(Patricia)
Suspirei aliviada ao chegar em casa, feliz por meus pais não estarem lá. Subi para o meu quarto, decidida a começar a fazer minhas malas.
Cada peça de roupa que eu colocava dentro da mala parecia um passo mais perto da minha independência.
Estava tão concentrada que não ouvi quando minha mãe entrou. Só percebi sua presença quando senti sua mão suave tocar meu ombro.
Virei-me, encontrando seus olhos cheios de lágrimas. Meu coração apertou, mas mantive meu sorriso, levantando-me rapidamente.
一 Mãe, por favor, não chore. - pedi, tentando consolá-la. 一 Eu tenho que fazer isso.
Ela limpou as lágrimas, respirando fundo.
一 Você vai mesmo, Patrícia?
Assenti, abraçando-a com força.
一 Vou sim, mãe. É necessário. Eu preciso fazer isso por mim. E vou ficar bem.
Minha mãe respirou fundo novamente, tentando controlar a emoção.
一 Eu sei que é o melhor para você. Só que... é difícil deixar você ir.
一 Eu sei, mãe. Mas eu preciso voltar a viver. Preciso provar para mim mesma que consigo.
Ela assentiu, finalmente sorrindo um pouco.
一 Então, vamos fazer isso juntas.
Ela começou a me ajudar a organizar minhas coisas, dobrando as roupas com cuidado e colocando-as na mala.
A sensação de sua presença ao meu lado me dava forças para continuar. Quando terminamos, decidimos ir ao supermercado comprar alguns suprimentos.
Depois de uma rápida ida ao supermercado, voltamos para casa e encontramos meu pai já lá.
Ele estava parado na sala, encarando minhas malas com uma expressão triste. Caminhei até ele, tentando manter o otimismo.
一 Pai, eu vou ficar bem. - disse, sorrindo para ele. 一 Eu prometo.
Ele me olhou por um momento, e então me puxou para um abraço apertado.
一 Espero que sim, filha. Espero de verdade.
Senti suas mãos firmes e o calor do seu abraço.
一 Eu preciso fazer isso. - sussurrei.
Ele respirou fundo, assentindo contra meu ombro.
一 Eu sei. E estou orgulhoso de você. Só quero que você saiba que estamos sempre aqui, se precisar de qualquer coisa.
一 Eu sei, pai. E isso me dá coragem.
Minha mãe veio ao nosso lado, unindo-se ao abraço. Fiquei ali, entre os dois, sentindo a força e o amor da minha família.
Sabia que, por mais difícil que fosse, essa era a decisão certa. Precisava voltar a viver, retomar minha independência e reconstruir minha vida.
E, com o apoio deles, me sentia mais forte e determinada a seguir em frente.
***
Olhei ao redor do apartamento que havia sido meu lar 3 anos atrás, agora cheio de caixas e lembranças espalhadas por todos os lados.
Cássio estava ao meu lado, sua presença trazendo um conforto que eu desesperadamente precisava naquele momento turbulento.
Me permiti relaxar nos braços dele quando me abraçou, me sentindo segura pela primeira vez desde que decidi seguir em frente.
Cássio era o único homem em quem eu confiava plenamente, além do meu pai. Um calor reconfortante inundou meu peito ao ouvir suas palavras tranquilizadoras.
一 Vai ficar tudo bem, Paty. Você não está sozinha nisso. - ele murmurou, acariciando meus cabelos.
Levantei os olhos para ele, um sorriso tímido surgindo em meus lábios enquanto agradecia pelo apoio silencioso que ele me oferecia.
一 Obrigada, Cassinho. Eu realmente aprecio você estar aqui.
Nós dois observamos as malas espalhadas pelo chão, um lembrete visual das mudanças iminentes.
Quebrei o momento de ternura com um suspiro resignado.
一 Acho que vou aproveitar que você está de folga e fazer uma limpeza geral por aqui.
Cássio fez uma careta exagerada, mas brincalhona.
一 Sério? Eu vim aqui para te ajudar a mudar, não para fazer faxina.
Ri suavemente e peguei o material de limpeza que trouxera.
一 Ah, vamos lá, Cássio Você se importa de limpar a sala e a cozinha enquanto eu cuido dos quartos e dos banheiros? Aposto que termino antes de você.
Ele fez uma pausa dramática, ponderando as opções.
一 Tudo bem, desafio aceito! Mas só porque sou bom nisso.
Ri novamente, me sentindo mais leve do que nos últimos dias.
一 Ótimo! Vamos ver quem limpa mais rápido então.
Enquanto nos dividimos entre as tarefas domésticas, o apartamento ressoava com risadas e conversas leves, criando um pequeno oásis de normalidade em meio ao turbilhão de mudanças que estava por vir.
***
Eu acordei naquela segunda-feira com o sol brilhando através da janela, iluminando meu quarto de uma maneira reconfortante.
Um sorriso espontâneo se formou em meus lábios quando me lembrei que era o primeiro dia de aula na faculdade.
O início do semestre estava ali, uma oportunidade para recomeçar e focar no futuro.
Levantei-me animada, sentindo-me grata por ter conseguido dormir bem, apesar de Cássio não ter passado a noite aqui.
Nas últimas semanas, ele tinha estado comigo na maior parte das noites, mas essa noite foi uma exceção.
No começo, admito que fiquei um pouco apreensiva, mas logo consegui relaxar e adormecer profundamente.
Vesti uma calça jeans confortável, minhas sandálias favoritas e uma blusa de alça fina preta.
Peguei minha bolsa com os materiais necessários para o dia e saí, sentindo um suspiro de felicidade escapar dos meus lábios.
O campus estava quieto e familiar, mas também carregado com uma nostalgia suave que me fez inspirar profundamente.
Ao entrar na sala de aula, a ansiedade começou a se agitar dentro de mim. Eu sabia que precisava me manter ocupada para evitar que a crise tomasse conta.
Decidi focar nas aulas, fazendo perguntas ao professor e participando ativamente das discussões.
Era uma maneira de desviar minha mente dos pensamentos negativos que ameaçavam emergir.
Durante as aulas da manhã, consegui me concentrar e absorver o conteúdo, o que me trouxe um senso de realização e alívio.
A interação com os colegas e o ambiente familiar da faculdade me ajudaram a manter a calma e a dissipar qualquer resquício de ansiedade que restasse.
À medida que o dia avançava, eu me sentia mais confiante e otimista.
Eu e as duas amigas que fiz durante o dia, estávamos almoçando juntas no refeitório da faculdade, aproveitando um momento para relaxar depois das primeiras aulas da manhã.
Perla, com seu sorriso sonhador, expressou sua animação.
一 Estou tão animada! Sempre foi meu sonho fazer engenharia.
Olhei para ela com admiração, percebendo como sua paixão pelo campo era genuína e inspiradora.
一 Sério? Que legal, Perla! Eu imagino que você vai se dar super bem aqui. Engenharia é um desafio, mas também muito gratificante. - respondi, feliz por estar cercada de pessoas tão determinadas.
No começo, admito que julguei Perla como uma daquelas típicas patricinhas que não se interessariam por alguém como eu. Ela era loira, com longos cabelos dourados e olhos azuis brilhantes, uma imagem que contrastava com a minha própria.
Mas logo percebi que estava totalmente errada. Perla se mostrou extremamente gentil e carinhosa desde que nos conhecemos.
一 Nem me fala. Assistir tornar realidade é gratificante. Meus pais estão todos bobos, eles sabem falando para todo mundo que eu estou na faculdade. - Ela sorrir de uma forma carinhosa. 一 Eu sou a única na família em uma faculdade. Meus irmãos tiveram que trabalhar mais cedo, e por causa disso eles conseguem pagar a outra metade da bolsa.
Helen, nossa outra nova amiga, sorriu com simpatia ao ouvir Perla falar sobre seu sonho se realizando.
Helen era diferente de Perla em muitos aspectos. Ela tinha a pele negra e lisa, cabelos trançados longos e lábios volumosos. Seu semblante era mais sério, mas havia uma bondade profunda em seus olhos e em sua postura tranquila.
一 Fico feliz que seus irmãos puderam contribuir, Helen. Isso mostra o quanto a educação é valorizada na sua família. - comentei, admirando a determinação e o apoio mútuo entre eles.
Durante o almoço, conversamos sobre nossas expectativas para o semestre e trocamos histórias sobre nossas vidas antes da faculdade.
Aos poucos, percebi que essas duas novas amigas, tão diferentes de mim em muitos aspectos, eram exatamente o que eu precisava para me sentir parte deste novo capítulo da minha vida.
Estava indo embora do campus quando avistei Helen e Perla conversando perto da saída. Sorri para elas, acenando enquanto me aproximava.
一 Oi, meninas! Vamos lá, eu dou uma carona para vocês. - ofereci, sabendo que seria mais prático para todas nós.
Perla hesitou por um momento, um pouco sem jeito. 一 Ah, não precisa, Paty. Eu moro um pouco mais longe...
一 Sem problema, Perla. - insisti, abrindo um sorriso encorajador. 一 Vamos, é só um pequeno desvio e eu realmente quero passar um tempo com vocês.
Ela olhou para Helen, que assentiu com um sorriso.
一 Sim, Paty, vamos juntas. Assim podemos conversar mais um pouco.
Perla acabou cedendo, sorrindo de volta.
一 Tudo bem, então. Vamos lá.
Entramos no carro e começamos o caminho. A conversa fluiu facilmente, como sempre acontecia quando estávamos juntas.
一 Como foi o primeiro dia de aula de vocês? - perguntei, querendo saber como elas estavam se sentindo com o retorno às aulas.
Helen foi a primeira a responder.
一 Foi bom. Me senti um pouco perdida no início, mas acho que vou pegar o ritmo rápido. E você, Paty?
一 Foi ótimo. - respondi com entusiasmo. 一 Estou tão feliz por estar de volta. Parece que finalmente estou retomando minha vida.
一 Vamos marcar de nos encontrarmos depois fora do campus. - Helen sugeriu.
Assenti, animada com a perspectiva.
一 Perfeito! Na minha casa, então? Podemos cozinhar algo juntas e passar a noite conversando.
一 Combinado! - disseram as duas em uníssono.
Continuamos conversando sobre nossos planos para as aulas, as novidades e as expectativas para o semestre. A companhia delas me enchia de alegria e esperança para o futuro.
Quando chegamos perto da casa de Helen, ela se despediu com um abraço. 一 Obrigada pela carona, Paty.
一 Até mais, Helen.
Logo depois, levei Perla até sua casa. Ela se virou para mim antes de sair do carro.
一 Obrigada, Paty. Nos vemos amanhã.
一 Até mais.
Cheguei em casa depois de deixar Perla e Helen e, ainda animada com nosso encontro planejado, tomei um banho rápido para ir à academia que tinha no final do quarteirão. Nesse horário, não havia quase ninguém e a minha estrutura era mulher.
Vesti minha roupa de ginástica e saí do apartamento, descendo as escadas do prédio com pressa.
Ao abrir a porta do hall de entrada, quase esbarrei em alguém. Levantei o olhar e, para minha surpresa, dei de cara com o Dr. Miguel.
一 Oi. - disse timidamente, lembrando-me da cena embaraçosa no consultório dele.
Ele sorriu, parecendo genuinamente contente em me ver.
一 Olha quem eu encontrei.
Arqueei uma sobrancelha, tentando aliviar a tensão com um tom brincalhão.
一 Estava me procurando?
一 Talvez. - respondeu ele, piscando um olho para mim. Senti meu rosto esquentar e baixei a cabeça com um sorriso tímido.
一 Você mora aqui no prédio? - perguntou ele, curioso.
一 Sim, acabei de me mudar de volta. - respondi. 一 E você? Também mora aqui?
Antes que ele pudesse responder, uma mulher alta e loira, com um corpo de modelo, apareceu do nada e se agarrou ao braço dele.
一 Amorzinho, vamos logo. Quero chegar em casa.
Miguel olhou para mim, um pouco sem graça.
一 Já vou. Nos vemos por aí, vizinha. - disse, se despedindo.
A mulher, sem nem me olhar, puxou Miguel em direção ao prédio. Revirei os olhos ao vê-los sumirem pela porta.
一 Grudenta. - murmurei para mim mesma, irritada com a interrupção.
Mas então, me dei conta de algo importante. Eu tinha acabado de conversar com Miguel, um homem, sem sentir pânico.
Sorri para mim mesma, percebendo que, aos poucos, estava realmente melhorando. Sabia que ainda havia um longo caminho pela frente, mas esse pequeno momento de normalidade me deu esperança.
Saí do consultório de Beatriz, me sentindo leve depois de nossa sessão. O corredor estava silencioso, com a luz suave das lâmpadas tornando o ambiente acolhedor. Enquanto caminhava em direção ao elevador, dei de cara com Miguel.Ele estava encostado na parede, com aquele sorriso de canto que sempre parecia iluminar seu rosto. 一 Oi, Patricia. Como você está? - perguntou, com um tom amigável.一 Oi, Miguel. Estou bem, obrigada. - respondi, tentando esconder o nervosismo que sempre surgia quando o via. 一 Não sabia que você morava no mesmo prédio. Voltei há um mês e não tinha te visto por lá.一 Ah, sim. - ele assentiu. 一 Estive em um congresso de medicina em Santa Catarina. Acabei de voltar.一 Entendi. - respondi, assentindo. 一 Deve ter sido interessante.一 Foi, sim. Bastante produtivo. - disse ele, o sorriso se ampliando um pouco mais.Nesse momento, o celular dele começou a tocar. Miguel olhou para a tela, e eu aproveitei para me despedir. 一 Bom, parece que você está ocupado. A gen
Voltei do banheiro e, enquanto me dirigia de volta para a mesa, esbarrei em alguém. Levantei o olhar para me desculpar e, para minha surpresa, vi um rosto familiar.— Patricia? — ele sorriu.— Fabricio? — respondi, lembrando-me do amigo de Cassio que conheci outro dia. Ele era alto, com músculos nos lugares certos, cabelos castanhos claros e olhos azuis penetrantes. A música alta nos obrigava a nos aproximar para conversar.— Isso mesmo! — ele confirmou, inclinando-se para falar mais perto do meu ouvido. — Está sozinha?— Não, estou com umas amigas e o Cássio. Quer ir encontrá-los?Fabricio assentiu, e eu comecei a caminhar de volta para a mesa, sentindo-o seguir logo atrás. A multidão dançante nos obrigava a andar devagar, o que nos dava tempo para continuar a conversa.— O que você está fazendo por aqui? — perguntei, olhando para ele por cima do ombro.— Saí com alguns amigos. Vi o Cássio no bar mais cedo, mas não tive a chance de falar com ele. E você? Aproveitando a noite?— Ten
(Patrícia)Passei a noite resmungando, me virando de um lado para o outro na cama, tentando ignorar os gemidos e os sons da cama se movendo vindos do apartamento de cima. A cada som mais alto, meu desconforto aumentava. Finalmente, sento na cama e suspiro pesadamente.— Será que eles não têm vergonha? — murmuro para mim mesma, irritada.Fecho os olhos, tentando me concentrar em qualquer outra coisa, mas a realidade é implacável. Os gemidos continuam, interrompendo qualquer esperança de uma boa noite de sono. A frustração aumenta e, conforme a noite avança, percebo que não vou conseguir dormir. Olho para o relógio ao lado da cama: 3:45 da manhã. A academia está marcada para cedo, e cada minuto sem dormir me faz sentir mais cansada.O tempo passa lentamente. As horas se arrastam, e eu mal consigo fechar os olhos. Quando finalmente amanhece, me sinto exausta e abatida. A luz da manhã entra pelas frestas da cortina, e sei que é hora de me levantar. Preciso ir à academia.Levanto-me da
(Patrícia)Estávamos nos preparando para a apresentação do trabalho de quarta-feira. Perla, Helen e eu aceitávamos tudo quando vi a mulher do outro dia entrar na sala. Ela me olhou com uma expressão estranha, que logo mudou para desconfiança. — Eu te conheço.Olhei para ela, surpresa.— Você é a mulher que mora no prédio de Miguel, não é? Nos encontramos na entrada outro dia. - Disse, me olhando de cima a baixo.Fiquei ainda mais surpresa. Achei que ela nem tinha notado minha presença naquele dia. Assenti.— Sim, sou eu.Ela forçou um sorriso, que não parecia nada amigável.— Bom... — disse ela.Franzi o cenho, confusa.— Bom? Não entendi.Ela balançou a cabeça.— Não é nada. Só queria confirmar. Você faz o curso de engenharia, certo?Assenti novamente.— Sim, faço.— Sou Natália, a propósito.— Patricia.Ela sorriu, mas seus olhos pareciam analisar cada detalhe meu, me trazendo uma sensação incômoda.— Interessante. Eu também faço engenharia, mas já estou prestes a finalizar o curs
(Miguel)Acordei com o som do alarme às cinco horas da manhã. Suspirei, sentindo o peso do plantão de 36 horas que me esperava. Sentado na cama, olhei para a bela mulher ao meu lado, dormindo tranquilamente. Patrícia veio à minha mente, sua expressão irritada no meio da madrugada me fez sorrir. Havia algo sobre sua espontaneidade que eu realmente gostava.Levantei-me e fui direto para o chuveiro, deixando a água quente lavar qualquer vestígio de sono. Quando voltei para o quarto, a morena já estava acordada, sentada na cama e me observando com um sorriso preguiçoso.— Já vai sair? — ela perguntou, a voz ainda rouca de sono.Assenti, enquanto secava o cabelo com a toalha.— Tenho um plantão de 36 horas hoje. Preciso me preparar para o dia.Ela fez uma cara de desapontamento.— Não posso ficar só mais um pouco?Aproximei-me dela, inclinando e a beijei levemente.— Não gosto de sair e deixar pessoas na minha casa, Susane. Espero que você entenda.Ela não parecia muito satisfeita, mas
(Patricia)Acordei cedo no dia seguinte, sentindo uma mistura de ansiedade e excitação pelo acampamento. O sol mal havia despontado, e eu já estava de pé, organizando as coisas na sala. Cássio e as meninas tinham dormido na minha casa para irmos direto de lá. A cozinha estava cheia de risadas e conversas enquanto todos tomavam café da manhã.— Alguém mais quer café? — perguntei, segurando a cafeteira.— Eu! — gritaram Perla e Helen ao mesmo tempo, levantando suas xícaras.Enquanto despejava o café, ouvimos a campainha tocar. Perla foi abrir a porta e, um instante depois, ouvi sua voz animada.— Bom dia! Entre, por favor.Dei uma última ajeitada na minha camiseta e virei para a porta. Miguel entrou na sala, carregando uma mochila. Ele estava com um sorriso caloroso no rosto.— Bom dia, pessoal — disse ele, seus olhos pousando em mim por um momento mais longo do que o necessário.— Bom dia, Miguel — respondi, tentando ignorar o calor que subiu às minhas bochechas. — Deixe-me apresentá-
(Patricia)(Patricia)Enquanto mergulhava, senti uma dor aguda no pé e dei um gritinho de susto. Suspirei, tentando me acalmar, mas a dor era intensa. Fabricio se aproximou rapidamente, com uma expressão preocupada.— O que aconteceu, Patricia? — perguntou ele.— Acho que cortei o pé — respondi, vendo o sangue subir na água.Antes que eu pudesse protestar, Fabricio me pegou no colo, me assustando com a proximidade e a sensação dos nossos corpos sem tecido entre nós.— Não precisa, eu consigo caminhar — disse, tentando me libertar de seu aperto.— Melhor não, não sabemos a gravidade — ele retrucou, olhando nos meus olhos. — Deixa eu cuidar de você.Assenti, um pouco relutante, mas ciente de que ele estava tentando ajudar. Quando ele me colocou no chão, fora da água, todos se assustaram ao ver o grande caco de vidro enfiado no meu pé, com sangue escorrendo pela lateral.— Tirem isso dela — Helen pediu, fechando os olhos.Helen estava visivelmente assustada, e Miguel se aproximou rapidam
(Miguel) Quando chegamos na casa, os outros já estavam na varanda. Desci do cavalo primeiro e peguei Patrícia no colo em seguida. Cássio veio ao nosso encontro, a preocupação estampada no rosto.— Vocês demoraram — ele disse, olhando para nós com uma expressão intrigada.— Tive que vir devagar por causa do pé dela — expliquei, tentando esconder o incômodo que sentia com a situação.Cassio olhou para mim desconfiado, mas não disse nada. Apenas levou a égua para o estábulo. Perla se aproximou, a curiosidade evidente.— Como você se machucou? — Perguntou, os olhos arregalados.— Foi um caco de vidro no rio, mas já estou bem — respondeu Patrícia, com um sorriso tranquilizador.Olhei para ela, ainda sentindo o tremor em meu coração pelo que quase aconteceu momentos antes. Patrícia então se virou para mim.— Você já pode me colocar no chão, Miguel.Assenti e a levei até a varanda, colocando-a sentada em um pequeno banco. A observei, ainda processando tudo o que tinha acontecido. Ela era