Resgate Amoroso: O vizinho que curou meu coração.
Resgate Amoroso: O vizinho que curou meu coração.
Por: N.A.S.C
Novo recomeço

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Minha história terá como foco principal os personagens Patricia e Miguel, mas também haverá a narração dos outros personagens quando for necessário, para que a história tenha uma continuidade e seja compreensível. No entanto, isso ocorrerá apenas quando for indispensável para o desenvolvimento da trama.

Gostaria de alertar que a história contém cenas que podem ser gatilhos para algumas pessoas, que já sofreram ou sofrem com ansiedade e traumas. Se mesmo assim desejarem continuar, espero que tenham uma boa leitura e, por favor, comentem o quanto puderem sobre os capítulos. Adoro ler e responder aos comentários de vocês!

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(Patricia)

Eu segurava minha barriga, sentindo o sangue quente escorrer entre meus dedos trêmulos.

 A dor era insuportável, cada respiração era um gemido de agonia, e minha visão estava turva, como se estivesse olhando através de um vidro embaçado. 

Meus ouvidos zumbiam, abafando os sons ao meu redor. A cada segundo que passava, eu tinha mais certeza de que iria morrer ali, sozinha e sangrando.

Então, através da névoa de dor e desespero, avistei minha mãe correndo na minha direção, acompanhada de alguns policiais. 

Tentei sorrir, um esforço doloroso, mas era um sorriso de esperança. Finalmente, eu acreditava que estaria salva.

一 Patricia! -  Minha mãe gritou, a voz trêmula de pânico e alívio. 

Ela se ajoelhou ao meu lado, tomando cuidado para não me machucar mais. 

一 Oh, meu Deus, aguente firme, meu amor. A ambulância já está chegando.

Assenti com dificuldade, meus olhos marejados de lágrimas. Ergui a mão, suja de sangue, para tocar o rosto dela. 

一 Ele... ele me machucou, mãe. -  disse, a voz um sussurro rouco. 一 Foi... foi um pesadelo.

一 Shhh, não fale muito agora. -  minha mãe respondeu, as lágrimas escorrendo pelo rosto. 一 Depois você conta tudo, se quiser. Mas agora, fique quieta, por favor. Fique comigo.

Assenti novamente, sentindo a escuridão invadir minha visão. O som distante de uma sirene de ambulância crescia, trazendo uma última fagulha de esperança. 

Fechei os olhos, deixando-me levar pela escuridão, sabendo que agora, finalmente, eu ficaria bem.

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3 anos depois…

Eu peguei minha bolsa, murmurando para mim mesma que estava atrasada para a minha sessão de terapia. 

A rotina de verificar e re-verificar se eu tinha tudo era quase um ritual agora. Chaves, carteira, telefone... tudo parecia estar em ordem. 

Mesmo assim, minha mente corria, sempre com medo de esquecer algo essencial. Finalmente, saí de casa e fui para o consultório.

Depois do que aconteceu, minha vida mudou drasticamente. O trauma me deixou com cicatrizes profundas. 

Eu não conseguia mais ficar sozinha, nem sair de casa sem sentir uma onda avassaladora de ansiedade. 

Cada esquina, cada sombra, parecia esconder uma ameaça. A faculdade, que antes era meu refúgio, foi trancada. 

Eu tinha finalmente conseguido morar sozinha, um passo importante para minha independência, mas tudo isso foi interrompido pelo meu ex.

Voltar a morar com meus pais foi como admitir derrota. Eles foram compreensivos e me acolheram, mas a vergonha e a sensação de fracasso pesavam em meus ombros.

 Cada dia era uma batalha para encontrar um novo normal, para recuperar pedaços da pessoa que eu era antes.

Chegando ao consultório, inspirei profundamente antes de entrar. A terapeuta, Dra. Beatriz, era uma das poucas pessoas com quem eu conseguia me abrir.

 A sala de espera estava tranquila, quase um refúgio. Sentei-me, abraçando minha bolsa contra o peito, tentando controlar minha respiração enquanto esperava ser chamada. 

一 Patricia? - A voz suave da recepcionista me chamou, e eu me levantei, tentando parecer mais confiante do que me sentia.

Entrei na sala de terapia, sentando-me na cadeira familiar. Dra. Beatriz me cumprimentou com um sorriso acolhedor.

一 Como você está se sentindo hoje, Patricia?

Respirei fundo, tentando encontrar as palavras. 

一 Estou... tentando. 

Ela assentiu, encorajando-me a continuar. 

一 Isso já é um grande passo. Vamos trabalhar nisso juntas, um dia de cada vez. 

Eu sabia que o caminho para a cura seria longo, mas ali, naquele momento, sentia que talvez pudesse dar um passo à frente, mesmo que fosse pequeno.

Hoje era uma data difícil, três anos desde que tudo aconteceu. Ela perguntou como eu estava me sentindo.

一 Esta noite... eu tive pesadelos. -  comecei, minha voz um sussurro. 一 Eu sabia que tinha a ver com a data.

A doutora assentiu compreensivamente. 

一 É normal que datas significativas tragam à tona lembranças dolorosas. Como você está lidando com isso?

Respirei fundo, decidida a seguir em frente com o que planejava dizer. 

一 Depois de muito tempo, eu sinto que se não começar agora a retomar minha vida, nunca mais vou conseguir.

Ela me observou atentamente. 

一 Você está pensando em voltar a morar sozinha e retomar a faculdade?

Assenti, sentindo um misto de ansiedade e determinação. 

一 Sim. Eu sei que vai ser difícil, mas eu preciso tentar.

Dra. Beatriz me estudou por um momento antes de falar. 

一 Você tem certeza disso, Patricia?

Suspirei profundamente. 

一 Sim, tenho. Ontem à noite, eu saí com meu primo e alguns amigos. Fomos a um bar perto da minha casa. Eu... não tive nenhuma crise. Conversei, ri, até fiz amizade com um dos rapazes.

Ela pareceu surpresa. 

一 Você conseguiu se aproximar de um homem?

Balancei a cabeça, sorrindo timidamente. 

一 Sim. Me senti à vontade com ele.

一 Isso é um grande passo, Patricia. Fico feliz que você tenha conseguido se sentir confortável.

Inclinei-me para frente, olhando nos olhos da Dra. Beatriz. 

一 Eu só quero me sentir normal de novo. Criar coragem para seguir em frente.

一 Isso é maravilhoso. -  ela disse com sinceridade. 一 E quanto ao Diego, seu ex?

Engoli em seco, lembrando-me do passado. 

一 Ele está preso há três anos. Eu... tenho que seguir em frente.

A doutora concordou. 

一 Vamos continuar com seu acompanhamento, Patricia, e com a medicação também. Você está fazendo progressos significativos.

Assenti, sentindo um peso sendo retirado dos meus ombros. 

一 Obrigada, Dra. Beatriz. Por tudo.

Ela sorriu gentilmente. 

一 Estou aqui para ajudá-la, Patricia. Você não está sozinha nisso.

Eu me despedi da Dra. Beatriz com um leve sorriso nos lábios, sentindo-me renovada e determinada.

 Fechei a porta da sala de terapia suavemente atrás de mim, respirando fundo. Era como se eu estivesse finalmente pronta para um novo começo.

Mas então, assim que me afastei da porta, a dúvida começou a se infiltrar na minha mente. 

Será que eu realmente estava pronta? A Dra. Beatriz confiava em mim, mas e se não fosse seguro? E se eu não fosse forte o suficiente?

Os sinais de uma crise começaram a surgir, algo que não acontecia há muito tempo. Minha visão começou a turvar com lágrimas que eu lutava para conter, minha garganta se fechou como se estivesse sendo estrangulada pela ansiedade.

 Eu sabia que não podia ter uma crise ali, não na frente da Dra. Beatriz.

Corri para o banheiro mais próximo, tentando desesperadamente encontrar um refúgio onde pudesse recuperar o controle.

 Mas no meio do caminho, esbarrei em alguém que estava vindo na direção oposta.

Meus olhos estavam embaçados, minha respiração entrecortada. Ouvi uma voz masculina suave e preocupada.

一 Hey, calma. Respire.

Tentei pedir desculpas, mas as palavras mal saíram da minha garganta apertada.

O pânico aumentou quando senti sua mão gentilmente segurando meu braço. Eu tremia, lutando contra as lágrimas que ameaçavam transbordar.

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