se abrir, e ela olhou ao redor, confusa.Aproximei-me com cuidado. 一 Você está bem? Como está se sentindo?De repente, ela deu um pulo da maca, escorregando e caindo no chão.O choque me paralisou por um momento, vendo-a se encolher no chão, com as mãos nos j
(Patricia)Suspirei aliviada ao chegar em casa, feliz por meus pais não estarem lá. Subi para o meu quarto, decidida a começar a fazer minhas malas. Cada peça de roupa que eu colocava dentro da mala parecia um passo mais perto da minha independência. Estava tão concentrada que não ouvi quando minha mãe entrou. Só percebi sua presença quando senti sua mão suave tocar meu ombro.Virei-me, encontrando seus olhos cheios de lágrimas. Meu coração apertou, mas mantive meu sorriso, levantando-me rapidamente. 一 Mãe, por favor, não chore. - pedi, tentando consolá-la. 一 Eu tenho que fazer isso.Ela limpou as lágrimas, respirando fundo. 一 Você vai mesmo, Patrícia?Assenti, abraçando-a com força. 一 Vou sim, mãe. É necessário. Eu preciso fazer isso por mim. E vou ficar bem.Minha mãe respirou fundo novamente, tentando controlar a emoção. 一 Eu sei que é o melhor para você. Só que... é difícil deixar você ir.一 Eu sei, mãe. Mas eu preciso voltar a viver. Preciso provar para mim mesma que consi
Saí do consultório de Beatriz, me sentindo leve depois de nossa sessão. O corredor estava silencioso, com a luz suave das lâmpadas tornando o ambiente acolhedor. Enquanto caminhava em direção ao elevador, dei de cara com Miguel.Ele estava encostado na parede, com aquele sorriso de canto que sempre parecia iluminar seu rosto. 一 Oi, Patricia. Como você está? - perguntou, com um tom amigável.一 Oi, Miguel. Estou bem, obrigada. - respondi, tentando esconder o nervosismo que sempre surgia quando o via. 一 Não sabia que você morava no mesmo prédio. Voltei há um mês e não tinha te visto por lá.一 Ah, sim. - ele assentiu. 一 Estive em um congresso de medicina em Santa Catarina. Acabei de voltar.一 Entendi. - respondi, assentindo. 一 Deve ter sido interessante.一 Foi, sim. Bastante produtivo. - disse ele, o sorriso se ampliando um pouco mais.Nesse momento, o celular dele começou a tocar. Miguel olhou para a tela, e eu aproveitei para me despedir. 一 Bom, parece que você está ocupado. A gen
Voltei do banheiro e, enquanto me dirigia de volta para a mesa, esbarrei em alguém. Levantei o olhar para me desculpar e, para minha surpresa, vi um rosto familiar.— Patricia? — ele sorriu.— Fabricio? — respondi, lembrando-me do amigo de Cassio que conheci outro dia. Ele era alto, com músculos nos lugares certos, cabelos castanhos claros e olhos azuis penetrantes. A música alta nos obrigava a nos aproximar para conversar.— Isso mesmo! — ele confirmou, inclinando-se para falar mais perto do meu ouvido. — Está sozinha?— Não, estou com umas amigas e o Cássio. Quer ir encontrá-los?Fabricio assentiu, e eu comecei a caminhar de volta para a mesa, sentindo-o seguir logo atrás. A multidão dançante nos obrigava a andar devagar, o que nos dava tempo para continuar a conversa.— O que você está fazendo por aqui? — perguntei, olhando para ele por cima do ombro.— Saí com alguns amigos. Vi o Cássio no bar mais cedo, mas não tive a chance de falar com ele. E você? Aproveitando a noite?— Ten