Voltei do banheiro e, enquanto me dirigia de volta para a mesa, esbarrei em alguém. Levantei o olhar para me desculpar e, para minha surpresa, vi um rosto familiar.
— Patricia? — ele sorriu.
— Fabricio? — respondi, lembrando-me do amigo de Cassio que conheci outro dia.
Ele era alto, com músculos nos lugares certos, cabelos castanhos claros e olhos azuis penetrantes. A música alta nos obrigava a nos aproximar para conversar.
— Isso mesmo! — ele confirmou, inclinando-se para falar mais perto do meu ouvido. — Está sozinha?
— Não, estou com umas amigas e o Cássio. Quer ir encontrá-los?
Fabricio assentiu, e eu comecei a caminhar de volta para a mesa, sentindo-o seguir logo atrás.
A multidão dançante nos obrigava a andar devagar, o que nos dava tempo para continuar a conversa.
— O que você está fazendo por aqui? — perguntei, olhando para ele por cima do ombro.
— Saí com alguns amigos. Vi o Cássio no bar mais cedo, mas não tive a chance de falar com ele. E você? Aproveitando a noite?
— Tentando! — respondi com um sorriso, lembrando-me da insistência de Perla e Helen para que eu saísse. — As meninas insistiram bastante para eu vir.
— Ainda bem que vieram. Está sendo bom?
— Sim, está. É um passo grande para mim estar aqui, sabe?
Fabricio olhou para mim com compreensão.
— Imagino. Fico feliz que esteja aproveitando. Qualquer coisa, estou por aqui, ok?
Assenti, agradecida pela gentileza e a atenção dele. Chegamos à mesa, onde Cassio, Perla e Helen estavam rindo e conversando.
— Olha só quem eu encontrei! — anunciei, fazendo com que todos se voltassem para nós.
— Fabricio! — Cassio exclamou, levantando-se para cumprimentar o amigo com um abraço. — Bom te ver, cara. Senta aí com a gente!
Fabricio sorriu e se juntou ao grupo, puxando uma cadeira ao meu lado. Perla e Helen trocaram olhares e sorrisos, parecendo felizes por ver mais um amigo se juntar à diversão.
— Vocês se conheceram outro dia, né? — Cassio perguntou, olhando entre nós.
— Sim, sim, — respondi. — Naquele bar perto de casa.
— Verdade, — Fabricio confirmou. — Bom bar, aquele.
Perla logo avistou um homem bonito e sem perder tempo, se aproximou dele.
Em poucos minutos, já estavam dançando juntos, suas risadas se misturando com a música alta.
Helen então se voltou para Cássio.
— Vamos dançar, Cássio? — Helen perguntou, com um sorriso convidativo.
Cassio olhou para mim, hesitando. Eu sabia que ele estava preocupado em cumprir sua promessa de cuidar de mim.
— Pode ir, Cássio, — eu disse, embora sentisse um nó de nervosismo no estômago. — Eu estou bem.
Ele me deu um sorriso caloroso, agradecido.
— Tem certeza?
Assenti, tentando parecer confiante.
— Tenho, vai se divertir.
Cássio deu um beijo rápido na minha testa e se levantou, seguindo Helen para a pista de dança.
Eu terminei meu coquetel sem álcool, tentando relaxar. Fabricio, percebendo minha inquietação, se inclinou mais perto.
— Quer dançar, Patricia? — ele perguntou, sua voz gentil.
Fiquei tensa por um momento, mas antes que eu pudesse responder, ele continuou.
— Se você não quiser, está tudo bem. Podemos curtir aqui mesmo.
Olhei para ele, grata pela compreensão. Sua presença tranquila fazia com que eu me sentisse mais segura.
— Obrigada, Fabricio. Acho que prefiro ficar aqui.
Ele sorriu, acenando com a cabeça.
— Sem problema. Vamos conversar então. O que você tem feito ultimamente?
Começamos a conversar sobre a faculdade, e me surpreendi com o quanto ele era interessante.
Fabrício contou sobre suas viagens e trilhas, seus olhos brilhando com entusiasmo.
— Eu adoro explorar novos lugares, — ele disse. — Faz pouco tempo que voltei de uma trilha na Chapada Diamantina. É incrível lá. Já foi?
— Não, nunca fui, — respondi, interessada. — Deve ser lindo.
— É mesmo. Você deveria ir algum dia. Quem sabe a gente organiza uma viagem em grupo?
A ideia me deixou animada e nervosa ao mesmo tempo.
— Talvez, — disse, sorrindo. — Quem sabe?
Continuamos conversando, e a conversa fluiu de maneira tão natural que logo me senti mais à vontade.
Fabrício era um ótimo ouvinte e fazia perguntas genuínas sobre meus interesses e sonhos.
— E você, Patricia? — ele perguntou. — O que gosta de fazer no seu tempo livre?
— Gosto de ler, assistir filmes, e às vezes tento desenhar. Não sou muito boa, mas é algo que me relaxa.
— Isso é ótimo! — Fabricio respondeu. — Acredito que qualquer coisa que nos faça sentir bem é válida, independentemente de sermos bons ou não.
Sua resposta me fez sorrir. Era bom estar ao lado de alguém que valorizava as pequenas coisas da vida.
O tempo passou rapidamente, e eu me senti verdadeiramente feliz e tranquila ao lado de Fabricio.
Perla voltou para a mesa, ofegante e sorrindo.
— Esse cara é incrível! — ela disse, pegando um gole de sua bebida. — Vocês precisam conhecer ele.
Helen e Cássio também retornaram, rindo e trocando olhares.
— Como está indo por aqui? — Cássio perguntou, olhando para mim com preocupação.
— Está tudo bem, Cassio. — respondi, sinceramente. — Fabrício tem sido uma ótima companhia.
— Que bom ouvir isso, — Helen disse, sentando-se ao lado de Perla.
Eu olhei ao redor da mesa, me sentindo grata pela insistência de minhas amigas e pela presença de Fabrício.
Ele fez a noite se tornar algo especial para mim.
— Obrigada, gente, — eu disse, minha voz sincera. — Estou me divertindo.
Depois de mais um tempo no clube, começamos a nos preparar para ir embora. Eu estava cansada, mas feliz por ter conseguido me divertir. Enquanto estávamos reunindo nossas coisas, Helen se aproximou de mim, com uma expressão séria.
— Patricia, a Perla foi embora com aquele cara, — ela disse.
Senti um frio na espinha e meu coração começou a bater mais rápido.
— Como assim? — perguntei, nervosa. — Ela não devia sair assim com pessoas que mal conhece. É perigoso, ainda mais hoje em dia.
Helen assentiu, compreensiva.
— Eu sei, você está certa. Mas ela me enviou a localização dela pelo celular e disse que ficaria em contato.
Eu respirei fundo, tentando acalmar a onda de ansiedade que se formava dentro de mim.
— Espero que ela realmente se cuide, — murmurei, ainda preocupada. — Não consigo evitar me sentir insegura por ela.
Helen colocou a mão no meu ombro, oferecendo conforto.
— Eu também me preocupo, Patricia. Mas vamos confiar que ela sabe o que está fazendo. E se precisar, estamos aqui para ajudar.
Assenti, tentando me tranquilizar. Perla era minha amiga e eu só queria o melhor para ela.
Respirando fundo, decidi focar no presente. Fabricio e Cássio estavam se despedindo do grupo, prontos para dividir um táxi conosco.
No táxi, sentada entre Helen e Cássio, observei a cidade passando pela janela. Fabricio estava na frente, e o clima no carro era de um silêncio tranquilo.
Quando chegamos ao nosso prédio, Helen e eu descemos do táxi e nos despedimos. Helen sorriu para Fabricio e Cássio.
— Foi uma ótima noite, meninos.
Cássio deu um abraço rápido em mim e em Helen.
— Se cuidem, meninas. Qualquer coisa, estou a um telefonema de distância.
Fabrício se aproximou, sorrindo para mim.
— Patricia, espero que tenha se divertido. Foi ótimo passar esse tempo com você.
Eu sorri, me sentindo mais à vontade do que esperava.
— Foi sim, Fabricio. Obrigada por ser tão compreensivo.
Ele assentiu e se despediu, enquanto Helen e eu entrávamos no prédio. Subimos para o meu apartamento, o silêncio confortável entre nós.
— Obrigada por ficar comigo, Helen, — eu disse enquanto abria a porta.
— Claro, Patricia. Eu sabia que você precisaria de alguém hoje, — ela respondeu, sorrindo.
Nos preparamos para dormir, cada uma em um quarto. Eu me deitei na cama, ainda preocupada com Perla, mas sabendo que Helen estava lá para qualquer coisa.
Fechei os olhos, esperando que Perla estivesse bem e prometendo a mim mesma que a vida, mesmo com suas dificuldades, poderia ser bela e cheia de momentos preciosos, como os que vivi naquela noite.
(Patrícia)Passei a noite resmungando, me virando de um lado para o outro na cama, tentando ignorar os gemidos e os sons da cama se movendo vindos do apartamento de cima. A cada som mais alto, meu desconforto aumentava. Finalmente, sento na cama e suspiro pesadamente.— Será que eles não têm vergonha? — murmuro para mim mesma, irritada.Fecho os olhos, tentando me concentrar em qualquer outra coisa, mas a realidade é implacável. Os gemidos continuam, interrompendo qualquer esperança de uma boa noite de sono. A frustração aumenta e, conforme a noite avança, percebo que não vou conseguir dormir. Olho para o relógio ao lado da cama: 3:45 da manhã. A academia está marcada para cedo, e cada minuto sem dormir me faz sentir mais cansada.O tempo passa lentamente. As horas se arrastam, e eu mal consigo fechar os olhos. Quando finalmente amanhece, me sinto exausta e abatida. A luz da manhã entra pelas frestas da cortina, e sei que é hora de me levantar. Preciso ir à academia.Levanto-me da
(Patrícia)Estávamos nos preparando para a apresentação do trabalho de quarta-feira. Perla, Helen e eu aceitávamos tudo quando vi a mulher do outro dia entrar na sala. Ela me olhou com uma expressão estranha, que logo mudou para desconfiança. — Eu te conheço.Olhei para ela, surpresa.— Você é a mulher que mora no prédio de Miguel, não é? Nos encontramos na entrada outro dia. - Disse, me olhando de cima a baixo.Fiquei ainda mais surpresa. Achei que ela nem tinha notado minha presença naquele dia. Assenti.— Sim, sou eu.Ela forçou um sorriso, que não parecia nada amigável.— Bom... — disse ela.Franzi o cenho, confusa.— Bom? Não entendi.Ela balançou a cabeça.— Não é nada. Só queria confirmar. Você faz o curso de engenharia, certo?Assenti novamente.— Sim, faço.— Sou Natália, a propósito.— Patricia.Ela sorriu, mas seus olhos pareciam analisar cada detalhe meu, me trazendo uma sensação incômoda.— Interessante. Eu também faço engenharia, mas já estou prestes a finalizar o curs
(Miguel)Acordei com o som do alarme às cinco horas da manhã. Suspirei, sentindo o peso do plantão de 36 horas que me esperava. Sentado na cama, olhei para a bela mulher ao meu lado, dormindo tranquilamente. Patrícia veio à minha mente, sua expressão irritada no meio da madrugada me fez sorrir. Havia algo sobre sua espontaneidade que eu realmente gostava.Levantei-me e fui direto para o chuveiro, deixando a água quente lavar qualquer vestígio de sono. Quando voltei para o quarto, a morena já estava acordada, sentada na cama e me observando com um sorriso preguiçoso.— Já vai sair? — ela perguntou, a voz ainda rouca de sono.Assenti, enquanto secava o cabelo com a toalha.— Tenho um plantão de 36 horas hoje. Preciso me preparar para o dia.Ela fez uma cara de desapontamento.— Não posso ficar só mais um pouco?Aproximei-me dela, inclinando e a beijei levemente.— Não gosto de sair e deixar pessoas na minha casa, Susane. Espero que você entenda.Ela não parecia muito satisfeita, mas
(Patricia)Acordei cedo no dia seguinte, sentindo uma mistura de ansiedade e excitação pelo acampamento. O sol mal havia despontado, e eu já estava de pé, organizando as coisas na sala. Cássio e as meninas tinham dormido na minha casa para irmos direto de lá. A cozinha estava cheia de risadas e conversas enquanto todos tomavam café da manhã.— Alguém mais quer café? — perguntei, segurando a cafeteira.— Eu! — gritaram Perla e Helen ao mesmo tempo, levantando suas xícaras.Enquanto despejava o café, ouvimos a campainha tocar. Perla foi abrir a porta e, um instante depois, ouvi sua voz animada.— Bom dia! Entre, por favor.Dei uma última ajeitada na minha camiseta e virei para a porta. Miguel entrou na sala, carregando uma mochila. Ele estava com um sorriso caloroso no rosto.— Bom dia, pessoal — disse ele, seus olhos pousando em mim por um momento mais longo do que o necessário.— Bom dia, Miguel — respondi, tentando ignorar o calor que subiu às minhas bochechas. — Deixe-me apresentá-
(Patricia)(Patricia)Enquanto mergulhava, senti uma dor aguda no pé e dei um gritinho de susto. Suspirei, tentando me acalmar, mas a dor era intensa. Fabricio se aproximou rapidamente, com uma expressão preocupada.— O que aconteceu, Patricia? — perguntou ele.— Acho que cortei o pé — respondi, vendo o sangue subir na água.Antes que eu pudesse protestar, Fabricio me pegou no colo, me assustando com a proximidade e a sensação dos nossos corpos sem tecido entre nós.— Não precisa, eu consigo caminhar — disse, tentando me libertar de seu aperto.— Melhor não, não sabemos a gravidade — ele retrucou, olhando nos meus olhos. — Deixa eu cuidar de você.Assenti, um pouco relutante, mas ciente de que ele estava tentando ajudar. Quando ele me colocou no chão, fora da água, todos se assustaram ao ver o grande caco de vidro enfiado no meu pé, com sangue escorrendo pela lateral.— Tirem isso dela — Helen pediu, fechando os olhos.Helen estava visivelmente assustada, e Miguel se aproximou rapidam
(Miguel) Quando chegamos na casa, os outros já estavam na varanda. Desci do cavalo primeiro e peguei Patrícia no colo em seguida. Cássio veio ao nosso encontro, a preocupação estampada no rosto.— Vocês demoraram — ele disse, olhando para nós com uma expressão intrigada.— Tive que vir devagar por causa do pé dela — expliquei, tentando esconder o incômodo que sentia com a situação.Cassio olhou para mim desconfiado, mas não disse nada. Apenas levou a égua para o estábulo. Perla se aproximou, a curiosidade evidente.— Como você se machucou? — Perguntou, os olhos arregalados.— Foi um caco de vidro no rio, mas já estou bem — respondeu Patrícia, com um sorriso tranquilizador.Olhei para ela, ainda sentindo o tremor em meu coração pelo que quase aconteceu momentos antes. Patrícia então se virou para mim.— Você já pode me colocar no chão, Miguel.Assenti e a levei até a varanda, colocando-a sentada em um pequeno banco. A observei, ainda processando tudo o que tinha acontecido. Ela era
(Patricia)Cassio me interrompe, a preocupação evidente em seu rosto.— Você tem certeza? - perguntou ele, a voz baixa e hesitante.Eu assenti, firme. — Sim, eu preciso superar isso. - Cassio me olhou por um momento antes de assentir e se calar.Respirei fundo, sentindo meu coração martelar com a dor de relembrar, mas sabia que era necessário. — Conheci Diego através de uma prima. - comecei, a voz trêmula. — Eu tinha 16 anos e nós namoramos por quatro anos. - Cassio fungou, demonstrando sua raiva, mas voltei minha atenção para continuar falando, tentando segurar o choro.— Diego sempre foi calmo comigo. Ele me ajudou a entrar na faculdade. Ele era muito carinhoso, até que um dia eu descobri que ele tinha me traído com essa mesma prima que nos apresentou. - A dor era palpável na minha voz. — Eu terminei o namoro, bem na época em que consegui o apartamento, já imaginando que nos casaríamos.Fiz uma pausa, limpando uma lágrima que escorreu pelo meu rosto, suspirando profundamente antes
(Patricia) Na segunda-feira, encontrei Helen e Perla na entrada da faculdade. Nos cumprimentamos com sorrisos e abraços, caminhando juntas em direção à sala de aula enquanto comentamos sobre o final de semana incrível que passamos.— Como está o seu pé, Patricia? — perguntou Perla, com uma expressão preocupada.— Já está bem melhor, obrigada — respondi, sorrindo.Ao chegarmos à sala de aula, percebi Perla fazer uma careta estranha. Antes que pudesse perguntar o que estava acontecendo, ela saiu correndo com a mão na boca. Helen e eu trocamos olhares preocupados e corremos atrás dela. Vimos Perla correr até o banheiro e entrar em uma cabine, onde começou a vomitar intensamente. Ficamos do lado de fora, esperando por ela.Depois de alguns minutos, Perla saiu da cabine, respirando fundo e foi lavar a boca e o rosto. — Perla, você está muito pálida. Não quer ir ao hospital? — perguntei, preocupada.— Não, não precisa. Deve ser só alguma coisa do organismo mesmo. Nos últimos dias, pela