Boa tarde, Fominhas, tudo bem? Gostando dessa história? É muito importante que vocês comentem e avaliem, se não a plataforma não a indica para mais ninguém. Agradeço muito a cada um que está lendo RPA. Também vou aproveitar esse espaço para indicar o livro da minha amiga Flavia Saldanha que está disponível aqui na plataforma. Se chama "um filho para o rei alfa" e é perfeito se está curtindo essa leitura. Vão lá dar uma força a ela!
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Ceyas
— Matem todos eles, não deixem um único lobo dessa matilha vivo — mando, ouvindo os uivos dos lobos da minha matilha passarem pelo meu ouvido junto com o barulho do vento cortando através das árvores como se fosse nada.
Independentemente do cheiro de sangue se acumulando, a lua vai se tornando mais alta, mais brilhante, mais prateada. Apesar dos gritos altos, ninguém virá resgatá-los. Eles escolheram o que causou sua ruína, indo contra a nossa alcateia.
Olho para cima, avaliando a luz trazida pela lua mais uma vez.
Esta poderia ser diferente de todas as outras que eu já vi nascer e perecer?
— Ceyas, está puto porque aquela mulher tentou te enganar? — pergunta Lugi, sorrindo como um desgraçado. É fácil para ele rir da minha desgraça, já que não foi aquele que recebeu uma profecia sobre sua alma gêmea.
— Como ela pensou que me enganaria? Todos sabem que reconhecemos instintivamente os nossos lumenys — profiro, revirando os olhos, já que ele continua apenas rindo de mim.
Essa noite não precisamos fazer nada, temos apenas que esperar que os nossos aliados tragam a cabeça de cada um desses indivíduos que escolheram ficar do lado de um monstro que se deixou ser ludibriado pela ideia de que era um rei.
— Você tem procurado tão desesperadamente pelo seu lumeny que qualquer mulher acha que pode passar a perna em você — zomba Lugi, e, bom, teve um período em que era tudo o que me preocupava, mas, no momento, tenho mais coisas com que me inquietar.
Desde que os híbridos se espalharam pelo mundo, tem sido horrível ser um ser sobrenatural, dado que os humanos começaram a estranhar as ocorrências brutais acontecendo sem parar.
Alguns desses híbridos, sendo inteligentes, tentaram até mesmo criar um bando que pudessem controlar. Foi o caso dessa matilha que viemos eliminar no instante em que fizeram menção a tentar nos devorar.
— Considerando que, segundo aquela bruxa, ela pode ser a responsável por fazer com que a nossa alcateia seja exterminada, eu deveria tomar cuidado — pontuo, assistindo ao dar de ombros descontraído dele enquanto olha para o homem arrastando um sujeito pelo tornozelo. O alvo de seus olhares pouco liga para todos os pedidos dele, apenas faz aquilo que foi ordenado.
É incrível que ele tenha tempo para zombar dos meus problemas quando não consegue lidar com os seus. Lewyn faz um aceno com a cabeça, me cumprimentando em respeito somente porque sou o alfa da alcateia. Ele não se importa com nada mais.
É frio como uma pedra de gelo ambulante. No entanto, não tenho o direito de criticá-lo quando dizem que sou tão ruim que os demônios correriam para longe de mim com medo do que posso fazer a eles.
A cabeça do indivíduo que ele trouxe tão calmamente é separada do corpo com um único puxar de seus braços. Olhando para o lado, vejo a admiração explícita nos olhos de Lugi. Ele com certeza não deveria se preocupar com os meus problemas quando o seu têm esse tipo de humor.
— Pare de olhar para a bunda do Lewyn — peço a ele.
Meu braço direito me ignora, apenas acompanhando os movimentos do outro. Ele é um dos melhores lobos que existem na nossa alcateia. É um assassino nato, que pode seguir todos os tipos de ordem, desde que venham do alfa.
Desde a liderança do meu pai, havia muitas pessoas que se impressionavam com as suas capacidades, mas ele nunca ligou para nenhuma delas. O azarado do meu lado, antes mesmo de atingir a puberdade, passou a ter certeza de que ele é o seu lumeny, embora não haja provas claras disso.
— Ele tem uma bunda bonita e está a expondo por aí — diz, com o tom de recriminação óbvio, o que leva aqueles próximos a prestarem atenção no que diz, já que não querem ser o alvo da raiva dele por olharem demais para o homem andando nu entre eles.
Lugi sempre se esquece do quanto a nudez é comum entre lupinos quando se trata do traseiro de Lewyn. Já tentei colocar juízo na cabeça dele, mas não há nada que se possa fazer para mudar os pensamentos do meu braço direito.
— De toda maneira, o dia está quase amanhecendo. Não será dessa vez que você encontrará o seu lumeny — expõe com um riso preso que quero muito arrancar do seu rosto, dado o seu deboche. Às vezes, me faz questionar por que continuo sendo o seu amigo.
— Quem sabe ela tenha errado o dia — comento, seguindo a movimentação dos lobos, já que a primeira parte do acampamento feito pelos híbridos parece ter sido destruída.
— Uma bruxa nunca erra quando faz as suas previsões — articula. Contudo, quantos anos fazem desde que escutei as palavras daquela mulher? Ainda assim, nada mudou. Não encontrei ninguém que seja minimamente capaz de mexer com o meu coração.
— Você é do tipo que confia muito em destino — murmuro.
— Fomos feitos com as mãos de uma deusa. É bem claro que destino é o menor dos nossos problemas — comenta ele, erguendo as mãos como se pudesse um dia replicar o que a deusa Lua fez para nos criar. — Além disso, tem todos esses boatos sobre ela estar de volta, caminhando entre nós. Não acha que é divertido?
— Por que nos preocuparíamos com a deusa quando temos tantos problemas com esses híbridos? Eles se multiplicam como praga — lembro a ele.
— Nosso acordo com os Silver é bom, mas também é problemático.
— Não podemos apenas ganhar — pondero, notando que uma mulher se apressa para chegar até nós, como se tivesse encontrado algo que fará com que pare as ideias de destino que Lugi carrega com ele.
— Ceyas, precisa ver isso — diz a mulher, me indicando o caminho para onde devo segui-la. Me pergunto o que mais aquele bastardo pode ter feito que faria um dos meus lobos demonstrar tanta preocupação.
Certamente já viram todo tipo de maldade, e essas visões apenas se tornaram mais corriqueiras nos últimos meses, dada a brutalidade com a qual os híbridos tratam suas presas.
— Ei, pare — pede Lugi, erguendo o braço na frente do meu corpo. — Tem algo muito errado mais adiante — anuncia o meu amigo.
CeyasDepois de pedir para Lugi não agir precipitadamente, uma vez que há outros lobos demonstrando sinais de medo, o que foi o motivo de nos chamarem, volto a seguir a mulher. Com passos vagarosos, ela indica a cabana mais adiante.O lugar está em um péssimo estado; no entanto, o que me deixa assustado é a quantidade de sigilos bruxos que vejo marcados nas árvores. Nunca vi algo assim antes. Como se isso não fosse assombroso o bastante, a maioria dos lobos recua instintivamente para longe do local.Eles têm medo e não podem evitar mostrá-lo.— Ceyas, nós deveríamos voltar e chamar a Kanoi — profere Lugi. Ele olha para a direita, onde Lewyn está. Contudo, seguindo as suas ordens, ele logo começa a se mover, embora seja o único.Pode ter a ver com a sua diligência ou talvez ele não se incomode tanto quanto os outros lobos. Contudo, experimento um pouco do que os deixa incomodados.O cheiro de sangue fica mais forte a cada segundo. Além disso, há uma aura forte escapando de algo.— Por q
Ceyas— O que merda é isso? — pergunto a Lugi, que depois de algum tempo chega mais perto, me auxiliando a segurá-la, já que seu corpo começa a se debater, indo contra a onda de dor que ela parece estar sentindo.— Você acha que eu sei? — replica Lugi, segurando-a com força, mas é possível notar que ele sente dificuldade. Que força descomunal é essa que essa mulher tem, mesmo com uma aparência tão fragilizada? Qualquer um diria que o seu estado é doentio, mas ainda assim, ela emana aquela aura assustadora e solta palavras ácidas, ameaçando-nos como se pudesse passar por cima de nós a qualquer momento.— Ela vai morder a própria língua — comenta Lewyn em voz baixa. No entanto, as palavras dele não são processadas pelo meu cérebro rápido o bastante. Ele se abaixa, ajoelhando-se perto dela, abrindo a boca dela com força e colocando o seu braço entre seus dentes.— O que está fazendo? Nem sabe quem é essa mulher — profere Lugi, recriminando-o. O breve segundo em que a soltou foi o suficien
Ceyas— Me lembre o motivo para que Lewyn esteja aqui — pede Lugi, parado na porta do quarto de hóspedes da minha casa, ao meu lado. O homem não tem saído do lado da mulher, eu até tentei fazer com que ele saísse, mas Kanoi me disse para deixar que faça o que quiser.— Kanoi disse que ele deve fazer o que quiser — lembro a meu amigo.— Esse maldito nunca mostrou interesse por nada, como agora fica assim? Velando o sono de uma estranha? — pergunta injuriado, o que entendo e não compreendo na mesma medida, dado que eles não possuem um relacionamento. Contudo, também me sinto incomodado pela presença constante dele.— Vocês sabem que ele pode ouvir tudo o que estão dizendo, certo? — A mulher, mais baixa que eu, fica na minha frente como se fosse muito maior. Onna gosta de criar encrenca, até mesmo comigo, que sou seu irmão. — Não acredito que me pediu para ficar cuidando de uma estranha.Ela faz questão de pontuar a palavra, expondo que foi Lugi a usá-la dessa maneira primeiro. Ninguém ac
CeyasKanoi não demorou a sair da minha casa depois de dar o seu remédio milagroso para a estranha. Depois disso, Lewyn continuou cuidando dela como tem feito, ou seja, eu não deveria ter preocupações, mas por que me sinto incomodado?Diferente de Lugi, não tenho qualquer motivo para me preocupar com ela, ainda que tenha sido aquele que decidiu que a traria para dentro do território da nossa matilha. Kanoi me deu mais de uma opção, apenas escolhi a que pareceu certa.Não, se eu for sincero, não tem isso de certo nas opções para o que faria com a grávida. A minha mente escolheu por salvá-la sem que houvesse nada que pudesse garantir que não é um perigo para os nossos lobos, da forma como Lugi me avisou.Talvez eu tenha sorte de o meu amigo não ter sido ainda mais invasivo com as suas palavras, porque poderia ter explanado o quanto a minha loucura me demoveu na direção dessa escolha.Um ataque de loucura é a única explicação para o que fiz naquele momento, também pode explicar o que est
CeyasTento me erguer o mais rápido que consigo após ter sido pego tão diretamente pelo seu ataque. Ele falou sério quando mencionou que quebraria os meus ossos. Sinto a dor correr através dos meus músculos enquanto eles se ajustam até que a cura ponha os ossos no lugar.— Eu não sei qual é a sua intenção aqui, mas não conseguirá o que quer — atesto, ouvindo o som dos meus ossos se reunindo onde pertencem. Apoio a palma da mão na boca, limpando o sangue que subiu pela garganta e escapou. — Coloque a mulher no chão.— Não — diz o bruxo, lançando mais uma onda de ar na minha direção, e meu corpo é pressionado novamente contra a madeira da casa.Mais do que o som dos meus ossos se partindo, escuto o trincar da madeira, que se torna mais alto, quase tomando toda a minha atenção. Se eu não pudesse ver a mulher sendo mantida pelo homem, quem sabe faria menos esforço contra a sua magia. Contudo, me pego sendo impelido a me esforçar grandemente.Espero que ele mantenha o foco em mim. Lugi deve
Ceyas— Pode me explicar como um feiticeiro conseguiu passar despercebido? — pergunta meu amigo, Lugi, para Kanoi. A estranha foi trazida até nós ao amanhecer, e eu me certifiquei de posicionar os lobos de forma estratégica, em pontos onde poderiam nos apoiar caso um novo ataque acontecesse.— Seus sentidos podem ser enganados, dependerá da habilidade que o bruxo possui — responde Kanoi, mantendo-se sentada no sofá como se não houvesse nada que pudesse fazer, já que não pode arrancar informações de um morto.No entanto, como poderíamos tentar prendê-lo quando ele representava um risco óbvio à nossa segurança? Além disso, ele queria levar a mulher embora. Ela, que ainda não acordou, mesmo com Kanoi dizendo que o remédio dela resolveria o que a acomete a ponto de deixá-la inconsciente.— O que faremos agora, já que não sabemos o que ele queria? Bem, temos uma parte da resposta — articula Lugi, apontando para o andar de cima, onde a estranha repousa tranquilamente.Mais de uma vez, até am
CeyasEstou me xingando mentalmente, porém, continuo indo na direção do quarto da minha hóspede adormecida. A mulher com certeza recebe mais visitas do que eu, uma vez que traz tantas preocupações para pessoas diferentes.Ouvi Lewyn saindo do cômodo, provavelmente para encontrar algo para comer, dado que fica do lado dela, como se ela pudesse saber os exatos momentos em que ele não está. Sinceramente, não o entendo, mas também não me compreendo neste instante.Dessa vez, não hesito muito em abrir a porta, apenas giro a maçaneta e a abro ligeiro. Como pensei na outra noite, essa é minha casa, posso ir exatamente para onde eu quiser, na hora que desejar.Contudo, algo deve estar contra mim nos últimos dias.Antes que toda a porta fosse aberta, senti o meu corpo ser empurrado para trás pela palma da mão me pressionando com tanta força que tenho certeza de que minhas costelas trincaram.Meio cambaleante, ousei olhar para a pessoa à minha frente, e ela mostrou as suas presas com muito entus
CeyasPensei que, depois do ocorrido, Lewyn pudesse tentar escapar, mas ele apenas a colocou no quarto, ignorando todo o estrago feito por Lugi. Não vai ser fácil consertar essa parede sem fazer uma bagunça.O homem ao meu lado pede que eu não o critique, uma vez que fez tudo o que precisava para me ajudar. Mesmo que não pedisse, não é minha intenção. Odeio que tudo ao meu redor esteja transcorrendo de uma maneira tão absurda.É tudo influência dessa mulher?Com uma expressão fechada, fria e impassível de emoções, Lewyn se aproxima de nós. Ele é muito diferente do rosto que vi sorrir de forma tão límpida enquanto a observava.— Devemos conversar aqui? — pergunta ele. — Prefiro não me afastar tanto dela.— Caralho, que merda está acontecendo com você? — inquiro Lugi. Sua ignorância não muda a maneira como Lewyn o observa, porque, aparentemente, o tom de nossas palavras não altera como ele as compreende.Coloco uma mão sobre o peito dele, evitando que avance no sujeito inexpressivo à min