(Patrícia)Estávamos nos preparando para a apresentação do trabalho de quarta-feira. Perla, Helen e eu aceitávamos tudo quando vi a mulher do outro dia entrar na sala. Ela me olhou com uma expressão estranha, que logo mudou para desconfiança. — Eu te conheço.Olhei para ela, surpresa.— Você é a mulher que mora no prédio de Miguel, não é? Nos encontramos na entrada outro dia. - Disse, me olhando de cima a baixo.Fiquei ainda mais surpresa. Achei que ela nem tinha notado minha presença naquele dia. Assenti.— Sim, sou eu.Ela forçou um sorriso, que não parecia nada amigável.— Bom... — disse ela.Franzi o cenho, confusa.— Bom? Não entendi.Ela balançou a cabeça.— Não é nada. Só queria confirmar. Você faz o curso de engenharia, certo?Assenti novamente.— Sim, faço.— Sou Natália, a propósito.— Patricia.Ela sorriu, mas seus olhos pareciam analisar cada detalhe meu, me trazendo uma sensação incômoda.— Interessante. Eu também faço engenharia, mas já estou prestes a finalizar o curs
(Miguel)Acordei com o som do alarme às cinco horas da manhã. Suspirei, sentindo o peso do plantão de 36 horas que me esperava. Sentado na cama, olhei para a bela mulher ao meu lado, dormindo tranquilamente. Patrícia veio à minha mente, sua expressão irritada no meio da madrugada me fez sorrir. Havia algo sobre sua espontaneidade que eu realmente gostava.Levantei-me e fui direto para o chuveiro, deixando a água quente lavar qualquer vestígio de sono. Quando voltei para o quarto, a morena já estava acordada, sentada na cama e me observando com um sorriso preguiçoso.— Já vai sair? — ela perguntou, a voz ainda rouca de sono.Assenti, enquanto secava o cabelo com a toalha.— Tenho um plantão de 36 horas hoje. Preciso me preparar para o dia.Ela fez uma cara de desapontamento.— Não posso ficar só mais um pouco?Aproximei-me dela, inclinando e a beijei levemente.— Não gosto de sair e deixar pessoas na minha casa, Susane. Espero que você entenda.Ela não parecia muito satisfeita, mas
(Patricia)Acordei cedo no dia seguinte, sentindo uma mistura de ansiedade e excitação pelo acampamento. O sol mal havia despontado, e eu já estava de pé, organizando as coisas na sala. Cássio e as meninas tinham dormido na minha casa para irmos direto de lá. A cozinha estava cheia de risadas e conversas enquanto todos tomavam café da manhã.— Alguém mais quer café? — perguntei, segurando a cafeteira.— Eu! — gritaram Perla e Helen ao mesmo tempo, levantando suas xícaras.Enquanto despejava o café, ouvimos a campainha tocar. Perla foi abrir a porta e, um instante depois, ouvi sua voz animada.— Bom dia! Entre, por favor.Dei uma última ajeitada na minha camiseta e virei para a porta. Miguel entrou na sala, carregando uma mochila. Ele estava com um sorriso caloroso no rosto.— Bom dia, pessoal — disse ele, seus olhos pousando em mim por um momento mais longo do que o necessário.— Bom dia, Miguel — respondi, tentando ignorar o calor que subiu às minhas bochechas. — Deixe-me apresentá-
(Patricia)(Patricia)Enquanto mergulhava, senti uma dor aguda no pé e dei um gritinho de susto. Suspirei, tentando me acalmar, mas a dor era intensa. Fabricio se aproximou rapidamente, com uma expressão preocupada.— O que aconteceu, Patricia? — perguntou ele.— Acho que cortei o pé — respondi, vendo o sangue subir na água.Antes que eu pudesse protestar, Fabricio me pegou no colo, me assustando com a proximidade e a sensação dos nossos corpos sem tecido entre nós.— Não precisa, eu consigo caminhar — disse, tentando me libertar de seu aperto.— Melhor não, não sabemos a gravidade — ele retrucou, olhando nos meus olhos. — Deixa eu cuidar de você.Assenti, um pouco relutante, mas ciente de que ele estava tentando ajudar. Quando ele me colocou no chão, fora da água, todos se assustaram ao ver o grande caco de vidro enfiado no meu pé, com sangue escorrendo pela lateral.— Tirem isso dela — Helen pediu, fechando os olhos.Helen estava visivelmente assustada, e Miguel se aproximou rapidam
(Miguel) Quando chegamos na casa, os outros já estavam na varanda. Desci do cavalo primeiro e peguei Patrícia no colo em seguida. Cássio veio ao nosso encontro, a preocupação estampada no rosto.— Vocês demoraram — ele disse, olhando para nós com uma expressão intrigada.— Tive que vir devagar por causa do pé dela — expliquei, tentando esconder o incômodo que sentia com a situação.Cassio olhou para mim desconfiado, mas não disse nada. Apenas levou a égua para o estábulo. Perla se aproximou, a curiosidade evidente.— Como você se machucou? — Perguntou, os olhos arregalados.— Foi um caco de vidro no rio, mas já estou bem — respondeu Patrícia, com um sorriso tranquilizador.Olhei para ela, ainda sentindo o tremor em meu coração pelo que quase aconteceu momentos antes. Patrícia então se virou para mim.— Você já pode me colocar no chão, Miguel.Assenti e a levei até a varanda, colocando-a sentada em um pequeno banco. A observei, ainda processando tudo o que tinha acontecido. Ela era
(Patricia)Cassio me interrompe, a preocupação evidente em seu rosto.— Você tem certeza? - perguntou ele, a voz baixa e hesitante.Eu assenti, firme. — Sim, eu preciso superar isso. - Cassio me olhou por um momento antes de assentir e se calar.Respirei fundo, sentindo meu coração martelar com a dor de relembrar, mas sabia que era necessário. — Conheci Diego através de uma prima. - comecei, a voz trêmula. — Eu tinha 16 anos e nós namoramos por quatro anos. - Cassio fungou, demonstrando sua raiva, mas voltei minha atenção para continuar falando, tentando segurar o choro.— Diego sempre foi calmo comigo. Ele me ajudou a entrar na faculdade. Ele era muito carinhoso, até que um dia eu descobri que ele tinha me traído com essa mesma prima que nos apresentou. - A dor era palpável na minha voz. — Eu terminei o namoro, bem na época em que consegui o apartamento, já imaginando que nos casaríamos.Fiz uma pausa, limpando uma lágrima que escorreu pelo meu rosto, suspirando profundamente antes
(Patricia) Na segunda-feira, encontrei Helen e Perla na entrada da faculdade. Nos cumprimentamos com sorrisos e abraços, caminhando juntas em direção à sala de aula enquanto comentamos sobre o final de semana incrível que passamos.— Como está o seu pé, Patricia? — perguntou Perla, com uma expressão preocupada.— Já está bem melhor, obrigada — respondi, sorrindo.Ao chegarmos à sala de aula, percebi Perla fazer uma careta estranha. Antes que pudesse perguntar o que estava acontecendo, ela saiu correndo com a mão na boca. Helen e eu trocamos olhares preocupados e corremos atrás dela. Vimos Perla correr até o banheiro e entrar em uma cabine, onde começou a vomitar intensamente. Ficamos do lado de fora, esperando por ela.Depois de alguns minutos, Perla saiu da cabine, respirando fundo e foi lavar a boca e o rosto. — Perla, você está muito pálida. Não quer ir ao hospital? — perguntei, preocupada.— Não, não precisa. Deve ser só alguma coisa do organismo mesmo. Nos últimos dias, pela
(Miguel)Estava no meu consultório, revisando alguns relatórios, quando ouvi uma batida na porta.— Entre — chamei, sem tirar os olhos dos papéis.Beatriz entrou e se sentou à minha frente.— Como foi o final de semana? E como está a Patricia? — perguntou, com um olhar curioso.Por um momento, hesitei. Não sabia se deveria contar sobre a ligação do ex de Patrícia, mas também estava curioso sobre o passado dela.Olhei para Beatriz, sabendo que ela conhecia esse passado, mas então respirei fundo.Não era certo me meter assi